terça-feira, 24 de setembro de 2013

Imprevisível Paixão

http://www.livrearbitrio.net/la/contos/lu_cavalcante/imprevisivelpaixao.html#

Imprevisível Paixão

autora: Lu Cavalcante

Link acima


Captilulo 01
[12/10/12]
Capítulo 1
Eu sou Camila, uma solitária quase convicta. Todas as noites quando vou para a cama, sozinha como sempre, tento imaginar o dia que acontecerá o encontro com a minha paixão.
Tenho tido sonhos eróticos com homens que nunca vi quase todas as noites e isso está me deixando maluca. Tenho sessões de análise às quartas-feiras todas as semanas, mas não tenho a coragem de contar para minha analista sobre os sonhos.
Esses sonhos, nunca se completam, ou seja, quando eu vou transar propriamente, sempre aparece alguém que eu conheço e interrompe tudo aí eu acordo é sempre assim. Se ao menos eu tivesse um orgasmo, mesmo que nos sonhos, já seria um bom começo.
Eu não quero um orgasmo, eu quero muitos orgasmos, mas será que eles serão de um homem só ou de muitos? Se eu começasse agora a querer muitos homens, teria que fazer um transplante cerebral e ser uma mulher completamente diferente, uma mulher fatal, com o corpo fatal, bunda fatal, peitos fatais, enfim uma gostosa!
Não sou uma mulher fatal, tenho poucos amigos, saio pouco e a hora que certamente irão me encontrar em casa será numa sexta à noite assistindo televisão ou lendo um livro, provavelmente sobre arquitetura ou algum romance “B” desses que a mocinha sempre termina com o bravo e musculoso herói. Adoro! Se começo a ler algo desse tipo, passo a madrugada toda lendo e assaltando a geladeira.
Não sou gorda. Sou baixinha, tenho um metro e sessenta, olhos castanhos escuros, meus cabelos nem sei mais a cor original. Agora eles estão com cores em tons de chocolate e mel, mas já fui ruiva, loira, enfim gosto de mudar. Sou magra apesar da gulodice.
Gosto de correr todas as tardes num parque que fica próximo ao meu apartamento. Depois disso, tomo uma água de coco, fico observando os casais de namorados, as mães com suas crianças e aí minha solidão se torna ainda mais presente.
Minha solidão se tornou tão concreta que parece um muro que só aumenta de tamanho e que eu não tenho como derrubá-lo e vou me acostumando mais com a minha companheira de todas as noites e dias em que não estou no escritório trabalhando em meus projetos.
Trabalho num escritório de arquitetura bem conceituado que vem desde antes e que passa de pai para filho. Meu chefe e que por incrível que pareça eu adoro é o Róbson. Ele é filho do renomado arquiteto Ricardo Gomes que realizou muitos projetos de paisagismo, prédios e casas incríveis, além é claro de uma brilhante carreira acadêmica.
Eu fui convidada por Róbson para trabalhar aqui, depois de uma indicação de um professor da faculdade. Fiz um estágio e depois fui contratada e já faz mais de cinco anos que eu estou aqui trabalhando com Róbson e com outras pessoas de muito talento e compromissadas com os nossos projetos.
Róbson é gay. Tem um companheiro chamado Arthur que é advogado e uma excelente pessoa. Gosto muito dos dois. Eles tentam de todas as formas promoverem encontros amorosos para que eu enfim desencalhe e até que em um desses encontros eles foram bem sucedidos, pois conheci Fernando. Mas a vida nos separou. Fernando foi fazer um curso fora do país e por lá ficou, mas antes de ir terminou tudo comigo.
Enfim aqui estou eu próxima de completar trinta anos, solteira convicta e louca para me apaixonar, este é um breve relato para o meu diário que acabo de inaugurar. Sinto-me uma verdadeira Bridget Jones, mas porque não aproveitar as boas idéias?
O celular tocou.
- Meu chefinho querido!
- Boa noite minha empregadinha!
- Olha o respeito... Diga-me o que queres?
- Sei que amanhã certa pessoa fará anos, correto?
- Você nunca se esquece, mas não pretendo fazer festa no escritório. Vou passar o dia no shopping, me encher de presentes e depois volto para casa.
- Nunquinha! Você irá ao shopping sim e depois eu passo aí para te raptar.
- E aonde o senhor meu chefe pretende me levar?
- Para um hotel fazenda de uma amiga minha.
- Credo! Quem disse que eu gosto de fazendas?
- Melhor que passar o niver em casa e solitária. Mas você sabe que nem tudo são boas intenções. Vamos comemorar seu aniversário bebendo horrores na sexta, mas no sábado temos que dar uma olhadinha na fazenda, pois minha amiga quer transformar o lugar e vamos fazer o projeto, o que acha?
- Por mim tudo bem. O Arthur irá conosco?
- Claro você acha que eu vou deixá-lo aqui sozinho num final de semana? Não tô doida não viu!
- Ok my Darling! Que hora vocês passam aqui?
- Quatros horas, pois não quero pegar estrada à noite, tudo bem?
- Sim espero vocês, beijos.
- Beijos querida.


Capitulo 2
[15/10/12]
Capítulo 2
Levantei às nove horas, numa preguiça gigantesca. Decidi correr pela manhã e depois de um banho me pus a bater pernas pelo shopping. Almocei por lá, comprei vestidos, sandálias, bijuterias, jeans, enfim fiz uma farra com o meu suado dinheirinho, mas mereci cada presentinho.
Fui para casa às três horas me sentindo atrasada, pois ainda não havia arrumado nada para a viagem. Cheguei meio esbaforida, coloquei na mala alguns vestidos leves, as calças que tinha comprado, botas, arrumei minha nécessaire e pontualmente às quatro horas Róbson já estava ligando para o meu celular pedindo para que eu descesse.
- Oi cavalheiros?
- Happy birthday!
- Thank you!
- Quantos aninhos?
- Trinta redondos.
- Ai que saudade dos meus trinta anos!
- Saudades? Estou em completa decadência, isso sim. Solteira, velha, enrugada, ninguém me ama, ninguém me quer!
- Não faz drama Camila. Para as rugas botox e para a solidão um bonitão, é simples assim.
- Robson, não está fácil arrumar um homem não viu?
- Camila se joga na pista minha amiga! Como é que você vai arrumar alguém passando todos os finais de semana em casa? Só se for no disk-sexo!
- Credo Robson! Eu quero um amor, uma paixão, uma coisa assim especial entende?
- Relaxa gata. Final de semana que vem vamos começar uma nova operação “desencalhe”, eu sou boa nisso e você há de encontrar um bofe lindo!
- Como?
- Saindo né Camila, saindo. Vamos pra night e aí vamos te ajudar não é meu amor?
- Claro Camila. Eu e o Robson só sossegaremos quando te ver casada e com filhinhos lindos.
- Ai amigos eu aceito. Desde que o Fernando foi embora tenho tido uns sonhos, mas uns sonhos tão estranhos!
- Sonhos estranhos? Do tipo erótico?
- É, mas...
- Ai conta vai, adoro sonhos eróticos!
- Não, deixa eu te falar, são eróticos sim, mas ontem foi o mais estranho de todos!
- Conta vai, conta!
- Eu estava num bar quando um homem lindo entrou e começou a me encarar. Depois nós já estávamos em meu apartamento e ele ia me pegando, me amassando e...
- E...
- Quando o cara tirou a roupa ele simplesmente não tinha pinto! Pode? O cara era eunuco, eu posso?
Fomos às gargalhadas.
- Eu sei analisar seu sonho.
- Me diga Arthur.
- Bem homem que não tem pinto só pode ser mulher.
- Credo Arthur!
- Camila, Camila, será que você está pretendendo mudar de time?
- Olha até hoje juro que não pensei nessa questão.
- Minha querida se você quiser lhe apresento milhares de sapatas bem musculosas e sem pinto!
Rimos muito.
- Aliás, minha amiga a dona do hotel é sapata e pegadora.
- Mas falando sério me fale dela, já que vamos trabalhar para ela.
- Bem, Leonora Bastos minha amiga, empresária, linda, bem sucedida, tem hotéis em vários lugares, acho que fez trinta e oito ou quarenta anos, não sei, mas ela é de fechar o trânsito. Sapatas do mundo inteiro querem um minuto de sua atenção.
- Robson não exagera.
- Não estou exagerando Arthur, você conhece a Leo, ela é a sapata mais linda e elegante que eu conheço.
- Certo, mas a Camila é hétero e você está querendo agora promovê-la de repente a lésbica?
- Desculpe Camilinha, mas eu acho a Leo linda mesmo.
- Certo, mas como ela é nas questões relacionadas a trabalho?
- Ah! Aí o bicho pega. Exigente, chata, detalhista e mão de ferro. Gosta de prazos cumpridos e tudo ao seu gosto. Mas ela é fina, educada e perseverante no que quer.
- Bem de qualquer maneira acho que vai ser um trabalho interessante, pelo menos para mim que nunca fiz um projeto como esse.
- Não fale isso para ela viu? Segredos da profissão.
- Não falarei se ela não perguntar.
- Ai Camila, você e essa mania de ser super sincera. Relaxe moça, curta mais a vida e uma mentirinha de vez em quando não faz mal a ninguém.
- Como eu te disse, não falarei se ela não perguntar. Não gosto de mentiras, elas só complicam a vida.
- Isso mesmo Camila, concordo com você.
- Nossa vocês dois vão aos céus antes mesmo de morrer, credo!
- Assim espero e com um homem bem musculoso e com pinto!
Rimos muito novamente.
Capitulo 3
[19/10/12]
Capítulo 3
Chegamos ao hotel fazenda às sete horas da noite. Era verão e ainda estava claro. Na recepção do hotel, fizemos nossos check in e fomos para os respectivos quartos para nos aprontar para a bebedeira do meu aniversário.
Meu quarto era mesmo parecido com um quarto de fazenda do começo do século passado. Confesso que não gostei, pois prefiro a arquitetura moderna. Não sei que graça tem madeiras pesadas, móveis coloniais com camas em madeiras torneadas. Claro que preservar o passado é muito importante, mas para um hotel, não sei, parece que o velho se torna decadente.
Desci até o saguão e perguntei ao funcionário onde se localizava o bar que Robson havia me falado. Ele me levou até a piscina com um lindo jardim e mesas espalhadas em torno de um bar rústico de madeira. Achei bonito aquele ambiente. Olhei mais atentamente e vi Robson, Arthur e uma mulher numa mesa conversando animadamente. Talvez essa mulher fosse Leonora. Me aproximei.
- Camila!
- Boa noite a todos.
- Leo, quero te apresentar essa linda arquiteta que hoje faz trinta anos de existência.
Leonora estava sentada, mas levantou-se e me cumprimentou com dois beijos. Quando ela se levantou pude observá-la rapidamente. Ela era alta, bem mais alta que eu, tinha lindos olhos verdes, cabelos claros mais não loiros, lisos e bem cortados, um rosto ao mesmo tempo forte e delicado, mas com um queixo quadrado, que lhe dava uma expressão dominadora. Ela parecia uma modelo de tão bonita e esguia, era musculosa também. Ela vestia um jeans preto, um cinto largo, uma camiseta também preta, colada ao corpo e com um decote que lhe acentuava os seios. Era realmente uma linda mulher.
- Parabéns Camila, espero que tenha achado o quarto confortável.
- Obrigado Leonora. O quarto é bastante confortável.
Leonora me olhou e tive a sensação que ela me olhara bem nos olhos, mas foi tudo muito rápido, então me sentei ao seu lado.
- Bem o que quer beber dona Camila? Nós já começamos com uísque.
- Então uísque já que a coisa vai longe, pelo menos não precisarei de mais que três doses.
- Credo Camila! Só?
- Vamos começar depois vemos no que vai dar essa tal de bebedeira.
Rimos.
Leonora novamente me olhou e dessa vez olhou para o meu decote, já que eu estava usando um vestido leve, com sandálias baixas, mas era decotado e mostrava bem o colo.
- Me diga Camila, há quanto tempo você está nessa profissão?
- Já faz seis anos que tento ser uma boa arquiteta.
- Ela é ótima e modesta Leo.
- Gosto de pessoas sem soberba, ela nos torna antipáticos. Mas a modéstia exagerada nos torna servis. O caminho do meio é a solução.
- E como é o caminho do meio Leonora?
- Você é o caminho do meio Camila. Modesta, mas não servil.
- Leo, você sempre perspicaz minha amiga.
- Tenho que ser. No mundo dos negócios as análises rápidas são uma questão de sucesso e sobrevivência.
Íamos bebendo e conversando. Minhas três doses já haviam passado e eu já estava na quarta. Leonora ia me perguntando coisas e eu ia respondendo-lhe sem pensar. Claro que comíamos aquelas porções que acompanham bebidas, mas ninguém havia jantado, pelo menos nós três, não sei Leonora. Róbson já estava visivelmente bêbado e eu acho que estava bem embriagada também.
- Leo e Camila, sinto que vou ter que levar meu lindo marido ao quarto, pois ele já está bastante embriagado.
- Quem está embriagado? Eu não! Quero uma saideira!
- Sairemos agora antes que o senhor desabe. Com licença damas e até amanhã.
- Boa noite Arthur vejo vocês no café.
Arthur ia amparando Robson que tentava se equilibrar depois de oito doses de uísque. Eu? Eu me levantei, mas uma tontura me fez sentar novamente.
- Ops! Acho que também já vou, não estou muito bem.
- Venha eu te ajudo.
- Não eu posso ir...
- Eu sei que pode, mas vou te dar uma ajudinha. Venha.
Leonora levantou-me da cadeira e foi me conduzindo até o meu quarto. Eu ia encostada nela e ela com o braço em torno da minha cintura. Ela encostou-se a mim o mais que pode e eu ia sentido um calor, uma coisa estranha então achei que realmente eu estava bem embriagada.
Quando chegamos à porta do meu quarto, Leonora me apoiou totalmente em seu corpo, pegou minha chave e abriu a porta do quarto me segurando ao mesmo tempo. Ela entrou comigo na mesma posição que estávamos fora dele. Eu estava encostada totalmente no seu corpo e ela com as duas mãos envolvendo minha cintura. Ela ficou assim algum tempo.
- Você é muito bonita Camila.
- Você acha que eu sou bonita?
- Sim acho e eu...
Leonora me olhou bem nos meus olhos, desceu o olhar até minha boca, suspendeu meu queixo com uma das mãos e me beijou. Sua língua ia entrando na minha boca de uma forma calma, leve, mas depois ela foi se tornando rápida, voraz. Ela chupava minha língua, mordia, passava a língua nos meus lábios, voltava a introduzi-la dentro da minha boca e eu simplesmente estava adorando!
De repente ela parou. Olhou-me novamente, me levou para cama, me deitou, tirou minhas sandálias e me cobriu com os lençóis.
- Não costumo me aproveitar de mocinhas embriagadas Camila. Tenha uma boa noite.
Ela saiu e eu fiquei deitada sem nenhuma reação. Eu não sabia o que pensar, nem tinha muita condição para isso também. Por causa da embriaguez logo dormi, mas dessa vez sonhei com Leonora tirando minhas roupas e fazendo amor comigo.

 

Capitulo 4
[22/10/12]
Capítulo 4
Desci para tomar o café da manhã e enfrentar Leonora, que já deveria estar à mesa com Robson e Arthur. Eu estava constrangida, arrependida por ter me deixado levar por uma mulher extremamente sedutora e pela minha embriaguez indesculpável.
Eu tentava me lembrar do que eu falara para ela, mas a tal amnésia alcoólica não me permitia lembrar, mas devo ter confessado a minha solidão, a vontade de me apaixonar, os romances desastrosos e tudo que não se fala para uma estranha logo na primeira noite.
Cheguei ao salão onde estava sendo servido o café da manhã e vi Robson e Arthur à mesa conversando apenas os dois. Confesso que senti um alívio, mas sabia que daqui a pouco tempo teria que encarar Leonora.
- Olá pessoas, bom dia!
- Só se for pra você, pois eu estou com minha cabeça estourando.
- Quem mandou tomar oito doses de uísque?
- Ai para Arthur, não vê que estou sofrendo?
- E a senhora como está?
- Com ressaca chefinho. Vou tomar um café e acho que vou estar pronta para o nosso trabalho.
- Você vai sozinha, pois euzinho irei voltar para o quarto, pois não tenho nenhuma condição de trabalhar hoje.
- Ah não Robson! Por favor, faça um esforço!
- Por que está com medo da Leo? Ela não morde não viu? E tem mais, confio plenamente em você.
- Bom dia meus caros!
Leonora chegou por trás e eu não notara sua aproximação. Quando ouvi sua voz, meu coração disparou, minhas mãos gelaram e meu estômago deu umas voltinhas e a garganta secou.
- Bom dia minha linda!
- Bom dia Leo!
Eu não falei nada.
- Tudo bem Camila?
- Tudo, claro tirando a ressaca...
- É acho que exageraram no uísque não é Robson?
- Você e Arthur nos sabotaram. Eu e Camila cumprimos o acordo e bebemos bravamente. Fomos firmes em nossos planos!
Leonora e Arthur riram, eu não.
- Bem acho que hoje não será um bom dia para discutirmos o projeto não acha Camila?
- Bem, acho que podemos discutir sim Leonora e à noite irmos embora.
- Nem pensar Camila! Nós só vamos amanhã, pois hoje eu não tenho a mínima condição de pegar a estrada.
- Tudo bem. Eu tenho que ir até a cidade receber uns cavalos que chegaram. Quero ver o estado dos animais e resolver algumas pendências. À tarde, depois do almoço então procuro você Camila para que possamos visitar a propriedade e aí eu te explico o que pretendo.
- Robson, à tarde você poderá ir também não acha?
- Não acho tenho certeza que não vou Camila. Vá com Leo e depois nos reunimos no jantar e você me passa sua impressão combinado?
Ia insistir mais uma vez, mas Robson foi se levantando, chamando Arthur e eu fiquei só com Leonora. Ela pediu ao garçom que lhe trouxesse uma xícara de café com leite e sentou-se ao meu lado.
- Dormiu bem Camila?
- Muito bem Leonora e a respeito de ontem à noite eu quero te dizer que...
- Me deixa adivinhar? Está arrependida.
- Leonora eu não sou, quero dizer eu não gosto de...
- Mulher?
- Leonora eu sou hétero, tenho alguns amigos gays, mas eu nunca me envolvi com uma mulher e...
- Minha cara Camila se você for verdadeiramente hétero, eu também sou.
- Mas o que você está insinuando?
- Eu não insinuo Camila, eu sei. Eu sempre soube que preferia fazer sexo com mulheres e não com homens. Desde minha adolescência sempre tive essa certeza e durante todo esse tempo nunca me interessei por nenhuma mulher “hétero” Camila.
- Pois se interessou agora.
- Camila, desde que você chegou naquela mesa você já foi me paquerando. Fez isso a noite toda e quanto mais você me olhava, mais bebia para ter a coragem de tentar algo a mais comigo.
- Não me faça rir Leonora! O que te faz pensar que eu estava te paquerando?
- Anos de experiência minha cara.
- Você me agarrou naquele quarto!
- Eu te agarrei? Camila, eu te beijei e você adorou!
- Leonora eu estava totalmente bêbada!
- Chega Camila! Eu não estou aqui para discutir com você suas descobertas sexuais. Eu não tenho a menor paciência com esses discursos chatos de gente que de repente se descobre e se rejeita ao mesmo tempo. Eis a razão Camila de nunca ter tido nada com nenhuma mulher hétero. Você queria estar em meus braços e estava louca pra que eu te levasse para cama mesmo antes de estar “totalmente bêbada”. Acontece Camila que eu não sou terapeuta e eu não vou cumprir esse papel com você, então procure outra ou fale com o seu psicólogo se você tiver algum, se não procure um. Quanto a mim não se preocupe, jamais me aproximarei de você novamente. Esteja pronta às duas horas no saguão para visitarmos a propriedade.
Leonora se levantou e foi embora. Eu fiquei paralisada, com medo do que ela tinha dito para mim. Um sentimento de impotência e de perda me envolveu. Eu não queria que aquela mulher pensasse tal coisa ao meu respeito e não gostaria que ela me julgasse vulgar ou sei lá lésbica!
Eu estava paquerando ela à noite toda? Eu não, eu olhava para ela como olho para qualquer mulher. Ela estava sentada ao meu lado, por isso nossos olhares ficaram próximos, só por isso. Eu sempre vejo nos gays essa mania de achar que todo mundo é gay, eu não sou e pronto. Ai que arrependimento por ter bebido tanto! Robson me paga. Droga!
Mas e aquele beijo? Eu nunca fui beijada daquela maneira, eu estava adorando, acordei toda molhada. Será que eu sou lésbica? Será que ela tem razão? Camila para com isso! Você prefere homens e não mulheres. Pronto é isso.

Capitulo 5
[26/10/12]
Capítulo 5
- Alô Arthur?
- Oi Camila!
- Como está Robson?
- Roncando.
- Você poderia vir aqui no meu quarto um instante?
- Claro, já estou indo.
Dois minutos depois Arthur chegou ao meu quarto.
- Ei gostosa, em que posso te ajudar?
- Senta Arthur, o que eu vou falar não é muito fácil, então eu vou...
- Aconteceu alguma coisa entre você e a Leonora ontem não é?
- Você viu alguma coisa, não, quero dizer, porque você está me dizendo isso?
- Camila, vocês estavam se olhando muito ontem.
- Eu? Olhando Leonora, você acha?
- Camila, eu achei natural, mesmo porque o Robson fez toda aquela propaganda meio que atiçando sua curiosidade.
- Mas Arthur, eu não estava interessada nela, quero dizer eu a olhei com olharia qualquer mulher.
- Camila se você olha assim para qualquer mulher, minha cara reveja seus conceitos.
- Arthur, você acha que eu sou lésbica?
- O que aconteceu ontem à noite Camila?
- Nós nos beijamos, quer dizer, ela me beijou, mas eu beijei e...
- E...
- E só Arthur, a gente se beijou, foi isso.
- Certo. Você sentiu o quê?
- Acho que tesão.
- Camila eu sou uma péssima pessoa pra te dizer que isso vai passar ou foi só uma experiência, porque eu estou com o Robson até hoje e antes dele eu tinha uma noiva.
- Arthur, você era hétero?
- Sim Camila. Eu vou te contar como foi, presta atenção: - Quando eu conheci Robson foi num aniversário de um amigo meu que um dia me confessou que se descobrira gay. Eu não entendi porque ele era meu camarada mesmo. Camarada de futebol, de porres homéricos, de azaração, enfim de tudo que o clube dos machos fazem sempre. Pois bem, um belo dia ele me chega com a notícia que era gay, que estava namorando um cara e eu fiquei louco da vida, disse que ele estava enganado, que ele era um filho da puta, enfim briguei com o cara. Depois compreendi que fui muito canalha e alguns meses depois fui a um bar gay comemorar o aniversário dele. Chegando lá vi que era na verdade era uma boate, conheci Robson, nos beijamos, eu estava muito bêbado, mas não o bastante para não parar de pensar naquele beijo meses. Encontrei com ele várias vezes, fazíamos sexo e depois eu ia embora até que um belo dia decidi que a minha vida pertencia única e exclusivamente a mim e cá estamos a mais de seis anos juntos. Meu pai me odeia, minha mãe me apóia junto com minhas irmãs e meu irmão mais velho diz que eu sou um boiola safado.
- Eu não sabia Arthur.
- É querida, para mim aquele beijo representou uma mudança enorme na minha vida. Não estou querendo dizer que será da mesma forma para você, mesmo porque Leonora não se envolve muito com ninguém, pelo menos não que eu saiba. Leonora se casou uma vez com uma francesa, mas depois de dois anos elas se separaram, mas acho que foi por questões de trabalho, assim como Fernando e você. Depois disso não conheci mais nenhuma namorada de Leo. Sempre a vejo com alguma garota, mas nada que dure muito.
- E agora Arthur, o que eu faço? Eu vou ter que trabalhar com ela e sei que vamos nos encontrar muitas vezes ainda. Eu estou muito constrangida, agora a pouco tivemos uma pequena discussão sobre ontem e está tudo uma merda Arthur.
- Camila, deixe as coisas como estão. É o melhor a fazer. Se for acontecer algo entre vocês só o tempo dirá. Leonora é uma mulher forte, determinada e se ela decidir que te quer se segura, pois vai vir chumbo grosso.
- Ela disse que não irá se aproximar de mim novamente.
- Então?
- Então o quê?
- O que você está sentindo?
- Alívio.
- Então não há nada mais a fazer e nem dramas a serem construídos. Pense que isso aconteceu numa bebedeira e pronto.
- É eu acho que é isso mesmo.
- Bem vou deixar você descansando e quando for meio dia te chamo para o almoço, o que acha?
- Ótimo.
- Quer que eu vá com você à visita da fazenda?
- Não Arthur, obrigada. Leonora vai saber que eu te contei tudo e isso pode ser ruim para o trabalho e mesmo porque hoje eu estou representando o escritório entende?
- Tudo bem, você está certa. Pode deixar que eu não comento nada com o Robson.
- Eu te agradeço e até o almoço.
- Até.
Arthur se foi e eu fiquei pensando em tudo que ele havia me dito. Eu estava muito cansada. Deitei novamente e adormeci.

Capitulo 6
[29/10/12]
Capítulo 6
Almocei com Arthur, mas não tocamos mais no nome de Leonora. Ela chegou pontualmente às duas horas e eu já a esperava no saguão do hotel com meu notebook e disposição renovada. A conversa com Arthur me deixou um pouco mais tranqüila em relação ao que acontecera com Leonora na noite passada.
- Boa tarde Camila, vamos?
- Boa tarde Leonora, vamos sim.
- Robson não vem?
- Ele está mal. À noite nos encontraremos.
Entrei num carro sem capotas e fomos. Leonora ia me explicando tudo, me mostrou o seu haras, paramos lá e observei lindos cavalos e apesar de não entender nada desses bichos, me pareceram bem cuidados e caros também. Passamos por uma represa, por áreas de pastagem, por um galpão enorme, que segundo Leonora fora uma senzala. Entramos em uma vila onde moravam seus funcionários, ela me levou até onde se criavam outros bichos, como porcos, galinhas, gansos e até cervos. Eu ia olhando atentamente e anotando tudo que ela me dizia.
Leonora tomou uma postura extremamente profissional, não me olhou mais nos olhos e dizia tudo como numa reunião empresarial. Eu confesso que sua presença me incomodava bastante. Eu tentava não olhar para ela, mas era impossível. Eu queria retornar ao assunto “beijo” e explicar-lhe mais algumas coisas. Queria lhe dizer que eu não era vulgar e que não estava arrependida, mas apenas assustada. Eu precisava falar com ela, mas eu não podia porque agora eu era a empregada e ela a patroa e eu teria que me colocar assim, com uma postura profissional.
- Tudo bem Camila?
- Ham?
- Você está bem?
- Sim claro, é esse lugar, eu viajei um pouco na sua beleza. Desculpe-me.
- Tudo bem. Vamos parar aqui e que eu quero lhe mostrar aonde quero que projete minha casa.
- Não será um hotel?
- Nunca disse isso. Desça.
- Será exatamente aqui onde estamos. Quero que projete levando em conta aquelas montanhas ali. Quero que a casa tenha vistas para as montanhas para que todos os dias eu tenha o prazer de ver o pôr do sol.
- Você vai se mudar para o campo?
- Vou. Decidi isso o dia que comprei essa propriedade.
- E o hotel?
- Não sei o que fazer com ele, talvez eu o torne um museu, ou o mantenha, ou sei lá. Na verdade não quero demitir ninguém, acho que vou reformá-lo, modernizá-lo, mantê-lo ou demoli-lo. Ainda não decidi. Por enquanto o seu trabalho será o de projetar a minha futura casa com todos os confortos e claro sob minha orientação. Depois decidimos o hotel.
- Tudo bem. Qual é o estilo que gosta mais? Quero dizer em relação a projetos de arquitetura?
- Gosto muito das casas japonesas. O que acha?
- Acho uma boa idéia. Eu tenho aqui no meu notebook coisas bem interessantes da arquitetura oriental. Quer ver?
- Gostaria. Vamos arrumar uma sombra, pois nesse sol não vai dar para visualizar bem.
- Certo.
Entramos no carro andamos poucos metros e chegamos a um lugar onde havia árvores e um córrego.
- Vem Camila, aqui está fresco e com sombra.
- Já ia perguntar como nós arranjaríamos água, pois o lugar que você determinou é um tanto árido, mas vejo que já tenho a resposta.
- Não gosto muito de córregos e rios muito perto das casas. Por isso escolhi àquela localização.
- Tudo bem. Deixe eu te mostrar o que eu tenho.
Sentamos debaixo de uma árvore, no chão mesmo e fui mostrando a Leonora meus arquivos de casas orientais. Ela estava muito próxima a mim e eu me sentindo estranha, um pouco constrangida, mas meu coração resolveu novamente que ia disparar. Eu dei meu notebook para ela e pedi licença para ir ao tal córrego lavar meu rosto.
- Eu vou com você.
- Não precisa, acho que a ressaca está me deixando com um calor exagerado.
- Cuidado.
Fui caminhando devagar, cheguei ao córrego, passei água no rosto e voltei para junto de Leonora.
- Sua família?
- O Quê?
- Essa foto é de sua família?
- Sim, nossa! Essa foto não deveria estar nesse arquivo.
- Bem eu gostei de tudo, mas não quero uma cópia e sim o estilo.
- Eu compreendo. Leonora quero lhe falar sobre nossa conversa de hoje pela manhã.
- Se isso a perturba saiba que não vai interferir em nada no nosso relacionamento profissional.
- Eu acho que te passei uma imagem ruim ao meu respeito e isso me incomoda.
- O que eu penso ao seu respeito te incomoda em que sentido?
- Acho que deve estar pensando que sou inconsequente.
- Camila não pensei nada disso. Apenas acho que está descobrindo outra possibilidade que não quer para si. Como eu já te falei não é da minha conta.
- Eu gostei do beijo Leonora. Gostei muito.
- Eu sei, eu senti.
- Bom então vamos. Acho que já está na hora.
Eu me levantei, mas pisei em falso, me desequilibrei e Leonora me segurou. Ficamos na mesma posição da noite anterior, com meu corpo completamente grudado ao dela.

Capitulo 7
[02/11/12]
Capítulo 7
Ficamos abraçadas por algum tempo. Meu coração novamente disparou. Leonora me olhou nos olhos como antes, sustentou o olhar e eu também. Ainda olhando para mim Leonora falou:
- Andar por certos terrenos pode ser perigoso moça.
- Como?
- Você pode se machucar.
- Me machucar? Não, acho que não...
Eu não raciocinava. Estava apenas nos braços de Leonora. Eu olhava aqueles olhos verdes, sentia aquele corpo lindo e ia ficando cada vez mais confusa e paralisada. Eu sabia que devia me afastar dela, mas não conseguia.
- Venha senta aqui, deixe-me ver se você torceu o tornozelo.
Ela me segurou até que eu me sentasse. Eu a olhava o tempo todo, seguia seus movimentos, reparava em suas roupas de montaria, ela era linda e eu estava completamente encantada. Ela tirou meu tênis, olhou meu tornozelo, apertou meu pé e só aí eu despertei, pois senti uma dor aguda.
- Ai! Está doendo!
- Acho que você torceu o pé.
- Não, deve ser só um desconforto passageiro.
- Vou buscar gelo no carro.
Ela foi buscar o gelo e pude reparar que meu pé estava ficando inchado. Pronto, só faltava essa, torcer o pé. Droga! Deixar de correr por um tempo pra mim era muito penoso.
- Coloque o gelo por um instante e depois vamos para cidade para que um médico possa te ver.
- Leonora não quero te dar trabalho. Apenas me leve de volta ao hotel que eu fico quieta no quarto até melhorar.
- Não Camila, é melhor que um médico te veja. Se houver alguma fratura, isso pode complicar.
- Fratura? Você acha mesmo?
- Não sei, não sou médica, mas é bom que ele avalie, vem vamos, você continua com a compressa no carro.
Leonora novamente me levantou, me pegou no colo apesar dos meus protestos, mas ela era bem maior que eu e muito forte, dava para notar seus músculos quando eu a abracei.
Ela me colocou no carro e fomos para uma cidadezinha perto da fazenda. No caminho eu ia olhando a paisagem, e quase a todo o momento olhava o rosto lindo daquela mulher. Chegamos à cidade, o médico decretou que havia acontecido apenas uma entorse colocou-me uma bota e voltamos para o hotel.
- Camila! Ai meu Deus o que aconteceu?
- Calma Robson, Camila torceu o pé.
- Ai Jesus! Você ficará conosco. Passaremos no seu apartamento amanhã, pegaremos suas roupas e você ficará comigo e Arthur. Ai meu Deus!
- Robson, deixa de drama, não foi nada grave.
- Camila, acho que Robson tem razão. Você não tem condições de ficar sozinha, nós temos a Maria e ela pode te auxiliar no que você precisar.
- Calma gente, calma. Por enquanto só preciso resolver como subirei essas escadas.
- Eu te levo Camila. Arthur se propôs.
- Vai meu querido, leva Camilinha para descansar.
Athur me pôs no colo e foi subindo as escadas enquanto eu olhava para Leonora e ela para mim.
- Leo o que houve?
- Camila pisou em falso, eu tentei segurá-la, mas mesmo assim ela torceu o pé. Estou preocupada, acho que ela sente dores apesar de ter sido medicada.
- Ai meu Deus! Eu trouxe Camila para festejar e vou sair com ela daqui com essa bota ortopédica horrorosa!
- O médico disse que com quinze dias ela ficará bem.
- Eu vou cuidar disso, por que é que eu não fui!
- Você gosta muito dela não é Robson?
- Gosto. Adoro Camila. Ela é meiga, é doce, é uma ótima funcionária, uma amiga incrível, ela é o máximo!
- Você a conhece há muito tempo?
- Faz cinco anos, não, seis anos. Por quê?
- Acho que estou interessada nela Robson.
- Interessada nela Leo? Como?
- Não sei, foi de repente. Ontem à noite nos beijamos e...
- Leo! Vocês foram pra cama?
- Não Robson! Eu achei que ela estava muito bêbada e não sei como eu consegui me afastar dela, mas eu a deixei no quarto e fui embora.
- Leo, mas você não se envolve com mulheres hétero.
- Eu sei Rob. Mas com ela... Enfim, não sei o que me deu apenas a beijei e ela gostou.
- Ela te disse isso?
- Sim. Me disse hoje. Eu me segurei o tempo todo pra não avançar o sinal e você sabe como eu sou.
- Leo, Camila é hétero minha amiga.
- Arthur também era.
- Mas é diferente. Você é pegadora, você não se envolve. Eu não quero que nada de mal aconteça com Camila entende?
- Rob, eu ainda não sei o que eu quero com ela, mas eu tenho que descobrir. Eu a quero e tenho certeza que ela também me quer, apenas está confusa com as novidades de uma nova escolha.
- Leo essa fala é minha.
- Eu sei que você falou isso um dia pra mim lembra? O dia que você e Arthur foram pra cama e depois ele correu apavorado. Eu sei que eu te falei pra que você o deixasse, eu me lembro disso tudo e hoje eu me arrependo de ter dito aquilo pra você. Hoje eu sei que Arthur te ama e eu fico muito feliz meu amigo com a sua felicidade.
- Mas com Camila não será diferente? Camila nunca mencionou nada, nadinha a respeito de estar interessada em uma mulher Leo.
- Rob posso te fazer um pedido?
- Claro minha linda.
- Deixe Camila aqui.
- Leo você pirou? Como eu posso deixar Camila aqui com você? Com que pretexto? Ela precisa de cuidados. Leo não!
- Faça ela entender que o trabalho aqui comigo será mais tranquilo, que ela terá mais tempo para se concentrar nele, sei lá inventa alguma coisa!
- Leo, minha amiga não me peça isso, por favor.
- Eu te peço sim e você me deve um favor.
- Leo isso não vai dar certo. Porque você não volta para o seu apartamento e eu dou um jeito para que vocês se encontrem?
- Não posso Leo. Esse projeto aqui me absorve muito. Eu estou direcionando minha vida para uma outra coisa. Eu vou construir minha casa aqui e vou viver aqui até envelhecer. Eu quero um amor. Eu preciso saber se Camila é esse amor entende?
- Leo, você acabou de conhecê-la.
- Eu sei Rob. Eu estou me estranhando nesse exato momento. Acho que nem eu sei por que estou te pedindo isso, mas fale com ela e se ela não aceitar de forma alguma eu entenderei, mas tente meu amigo, eu te peço tente.
- Tudo bem Leo eu vou tentar.
- Obrigada meu amigo.

Capitulo 8
[05/11/12]
Capítulo 8
Arthur me pôs na cama e saiu. Meu pé latejava um pouco e a bota me incomodava. Mais o que mais me incomodava era os meus pensamentos todos em Leonora. Pensava no momento em que ela me amparara nos lugares que ela me apresentou, no abraço dela, no seu beijo, na sua beleza.
Eu estava me interessando por uma mulher? Uma mulher como eu? Com o mesmo sexo, com seios, com curvas de uma mulher? Como será o sexo com uma mulher? Será que o orgasmo é diferente? Será que eu teria coragem de despi-la, de tocá-la?
O beijo foi muito mais dela do que meu, já que eu não o esperava. Deixei-me levar por um momento que eu descreveria como incontrolável
Engraçado que a ideia de me apaixonar ou ter me interessado por uma mulher não me afligia tanto. O que na verdade me deixava mais do que nervosa era de saber que eu não sabia o que fazer!
Mas a verdade é que Robson me dissera que ela era uma pegadora e eu deveria ser mais uma de suas conquistas, mas ao mesmo tempo ela me dissera que não se envolvia com mulheres hétero. Será que eu sempre fui lésbica? Mas não me lembro de nenhum episódio que pudesse acordar com tal afirmação. Na minha adolescência tive namoricos com meninos, na faculdade namorei e tranzei com o Zé, ele era meio morno, mas tinha alguns momentos de brilho. Aquele beijo, foi muito bom, fiquei com o gosto dele e estou até agora. De qualquer maneira, ela me afirmara que não se aproximaria mais de mim e como eu iria me aproximar dela não tinha a menor ideia.
- Oi Gata?
- Oi Robson, entra.
- Como está o pé querida?
- Tudo bem e Leonora?
- Acho que está no escritório, mas ela disse que se encontrará conosco no jantar.
- Veio conversar sobre o projeto?
- Também. Vim te falar numa coisa que me ocorreu, é meio maluca, mas pode ser boa, eu pelo menos acho.
- Diga.
- Você poderia ficar apenas com o projeto de Leonora e se concentrar nele o que você acha?
- Robson eu tenho cinco projetos em andamento e três em construção é muita coisa.
- Eu sei meu bem, mas eu não vou deixar você se aproximar do escritório durante esses quinze dias da sua convalescência. Visitar obras nem pensar!
- Robson eu não vou ficar quinze dias sem fazer nada.
- Pois é aí que me ocorreu uma ideia que pode ser legal pra você.
- Eu estou com medo de perguntar, mas qual é essa sua ideia?
- Você ficar aqui.
- Você pirou?
- Camila, pensa bem. Você fica aqui, num quarto térreo ou sei lá numa daquelas casas de funcionários, montamos seu computador e seus materiais de trabalho e você fica tranquila, trabalhando sem comprometer sua recuperação. Se você voltar conosco você ficará no ócio total, aqui não.
- Eu posso trabalhar no projeto de Leonora no seu apartamento.
- Você não tem todos os dados e precisará voltar aqui pelo menos umas três vezes Camila.
- Robson, mas eu não trouxe roupas, eu não estava planejando ficar e não conheço ninguém aqui e...
- Aqui é um hotel querida. Faça de conta que serão umas semi-férias. O lugar é lindo, tem uma infraestrutura legal e você conhece a dona que é Leonora, então acho que você ficará bem. E tem mais, eu te ligo todos os dias e se alguma coisa te aborrecer eu volto correndo para te buscar o que acha?
- Eu acho uma ideia louca, mas vou pensar e te dou a resposta no jantar.
- Certo, agora descanse.
- Estou com sono. Acho que é o restante da ressaca e os analgésicos que me deram no hospital.
- Então durma. Arthur virá te buscar. Beijos minha linda.
Acordei e já era noite. Procurei o relógio de cabeceira e ele apontava oito horas da noite. Sentei na cama e tentei levantar. Esqueci que estava com a maldita bota, mas logo me lembrei, pois ela fez um barulho quando meus pés tocaram o chão.
Ouvi batidas na porta, achei que era Arthur e pedi que ele entrasse.
- Oi Camila, não sou Arthur.
- Leonora? O que você faz aqui?
- Quer que eu vá embora?
- Não, por favor, entre.
Leonora entrou e trouxe junto consigo um par de muletas.
- Acho que isso vai ser útil para você.
- Obrigada Leonora, eu estava planejando ir ao banheiro mais não sabia como.
- Venha eu te ajudo.
Novamente ela pegou meus braços, me ajudou a levantar e me apoiou para que eu fosse ao banheiro. Ela ficou junto à porta e eu morrendo de vergonha dela, mas fazer o quê. Eu saí do banheiro, ela me levou até a cama, segurando-me pela cintura e bem próxima a mim novamente.
- Acho que nunca fiquei tantas vezes abraçada a uma pessoa.
Leonora sorriu.
- O que você está achando?
- Achando?
- De ficar nos meus braços?
Ela estava sentada do meu lado na cama e olhava bem dentro dos meus olhos. Eu a olhei e novamente meu coração disparou. Leonora não esperou minha resposta e me beijou.
Seu beijo era urgente, era forte, ela sugava minha língua com força, passeava com a língua na minha boca, mordia meus lábios e os beijava também. Eu tentava corresponder àquilo tudo, mas eu não conseguia acompanhá-la. Ela deixou meus lábios e começou a beijar meu pescoço. Ela beijava, lambia e eu estava louca de tesão. Seus lábios foram descendo até meu colo. Ela abriu minha blusa e começou acariciar um dos meus seios com a mão. Ela afastou meu sutiã, e passou à língua em um deles, eu gemi. Ela continuou agora sugando meu mamilo que claro estava duro, teso mesmo.
Houve uma batida na porta. Eu achei que ouvi, mas não tinha certeza.
- Acho que estão batendo na porta.
- O quê?
- A porta, estão batendo.
- Ah! Quem, quem é?
- Camila é Arthur, quer descer agora para jantar?
- Arthur só um instante eu estou... Eu te ligo tudo bem?
- Claro nós estamos te esperando.
Fiquei desconcertada e eu estava ofegante e nervosa. Olhei para Leonora que me olhava séria. Ela se levantou e foi saindo.
- Acho que você tem um jantar agora.
- Leonora espera.
- Eu também preciso ir Camila. Vou estar no restaurante esperando vocês.
- Leonora vem cá, por favor. Você me provoca, me deixa nesse estado de nervos e sai?
- Se eu ficar, nós passaremos muito tempo aqui e acho que você não tem condições de que eu fique aqui muito tempo.
- Então porque o beijo e as carícias, você quer me enlouquecer?
- Não, eu te quero e você o que quer?
Eu olhei para ela, fiquei muda de repente, ela sorriu e saiu do quarto.

Capitulo 9
[09/11/12]
Capítulo 9
Tirei a bota, apoiei-me nas muletas que Leonora trouxera para mim e fui tomar banho. Olhei meu pé, estava inchado e roxo. Saí do banho, me troquei e avisei Arthur para que viesse me ajudar com as escadas.
Descemos para o restaurante e lá estava ela. Leonora estava linda num vestido preto, com um decote proeminente, mas que não era colado ao corpo, a saia ia até o joelho e que realçava seu corpo lindo.
Eu a olhei, mas confesso que estava um pouco zangada com ela. Com aquele episódio no quarto, tinha certeza que Leonora estava apenas se divertindo às minhas custas. Eu era inexperiente, ela uma sedutora compulsiva, claro que ela só podia querer se divertir comigo uma tola mulher que caíra de pronto aos seus encantos.
- Arthur, traga Camila para cá!
- Deixe Arthur, eu me apoio nas muletas daqui pra frente.
- Cuidado Camila.
Apoiei-me nas muletas e fui até onde estavam Robson e Leonora.
- Boa noite Robson, Leonora.
- Boa noite Camilinha, com está minha linda?
- Estou bem Robson. Leonora me arrumou estas muletas e estão sendo muito úteis. Obrigada doutora.
- De nada Camila, está sentindo alguma dor?
- Física não.
- Sente outro tipo incômodo?
- Sabe doutora Leonora, o que você sentiria se percebesse que estão tentando fazer de você uma tola?
- Não compreendi.
- Tenho certeza que compreendeu sim.
- Camila, quer algo para beber?
- Sim Arthur, peça um suco de laranja pra mim e se não se importam queria pedir logo o jantar, pois estou faminta.
Leonora estava me olhando diretamente. Ela descaradamente me olhava não se importando com Robson e Arthur. Arthur cochichou alguma coisa no ouvido de Robson e eles se levantaram dando uma desculpa qualquer o que fez com que eu e Leonora ficássemos a sós na mesa.
- O que você quis dizer com “fazer-lhe de tola” Camila?
- Você está querendo se divertir não é Leonora? Fica me beijando, me deixando louca e depois se vai como se eu não existisse. Faz-me um favor Leonora?
- Se eu puder.
- Porque você não encontra outra pessoa pra se divertir? Como você mesmo falou hoje pela manhã, não se aproxime mais de mim, por favor, eu te peço. Chega!
- Não posso fazer-lhe esse favor Camila. Não sei qual o seu conceito sobre diversão, mas se for o de vê-la louca de tesão em meus braços, esse é o tipo de diversão que realmente me interessa. Alias o tipo de diversão que quero ter daqui pra frente e se possível ainda hoje.
Robson e Arthur novamente se sentaram à mesa e eu imediatamente me calei, mas minha raiva daquela mulher triplicou. Ela acabara de admitir que estiva sim se divertindo comigo e ainda por cima tinha certeza que iria continuar se divertindo. Eu posso? Peguei o cardápio escolhi qualquer coisa e não olhei mais para Leonora, mas notava que ela me encarava durante todo o jantar.
- Camila o que achou da fazenda?
- Robson, o terreno que Leonora quer erguer sua casa...
- Casa? Leonora achei que íamos fazer o hotel.
- Pois é, mas farei minha casa primeiro, mas me diga Camila, me fale o que você achou.
- Bem achei o terreno árido, tem uma inclinação importante, uma vista bem interessante e como você se importa com o por do sol, a casa deverá se posicionar de frente para ele. Temos que ter muito cuidado para que ela não fique muito quente. Outra coisa, as construções asiáticas mais precisamente as japonesas se destinam a terrenos digamos mais frios. Eu recomendo que você veja algumas referências de casas mexicanas, acho que combina mais com a paisagem.
- Gostaria que você me mostrasse esse conceito.
- Outra coisa, você precisa demarcar a área da casa, já que não há marcadores como ruas, casas vizinhas e temos que pensar no acesso ligando o portão da fazenda até a sua casa. Precisaremos definir além da demarcação do terreno, coisas como o tamanho da construção, o que lhe agrada em termos de paisagismo, se haverá jardins, quadras de esportes, enfim, preciso que me diga o que lhe agrada que tenha numa casa.
- Você realmente quer saber o que me agradaria ter numa casa?
- Sim é para isso que estamos aqui.
Leonora me olhou e falou:
- Um amor. Um grande amor.
Eu a olhei e não acreditei no que ela acabara de falar.
- Leo! Você está pensando em pendurar a chuteira, desde quando?
- Desde que tomei a decisão de vir morar aqui Rob.
- Você já encontrou esse amor Leo?
- Acho que sim Arthur, acho que posso ter encontrado esse amor.
- E quem é essa privilegiada?
- Rob por enquanto vou manter o direito de ficar calada, mas espero que em breve e muito em breve eu possa revelar quem é esse amor.

Capitulo 10
[12/11/12]
Capítulo 10
Eu olhei para Leonora que me olhava também. Ela me olhava de uma forma incompreensível. Leonora era realmente uma mulher sedutora. Eu não conseguia organizar meus pensamentos muito bem quando ela me olhava daquele jeito.
- Camila, pensou sobre a proposta que lhe fiz?
- O quê?
- A proposta. Quer ficar aqui com Leonora ou não?
- Robson não sei, acho que não.
Nesse momento Leonora se dirigiu a mim e falou:
- Não quer ficar aqui e decidirmos logo o projeto Camila?
- Leonora eu acho que tenho que ir e me recuperar primeiro. Acho que ficar aqui será mais trabalhoso para você e...
- De forma alguma. Carlos o médico que te atendeu hoje na cidade é meu amigo e tenha certeza que ele virá aqui quando precisar. Aqui tem uma casa que era do antigo administrador, logo atrás do hotel que tenho certeza que você ficará bastante confortável. Podemos montar seu escritório e eu vou te dar todo o suporte para que você fique bem instalada. Assim que você terminar o trabalho eu pessoalmente te levarei até sua casa. O que acha?
- Foi sua a ideia para que eu ficasse aqui?
- Sim foi minha sim. Eu achei que você estando aqui até o término do projeto, tudo seria mais prático e ágil.
- Tudo bem Leonora eu aceito. Você poderia me mostrar a casa?
- Claro quer vê-la agora?
- Gostaria.
- Então vamos todos.
Eu estava furiosa principalmente com Robson. Não sei de onde surgiu uma cadeira de rodas, mas logo apareceu um funcionário trazendo-a e Leonora me pedira que eu sentasse nela para que pudéssemos ir até a casa.
A casa era muito aconchegante. Tinha uma sala, um quarto, dois banheiros, uma cozinha americana e era bem avarandada. Era toda mobilhada com móveis rústicos, era construída em madeira, com janelas largas e ficava vizinha a outra casa maior, mas com uma construção semelhante.
- Gostou da casa Camila?
- Gostei é bem pitoresca.
- Mandarei as meninas darem uma faxina, trocar toda a roupa de cama, toalhas de banho e você me diga o que precisa ser instalado aqui para que possa trabalhar e o que mais precisar para o seu conforto.
- Obrigada Leonora, eu só preciso do meu computador e da minha impressora que está no escritório, mas Robson saberá providenciar tudo.
- É muito lindo aqui Leo. Adorei!
- O antigo administrador era um homem de bom gosto. Eu uso essa casa para receber visitas, principalmente de compradores. Eu sei que Camila não aprecia muito esse estilo coutrin, mas será por algum tempo apenas.
- Eu estou muito cansada, se vocês não se importarem eu prefiro ir para o quarto.
- Claro minha linda, você precisa descansar.
Arthur me levou para o quarto e eu pedi que chamasse Robson.
- O que é que Leonora falou pra você?
- Que gostaria que você ficasse aqui.
- Robson não se faça de tonto!
- Camila, eu não sei o que está acontecendo entre vocês, mas eu não tenho nada a ver com isso. O que ela me disse é que queria que o projeto se fizesse da forma mais rápida possível e ela sugeriu que você ficasse aqui.
- Foi só isso Robson?
- Não Camila! Ela me pediu a sua mão em casamento!
- Tudo bem Robson. Eu ficarei aqui nesse fim de mundo e creio que em uma semana eu termino esse projeto.
- Camila, se você não quiser ficar...
- Eu já disse que ficarei. Agora se me der licença eu quero dormir.
- Amanhã nos encontraremos no café para acertarmos os detalhes da sua mudança para cá.
- Amanhã a gente se vê.
- Beijos gatinha. Ah! Se você sentir qualquer desconforto me chama tá?
- Tudo bem. Eu te chamo. Beijos.
Deitei-me certa que receberia a visita de Leonora. Ela estava demorando demais, mas eu não sabia como chamá-la. Tirei a bota, mas uma dor me incomodou. Peguei um comprimido na gaveta do criado e tomei. Estava acabando de tomar o gole de água, quando a porta do quarto se abriu, Leonora entrou e fechou à porta.
- Vim ver se você precisa de algo Camila.
- O que você quer de mim Leonora? Nós mal nos conhecemos. Você me beijou por duas vezes, depois vai embora como se nada tivesse acontecido e mais, força a minha estada aqui, o que você pretende Leonora?
- Você precisa de algo para o seu conforto Camila?
- Preciso que me responda!
- Não tem o que responder. O que aconteceu até agora entre a gente foi porque nós queríamos que acontecesse. Eu quero minha casa rapidamente construída. Não sabia que você seria a responsável pela a obra, se fosse Robson o responsável teria feito à mesma proposta que lhe fiz. Se você não quiser assumir o projeto, peço pra Robson que me envie outra pessoa, você vai embora e nunca mais nos veremos. O que acha?
- Você está brincando comigo não é Leonora? Você está se divertindo às minhas custas não é verdade? Pois saiba que eu vou ficar, farei seu projeto e depois disso nunca mais você me verá.
- Boa noite Camila, durma bem.
- Vá pro inferno!
Deitei de uma vez, esqueci da torção e bati com o pé muito forte no colchão. Gritei e Leonora novamente veio ao meu socorro.
- Camila! O que foi você se machucou novamente?
- Ai Leonora acho que bati o pé com muita força, está doendo muito.
- Vou ligar para Carlos, espere um pouco.
Leonora falava com Carlos e ficava andando de um lado para o outro no quarto.
- Sim Carlos está bem. Eu vou providenciar.
Leonora telefonou novamente para que um funcionário viesse até o quarto.
- Afonso, vá até a cidade e traga Jorge até aqui rapidamente. Antes peça alguém que traga gelo o mais rápido possível sim?
- Sim senhora. Vou num pé e volto no outro.
- Obrigada Afonso.
Minutos depois veio uma moça trazendo um balde de gelo. Leonora colocou uma quantidade de gelo em uma toalha, e colocou sobre o meu pé que latejava novamente.
- Calma já vai passar.
- O que o médico disse?
- Disse que você não deveria ter tirado a bota e está mandando um enfermeiro para fazer uma medicação injetável e para fazer uma espécie de bandagem para que você possa tirar a bota sem perigo de se machucar novamente.
- Injeção? Nem pensar!
- Injeção sim e bandagem.
- Olha já passou, a dor passou completamente.
- Mentirosa.
- Eu tenho pavor de agulhas Leonora!
- Eu te protejo.
- Ai meu pé!
- Calma vai passar.
O enfermeiro chegou, disse que iria aplicar duas injeções, eu protestei, mas não pude evitar nenhuma das duas. Depois ele fez a tal bandagem e se foi. A dor se foi quase que imediatamente.
- Como está agora minha brava arquiteta?
- Acho que estou bem e com muito sono.
- Deita direito e com cuidado, eu te ajudo.
- Tudo bem eu me arrumo.
- Então eu vou, já que você está bem.
- Não! Quero dizer... Fica só mais um pouco.
- Camila, você tomou um tranquilizante, então você vai pegar no sono logo e...
- Então fica aqui comigo até eu dormir.
- Quer que eu fique com você? É isso Camila?
- Quero, fica comigo Leonora?
- Camila...
- Só mais um pouco.
- Tudo bem eu fico.
Eu realmente não sabia o que eu estava fazendo, mas eu decidi que queria Leonora perto de mim. Eu me ajeitei na cama, Leonora sentou-se ao meu lado e eu quase que em segundos peguei no sono.

Capitulo 11
[16/11/12]
Capítulo 11
Acordei com Leonora abraçada a mim. Eu estava nua, Leonora também. Ela estava encostada em minhas costas eu sentia sua respiração em minha nuca. Senti um arrepio e meu coração novamente disparou.
Eu me lembrara de que havia pedido para que Leonora ficasse comigo até que eu dormisse e ela ficou e dormiu comigo. Será que havia rolado algo entre nós? Claro que não, eu dormi feito uma pedra ela certamente também, pois devia estar cansada assim como eu. Ela deitara um dos braços em mim e me abraçava. Eu me remexi para me livrar daquela situação que pra mim naquele momento se tornara constrangedora. Ela acordou e me abraçou ainda mais. Encostou seu rosto no meu e falou ao meu ouvido.
- Bom dia Camila, dormiu bem?
- Bom dia. Leonora, você dormiu aqui comigo? Como? Por quê?
- Você pediu.
- Leonora eu pedi que...
Ela começou a morder minha orelha devagar. Passava a língua por trás da orelha, descia a língua até minha nuca e eu ia ficando louca de tesão.
- Ah... Leonora... eu...
- Fica assim, gostosa pra mim, deixa eu te fazer um carinho, você quer eu sei.
Ela começou a massagear meus seios, apertar os bicos, totalmente duros e eu queria tudo o que ela me dava naquele momento.
- Você é linda Camila, é minha!
- Leonora, não... Eu não sei o que fazer.
- Sinta Camila, sinta como eu te quero. Ah...
Leonora foi descendo a mão e abriu as minhas pernas com cuidado. Eu estava molhada, muito molhada. Ela passou os dedos no meu clitóris e eu gemi. Ela massageava minha buceta e eu estava ofegante, eu soava, eu estava adorando estar em seus braços fortes e seus movimentos eram precisos e deliciosos.
- Como você está molhada pra mim. Ai que delícia!
Leonora beijava minha nuca, passava a língua no meu pescoço, massageava o clitóris e eu estava completamente entregue para ela e para o meu prazer. Leonora saiu da posição que estava, levantou da cama e ficou em pé me olhando. Eu achei que ela ia embora novamente, mas ela subiu na cama, afastou minhas pernas e ficou no meio das minhas pernas. Ela então começou a me beijar. Beijou minha boca, me dando sua língua, sugando a minha, passando a língua quente e molhada no meu pescoço, nos meus seios, na minha barriga e finalmente começou a sugar minha buceta. Ela passava a língua em movimentos frenéticos pelo meu clitóris, sugava-o com força, introduzia a língua na minha vagina, sugava a vagina, voltava a sugar meu clitóris e eu só gemia louca de tesão.
- Ai Leonora, eu te quero...
Leonora me penetrou indo e vindo com movimentos lentos e girando os dedos dentro da minha vagina. Minha sensação era que eu ia desmanchar de prazer. Leonora continuava a me penetrar. Eu estava louca, movia mina cabeça de um lado para outro, arqueava meu abdome, rebolava na sua mão e queria mais muito, mais, queria tudo que Leonora estava me dando àquela hora.
- Ah Camila, como você é linda, sua pele, seu gosto, seus movimentos, quero que você se entregue toda pra mim. Você quer Camila?
- Quero... Eu quero... Leonora!
Leonora começou novamente a sugar meu clitóris e me penetrar, mas dessa vez com força e os movimentos eram rápidos. Eu entrei num caminho de um prazer imenso, eu estava toda eletrificada, ondas de prazer tomavam todo o meu corpo. Todos os meus sentidos entraram em funcionamento, não aguentei mais então eu gozei.
De repente, eu comecei a sentir um líquido quente escorrendo de dentro de mim como se fora urina? Mas Leonora estava com a boca na minha buceta e eu não sabia o que fazer, eu não conseguia raciocinar, aquele líquido escorria na boca de Leonora e eu não conseguia pará-lo.
Tentei me afastar, mas eu não controlava minhas pernas e Leonora me segurava forte naquela posição. Senti que finalmente parei de escorrer. Leonora ficou ainda ali por alguns minutos, com os dedos dentro de mim e lambendo de leve minha buceta. Ela saiu da posição que estava me pegou pela cintura e me afastou até a cabeceira da cama, tomando cuidado com meu pé machucado.
Leonora me beijou longamente e deitou minha cabeça em seu peito. Eu estava entorpecida, estava mole, sem forças, só conseguia ficar ali naquela posição, nos braços fortes de Leonora.
- Leonora eu... me desculpe.
Leonora me olhou com cara de surpresa e espanto.
- Desculpar porque Camila?
- Leonora eu não sei o que aconteceu, eu acho que...
- O quê Camila?
- Calma Leonora, é difícil de falar.
- Você está arrependida é isso Camila?
- Não! (Quase gritei). – Não Leonora eu acho que fiz xixi, sei lá urinei na hora que gozei, mas isso nunca aconteceu comigo antes, nunca eu juro! Estou morrendo de vergonha de você. Além de não saber o que fazer na cama com uma mulher, ainda dou um vexame desses, eu realmente estou com muita vergonha, me desculpa Leonora.
Leonora olhou pra mim e sorriu.
- Primeiro vou fazer uma pergunta clichê: - Foi bom pra você? Você gostou de estar comigo ou como você mesmo falou, com uma mulher na cama Camila?
- Leonora eu... Você sabe que eu gostei, eu gostei muito Leonora.
- Então, deixa eu te falar. O que aconteceu aqui nesta cama, neste quarto com você, poderemos chamar de um gozo seguido de uma ejaculação.
- Ejaculação?
- Sim ou você acha que isso é privilégio apenas dos homens?
- Claro que sim! Homens ejaculam mulheres não. Leonora eu não sei o que aconteceu, eu acho que vou ter que procurar um médico, então eu não poderei ficar aqui e...
Leonora me calou com um beijo e eu novamente me derreti.
- Camila eu adorei beber seu gozo, adorei nosso delicioso sexo e tenha certeza que falei a verdade, é só você pesquisar um pouco. Gostaria de ficar aqui nessa cama, nesse quarto o dia inteiro com você, mas temos que ir até sua casa e seu escritório buscar suas coisas, então eu vou me arrumar e sugiro que você faça o mesmo.
- Mas Leonora eu quero lhe falar...
- Depois, temos a viagem toda para conversarmos.
Leonora me beijou e se foi.

Capitulo 12
[19/11/12]
Capítulo 12
No café da manhã eu estava calada. Arthur e Robson me olhavam e se olhavam entre eles, mas eu não tinha a menor vontade de conversar. Leonora não apareceu para o café, o que me irritou mais ainda.
- Camila, Leonora irá conosco para voltar com você o que acha?
- Tudo bem.
- Você está bem Camila?
- Estou sim Arthur. Apenas um pouco preocupada com o meu pé.
- Calma minha linda, o médico disse que você ficará boa em 15 dias, mas antes disso quero que você faça novos exames viu? Estou muito preocupada!
- Vou ficar bem Robson. Eu bati o pé ontem e...
- Você machucou o pé? Deus Camila, porque você não nos chamou?
- Leonora providenciou um enfermeiro para me medicar e a dor passou.
- Leonora? Você chamou Leonora?
- Não Robson ela veio até o quarto para me ver e...
- Arthur meu amor, será que você poderia me dar licença só um instante para eu falar uma coisinha com Camila?
- Claro, vou descer nossas malas e acertar as despesas.
- Obrigada my love.
- O que Arthur não pode ouvir?
- Nada, mas quero falar com você e só com você. Camila o que está acontecendo entre você e Leonora?
- Por que essa pergunta Robson?
- Camila, Leonora está te paquerando não é?
- Nós nos beijamos Rob.
- Eu sei, ela me disse.
- Por que ela te falou isso?
- Pra pedir que você ficasse aqui com ela. O pedido que eu lhe fiz para que você ficasse aqui, foi porque ela me pediu que eu fizesse a você.
- Por que você não me disse isso antes?
- Camila, eu conheço Leo há muito tempo. Nossa amizade começou ainda na infância. Nossos pais eram amigos e nós brincávamos juntos. Nossa amizade perdura até hoje, eu não tenho como negar nada, absolutamente nada pra ela entende? Agora, eu realmente não sabia que você estivesse também querendo se envolver com ela.
- Eu me envolver com ela? Rob eu me envolver com uma mulher? Eu...
- Camilinha, o que eu constatei ontem no jantar foram olhares bem cúmplices entre vocês e você cobrando algo de Leonora como se fosse a namorada dela. Então pode dizer Camila está interessada nela ou não está?
- Ai Robson não sei o que está acontecendo comigo meu amigo. Eu paquerei Leonora descaradamente no dia do meu aniversário, depois quando fomos para o meu quarto ela me beijou e eu adorei, antes daquele jantar ela me beijou novamente e ficamos trocando carícias e hoje pra completar minha confusão nós transamos.
- Camila minha amiga eu queria lhe dizer que eu poderia estar feliz por você estar se dando a chance de descobrir novos caminhos, mas Camila tenha cuidado com a Leo. Eu não sei como você foi se meter nessa confusão que acabou de me descrever, mas eu não vou fazer julgamentos a respeito de suas preferências e Camila o que eu posso te dizer é que o mundo hétero é uma coisa e o mundo gay é outra, então não vá abrindo seu coração assim tão facilmente viu?
- Você está tentando me dizer que eu pirei e que escolhi a pessoa errada para isso acertei?
- Que você pirou, eu tenho certeza, mas que você escolheu a pessoa errada, aí depende da ótica. Leo não se envolve muito, mas as pessoas mudam Camila e acho que ela mudou muito eu não sei o quanto, mas que mudou, mudou. Prova disso é que ela resolveu te fazer a corte.
- O que tem de errado comigo?
- Até ontem você era uma hétero puro malte, hoje já misturaram gelo nesse copo entende?
- Robson, você acha que eu sou lésbica, quer dizer que eu sempre fui lésbica e só fui perceber agora?
- Camila, se a Leonora for o amor da sua vida o fato dela ser mulher importaria muito pra você?
- Robson eu e você sabemos muito bem que eu não sou o grande amor da vida de Leonora.
- Eu não sei de nada minha cara. Isso é entre você e ela. Mas me responda?
- Se Leonora fosse o grande amor da minha vida, se ela quisesse se transformar em homem, mulher, a mistura dos dois, marciana, jupteriana eu não me importaria nem um pouco.
- Pelo que eu entendi aconteceu algo especial entre vocês estou certa?
- Acho que está sim Robson. Mas eu não sou criança e vou ter cuidado eu prometo.
- Não prometa o que você não pode mais cumprir, então vou te desejar sorte e eu vou torcer muito pra vocês duas se amarem assim como eu e Arthur. Figa amiga, figa!

Capitulo 13
[23/11/12]
Capítulo 13
Fui no carro de Leonora que não dizia uma palavra durante os primeiros trinta minutos de viagem. Eu também não queria muita conversa e só pensava na tal “ejaculação”.
Gays ficam a toda hora achando que todos os homens do mundo são gays e as mulheres pelo que pude perceber ficam querendo ter ejaculações como os homens. Nossa! No que é que eu estava me metendo?
- Está pensativa Camila. Um dólar por um dos seus preciosos pensamentos.
- Não estou pensando nada especial, apenas fazendo uma lista do que vou precisar trazer nessa minha mudança inesperada.
- Você ficou constrangida com o que aconteceu hoje de manhã?
- Leonora se você não se importar eu não gostaria de falar sobre isso.
- Eu me importo Camila. Nós fizemos sexo e você ficou grilada. Eu sei que isso é tudo muito novo pra você, então eu queria que você se sentisse à vontade para me dizer o que está te preocupando.
- Quem disse que estou preocupada Leonora? Fizemos sexo e ponto e fim.
Leonora parou o carro bruscamente e me olhou com raiva.
- Você sempre querendo minimizar o que acontece entre nós duas não é Camila? Eu sei que você nunca esteve com uma mulher antes na cama e sei o quanto você gostou Camila. Você gozou muito na minha boca, tanto que se assustou e sabe por quê? Porque você nunca teve um orgasmo como esse e que teve comigo Camila, com uma mulher como você! Então me faça um favor, não faça esse ar de “transamos e só”, porque eu e você sabemos que não foi bem assim Camila.
Eu fiquei calada e olhava pra ela com espanto, embora soubesse que ela tinha razão. Aquele orgasmo foi alguma coisa mágica, foi único. Só a proximidade com Leonora já era o bastante para que eu ficasse extremamente excitada.
- Leonora, Robson e Arthur estão se distanciando de nós, por favor, vamos?
Leonora acelerou o carro e novamente estávamos na estrada indo para meu apartamento.
- Eu não estou minimizando absolutamente nada que aconteceu conosco nesses três dias, apenas acho que é muito cedo para cobranças não é Leonora?
- Por que você está dizendo que é cedo? Por acaso pensa que o que aconteceu hoje irá se repetir Camila?
- Como se repetir? Você quer dizer que hoje foi apenas um momento? Quero dizer... Você não pretende mais ficar comigo? É isso que te satisfaz?
- Camila eu achei que poderia começar algum tipo de relacionamento com você. Achei que por causa da nossa forte atração eu teria paciência ou mesmo a intenção de te mostrar algo novo, algo que você ainda não havia experimentado e quem sabe a gente poderia ir até mais além, mas Camila eu realmente errei. Eu não tenho a menor paciência com pessoas como você.
- Pessoas como eu? O que você quer dizer Leonora?
- Que não sabem o que querem. Você prefere negar o que está sentindo, você Camila não está madura o bastante para aceitar que é lésbica e que sente uma atração muito forte por mim. Crescer pra você é uma tarefa penosa. Você é assim.
- E você se tornou analista de repente?
-Vou te dizer mais uma vez: - Eu não posso resolver os seus problemas de rejeição.
- Leonora eu acho que não é bem assim, eu não estou dizendo que não estou me sentindo atraída por você, apenas eu não sei como me portar diante de uma coisa tão nova pra mim. Ontem não me passava pela cabeça de ir para cama com uma mulher, de ter tesão por uma mulher.
- Camila façamos o seguinte: - Eu estou num momento de mudanças em minha vida. Eu acho que estou querendo uma pessoa pra mim e tenho certeza que essa pessoa não é você por vários motivos. Por estar querendo uma pessoa especial pra mim eu posso estar te pressionando ou como você mesmo disse apenas representando uma novidade em sua vida, então vamos parar por aqui. Você trabalha para mim esse período e eu tento não te incomodar mais. Se você achar que essa situação de trabalhar para mim depois do que aconteceu for desconfortável para você, eu te deixo em seu apartamento ou no do Robson e ficamos por aqui. O que você acha Camila?
- Tudo bem Leonora, acho que será melhor mesmo pararmos por aqui. Você esta certa quando diz que não tem paciência com pessoas como eu. Você está certa no que diz respeito ao meu constrangimento. Eu não sei o que aconteceu comigo hoje, quando eu comecei a ter aquele jorro de secreção, coisa que nunca me aconteceu. Ter você grudada a mim naquele instante me deixou apavorada e eu não consegui me controlar. Depois você não apareceu no café da manhã e isso me deixou muito nervosa, mas isso não importa. Quanto ao fato de você ser mulher Leonora tenha certeza que pra mim é o que menos incomoda. Eu vou fazer o seu projeto, espero que o faça bem e que você fique inteiramente satisfeita. Depois a gente se despede e cada uma segue o seu caminho.
- Então estamos combinadas Camila.
Eu não falei nada mais para Leonora durante a hora e meia que faltavam para a chegada. Uma dor me cortou o peito por saber que os argumentos de Leonora eram corretos, mas ao mesmo tempo eu a queria e tinha certeza disso.
Eu também pensava na possibilidade dela estar encontrando um motivo que, aliás, era bem plausível para por um fim naquele misto de atração e rejeição que nós estávamos vivendo. Eu tentava não me tornar um alvo muito fácil para ela e ela tentava ter segurança a respeito do meu interesse por dela. Nós duas tínhamos construído barreiras gigantescas entre nós. O que eu poderia dizer a ela? Não sabia, mas ao mesmo tempo eu tinha que viver aquela história de sexo, paixão, tesão e perigo.
Chegamos ao meu apartamento, Leonora me ajudou a descer e disse que esperaria no carro até eu arrumar minhas malas com a ajuda de Robson e Arthur.
- O que foi Camila você está com uma cara horrível.
- Nada Robson, impressão sua. Venha me ajude a arrumar logo essas coisas, pois ainda temos que passar no escritório.
- Tudo bem não vou perguntar mais nada, quando quiser me dizer alguma coisa, me diga.
Fiz umas duas malas, descemos, Leonora e Arthur me ajudaram com a cadeira e as malas e fomos até o escritório onde peguei todo o material necessário para o trabalho de arquitetura.
- Garotas tenham uma boa viagem de volta e me liguem se precisar de alguma coisa viu gatinhas!
- Obrigada chefinho, mas acho que está tudo aqui.
- Camila, tem certeza que está tudo bem?
- Tirando um pouco de dor no pé, está tudo bem Arthur, fique tranquilo.
Leonora me olhou com preocupação.
- Camila, você trouxe os remédios que Carlos passou?
- Já os tomei Leonora, não se preocupe, a dor vai passar.
Já estava sentada no carro, quando Arthur se aproximou de mim aproveitando um momento em que Leonora e Robson conversavam um pouco afastados do carro.
- Camila, tem certeza que é isso mesmo que você quer? Ficar perto de Leonora, testar sua resistência e correr o risco de se apaixonar por ela? É isso Camila?
- Se eu não conseguir ficar eu te aviso, pode deixar meu amigo.
- Cuidado e pense que tudo vai dar certo.
- Obrigada Arthur, cuide de Robson tá?
- Eu cuido.
- Vamos Camila? (Leonora disse isso entrando no carro).
- Ei! Espera deixa eu dar um beijinho na minha empregadinha!
Robson me deu um selinho e falou baixinho no meu ouvido:
- Te adoro e qualquer coisa dê um grito que eu vou te salvar.
- Pode deixar meu cavaleiro no cavalo branco com fitas douradas.
- Vamos?
- Vamos Leonora. Bye, bye Boys!
Leonora deu a partida no carro, meu coração disparou e eu fui sabendo que não ia resistir aos encantos dela, eu sabia que iria ser muito difícil não querer que ela me beijasse e me amasse como o fizera naquela manhã.

Capitulo 14
[26/11/12]
Capítulo 14
Chegamos à fazenda às três horas da tarde. Leonora me ajudou a descer do carro, me levou até o chalé e logo em seguida foi telefonando para arrumadeiras e três homens que ao meu comando iam instalando os equipamentos que eu trouxera que nada mais eram que uma mesa para projetos, um computador e uma impressora para plantas baixas. As arrumadeiras organizaram minhas roupas no armário e trouxeram lanches para todos. Leonora me perguntava apenas coisas a respeito da arrumação e dava ordens aos empregados. Às seis horas da tarde estava tudo arrumado.
- Camila, eu vou descansar um pouco e aqui tem um cardápio para que você possa pedir seu jantar. Meu telefone está anotado num papel que deixei em sua mesa de cabeceira. Qualquer mal estar, por favor, não se acanhe em me chamar.
- Tudo bem Leonora, você realmente deve estar cansada. Eu confesso que também estou. Amanhã poderemos ter uma reunião a respeito do projeto?
- Não Camila. Eu gostaria que você fizesse um esboço com as informações que eu te passei até agora. Vou me afastar por três dias. Tenho que fazer uma pequena viagem. Quando eu voltar teremos essa reunião.
- Mas Leonora, quase não discutimos nada a respeito da composição da casa e eu tenho que ter essas informações.
- Você pode resolver algo a respeito do terreno?
- Sim posso, mas...
- Ótimo, então faça isso. Até mais e tenha uma boa noite. O telefone do Carlos está anotado também embora ele irá mandar o enfermeiro aqui amanhã para te ver, então acho que ficará tudo bem. Até logo.
Leonora foi embora sem aguardar minha resposta. Eu fiquei triste, mas eu estava lá para fazer um projeto e só. Eu tinha que me concentrar nisso agora e era exatamente isso que iria fazer.
O dia amanheceu com um sol lindo. Telefonei logo cedo para um topógrafo para que ele viesse me ajudar com as medidas do terreno. Fiquei pesquisando por toda a manhã casas que poderiam me inspirar no projeto. Ao meio dia o topógrafo chegou e fomos até o local em que Leonora me apontara que queria a sua casa.
Ficamos a tarde toda no local medindo e demarcando o terreno. Esperamos até o por do sol para que eu visualizasse o que realmente Leonora vira de tão especial a ponto de querer uma casa de frente para ele.
Realmente era lindo ver o sol se pondo naquelas montanhas, que eram relativamente longínquas do local da casa, mas aquele poente trazia com ele cores em tons de laranjas, vermelhos, amarelos e que num certo momento coloriam as montanhas avermelhadas e que depois lentamente pintavam a paisagem em tons fortes de azuis e violetas e que iam tornando-se escuras com o cair da noite. Mas quando a lua se erguia, a paisagem novamente se iluminava e trazia de volta os contornos das montanhas lembrando quase uma paisagem lunar.  Leonora se encantara com uma linda e rara paisagem.
Eu estava com saudades de Leonora. Eu sentia falta de sua presença forte, linda e encantadora. Meu pé vinha melhorando muito lentamente e todas as noites, mais precisamente às sete horas da noite o enfermeiro vinha fazer uma espécie de fisioterapia que mergulhava meu pé em uma bacia com gelo e depois colocava um aparelho que passava uma corrente elétrica por alguns minutos. Depois disso, ele novamente enfaixava meu pé e se ia.
No terceiro dia eu trabalhei fazendo três esboços de projetos para que Leonora pudesse visualizar alguma coisa e daí partimos para algo definitivo. Passei o dia todo trabalhando, parei apenas para almoçar, às sete horas para a fisioterapia e jantar e novamente passei a trabalhar até umas onze da noite.
Parei de trabalhar, pois estava cansada. Peguei uma cerveja na geladeira, me sentei na varanda do chalé e fiquei observando a lua e as estrelas que naquele lugar eram muitas, o céu dava um espetáculo de brilho. As estrelas eram tantas que pareciam muito próximas e que davam a nítida impressão que eu poderia tocá-las apenas estendendo um pouco as mãos. Aquele lugar era realmente especial. Tomei lentamente minha cerveja, fiquei com preguiça de ir até a geladeira pegar outra, fiquei olhando para o céu e adormeci.
Acordei com frio e com Leonora em pé junto a mim me observando.
- Não devia estar aqui a essa hora da noite. Já está muito frio Camila.
- Leonora?
- Eu disse que voltaria hoje lembra?
- Eu...Eu me lembro. Você chegou agora?
- Sim acabei de chegar. Venha vamos entrar, você está com frio.
Eu me levantei, fui pegar as muletas, mas elas caíram.
- Você andou bebendo Camila?
- Bebi apenas uma cerveja. Por favor, me ajude com as muletas sim?
- Venha vou te levar.
- Não Leonora, me dê as...
Leonora me pegou no colo, me levou até o sofá e me colocou sentada nele. Novamente estávamos próximas. Ela ainda estava com as mãos em minhas costas e eu no seu pescoço. Foi inevitável a troca de olhares e eu simplesmente não conseguia me afastar dela. Eu estava hipnotizada por aquele par de olhos verdes e minhas mãos grudaram em seu pescoço.
- Você está bem Camila?
- Eu... Eu... Estou bem, muito... Bem Leonora.
- Acho que já pode tirar as mãos do meu pescoço Camila.
- O quê? As mãos? Ah sim me desculpe.
- Tudo bem, vou pegar suas muletas.
Leonora foi até a varanda e trouxe minhas muletas.
- Já está tarde, acho que deveria ir dormir. Amanhã podemos tomar café juntas e discutirmos o projeto. O que acha?
O que eu achava? Nós poderíamos dormir juntas e fazer amor a noite toda!
- Claro Leonora, eu fiz alguns esboços e pretendo te mostrar.
- Então até amanhã Camila, durma bem.
- Leonora eu queria que ficasse mais um pouco para...
- Para?
- Para...Para... Quem sabe te mostrar algumas casas que eu...
- Amanhã você me mostra boa noite.
- Boa noite Leonora, até amanhã.
Leonora se foi e eu fiquei com o coração aos pulos.

Capitulo 15
[30/11/12]
Capítulo 15
Levantei sonolenta, pois não havia dormido bem à noite. Fiquei pensando em Leonora e de como eu deveria me comportar diante daquela mulher encantadora, mas que já havia decretado que não iria me incomodar mais, então eu deveria me comportar como sua arquiteta e só.
A manhã que nós passamos juntas não me saia da cabeça. Eu tive tempo para pesquisar em sites especializados, a tal “ejaculação feminina” e achei muita coisa sobre o assunto. Mas pra mim aquilo era muito improvável, nunca em trinta anos de idade eu tivera qualquer episódio deste tipo, mas eu não deveria estar pensando nisso agora.
Ouvi batidas na porta e fui atender na esperança que fosse Leonora. Abri a porta, mas era a camareira com a cadeira de rodas para me levar até Leonora.
- O Beta! Não precisava de cadeira de rodas, eu vou me apoiando nas muletas.
- Dona Leonora me deu ordens de levar a senhora na cadeira e ela não vai gostar se a senhora for andando de muletas.
- Tudo bem, vamos.
Sentei na tal cadeira, mas Beta não me levou para o hotel e sim para o chalé que ficava quase de frente ao meu. Era lá que Leonora ficava e eu não havia percebido que ela estava tão próxima.
- Bom dia Camila. Dormiu bem?
- Bom dia Leonora, dormi bem e você?
- Como uma pedra. Vamos ao café?
- Sim.
- Beta pode ir, eu levo a doutora Camila de volta. Obrigada.
- De nada dona Leonora.
A mesa do café da manhã estava posta na varanda. Leonora me ajudou a sair da cadeira de rodas e novamente nós ficamos muito próximas. Meu coração novamente disparou e eu fiquei muito sem graça, pois tinha quase certeza que Leonora poderia ouvir as batidas fortes e descompassadas no meu peito.
- Você pensou em alguma coisa nesses dias Camila?
Deveria responder, pensei em você e a quero novamente em meus braços!
- Fiz alguns esboços e quero que você dê uma olhada neles.
- Certo, me deixe vê-los.
Peguei a pasta com esboços feitos e entreguei a Leonora que os olhava com atenção e por muito tempo sem dizer absolutamente nada. Eu tomava meu café fingindo calma, primeiro por estar perto de Leonora e depois pela demora que ela me impunha em dizer alguma coisa audível sobre o meu trabalho.
Ficamos nesse silêncio por quase uma hora. Leonora ia passando as folhas desenhadas, comparava-as novamente e voltava a olhar a primeira. Eu já estava quase em pânico, até que ela resolveu falar.
- Bem nunca tinha pensado em nada assim tão diferente...
- Diferente em que sentido Leonora?
- Você imaginou uma casa sólida, quero dizer imponente. Ela tem uma personalidade rústica e ao mesmo tempo contemporânea, ela tem um peso que eu não esperava que tivesse.
- Acho que ela combina com a paisagem. Eu pensei em criar uma casa leve, um estilo minimalista, com linhas mais retas, mas nessa paisagem quase árida em que você quer colocá-la, ela certamente se tornaria frágil. As montanhas, o pôr do sol, essa vegetação rasteira que lembra uma savana, quase um deserto creio que a casa deve ser poderosa, sólida, pesada, imponente, para que todos a percebam como tal.
- E o interior como você o imagina?
- Bem fresca, quero dizer no sentido de frescor. Pensei em paredes de vidro para que você possa observar o seu por do sol, mas pensei também que podemos misturar com a ideia das vilas mexicanas, com um pátio em que as casas se dispõem em torno dela.
- Não consigo imaginar nada desse tipo. Acho que terá que desenhar tudo muito detalhado pra mim.
- Claro, estou aqui pra isso. Mas eu gostaria de saber se você gosta ou não da ideia inicial.
- Não sei ainda, portanto desenhe a sua descrição e aí eu te direi.
- Leonora, eu devo trabalhar com seu gosto pessoal, se essa ideia primária não te agrada, posso fazer outra coisa, tentar fazer algo mais oriental como era a sua expectativa.
- Não, confio em sua sugestão. Seria possível que hoje à noite você já teria algo para me mostrar?
- Claro. Hoje à noite te apresento um projeto em 3D.
- Ótimo! Vou até a cidade e só voltarei mais tarde, então no jantar você me mostra o esboço.
- Combinado.
Eu fiquei o dia todo desenhando o esboço para Leonora, parei para um almoço rápido, depois lá pelas quatro horas da tarde dei os retoques finais e desabei na cama com sono pela noite mal dormida.
Às sete horas Jorge me acordou para a fisioterapia e eu quase o chutei com o pé bom. Pedi-lhe licença, tomei um banho e fizemos a tal fisioterapia e logo em seguida ele novamente enfaixou meu pé.
- Vou sobreviver?
- Acho que daqui a dez dias não precisará mais de ataduras.
- Dez dias Jorge! Acho que vou me matar!
- Calma Camila, você terá que ficar aqui muito mais que isso.
- Como você pode saber? Eu sou rápida no gatilho amigo. Faço um projeto em menos de seis horas.
- Não estou falando de trabalho.
- Você está insinuando algo?
- Bem já terminei e até amanhã Camila.
- Só não vou te obrigar a responder, porque tenho um compromisso, mas amanhã o senhor não me escapa viu?
- Responderei tudo o que a senhora quiser. Beijos e lembranças a Leonora.
- Darei.

Capitulo 16
[03/12/12]
Capítulo 16
Fiquei sentada na varanda e novamente Beta veio me buscar na cadeira de rodas.
- Leonora está no hotel Beta?
- Não dona Camila, está no chalé.
- Então vamos lá.
Beta empurrou a cadeira e pela primeira vez entrei na casa de Leonora.
Leonora estava usando um jeans claro, uma regata branca e estava com os cabelos molhados. Dela vinha um cheiro inebriante de óleos de banho maravilhoso. Seus olhos estavam verdes escuros, ou estavam assim por causa da iluminação indireta que ela colocara. Eu fiquei hipnotizada com sua beleza novamente. Eu sempre ficava assim quando estava diante dela, mas eu prometi a mim mesma que não deixaria transparecer meu interesse quase que incontrolável. Leonora se aproximou me ajudou a sair da cadeira e sentar no sofá.
- O que quer beber Camila?
- Acho que uma água com gás.
- Por quê?
- Não vamos trabalhar Leonora?
- Não, vamos conversar.
- Tudo bem. O que você vai beber?
- Uísque. Me acompanha?
- Sim.
- Como está o pé?
- Melhorando.
- Jorge tem vindo todos os dias?
- Pontualmente. Aliás, você não me falou nada sobre os honorários dele.
Leonora me serviu o drink e sentou-se ao meu lado.
- Jorge é assunto meu. Agora me diga, está gostando de trabalhar aqui?
- Mais do que eu pensei que gostaria.
- É mesmo? E porque está gostando?
- Gosto do clima quente durante o dia e frio à noite e aprendi a apreciar o seu por do sol. Ele trás cores realmente impressionantes. O céu à noite é realmente um espetáculo com tantas estrelas. É um lugar especial Leonora.
- Eu sei Camila, por isso decidi ficar aqui.
- Cansou da cidade?
- A cidade está próxima e sim cansei de agitação, de buscar sempre o que já tenho certeza que vou encontrar e a tecnologia nos ajuda a ficarmos bem em qualquer lugar do planeta não acha?
- Não sei se conseguiria viver sem delivery, sem a peça de teatro, sem cinemas, sem trânsito, sem poluição.
- Isso é muito importante pra você?
- Acho que não, mas tenho que viver na cidade, ela me proporciona trabalho é disso que eu vivo e adoro meu trabalho.
- Tenho um amigo arquiteto que mora em uma ilha e trabalha muito.
- É possível sim. Mas acho que ainda não estou nesse patamar, tenho que ralar muito até conseguir um lugar como esse ou uma ilha.
- Conseguirá eu tenho certeza disso.
- Quer ver o esboço agora?
- Depois. Mais um uísque?
- Acho que não...
- Só mais um, depois jantamos.
- Tudo bem.
Tomamos o uísque, Leonora ia me contando tudo sobre seus hotéis, sobre a sua vida de viagens, me informou que eu teria que projetar uma pista de pouso, disse que precisava de uma pessoa para supervisionar as reformas dos hotéis e eu ia ouvindo e bebendo e já me sentia um pouco embriagada.
- Vamos jantar?
- Acho que devemos, estou ficando um pouco tonta.
- Sinto muito, mas acho que o chef sugeriu um vinho para acompanhar o jantar.
- Não acho prudente, mesmo porque quero te mostrar o esboço e...
- Relaxe, temos muito tempo ainda, vamos ao jantar acompanhado do vinho escolhido pelo chef.
O chef servia o jantar. Os pratos eram impecavelmente belos e saborosos. O vinho era excelente e a companhia perfeita. Nem eu e nem Leonora bebemos muito o vinho, eu estava nervosa e ela sedutora. Ela me olhava com desejo e eu retribuía o seu olhar sem nenhum pudor.
Terminamos o jantar, ela se levantou para me ajudar a sair da cadeira. Ela ficou bem próxima a mim, com a mão envolta da minha cintura e eu a encarei de uma forma tão acintosa que ela me segurou naquela posição e falou:
- Por que você faz isso comigo Camila?
- Faço o quê Leonora?
- Me provoca desse jeito?
- Eu te provoco? Eu...
Leonora me beijou. Ah! Como ela me beijou!
Seu beijo era muito bom, sua língua passeava em minha boca entrando e saindo, sugando a minha língua, mordendo meus lábios, lambendo, me excitando muito. Eu ficava completamente entregue a ela. Ela me apertava contra seu copo e eu sentia cada centímetro dele.
Leonora começou a desabotoar minha blusa e desceu a mão até meus seios fazendo uma massagem leve sobre o mamilo, que ficava cada vez mais teso. Ela começou a suga-los ainda por cima do sutiã e dava leves mordidas nos mamilos completamente duros e prontos como ela os quisesse tê-los. Num movimento ela afastou o sutiã e começou novamente a sugar meus seios com voracidade e a apertá-los com força.
- Ah Camila!
Leonora mamava meus seios e me despia, tirou minha blusa e minha saia, abaixou minha calcinha e eu estava nua e à sua disposição. Mais uma vez ela me pôs no colo e me levou para cama. Sentou-me na beira do colchão, abriu minhas pernas, se posicionou entre elas e começou lentamente se despir. Eu estava olhando-a fixamente. Não me movia apenas me apoiava sobre as minhas mãos postas para trás e admirava aquele lindo espetáculo, apreciando sua nudez que se descortinava aos poucos e muito lentamente.
Leonora segurou meu rosto com as duas mãos e me beijou novamente. Depois foi lambendo meu pescoço e novamente os mamilos. Ia lambendo meu abdome que tremia de tanto tesão. Ela se ajoelhou entre minhas pernas, as afastou mais ainda, me puxou para a beira do colchão e começou a lamber minha buceta. Sua língua era quente e molhada e se misturava aos meus líquidos que ela sugava avidamente. Sua língua ia do clitóris até a vagina.
Leonora começou a impor um ritmo frenético subindo e descendo a língua por toda minha buceta e depois parando no clitóris e o sugando com força. De repente ela parou e olhou pra cima.
Leonora me penetrou com e com o polegar massageava meu clitóris. Seus dedos entravam e saiam de minha vagina e eu tentava olhá-la, mas meu prazer era tamanho que minha visão encurtava, já que outros sentidos brigavam com a visão numa imposição maravilhosa. Eu sentia todas as partes do meu corpo. Era com se Leonora tivesse tentáculos que iam me envolvendo toda e eu ia sentindo seu toque em cada poro da minha pele, do meu corpo, da minha alma.
- Você é minha Camila? Diz que você me quer?
- Ah!
- Diz Camila...
- Eu te quero, eu sou sua, toda sua!
- Como é bom te comer, como você é gostosa...
- Leonora eu...
Leonora começou novamente a sugar minha buceta, mas agora também me penetrava ao mesmo tempo. Ela ia e vinha com os dedos, sugava meu clitóris, me deixava louca. Ela parou tudo o que estava fazendo, sentou na cama, me colocou no colo de frente pra ela. Ela me penetrava, me beijava, sugava meus seios, lambia meu pescoço, ia e vinha com os dedos na minha vagina, e eu cada vez mais louca de tesão.
- Meu tesão! Você é meu tesão Camila, goza pra mim, goza querida!
- Eu não vou conseguir, eu... AH! Ai Leonora!
Gozei, gozei muito, minhas pernas ficaram duras, eu sentia Leonora dentro de mim e meu sexo estava pulsando muito e fora de controle. Ouvi um zunir no ouvido, meu coração disparou e eu comecei novamente a escorrer muito. Aquele líquido inundou o colo de Leonora e eu gozei ainda mais. Eu tentava me conter mais não conseguia, eu escorria como se estivesse derretendo de tesão, de paixão, de desejo. Caí nos ombros de Leonora que me abraçava forte e acolhedora. Fiquei no seu colo e em seus braços até que minha respiração se acalmasse e meus sentidos iam se organizando novamente.
- Leonora eu acho que...
- Ei, primeiro deita aqui do meu lado.
- Leonora me perdoa, eu realmente não sei o que está acontecendo comigo. Eu tenho que ver um médico. Eu vou amanhã pra cidade e lá tenho certeza que terei uma resposta, eu estou morrendo de vergonha de você.
- Você não precisa de médico Camila, confie em mim, isso é normal eu sei. Ei olha pra mim, não fica assim, vem cá me sente, veja como eu estou louca por um carinho seu.
Leonora pegou minha mão e colocou-a em seu sexo que estava molhado em parte pelo o seu desejo e acho que em parte pelo meu jorro incontrolável. Eu entrei em contato pela primeira vez com o sexo de Leonora. Quase que imediatamente minha excitação voltara. Ela ficou em cima de mim, mas não deitada ficou em uma posição quase que de quatro.
Eu comecei a minha exploração pela sua buceta quente e úmida. Eu massageava seu clitóris e Leonora me olhava e me expunha sua excitação. Eu a puxei para mim e comecei a beijá-la e a tocá-la ao mesmo tempo. Leonora rebolava e gemia e nessa hora eu a penetrei. Sua vagina estava quente e úmida ia ficando apertada e eu ia aumentando os movimentos.
- Leonora vem eu quero te chupar!
Leonora saiu da posição que estava, ficou com a buceta próxima à minha cabeça e eu pude começar a lambê-la. Eu a puxava mais para mim, Leonora abria as pernas e segurava na cabeceira da cama como se tivesse medo de me sufocar.
Eu a sugava loucamente, chupava sua vagina mordiscava seu clitóris e a penetrei novamente. Eu a penetrava, sugava, lambia, mordia, eu estava louca de desejo por aquela mulher linda e exposta totalmente pra mim.
Leonora novamente começou a rebolar enlouquecida e eu adorando o nosso sexo, eu estava muito excitada, como eu nunca imaginaria que poderia ficar tocando uma mulher como eu fazia naquele momento.
- Ai Camila eu te quero, eu te quero...
Leonora gozou lindamente. Um líquido brotou de sua vagina e eu comecei a tomá-lo. O líquido era doce e azedo, era viscoso, era bom sentir aquela mulher gozando e gemendo e desfalecendo e desmoronando, não conseguindo mais ficar na mesma posição. Ela quase sentou no meu abdome, mas logo caiu de lado e veio ao meu encontro novamente, mas desta vez junto a mim, deitada e com a respiração ofegante ainda, ela me beijou.

Capitulo 17
[07/12/12]
Capítulo 17
Quando eu acordei naquela manhã Leonora não estava mais ao meu lado. Demorei um pouco ainda para perceber que eu estava no quarto dela e que tudo ali estava impregnado do seu cheiro, seu gosto e do seu corpo junto ao meu, enfim das lembranças recentes de uma noite maravilhosa.
Fiquei olhando tudo em volta e novamente eu não sabia o que fazer com tudo aquilo que estava acontecendo comigo. Uma insegurança me bateu forte. Será que Leonora estava se apaixonando por mim? Será que eu estava apaixonada por ela? Como seria uma vida junto a uma mulher?
Se fosse com um cara eu certamente saberia o que fazer. Como qualquer garota iria esperar ele ligar, se ele assim o fizesse, provavelmente iríamos combinar um jantar, um cinema ou um domingo num parque. Depois, tudo acabaria ficando mais próximo até que eu ou ele nos declararíamos e apareceríamos para os amigos assumindo algum tipo compromisso. Mas como Leonora, como eu faria?
Leonora era mulher e lésbica e eu completamente encantada por ela. Isso! Leonora seria uma bruxa que colocou alguma porção mágica no meu uísque aquela noite e me encantou imediatamente. Eu estou encantada por uma espécie de feitiço e isso com certeza irá passar, eu vou esquecê-la e aí encontrarei um cara legal e me casarei e terei dois filhos com ele e viveremos felizes para sempre.
- Olá minha arquiteta preferida! Dormiu bem?
Leonora entrou no quarto vestindo um roupão, sentou-se na cama e me olhou com aqueles olhos verdes lindos e novamente o feitiço me pegou.
- Olá eu estava tentando...
Leonora me beijou e eu desmanchei.
- Vem eu vou te ajudar.
Ela me colocou no colo e eu estava nua. Ela me levou para o banheiro e me colocou na banheira com uma água morna e perfumada. Beijou-me novamente.
- Eu vou chamar Beta pra te ajudar e estou te esperando para o café da manhã, tudo bem?
- Leonora não precisa chamar a Beta eu tomo banho sozinha desde os dez anos e...
- Camila, deixe a Beta te ajudar sim? Eu vou indo e te espero.
A camareira entrou no banheiro e eu quase me afoguei na banheira de tanta vergonha. Pronto agora todos no hotel iriam saber que eu estava com Leonora no seu quarto e na sua banheira.
- Bom dia Camila, eu vim para te ajudar no curativo, venha vou te ajudar a sair daí.
- Obrigada Beta.
Saí da banheira com a ajuda de Beta, ela tirou a atadura molhada, trocou por uma nova e me deu um roupão do hotel para eu vestir. Colocou-me na cadeira de rodas e me empurrou até a varanda onde Leonora estava me esperando.
- Pode ir Beta obrigada. Então, está com fome Camila?
- Não Leonora eu acho que exagerei no jantar.
- Eu estou faminta.
Leonora ia servindo o café na xícara e eu a olhava fixamente.
- Me diga o que está pensando Camila...
- Mais uma vez eu não sei o que devo dizer Leonora.
- Sabe sim Camila, tenho certeza que você sabe, diga, me fale o que está te afligindo?
- Certa moça que eu conheci e que se tornou irresistível para mim, está me levando para lugares que eu não conheço talvez isso esteja me deixando um pouco confusa.
- O que você quer dessa moça Camila?
- Eu fico imaginando o que ela quer comigo.
- Se essa moça se tornou irresistível pra você, então fique com ela e vá descobrindo se os lugares que ela estiver te levando lhe agradam ou não.
- Leonora eu acho que estou com medo.
- Medo? Medo de que Camila?
- Medo de me envolver seriamente com você, medo de não me envolver seriamente com você, medo de te querer mais do que você me queira, medo Leonora, Medo!
Leonora levantou da cadeira, abaixou-se junto a mim e encostou sua boca em meu ouvido.
- Me deixa te levar pra esses lugares que você nunca foi, me deixa te conduzir por caminhos que eu sei que você vai adorar explorá-los comigo, se entrega pra mim Camila, não resista, você não pode mais, não adianta ter medo ou querer fugir, a gente não pode mais negar o que está acontecendo eu te quero muito, preciso de você...
Leonora me beijou e eu já estava muito excitada com ela falando tudo aquilo perto do meu ouvido. Eu preferiria que ela tivesse falado que estava apaixonada por mim, acho que se ela tivesse dito isso, eu me sentiria bem mais segura de mergulhar numa relação como a que eu estava vivendo, mas Leonora não falou que estava apaixonada, ela disse que me queria e eu também não lhe falei de paixão, então eu estava voltando para estaca zero.
Aquela relação pra mim era um campo minado. Eu francamente não sabia o que fazer com aquele sentimento. Não sei se deveria me entregar totalmente àquela mulher encantadora ou se deveria sair correndo para não me envolver mais que eu já estava envolvida com ela.
Eu naquele momento a beijada cheia de desejo e o que eu queria era voltar pra sua cama e para os seus braços e ser dela o dia inteiro, isso realmente era o que eu queria naquele momento, mas o beijo acabou e Leonora se afastou de mim me dizendo:
- Eu adoraria ficar com você, mas tenho uma viagem a fazer.
- Você vai viajar hoje? Mas, mas nós...
Ela me beijou novamente.
- Eu voltarei à noite para o nosso jantar e prometo que olharei o projeto, tudo bem?
- Tudo bem Leonora eu te espero e vou fazer alguns ajustes.
- Ganho outro beijo?
Leonora mais uma vez me beijou e foi para sua viagem.


Capitulo 18
[10/12/12]
Capítulo 18
Passavam das dez horas da noite e Leonora não dava sinais que iria chegar. Liguei para o hotel e eles me informaram que ela estava por lá e nem havia se comunicado durante todo o dia. Perguntei se Leonora informara o seu destino de viagem e eles disseram que não poderiam me revelar tal informação, então não perguntei mais nada.
Fiquei trabalhando o dia inteiro no projeto da casa de Leonora embora pouco soubesse sobre o que ela queria para a parte interna da casa. Imaginei Leonora num quarto amplo com um banheiro com grandes janelas de vidro, na verdade uma imensa parede de vidro, em que ela ao tomar seu banho visualizaria suas montanhas. Pensei em um escritório fresco e de frente a um jardim, projetei uma estante alta e branca, onde certamente ela a ocuparia toda com seu acervo de livros. Enfim pensava o tempo todo em Leonora e de como eu faria uma casa para que ela se sentisse segura e confortável.
Olhei as horas novamente e já passavam das onze. Liguei para o hotel, pedi que me trouxessem uma sopa e após jantar finalmente me deitei, mas antes olhei novamente para meu pé que finalmente estava desinchado, embora com um enorme hematoma.
Peguei meu livro de arquitetura mexicana, folheei algumas páginas, li alguns textos, mas logo o cansaço me venceu então fechei o livro e dormi.
Acordei com um barulho de vozes que vinham de fora, mas eu não conseguia identificá-las. Ascendi o abajur procurei a bengala, me levantei e com cuidado fui até a varanda, onde pude ver que no chalé de Leonora as luzes estavam acesas. Sentei na espreguiçadeira da varanda e fiquei o mais quieta possível para entender o que estava acontecendo.
Pela janela aberta do chalé eu vi uma mulher loira, me parecia alta, com cabelos presos e que gesticulava muito e que falava num tom mais alto e com um sotaque forte e que me parecia francesa.
“- Leonora você sabe que não foi culpa minha.”
“- Gabrielle eu não estou procurando culpados, não mais.”
“- Você parou de me ligar, você me procurava, eu tinha esperanças que nós fôssemos voltar...”
“- Eu nunca te disse nada nesse sentido Gabrielle.”
“- Leo eu tinha que ir, eu não tive escolha!”
“- Acho que nós já esgotamos esse assunto e eu não pretendo discutir isso novamente como você.”
“- Eu quero você Leo, você é importante na minha vida, você sabe disso!”
“- Gabrielle nós estamos a muito tempo afastadas, uma volta é impossível.”
“- Você conheceu alguém? Está apaixonada por outra pessoa? Diga-me Leo!”
“- Gabrielle, por favor, vamos parar com essa discussão, ela não vai nos levar a lugar algum...”
“- Tudo bem. Você tem outra pessoa, eu posso ver em seus olhos. Tenho pena dessa pessoa, pois acho que ela não saiba quem verdadeiramente você é ou se tornou. Você não é capaz de amar, de perdoar, de se entregar a uma paixão de verdade. Seu amor é fugaz, é fraco, é pouco. Pra você Leo ou as pessoas fazem exatamente o que você quer ou você simplesmente as descarta. Eu vou embora e nunca mais você terá notícias minhas.”
“- Gabrielle você está nervosa, não sabe o que está falando. Eu vou te levar, venha, durma no hotel amanhã a gente conversa.”
“- Não quero que você me leve, não quero conversar com você. Eu vou e sei muito bem o caminho. Passe bem Leonora. Adeus.”
Um carro se afastou e tudo ficou silencioso. Eu entrei novamente no chalé, deitei na cama, apaguei o abajur e fiquei pensando em tudo que eu ouvira da moça que certamente deveria ter sido namorada de Leonora.
Gabrielle afirmara que Leonora era fria, que era impessoal, mas será que ela estava falando por força da raiva e de uma possível rejeição ou será que Leonora era realmente isso que ela descrevera?
Num momento da conversa a tal Gabrielle perguntou se Leonora estava apaixonada e ela não respondera, então certamente ela não deveria estar apaixonada ou não quis admitir para sua ex que estava apaixonada.
Se Leonora era ou não uma pessoa fria e impessoal eu ainda não sabia, o que eu pude entender com aquela conversa era que Leonora certamente não estava apaixonada por mim isso eu poderia ter quase certeza.
Fiquei rolando na cama quase a noite toda pensando e remoendo minhas conclusões. Já era alta madrugada quando finalmente o cansaço me pegou e eu adormeci.

Capitulo 19
[14/12/12]
CAPÍTULO 19
Acordei cedo, embora tenha dormido pouco. Levantei-me e depois de um rápido café da manhã, pedi a um funcionário do hotel que me levasse até a cidade, pois tinha uma consulta com o Dr. Carlos para que ele avaliasse minha torção.
Não quis encontrar com Leonora, mesmo porque eu logo me denunciaria sobre a conversa que ouvi na noite anterior. Desliguei meu celular e fui até o hospital encontrar com o médico. Na consulta ele me disse que eu já estava bem, apenas me recomendou um calçado especial, uso de uma meia, compressas frias para o caso de inchaço e o uso da bengala por mais uma semana. Depois da consulta, fomos até o comércio comprar o que me foi recomendado pelo médico e retornamos para o hotel para o meu encontro com Leonora e eu não sabia ainda como devia reagir diante dela, mas certamente saberia.
Entrei no chalé onde Leonora me esperava sentada em uma das poltronas da sala e logo nossos olhares se cruzaram.
- Olá Camila. Posso saber onde você estava?
- Bom dia Leonora. Eu fui numa consulta médica.
- Porque você não me chamou? Eu teria te acompanhado.
- Bem, eu fiquei te esperando ontem à noite, mas ficou tarde e eu acabei dormindo. Não sabia se você tinha voltado da sua viagem, então acordei cedo e pedi que Josias me acompanhasse.
- Como está a torção?
- Está bem. Ainda dói um pouco, mas segundo o Dr. Carlos em uma semana estarei bem.
- E o projeto?
- Está muito adiantado, pelo menos na parte que eu chamo de lúdica.
- Lúdica?
- É quando mostramos ao cliente um projeto em três dimensões da área externa. Geralmente é quando encantamos nossos clientes.
- Você quer me encantar Camila?
- Espero que sim Leonora, pelo menos ao que diz respeito à sua casa.
Leonora se levantou, aproximou-se de mim, levou suas mãos até minha nuca e puxou meu rosto para um beijo quente e molhado.
- Eu já estou encantada por você Camila e você sabe muito bem disso.
Eu me afastei dela, sentei junto à mesa em que estava o computador e tentei liga-lo quando Leonora mais uma vez se aproximou de mim, me pegou pela cintura me levantando da cadeira e me colando junto ao seu corpo.
- O que foi Camila? Você está tentando fugir de mim novamente?
- Não Leonora eu... Acho que deveríamos nos ater ao projeto e...
Leonora me beijou novamente e eu não resisti. Eu a beijei com vontade, eu sugava sua língua maravilhosa, passeava pela sua boca macia, me afogava em sua saliva, minhas mãos entravam em sua nuca e eu sentia seus cabelos, cada fio, seu cheiro, era uma coisa incrível aquele beijo.
Mas os sonhos se acabam com a consciência e eu me lembrei de Gabrielle e de suas acusações que de repente gritaram na minha cabeça, como se ela quisesse me passar um aviso: “Cuidado menina, você vai sofrer!”. Eu tentava não escutar, mas as palavras dela eram mais fortes e eu soltei Leonora e me afastei bruscamente.
- O que foi Camila?
- Nada Leonora. Nós temos coisas importantes a resolver, não podemos ficar assim toda vez que estamos juntas, eu tenho que começar seu projeto, tenho que voltar para o escritório, a vida tem que prosseguir Leonora. Não posso ficar com você como se fôssemos namoradas e eu tenho um trabalho a fazer aqui é pra isso que eu estou aqui e...
- Para Camila! Camila olha pra mim.
Leonora segurou meu rosto muito próximo ao dela e nossos olhos se fixaram.
- Se você me disser agora que não me deseja, que não quer que eu te beije, que nunca mais quer fazer amor comigo, eu juro Camila que nunca mais eu te procuro, dou-lhe a minha palavra!
- Leonora não é isso eu...
- Camila escolha agora!
- Eu não posso escolher uma coisa que eu nem sei se existe.
- Do que é que você está falando Camila?
- De paixão Leonora! Eu estou me apaixonando por você! Não eu já estou apaixonada por você! E você Leonora? O que é que sente por mim?
- Camila eu preciso de você, eu quero você, eu penso em voltar pra você, entenda eu não quero ficar sem você.
- Você já se apaixonou por alguém Leonora? Já se entregou pra alguém alguma vez na sua vida? Ou será que esse seu precisar seria apenas desejo, sexo, tesão? É isso que você sente por mim?
- Camila me escuta. O que está acontecendo entre nós é forte, eu não sei aonde isso vai dar, mas vamos tentar não ir tão depressa, a gente pode confundir as coisas e eu não quero te ferir.
Eu me lembrei novamente das palavras de Gabrielle e ela estava certa. Leonora queria uma aventura e eu um amor. Leonora não falou que estava apaixonada por mim.
- Tudo bem Leonora. Eu entendo. Agora eu quero que você me escute: - Eu sou uma tola romântica que caiu em seus encantos muito facilmente. Talvez porque eu queria me apaixonar por alguém e você apareceu cheia de encantos e me tirou do prumo, de tudo o que eu planejava pra mim quando eu imaginava uma paixão. Na verdade Leonora, eu pensava em encontrar um cara legal, namorar, casar e ter filhos e tentar ser feliz mesmo nos dias de tédio. Mas o cara que me apareceu foi você e eu não sei até hoje o que fazer com essa paixão que tem nome de mulher, que me acende cada vez que me olha, que não está apaixonada por mim, enfim isso é muito grande pra mim Leonora, eu não dou conta. Eu vou voltar amanhã pra cidade, pra minha casa e para o meu trabalho. Vou projetar sua casa como disse que faria. Eu vou fazer isso longe daqui e de você. Não pense que estou fazendo isso por raiva. Estou fazendo isso pra me preservar. Leonora a minha escolha é de não ter mais nada com você e eu gostaria muito que você respeitasse isso, porque não foi você que eu imaginei pra minha vida e isso que aconteceu entre nós vai passar e eu e você ficaremos bem.
- É isso que você quer Camila? Tem certeza? Eu não sou um cara, nunca serei, mas Camila eu estou sendo sincera com você. Eu poderia declarar um amor, uma paixão, mas será que isso seria mesmo verdade? Será que a sua paixão é verdade? Você quer fugir de mim, você quer acabar com um problema, você quer a sua vida planejada como nos seus projetos. Acorda Camila, isso não existe! Isso é vida real. Eu vou pedir um carro pra te levar. Acho que você já fez sua escolha. Qualquer informação sobre a casa eu lhe mandarei por e-mail. Seja feliz na vida que você quer pra si. Adeus.
Eu estava de costas pra Leonora enquanto ela falava. Eu olhava as montanhas de Leonora e as lágrimas desciam em abundância. Ela se foi e eu virei para acompanhar sua partida.
Às três horas da tarde eu estava com minhas malas arrumadas e os empregados do hotel tinham desmontado meu escritório. Cheguei em casa à noite, me joguei no sofá e uma imensa tristeza e um desânimo me abateu.
Fui para cama, tomei um sonífero e finalmente adormeci.

Capitulo 20
[17/12/12]
CAPÍTULO 20
Cheguei ao escritório duas horas da tarde. Tinha dormido muito, estava com os olhos inchados pelo excesso de sono. Meu querido amigo veio me receber com um longo abraço e claro um milhões de perguntas. Tentei responder todas, mas uma que ele fez não consegui responder.
- Se você está apaixonada por ela. Porque não ficou e lutou pela sua paixão criatura?
- Não sei.
- Você está muito perdida amiga?
- Sabe Rob eu nem sei o que pensar ainda, pelo menos até o momento. Faz o seguinte meu amigo, me dá um tempo e quando eu precisar eu juro que vou correndo para o seu colo, mas agora eu quero retomar meus projetos, ficar um pouco quieta e pensar em tudo o que aconteceu comigo.
- Leonora me ligou e perguntou se você chegou bem. Quer que eu diga alguma coisa a mais para ela?
- Não. Eu não quero falar com ela agora. Eu vou retomar o projeto dela apenas no fim da semana. Mas pode deixar que irei mandar um e-mail para informar que estou com outros projetos na frente, mas que em breve ela terá uma planta baixa inicial da casa.
- Certo querida faça o que você achar melhor. Eu confio plenamente em você.
- Ok me deixa trabalhar chefinho?
- Tudo bem depois nos falamos. Fica bem.
- Ficarei.
A semana passou voando. Fiquei bem pouco no escritório. Fui acompanhar meus projetos, junto com os engenheiros nas obras, coisa que, aliás, eu adoro.
Depois do trabalho ia direto pra casa sem desviar o caminho e fugindo da insistência de Róbson em me levar para jantar. Eu estava desanimada, fraca, sem vontade de conversar com ninguém.
A sexta feira chegou e tive que sentar na prancheta e recomeçar o projeto de Leonora como eu havia prometido. Enviei um e-mail para que ela finalmente me desse informações sobre o que deveria conter o interior da casa e se ela teria aprovado o projeto em três dimensões da fachada. Pedi que me respondesse o mais rápido possível já que pretendia trabalhar nele todo o fim de semana para que pudesse ter resultados para mostrar na segunda-feira.
Fui tomar um café depois que eu mandei o e-mail para Leonora logo nas primeiras horas do dia e meia hora depois, meu celular avisou-me que o e-mail de Leonora estava disponível.
Sentei junto ao computador e cliquei para abrir a caixa postal e visualizei o e-mail dela sob o título de “Informações Pedidas – Leonora”. Fiquei olhando aquele título e desejando que quando eu abrisse o texto, lá pudesse estar escrito que ela estava perdidamente apaixonada por mim e que queria que nós tivéssemos uma linda história de amor. Fiquei lendo e relendo o título, levantei para pegar outra xícara de café e voltei para frente do computador.
Abri o e-mail.
“Bom dia Camila.
A casa deve conter cinco suítes, sala de jantar ampla, um escritório amplo com mesa para reuniões, sala de estar, sala de projeção para um cinema e todas as outras dependências de praxe. O projeto de paisagismo é importante e a vista para as montanhas também. Projete o quanto antes a pista de pouso, pois começarei a construção por ela.
Fico tranquila com o seu contato e com a sua disposição na dedicação ao meu projeto.
Ficarei na fazenda o fim de semana e qualquer dúvida você tem todos os meus contatos.
Espero que já tenha se recuperado da torção e estimo melhoras.
Atenciosamente,
Leonora Bastos.”
Li e reli o e-mail procurando uma palavra qualquer que pudesse revelar alguma subjetividade, mas não havia nada. Leonora estava sendo apenas profissional com aquelas palavras econômicas e frias. Conformei-me e comecei a projetar a casa com os detalhes que ela me determinara.
Fiquei até tarde no escritório concentrada nos meus traços, quando Róbson chegou, colocou a mão nos meus ombros e disse com uma voz doce:
- Ei doutora Camila... Hora de irmos, não acha?
- Você ainda está aqui chefinho?
- Em carne e osso, muito mais osso que carne e você irá jantar comigo, pois estou faminto e a senhora só comeu um sanduiche no almoço, então vamos beber um bom vinho e comer uma ótima comida. O que acha?
- Eu vou aceitar cavalheiro.
- Ótimo. Vamos que a carruagem nos espera.
- Arthur vai também?
- Claro. Ele está com saudades suas.
- Eu também. Vamos então.

Capitulo 21
[21/12/12]
Capítulo 21
Quatro meses se passaram entre início do projeto de Leonora e o começo das obras. O projeto da casa ficou incrível, eu pensava em cada detalhe e de como meu amor se sentiria bem e feliz numa casa projetada por mim e com tanta paixão.
Nós só nos comunicamos por e-mail. Eu tinha vontade de ligar para ela a cada minuto do meu dia, mas me continha e me concentrava apenas nos meus traços de arquiteta.
Era uma declaração do meu amor por ela. Nunca em toda minha carreira de arquiteta eu fui tão detalhista em um projeto. Leonora até poderia me esquecer, mas eu sempre estaria presente em sua vida através da casa que eu projetei pra ela. Isso seria eterno, pelo menos enquanto nós vivêssemos.
De qualquer maneira eu tinha a obrigatoriedade de visitar a obra. Tinha que fiscalizar o andamento da obra, o cumprimento das diretrizes traçadas e verificar qualquer problema ou ajuste a ser feito.
Adiei muito essa visita, mas com dois meses de obras e certamente aceleradas eu tinha que ir até a fazenda para certificar que tudo estava correto. Era minha obrigação profissional.
- Tem certeza que não quer que eu vá Camila?
- Não Róbson, o projeto é meu e eu vou. Eu e Leonora sabemos nos comportar e ela já deve estar com alguém. Eu vou num pé e volto no outro.
- Você vai ficar lá mais de um dia?
- Não. Irei pela manhã e volto no final da tarde.
- Você vai sozinha?
- Vou, mas volto com o Ricardo. Ele foi hoje e me espera amanhã.
- Assim fico mais tranquilo.
Acordei meio desanimada, tomei meu café, arrumei uma mala pequena, peguei o projeto, meu notebook, coloquei no carro e fui rumo à fazenda de Leonora. Meu coração de vez em quando dava uns apertos, entrava em descompasso a cada instante que eu pensava em encontrar Leonora, mas eu tinha quase certeza que ela já havia me esquecido. Tinha quase certeza que Leonora era uma pessoa volúvel ou se não o fosse achou-me uma pessoa complicada demais para ter algum tipo de romance, mesmo que breve com ela.
Meus pensamentos se perdiam em Leonora durante toda a viagem. A única coisa que me concentrava um pouco era a estrada e a velocidade que eu impunha ao veículo.
Lembrei-me das curvas das estradas do Roberto e fui ouvindo aquela música que parecia feita pra mim, principalmente quando ele falava na canção que um novo amor ele iria encontrar nas curvas da estrada e só então elas se acabariam. Quem sabe se um novo amor me esperava nas curvas de alguma estrada? Tomara, afinal seria tudo de bom encontrar um novo amor. Mais o meu amor ainda estaria nos braços de Leonora e eu sabia muito bem disso.
Cheguei até o hotel, fui recebida por Beta, dei-lhe um abraço apertado e ela fez questão de eu tomasse um café com ela. Fiz isso depois fui para obra.
Quando cheguei, não acreditei no que eu vi. Muitas máquinas, muitos homens trabalhavam na obra que se mostrava muito adiantada. Era um verdadeiro canteiro de obra. Algo assim eu só vira no Japão que tem índices recordes na rapidez das construções.
Me dirigi até o escritório da obra, perguntei por Ricardo e o mestre de obra me conduziu em uma parte da construção no andar de cima da casa que eu tinha quase certeza que era o quarto de Leonora. Ricardo e Leonora estavam lá, concentrados na planta e Ricardo gesticulava muito, creio que para tentar mostrar como ficaria alguma parte da construção.
- Bom dia a todos.
Leonora se virou e nossos olhares novamente se cruzaram como na primeira vez que nos vimos. Eu sustentei o olhar, ela também. Ficamos paradas durante alguns segundos, mais tempo que o necessário para que duas pessoas se olhassem e menos tempo para que eu saciasse a falta que ela me fazia.
- Bom dia Camila, que bom que você veio.
- Eu estou em falta com o seu projeto Leonora, eu gostaria de ter vindo antes, mas pelo que vejo, não fiz falta alguma. A obra está voando e creio que corretamente.
- O pé está melhor?
- Está bem, mas dói um pouco quando eu corro.
- Sinto muito que tenha acontecido esse incidente aqui e que ele ainda te cause algum transtorno.
- Não se preocupe isso não é nada, vai passar como tudo na vida, aliás, como a vida.
- Nem tudo passa Camila, há marcas, cicatrizes que ficam para sempre.
- Tenho certeza que sim. Bem, vamos ver o que se passa aqui?
Tentei me concentrar na obra, mas estava quase impossível com Leonora ao meu lado todo o tempo. Ela me fazia perguntas a respeito da obra e eu tentava as responder da maneira mais profissional possível.
Já se aproximava da hora do almoço e eu estava faminta.
- Acho melhor darmos uma pausa e almoçarmos o que vocês acham?
- Acho muito bom, estou faminto e você Camila?
- Confesso que eu estou com um pouco de fome.
- Vamos almoçar no hotel e depois podemos ir até a pista de pouso o que acham?
- Acho ótimo Leonora, depois da vistoria da pista de pouso, acho que terminaremos por hoje.
- Se não se importa Camila eu irei só amanhã.
- Você não voltará comigo Ricardo?
- Não tenho que fazer alguns cálculos a mais, acho que uma coluna está um pouco inclinada e prefiro medir todas elas e ver se o ângulo de inclinação está correto. Se não estiver eu te comunico, mas farei isso só amanhã, será mais prudente.
- Tudo bem se é o que quer...
- Você poderia ficar aqui também Camila, nós podíamos fazer esse serviço juntos.
- Ricardo eu tenho que voltar ainda hoje.
- Ligue para Róbson e avise que você ficará mais um dia, mesmo porque se minha suspeita se confirmar você terá que voltar aqui. É melhor irmos amanhã com tudo ok.
Leonora me olhava e escutava a nossa conversa em silêncio. Eu fiquei preocupada com a tal coluna, mas realmente não gostaria de ficar mais um dia na presença de Leonora.
Quando eu a pegava me olhando, meu coração disparava, minhas mãos gelavam, tinha a impressão que meu suor brotava da minha testa como se fora uma cascata. Eu não conseguia disfarçar a minha vontade de me jogar nos seus braços e lá ficar completamente aninhada por toda a eternidade.
Parecia que estava escrito na minha testa em letras garrafais “VOCÊ ESTÁ LOUCA DE PAIXÃO POR ESSA MULHER!”. Estava escrito em neon púrpura e azul e acendia e apagava para chamar mais atenção de Leonora.
- Tem certeza que essa coluna está inclinada?
- Não tenho certeza, mas temos que conferir.
- Então vamos resolver isso logo depois do almoço.
- E a pista de pouso?
- Por partes Ricardo!
- Posso me intrometer?
- Claro Leonora.
Ricardo disse isso em tom pacificador.

Capitulo 22
[27/12/12]
Capítulo 22
- Camila, espero que os problemas sejam sanados. Se existe realmente algum problema estrutural pode comprometer toda a construção estou certa?
- Sim está.
- Há algum problema em ficar aqui mais um dia?
- Não eu acho que podemos resolver isso hoje ainda e...
- Sem correrias Camila, acho que estou em dia com os pagamentos à sua empresa então quero tudo bem feito. Você fica e amanhã creio, que você possa ir.
- Você tem razão Leonora. Vamos almoçar e em seguida iremos até a pista de pouso. Vou ligar para Róbson e avisar.
Leonora interviu como uma patroa que era naquele momento. Claro que foi infantil da minha parte ter dado aquela birra em frente a uma cliente, mas Leonora não era apenas uma cliente, era um perigo à vista e eu estava fazendo tudo para me manter longe dela e da tentação de beijá-la e de me entregar completamente para ela.
Eu acho que realmente não corria esse perigo, já que Leonora não se insinuou para mim hora nenhuma. Ela se mantinha impassível e profissional. Eu que era uma tola romântica e não me continha de tão nervosa que eu estava na sua presença.
O almoço ocorreu quase em silêncio, apenas quebrado por Ricardo que alguma hora perguntava sobre os hotéis que Leonora dirigia. Eu estava desanimada e não falava muita coisa.
Chegamos à pista de pouso num sol escaldante. Ricardo foi com o topógrafo para conferir as medições e gentilmente me deixou numa tenda junto com Leonora e dessa vez pela primeira hora do dia ficamos a sós.
- Não misture as coisas Camila.
- Misturar o que Leonora?
- O que aconteceu entre nós não pode interferir em seu trabalho.
- Eu não tenho só o seu projeto em andamento, meu tempo é calculado para dar conta de todos os meus projetos. Não há nada de pessoal não querer ficar aqui mais um dia.
- Termine o que você começou. Pelo menos no que diz respeito a sua arquitetura.
- Eu ficarei e vou vistoriar esse problema e é só Leonora.
- Se for preciso Camila, você ficará o tempo necessário entendeu?
- Sim senhora, mais alguma ordem?
- Entenda como quiser o importante aqui é a minha casa bem construída e confiável.
Não respondi mais nada. Não iria começar uma discussão com Leonora. Deixei-a na tenda e fui me juntar a Ricardo e o topógrafo. Fiquei naquele sol umas duas horas, até que não me senti bem, apesar de estar de protetor e de chapéu pra evitar o sol.
- Tudo bem Camila?
- Acho que vou pegar um pouco de água, já volto.
Caminhei até a tenda, peguei água, lavei meu rosto e me sentei para tomar um pouco também. Nessa hora me deu uma tontura que eu tentei disfarçar, não queria que Leonora percebesse meu estado. Abaixei minha cabeça, comecei respirar lentamente, quando ela se aproximou, levantou meu rosto e me olhou preocupada.
- Você está passando mal Camila?
- Não Leonora é só um mal estar passageiro. O sol está muito forte e eu não estou acostumada.
- Venha, vou te levar para o hotel. Mandarei alguém aqui buscar Ricardo e o topógrafo.
- Não será preciso eu já estou melhorando.
Leonora me ajudou a levantar, me amparou até o carro e quase me colocando no colo me sentou no banco do carona. Ela ligou o ar condicionado fortemente e se dirigiu ao hotel bem lentamente. De repente ela parou o carro do nada, olhou para mim e saiu.
Através do retrovisor eu pude vê-la andando de um lado para o outro, passando a mão nos cabelos, e finalmente encostar-se no carro de cabeça baixa.
Eu não sabia o que fazer, estava fraca, sem ânimo de ir ao encontro dela e pedir que voltasse para o carro, mas sua demora estava me deixando nervosa. Reuni minhas forças, desci do carro e fui até onde ela estava.
- Leonora o que houve?
- Nada, vamos até o hotel.
- Leonora olha pra mim. Me diz o que está acontecendo?
- Vamos Camila.
Entramos no carro e ela novamente foi dirigindo numa velocidade mínima. Novamente ela parou o carro, me olhou, puxou meu rosto para perto do dela e me beijou.

Capitulo 23
[28/12/12]
Capítulo 23
O beijo era urgente. Eu me entregava àquele beijo como uma avidez, como uma sede, como se eu estivesse a anos esperando que alguém me beijasse. Eu era uma virgem num encontro com o meu grande e primeiro amor, eu era um beduíno no deserto necessitado de água e a boca de Leonora era um oásis de umidade.
Sua língua tinha um sabor inexplicável e único. Eu queria tudo o que ela estava me dando. Ela me comia pela boca e eu adorava me sentir devorada por ela. Ela entrava e saia da minha boca com uma calma e com uma urgência que eu não acompanhava, apenas aceitava.
De repente, Leonora parou de me beijar, me afastou de si, me olhou com estranheza, ligou o carro novamente e desta vez com uma velocidade que me deu medo. Fiquei olhando pra ela sem entender nada, mas sem pronunciar uma só palavra. Encolhi-me em meu banco e virei o rosto para a paisagem que passava rápida. As lágrimas teimavam em aparecer e eu tentava as conter.
Chegamos ao hotel, Leonora desceu do carro e não me esperou para entrar. Com certa dificuldade desci do carro e entrei no velho hotel fazenda. Leonora estava falando com concierge.
- Camila, seu quarto está reservado, eu vou até o escritório. Amanhã nos encontramos novamente.
Leonora foi embora. Eu fui para o quarto rapidamente e chegando lá desabei num choro compulsivo.
Naquele momento eu soube que estava completamente apaixonada por aquela mulher tão inacessível, tão estranha e tão distante de mim. Mas porque o beijo tão cheio de significados? Por que Leonora fazia isso comigo sem ao menos uma palavra? Leonora queria me enlouquecer e estava conseguindo.
Tomei um longo banho, vesti o roupão do hotel. Alguém bateu na porta. Era Beta que trazia minha pequena mala. Eu recebi e agradeci. Fiquei parada olhando a paisagem da janela e Beta parada atrás de mim.
- Dona Camila, hoje vai ter uma festa lá na vila, se a senhora quiser ir eu mando meu menino vir te buscar.
- Uma festa?
- Sim dona Camila é a festa de São Sebastião nosso padroeiro. Vai ter fogueira, comidas e muita dança. Se a senhora gostar de festa eu fico muito feliz se a senhora for.
- Uma festa. Claro Beta eu vou sim. Muito obrigada pelo convite. Faz tempo que eu não vou numa festa.
- Dona Camila a senhora vai gostar eu tenho certeza.
- Eu também Beta. Estou muito honrada pelo convite.
- Meu menino vem te buscar. Pode ser às oito horas?
- Claro Beta. Vou estar pronta.
Eu tinha trazido um vestido preto, leve. Sabia que fazia frio à noite, mas era o único traje que eu tinha sem ser a roupa que eu estava vestindo durante o dia. Desci até o saguão e esperei o menino de Beta vir me encontrar.
Um jovem lindo, com um corpo atlético parou na minha frente e me olhou com curiosidade.
- Senhora Camila?
- Sim sou eu.
-Eu sou Anderson filho de Beta. Vim busca-la para a festa.
Eu sorri para ele e o olhei com curiosidade.
- Sua mãe me disse que você era um menino. Eu acho que ela se perdeu no tempo.
- A senhora sabe como são as mães, a gente nunca cresce.
- É verdade Anderson. Vamos?
- Vamos sim.
Entrei num jipe sem capotas e fomos para o vilarejo que ficava à meia hora do hotel. Anderson era um jovem de vinte e poucos anos e estava ainda na universidade cursando medicina veterinária. Ele era gentil, educado e lindo.
- Chegamos. Deixe ajuda-la descer dessa gerigonça.
- Não fale mal do seu carro, ele é ótimo. Sempre quis ter um desses.
- A senhora não sabe o que está falando. Ele dá mais trabalho que um burro empacado.
Sorri pra ele.
- Tudo bem, mas tenho certeza que você sabe domá-lo bem.
- Às vezes sim, mas ele tem vontades próprias. Vamos.
Anderson pegou minha mão, me ajudou a descer do carro e me levou até a festa no meio da vila.
A festa estava linda, com bandeirinhas coloridas formando figuras geométricas, crianças estavam correndo e brincado, uma enorme mesa cheia de comidas e uma gente alegre, falando alto e rindo muito.
Daquela alegria é que eu precisava. Esquecer de Leonora e me divertir com gente simples e agradável.
Beta veio me receber com a sua simpatia habitual. Apresentou-me a todos e foi me levando pelo braço para uma enorme mesa cheia de comidas maravilhosas. Peguei um prato, me sentei perto de Beta e comecei a degustar aquelas maravilhas.
- Pensei que a senhora não viesse mais por aqui.
- Por que Beta? Afinal estou trabalhando ainda para sua patroa.
- Depois que a senhora foi embora, dona Leonora quase não fica mais aqui. Ela viaja o tempo inteiro. Só chegou um dia antes de a senhora vir.
- Engraçado, achei que ela estava de olho na construção.
- Bem aí eu não sei, mas no hotel ela pouco aparece. Nós estamos preocupados, achando que ela vai fechar o hotel.
- Acho que não Beta, ela deve estar com algum problema nos outros hotéis, por isso tem ficado pouco aqui. Mas quando a casa ficar pronta eu creio que ela ficará mais.
- Sei não dona Camila. O pessoal está nervoso.
- Por que vocês não conversam com ela?
- Ela anda mal humorada. Não fala quase nada e quando está aqui se tranca no escritório e só sai tarde da noite.
- Mulher é assim mesmo Beta. Nós somos de fase assim como essa lua linda.
- Falando nela, ela está ali. Que bom que ela veio!
Olhei para onde Beta estava apontando e vi Leonora. Ela estava linda, vestindo um jeans, botas e um casaco de couro.
- Beta você tem um casaco pra me emprestar, eu acho que estou com frio.
- Ah dona Camila! Também com esse vestido leve... Eu vou buscar um xale pra senhora, espera um momento. – Anderson meu filho, faz companhia pra dona Camila!
Beta foi buscar o xale e Anderson me trouxe um vinho quente.
- Pra ajudar a esquentar.
- Obrigada Anderson, você é muito gentil.
Fiquei conversando com Anderson que me contava da faculdade, das pretensões profissionais e dos sonhos. Não olhei mais para Leonora, achei mais seguro. Também logo a perdi de vista e achei melhor. Não queria mais emoções pelo menos nessa noite.
- Oi Camila! O mal estar passou?
Olhei pra cima e Leonora estava parada junto a mim e Anderson.
- Boa noite Dona Leonora.
- Boa noite Anderson. Está de férias da faculdade?
- Sim senhora o semestre terminou e eu vim correndo pra cá.
- Que bom Anderson.
- A senhora aceita uma bebida? Quer algo para comer?
- Não obrigada Anderson. Se não se importa, quero conversar com a doutora Camila.
- Claro dona Leonora. Vou deixa-las a sós.
- Leonora creio que não temos nada para conversar.
- Te procurei no hotel e soube que você estava aqui.
- Beta me convidou pra essa linda festa e eu estou adorando!
- Está gostando da festa ou da companhia de Anderson?
- Das duas coisas. Anderson é um garoto muito agradável.
- Você não o acha jovem demais?
- Não, não acho.
- Não me faça rir Camila, ele é um garoto mal saído das fraudas!
- Ciúmes?
- Por quê? Tenho motivos?
- Não nenhum. Pincipalmente porque não temos nenhum compromisso, portanto ciúmes seria um sentimento totalmente inadequado para nós duas.
- Não me provoque Camila, você não sabe do que sou capaz!
Beta trouxe o xale.
- Aqui está dona Camila, assim a senhora fica quentinha.

Capitulo 24
[31/12/12]
Capítulo 24
- Olá dona Leonora! Fico muito feliz que tenha vindo.
- Obrigada Beta. Mas por que o espanto eu sempre venho?
- É verdade, a senhora não perde uma só festa de São Sebastião, mas é que ultimamente a senhora anda meio afastada, nunca mais andou por aqui, nós estamos preocupados.
- Não há motivos para preocupações Beta. Eu só estou trabalhando um pouco demais, acho que umas férias seriam boas, mas com a construção não vai dar. Mas não perderia essa festa por nada.
- Que bom ouvir isso da senhora. Eu vou fazer seu prato. A senhora está muito magrinha, precisa de sustança.
Leonora protestou, mas Beta se foi para trazer o jantar de Leonora e novamente ficamos a sós.
- As noites sempre frias por aqui.
- O que você pretende Camila?
- O que eu pretendo? Não entendi.
- Pretende reafirmar a sexualidade perdida? Acho que com Anderson não vai dar certo.
- E por quê?
- Porque ele é um garoto esperto e sabe que...
- Sabe através da mãe que nós dormimos juntas, é isso?
- Talvez.
- O que não estou entendendo até agora o porquê de tanta preocupação Leonora. Você não tem o direito de ficar contemporizando sobre a minha vida amorosa. Nela mando eu.
- Você tem razão. Sua vida amorosa deve ser bastante animada. Hoje a tarde ficou se insinuando para mim e agora à noite para Anderson, na verdade Camila não há o contemporizar, apenas constatar.
- Não vou ficar aqui escutando as suas ofensas doutora Leonora. Vou pedir a Anderson me leve de volta ao hotel. O que me perecia ser uma noite agradável se tornou avessa ao seu lado. Boa noite.
Levantei-me e fui a passos largos em busca de Anderson que conversava animado com uma garota da mesma idade dele. Não interrompi, achei que não deveria tirar o garoto de sua conquista. Olhei para todas as direções para ver se encontrava Beta. Achei-a em um canto conversando com umas senhoras.
- Beta você me dá licença?
- Quer alguma coisa dona Camila, uma bebida, tem vinho quente está ótimo foi a Suzana quem fez...
- Beta eu gostaria de voltar para o hotel eu não estou me sentindo muito bem.
- O que foi?
- Nada é o pé que incomoda um pouco e...
- Vou chamar Anderson ele te leva.
- Não Beta, ele está conversando com umas meninas, não gostaria de interromper. Será que não tem outro jeito?
- Tem outro jeito. Eu te levo Camila.
Olhei para trás e dei de cara com Leonora.
- Então tá tudo certo dona Camila, é até melhor a senhora ir com Dona Leonora, pois o carro é mais confortável do que a geringonça. Dona Leonora o pé dela ainda dói, acho que é o frio.
- Certamente Beta. Vamos Camila?
Olhei Leonora com raiva.
- Claro, vamos.
Entrei no carro, encostei-me bem junto à porta e virei-me para a janela. Eu queria matar Leonora. Que direito ela pensava que tinha me chamando de vulgar, dizendo que eu me insinuei para ela a tarde toda, me beijando daquele jeito e me despachando como uma qualquer e ainda por cima afirmando que eu estava seduzindo um garoto. Eu mereço!
- Quer ouvir alguma música em especial Camila?
Não respondi.
- Bem vou colocar Sheryl Crow se não se importa.
Ela colocou a música e eu continuava impassível, na mesma posição e em silêncio. Leonora ia dirigindo a merda do carro bem devagar, com certeza para me irritar ainda mais se isso era possível. Novamente ela parou o carro saiu, sentou-se no capô, ascendeu um cigarro e ficou assim. Depois de meia hora abri a porta do carro e coloquei-me a andar pela estrada para poder chegar ao hotel.
- Camila onde você pensa que vai?
- Para qualquer lugar longe de você!
- Camila volta aqui!
Caminhei o mais rápido que eu pude, mas a estrada estava escura e pra complicar uma garoa fina começou a cair, mas eu não desistia do meu propósito de fugir daquela mulher linda e louca.
Leonora deu partida no carro e veio atrás de mim. Ela me ultrapassou e colocou o carro atravessado na estrada em bem na minha frente.
- Tá maluca? Quer me atropelar?
- Entra no carro.
- Não eu vou andando.
Leonora desceu do carro, correu em minha direção, pegou meu braço e me segurou junto a ela. Eu me debati, tentei empurrá-la, mas ela era bem maior que eu e me segurou com firmeza até eu desistir de lutar contra ela.
- Me solta Leonora isso já foi longe demais!
- Me diga Camila, o que você sente quando está assim junto a mim? Sente tesão? Sente paixão como você me afirmou? O que é que você sente Camila? Diga!
- Nada! Eu não sinto nada por você! Me solta Leonora!
Leonora me prendeu mais junto a ela e começou a tentar me beijar. Ela me beijava com fúria, quase me machucando, eu virei meu rosto de um lado para outro para me livrar de sua boca, mas foi inútil, ela conseguiu alcançar minha boca e eu me perdi novamente eu seus lábios lindos e molhados. Eu a beijava com força e com a mesma fúria que ela me impunha. Parecíamos duas gladiadoras disputando a vida num coliseu.
Não aguentei ficar furiosa muito tempo. Aos poucos o beijo foi se transformando numa coisa boa, suave mais ao mesmo tempo quente e eu estava completamente entregue àquela mulher que horas antes tinha me ofendido.
Ficamos sem fôlego e paramos de nos beijar, mas Leonora não me soltou.
- O que você quer de mim Leonora? Eu não te entendo. Você está me deixando maluca. Me fale porque você me quer e me rejeita. O que está acontecendo com a gente, me fala se não eu vou enlouquecer!
- Vamos entrar no carro Camila. Depois conversamos.
Entrei no carro resignada e dessa vez não consegui conter minhas lágrimas.

Capitulo 25
[04/01/13]
Capítulo 25
Depois de um banho quente, vesti um roupão, fui para a sala conversar com Leonora. Estávamos no seu chalé.
- Diga-me Leonora porque você me trouxe pra cá?
- Camila, me desculpe por hoje.
- Tudo bem Leonora, mas me leve para o hotel, estou cansada e tenho que trabalhar no seu projeto amanhã logo cedo e...
- Camila você seria capaz de se mudar pra cá?
- Como?
- Se mudar pra cá até que a construção estivesse completamente terminada.
- Leonora eu tenho meu trabalho, não posso simplesmente larga-lo e ficar aqui a sua disposição.
- Eu tenho certeza que Róbson permitiria a sua vinda e quanto à remuneração será muito compensadora.
- Leonora eu realmente não posso ficar aqui.
- Camila eu preciso que você fique administrando a obra pra mim. Eu confiei nesse empreiteiro e veja só no que deu. Eu não posso ficar aqui de olho nos detalhes e em você eu confio plenamente. Fique por favor.
- Leonora você sabe o que acontece quando estamos juntas, nós vamos misturar as coisas e isso não vai dar muito certo.
- E por que não? Quando você se foi eu pedi que ficasse, eu pedi que você e eu fôssemos nos conhecendo, mas você quis logo uma interrupção. Eu quero você aqui do meu lado, eu quero que você queira ficar aqui comigo. Camila, eu não posso impor minha vida a você mesmo que meus sentimentos digam pra mim o contrário o tempo todo entende?
- Eu ficaria aqui como sua arquiteta ou como sua amante?
- Eu a quero das duas formas e você sabe disso. Hoje eu tentei me controlar, mas eu não consigo Camila. Quando estou perto de você meu desejo é inevitável. Ele brota de todas as formas. Eu te quero e se você acha que isso é paixão, talvez esteja certa, já que eu penso muito em você, mas Camila eu sei que sua vida é outra, você é mais jovem que eu, você quer ter uma vida diferente talvez por isso eu não queira te persuadir a ficar aqui comigo. Fique esses meses, veja se é essa vida que você quer e me diga se no final de tudo se isso é possível pra você.
Leonora me disse essas palavras com os olhos marejados. Eu não sabia se aquilo era uma declaração de amor, se Leonora queria apenas uma amante para esperá-la depois de suas viagens e principalmente se eu queria me arriscar nesse papel.
- Eu realmente não sei o que te responder Leonora eu nunca recebi uma proposta como essa, então, não sei o que fazer. Nesses meses em que nos afastamos você não me procurou, não quis nenhum contato é difícil acreditar que você estivesse só sendo uma mulher tão linda e desejável e agora você me diz que me quer do seu lado, que eu devo decidir se quero essa vida pra mim?
- Eu não tenho ninguém, não estive com ninguém desde sua partida e eu fui até o prédio em que você mora inúmeras vezes nesses dois meses, mas não tive coragem de subir para falar com você. Por favor, Camila eu te imploro, fique. Fica comigo?
Que Loucura era aquela? Leonora estava me propondo um pré-casamento ou um namoro teste, o que era aquilo? Por que ela não se dizia apaixonada por mim, bastava isso pra que eu ficasse, mas Leonora não dizia nada sobre paixão. Eu ia ficando cada vez mais confusa. As lésbicas são assim reticentes na hora de declarar suas paixões? Eu não entendia, mas tinha que dar uma resposta para Leonora que me olhava com apreensão.
- Sabe Leonora eu realmente não sei o que você quer comigo. Eu estou confusa, preciso pensar. Ficar aqui abdicando de todos os meus projetos para cuidar exclusivamente do seu não é uma decisão só minha. Meus clientes precisam de mim ao mesmo tempo eu tenho uma ligação muito pessoal com você, eu já te disse isso. Realmente eu não sei o que fazer eu...
Leonora foi em minha direção me trouxe bem junto a ela e começou a falar no meu ouvido.
- Fica, por favor, Camila eu quero você, eu não vou te magoar, eu sou sua, só sua, eu te quero.
Leonora desfez o laço que prendia o roupão ao meu corpo e eu fiquei completamente nua e ao seu dispor.
- Você me quer, eu sei, eu sinto, não resista, vem pra mim minha querida.
Ela estava beijando meu pescoço e falava palavras que eu já não compreendia e nem queria. Desde o momento que eu a vi naquele dia eu desejava estar nos braços dela novamente.
Leonora ia descendo sua boca pelo meu colo, apertando meus seios com as mãos e depois os sugando com força. Ela me lambia os seios, o pescoço, beijava minha boca, mordia meus lábios, enfiava a língua na minha boca, puxava meus cabelos, descia a mão até minha buceta molhada, extremamente molhada pela excitação.
- Ah Leonora... Eu te quero...
- Minha linda mulher toda molhadinha pra mim! Abre as pernas, abre?
Eu abri para que ela explorasse ainda mais meu sexo latejante de desejo por ela.
- Isso, vem pra mim assim... Você me quer? Diz minha querida, você que dar pra mim?
- Ah Leo eu te quero, eu quero você, eu sou sua!
Leonora massageava meu clitóris me deixando louca e fazendo que eu perdesse minha razão e minhas forças de resistência a ela.
Ela me penetrou e começou movimentos de vai e vem, eu estava encostada nela e de pé. Leonora me empurrou para o sofá, levantou minhas pernas e começou a chupar meu clitóris ao mesmo tempo em que enfiava os dedos em mim. Ela me sugava com força e me comia entrando e saindo, num compasso maravilhoso.
Sua língua quente na minha buceta molhada me dava um prazer imenso. Ela me tirou daquela posição, me virou de bruços. Me apoiei no acento do sofá e eu estava pra ela como uma cadelinha pronta para ser comida por trás e foi isso que ela fez.
Leonora começou a morder minha bunda, passar a língua descendo até a vagina, me molhando toda com sua saliva. Ela massageava meu clitóris quando começou a introduzir o dedo no meu anus, devagar.
- Você é minha Camila? Diz que você é minha?
- Leonora não, eu não quero...
- Deixa Camila, eu quero você toda pra mim, diz que você é minha, eu preciso, eu quero...
Leonora já estava com o dedo todo introduzido em mim e fazia movimentos de vai e vem, se debruçava em mim esfregando seus seios em minhas costas e massageando meu grelo com a outra mão. Eu não raciocinava mais.
- Rebola pra mim Camila, deixa eu te comer toda!
Claro que eu estava rebolando pra ela como uma cadela no cio. Eu gemia, colocava minha cabeça pra trás, ela lambia minha nuca, minhas costas, me comendo, eu de quatro, ela me chamando de fêmea, me lambendo o ouvido e eu era totalmente dela.
Finalmente gozei. Gozei muito.

Capitulo 26
[07/01/13]
Capítulo 26
Não sei como, mas Leonora me levou para cama. Deitou-se em cima de mim, abriu minhas pernas e começou a esfregar a sua buceta na minha. Ela escanchou minhas pernas para facilitar o contato. Eu estava recuperando meus sentidos e meu tesão parecia um mar que ia e vinha, que não secava nunca.
Leonora virou-se colocou sua buceta no meu rosto e começamos um belo sessenta e nove. Eu a sugava, lambia, mordiscava seu clitóris, me lambuzava nos seus líquidos doces e cítricos, mas não a penetrava, pois ela prendia meus braços com suas pernas. Ela rebolava na minha cara, forçava seu sexo na minha boca quase me sufocando.
Ela saiu daquela posição, ficando de quatro pra mim.
- Vem Camila, vem você é minha dona. Eu sou sua quero dar tudo pra você!
Eu fiquei enlouquecida com aquela mulher de quatro pra mim me dizendo tudo aquilo.
Eu comecei a passar a língua pelas suas costas, mordê-las, descendo pelas nádegas e passando a língua pelo seu meio. Eu ia do anus até a vagina como ela fizera comigo. Eu deslizava minha língua por todo o seu sexo, salivando muito e saboreando cada milímetro daquele pedacinho que rendia tanto prazer para meu amor.
Penetrei com força sua vagina, molhada e tesa.  Deitei e me pus no meio de suas pernas e eu ia sugando e a penetrando ao mesmo tempo, eu estava com muito tesão ao senti-la entre suas pernas e ela enlouquecida gemendo pra mim. Ela gozou, quase despencou sobre mim.
Ficamos abraçadas por algum tempo, mas logo Leonora se recuperou e começou a morder meu pescoço e arranhar minhas costas, apertar meus seios, lamber minha nuca mordiscar meu abdome e parar sua boca em minha buceta. Ela sugava minha vagina, passeava com a língua pelo meu grelo, sugava-o com força.
Eu me debatia louca de tesão, ela se lambuzava em mim e me sugava, me sugava muito. Eu não segurei meu gozo por muito mais tempo, acabei gozando e derramando todo meu jorro de gozo sobre o rosto dela. Eu queria parar de derramar, mas não conseguia, eu saia de mim naquele instante e Leonora me segurava forte, pra que eu não pudesse escapar dela.
Finalmente parei de escorrer e Leonora finalmente me soltou. Minhas pernas estavam bambas, minha respiração ofegante, minha cabeça parecia que tinha sido colocada em uma roda gigante. Tentei me acalmar. Leonora me abraçou forte.
- Ei calma minha menina, tudo bem, está tudo bem.
- Leo me desculpe, eu não sei o que é isso...
- Vem cá minha linda, fica junto de mim.
Acalmei-me com Leonora me abraçando e acabei dormindo.
Acordei pela manhã e Leonora me olhava diretamente. Aqueles olhos verdes se tornavam ainda mais intensos nas primeiras horas do dia. Quando estávamos fazendo amor eu quase não os notava, mas quando ela me encarava daquele jeito e quando raramente acordávamos juntas, aquela cor se tornava intensa e me dava uma falsa impressão que tudo iria ser permanente, de alguma forma aqueles olhos revelavam algum sentimento que Leonora teimava em não me confessar.
- Bom dia Camila.
- Bom dia Leonora. Que horas são?
- Nove horas da manhã.
- Nossa! Estou atrasada, marquei com Ricardo as oito no hotel, tenho que correr.
- Ei! Calma. Eu disse a ele que você estava dormindo e que nos encontraríamos lá na construção.
Droga! Agora até Ricardo sabia que eu dormia com a patroa.
- Você disse para Ricardo que eu estava aqui com você?
- Algum problema? Ah! Esqueci você não é... Lésbica, estou certa?
- Pare com isso Leonora. Não quero discutir com você logo pela manhã.
- Então qual é o problema de Ricardo saber que dormimos juntas?
- Sabe Leonora eu tenho a impressão que você usa esse artifício para me afastar de você. Você faz esse joguinho de não aceitação parecer um problema para mim. É como se você quisesse mandar chamar o taxi depois do sexo, mas como aqui não é possível, você sempre arruma uma discussão logo em seguida para garantir que eu não vá pedir a sua mão em casamento. Me poupa!
- Você é que não quer minha presença na sua vida Camila!
- Quando foi que eu disse isso?
- Quando você foi embora a seis meses atrás.
- Tudo bem Leonora. Eu não vou ficar aqui com você durante sua obra. Eu quero encerrar nossa breve história. Eu quero alguém e esse alguém pode ser homem, pode ser mulher, não importa, o que eu quero realmente Leonora é que “essa pessoa”, esteja apaixonada ou apaixonado por mim o que definitivamente não é o seu caso.
- Vamos para a obra, quero ouvir seu parecer e de Ricardo.
- Exatamente, é para isso que eu estou aqui.

Capitulo 27
[11/01/13]
Capítulo 27
Chegamos à obra e Ricardo estava com todas as medições feitas.
- Bom dia Camila.
- Bom dia Ricardo, desculpe o atraso. O que você apurou nas medições?
- Bom tem uma inclinação, mas tenho uma dúvida e queria que nós refizéssemos os cálculos antes de tomar uma decisão.
- Tudo bem. Faremos isso assim que chegarmos ao escritório.
- O que isso significa Camila?
- Que o melhor e dar uma pausa nas obras Leonora.
- De quanto tempo?
- Espero que somente hoje.
- Quero alguém do escritório fiscalizando a obra Camila e eu não devo te lembrar de que essa obra é de sua responsabilidade.
- Sim senhora. Agora vamos Ricardo e Dona Leonora no fim dessa tarde terá uma posição nossa. Adeus.
Fui para o carro quase correndo. Estava mais que decidida que nunca mais iria tornar a ver Leonora. Naquele momento e pela primeira vez na minha vida eu abriria mão de um projeto meu. Não havia mais condições para que eu continuasse encontrando Leonora e perdendo o juízo todas as vezes que isso acontecia. Leonora me rejeitava claramente depois que se entregava pra mim. Leonora estava me deixando louca com essa história de sedução e rejeição.
Compreender o que ela sofrera no passado, até que eu tentava, mas me submeter àquela loucura, com uma pessoa completamente instável e esperar que um dia ela talvez pudesse se decidir por mim era muito pra minha cabeça.
Chegamos ao escritório, pedi licença para Ricardo e fui direto para sala de Róbson.
- Ei Mocinha! Pensei que não quisesse voltar mais para esse humilde estabelecimento.
- Rob eu vim lhe comunicar três coisas: - Primeira: Vou deixar o projeto de Leonora; Segunda: Não quero nunca mais ver aquela mulher e você está terminantemente proibido de lhe passar qualquer informação ao meu respeito! Terceira e última: Vou tirar férias, coisa que não faço a muito tempo e vou viajar amanhã.
- Camila, o que aconteceu minha querida?
- Não importa. Hoje eu e Ricardo teremos que refazer alguns cálculos e você determinará quem vai me substituir no projeto. Entre em contato com a sua amiga e combine o que quiser com ela, desde que eu esteja a quilômetros de distância dela.
- Tudo bem Camila. Eu me entendo com Leonora.
- Creio que no final da tarde terei um relatório para você a respeito do projeto dela. Quanto às outras obras vou passar para Clarisse. E a partir de amanhã estou de férias.
- Tudo bem. Eu acho justo. Mas essa cabecinha está como?
- Confusa, mas vou melhorar prometo.
- Pra onde pretende ir? Pode deixar que não revelarei seu segredo, não sou traidor.
- Eu sei meu amigo. Eu vou para casa dos meus pais, depois não sei, mas eu te ligo tudo bem?
- Tudo.  Te espero mais tarde.
Cheguei em casa exausta. Trabalhei a tarde toda no projeto, entreguei o relatório para Róbson e não aceitei o convite dele para jantar.
Róbson estava com uma expressão de preocupação e não era pra menos, minha cara estava horrível, eu estava mal humorada, com sono e louca pra ir embora do escritório. Até isso Leonora conseguiu fazer, me fazer querer estar longe do meu trabalho.
Mas agora fim. Eu não deveria nunca ter nem cogitado em me envolver com uma mulher, ainda mais sendo experiente e sedutora como Leonora. Onde eu estava com a cabeça? Fui me deixando levar ao sabor de um tesão, de um capricho, da vontade louca de querer me apaixonar a qualquer custo e foi nisso que deu. Solitária novamente, apaixonada, deprimida e infeliz.
Fui tomar um banho para repor um pouco as energias perdidas, depois arrumar as malas, ligar para meus pais e logo cedo pela manhã pegar a estrada pra ficar bem quietinha no meu antigo quarto, encontrar as amizades que deixei pra trás e me debruçar no aconchego da minha família. Era tudo o que eu precisava naquele momento.
Estava arrumando as malas e pensando em tudo que me acontecera naqueles últimos meses. Como a vida pode mudar tão radicalmente e tão repentinamente. Quando eu iria me imaginar querendo amar uma mulher? Nunca isso me passou pela cabeça, nem em sonhos ou nos pesadelos. Tentei buscar na memória algum momento que eu possa ter me imaginado transando com outra mulher, mas não conseguia me recordar de nenhum.
Depois que eu retornasse das férias iria voltar correndo para minha terapeuta e perguntaria a ela o porquê dessa minha sexualidade tão desvairada. Pelo que eu aprendi convivendo com gays era que em algum momento, principalmente na adolescência eles sentiram atração pelo mesmo sexo. Muitos com receio da família e dos amigos héteros acabaram por adiar a escolha, mas eu nunca tive tesão por nenhuma amiga minha nem por nenhuma mulher que eu conhecera até encontrar Leonora.
Terminei com as malas e fui fazer alguma coisa para comer. Um sanduiche leve com um copo de leite e depois ligar para mamãe.
O interfone tocou. Olhei no relógio eram dez e meia. Quem me procuraria a essa hora da noite? Provavelmente Róbson.
- Alô?
- Dona Camila?
- Sim seu Antônio o que houve?
- Tem uma senhora aqui querendo subir, o nome dela é Leonora.

Capitulo 28
[14/01/13]
Capítulo 28
Fiquei sem ação. Não conseguia raciocinar direito. O que aquela mulher queria ainda comigo? Pra que me procurar depois do nosso último e desastroso encontro?
- Dona Camila?
- Sim seu Antônio.
- Posso deixa-la subir?
- Seu Antônio deve haver algum engano eu...
- Espera aí dona Camila eu vou confirmar.
- Seu Antônio...
- Dona Camila ela disse que quer falar com a senhora, só um instante.
- Camila posso subir? Eu preciso muito falar com você.
Minhas mãos gelaram, minha garganta secou, meu coração disparou. Leonora no meu apartamento era tudo o que eu não queria ter naquele momento. Eu não tinha forças para enfrentá-la. Eu não queria olhar mais pra ela, mas o que fazer? Mandá-la embora?
- Tudo bem Leonora suba.
Fui para sala aguardar Leonora. A campainha tocou e eu fui abrir.
- Boa noite Camila. Posso entrar?
Fiquei olhando para ela diretamente nos olhos. Eu achei que assim que a visse brotaria em mim raiva, ressentimento, mas a presença de Leonora me deixou aflita e com medo do que estava para acontecer.
- Entre, por favor.
Leonora estava linda como sempre. Usava uma calça preta e uma blusa solta, transparente que escondia e mostrava suas curvas irresistíveis. Seus cabelos estavam quase úmidos, parecia que ela havia saído do banho a pouco. Seu perfume invadiu meu apartamento me deixando embriagada.
- Quer se sentar Leonora?
- Obrigada Camila.
- Quer beber alguma coisa?
- Quero sim. Você tem uísque?
- Vou buscar.
Fui para o canto da sala, peguei a bebida e servi Leonora. Ela ficou olhando para o copo por alguns instantes, com a cabeça baixa e sem falar nada.
- Leonora o que você quer?
- Camila eu não poderia deixar você ir embora daquele jeito.
- De que jeito Leonora?
- Você se foi, não olhou pra trás, não ouviu quando eu a chamei de volta, você partiu com muita raiva de mim, eu não queria ter te magoado.
- Leonora eu realmente estou cansada e se foi por isso que veio não se preocupe, eu não estou com raiva de você. Eu saí daquela maneira porque estava com pressa e eu tinha um problema no seu projeto para resolver.
- Não minta pra mim Camila. E não finja que nada aconteceu entre nós.
- Por isso também eu fui embora Leonora. Eu não posso mais misturar as coisas. Você tem seus conceitos de vida e eu sei muito bem o que eu quero pra mim. Eu não quero mais nada entre a gente Leonora, ainda mais ser algum tipo de experimento pra você.
- Não é isso Camila. Eu a quero muito, eu preciso de você ao meu lado, eu não posso deixar você partir assim da minha vida.
- Você já disso isso muitas vezes pra mim, mas eu não quero que alguém precise de mim, eu quero alguém que se apaixone por mim entendeu Leonora?
Leonora se levantou e veio em minha direção já que eu estava em pé. Mas dessa vez ela não me abraçou, não tentou me trazer para junto dela.
- Entendi Camila eu sei disso. Camila eu gostaria que você voltasse pra fazenda comigo, eu tenho que viajar por algum tempo e eu não posso deixar a construção em outras mãos que não as suas e...
- Leonora, Róbson não falou com você ainda?
- Falou, ele disse que você não iria mais cuidar do projeto, então eu vim até aqui pedir que você reconsidere sua decisão.
- Leonora eu vou sair de férias e vou ficar no mínimo trinta dias afastada.
- Você vai viajar Camila?
- Vou Leonora, estou precisando de um descanso, mas isso não vem ao caso. Quem Róbson determinou que ficasse no meu lugar?
- Um tal Leandro.
- Ótimo, ele é um ótimo arquiteto e um brilhante mestre de obras e tenho certeza que ele vai conduzir seu projeto da melhor maneira possível. Agora se me der licença eu estava indo dormir, pois amanhã viajo cedo.
- Eu só vou embora daqui com você Camila!
- Leonora chega né? Essa nossa história já deu o que tinha que dar. Eu e você nos envolvemos de uma maneira que não deveríamos ter nos envolvido, mas já passou então, por favor, vá embora.
- Você está sendo cruel comigo Camila.
- Não Leonora, eu estou me resguardando. Eu já te disse que me envolvi com você, eu já te disse que me apaixonei por você e crueldade é o que você faz comigo, me levando pra cama, depois me rejeitando, me ofendendo e depois me insultando em público, eu não quero uma pessoa assim na minha vida Leonora. Você veio de longe pra me dizer que precisa de uma arquiteta que vá pra cama com você quando você está disponível e ainda vem me falar de crueldade? Faça-me um favor Leonora e me poupe!
Leonora estava muito perto de mim e dessa vez ela me agarrou e me segurou firme junto ao seu corpo.
- Me solta Leonora!
- Eu vim te buscar e você vai voltar comigo pra fazenda!
- Me dê uma única razão para que eu cometa essa loucura!
- Eu estou louca por você! Eu estou perdidamente apaixonada por você e se era isso que você queria ouvir, então ouviu. Eu não vou deixar você ir embora da minha vida, eu não vou deixar você partir. Eu sou capaz de te sequestrar, de te amarrar de te...
Dessa vez eu calei Leonora com um beijo. Eu a beijava desesperadamente. Ouvir aquela mulher dizendo que estava apaixonada por mim era tudo o que eu queria ouvir durante aqueles meses desde que eu a conheci.

Capitulo 29
[18/01/13]
Capítulo 29
Acordei com Leonora ao meu lado e dessa vez ela dormia pesado. Nem preciso dizer que a noite fora maravilhosa ao lado dela e que eu adorei cada instante do amor que nós fizemos quase a noite toda.
Levantei com cuidado para não acordá-la. Enquanto escovava os dentes pensava em Leonora linda e apaixonante, pensava também em Gabrielle e nas suas palavras e sabia que eu teria que tomar uma decisão. Será que eu deveria seguir meu coração, me jogar de cabeça numa relação que eu não tinha a mínima ideia onde iria chegar e que mesmo com Leonora confessando sua paixão por mim me parecia assustadora.
Eu tinha medo que Leonora pudesse estar simplesmente apaixonada por mim e que essa paixão tão fulminante fosse uma coisa passageira dessas que vão como se instalam e que em um curto período se acabam como num incêndio e que geralmente são devastadoras.
Desde que conheci Leonora minha vida se tornou incompleta. A distância que se impôs entre nós naqueles meses de separação foi tortuosa para mim. Meus pensamentos eram todos dela, todos os dias, o dia inteiro. Eu tentava me desvencilhar desses pensamentos ou de um único pensamento, mas não era possível.
Leonora fazia parte do meu dia e da minha noite e quando adormecia dos meus sonhos. Eu estava amando aquela mulher que eu praticamente não conhecia. Eu a queria o tempo todo ao meu lado, eu a imaginava deitada na minha cama, no meu sofá, nos meu braços. Agora ela estava na minha cama e eu não sabia o que fazer. Por enquanto faria o café da manhã.
- Bom dia minha arquiteta preferida!
- Bom dia. Não sou a única?
Eu estava junto ao fogão, Leonora agarrou minha cintura, me puxou para ela, me deu um beijo na nuca e falou ao meu ouvido:
- A única que estou apaixonada e que vai me fazer uma casa linda e que me faz... Coisas que só ela sabe fazer... E que eu pretendo levar comigo hoje.
- Leonora eu... Não falei que... Para Leo... Eu tenho que pensar e você não está deixando fazendo assim...
Ela passava a língua pela minha nuca, mordia minha orelha, me apertava contra ela e eu ia ficando mole.
- Fala que vai comigo pra fazenda diz?
- Eu... Não sei Leonora eu...
Ela me virou e me beijou. O beijo se intensificou e eu sabia que não podia mais ficar sem eles.
- Diz que você vai comigo Camila, eu não vou sem você já te disse.
- Eu vou Leo, eu vou.
A viagem até a fazenda foi tranquila. Leonora ia me contando sobre seus projetos para o futuro e eu ia escutando interessada. Ela estava animada e eu apreensiva com aquela decisão intempestiva. Ficar perto dela me deixava insegura, mas eu estava apaixonada e disso eu tinha certeza e eu não podia mais negar pra mim mesma a necessidade que eu tinha de estar perto daquela mulher que me causava toda aquela aflição.
Chagamos a fazenda ao meio dia. Leonora não foi para o hotel e estacionou o carro perto do chalé que ela ocupava.
- Leonora não vou ficar no hotel?
- Você quer ficar no hotel? Pensei que aqui poderíamos ter mais privacidade, mas se você quiser, posso providenciar.
- Não tudo bem, eu vou tomar um banho e depois podemos almoçar o que acha?
- Eu acho ótimo.
Fui me encaminhado para o antigo chalé, quando Leonora me segurou.
- Onde você está indo?
- Tomar banho.
- Você tomou a direção errada. Você vai ficar aqui comigo Camila e nós vamos tomar banho e depois almoçar.
Leonora tomou minha mão e foi me conduzindo até seu chalé. Confesso que fiquei emocionada, mas não disse nada.
Tomamos banho juntas, trocamos carinhos e fomos até o hotel para almoçar. No hotel, Leandro esperava por Leonora. Quando eu o vi fiquei surpresa, mas lembrei de que eu mesma pedira pessoalmente a Róbson que encontrasse um substituto para o projeto de Leonora e Leandro fora o escolhido. Agora ele esperava por Leonora para continuar a execução da obra.
- Boa tarde dona Leonora, muito prazer. Boa tarde Camila.
- Boa tarde Leandro. Leonora, Leandro é o arquiteto que Róbson escolheu para dar continuidade ao projeto.
- Ah sim! Leandro, por favor, me acompanhe até o escritório precisamos conversar. Camila venha Também.
Entramos no escritório e confesso que estava particularmente constrangida com aquela situação. Sentamos de frente à mesa de Leonora.
- Leandro, primeiro quero agradecer pela presteza em estar aqui num sábado para dar continuidade ao projeto de Camila.
- É a minha obrigação Leonora, mas não sabia que Camila estaria aqui o que tornará tudo mais rápido quanto ao encaminhamento da obra.
- Sim tenho certeza, mas tenho que lhe comunicar que Camila prosseguirá com o projeto, então eu agradeço muito sua presença e o convido para passar um fim de semana aqui no nosso hotel fazenda como uma espécie de compensação pela viagem e pela sua presteza.
- Mas dona Leonora, Róbson me disse pessoalmente que Camila tinha desistido do projeto por questões pessoais e que iria entrar de férias, não é isso Camila?
Eu realmente estava constrangida, mas tinha que assumir a minha falta de ética graças as minhas idas e vindas com Leonora. Eu nunca havia passado por uma situação como aquela, colocando em risco minha reputação diante do cara mais fofoqueiro que eu conhecia. Realmente minha vida estava completamente confusa e eu ainda mais.
- Leandro houve uma mudança nos planos. Leonora me convenceu que o melhor seria continuar o projeto, mesmo porque surgiram alguns problemas e também terei que fazer algumas mudanças e por isso resolvi retomar a obra.
- Mas Camila, Róbson não me disse nada a respeito e eu me desloquei até aqui para nada?
- Desculpe Leandro, mas vou comunicar minha decisão hoje para Róbson. Eu realmente não sabia que você viria tão cedo, mas espere vou ligar para ele.
- Acho bom e Camila e tente ser prática dessa vez, por favor, pois eu não tenho tempo a perder.
- Ei calma mocinho, creio que você está sendo muito indelicado com Camila.
- Creio que não é indelicadeza, apenas estou sugerindo a Camila que tome uma posição definitiva.
- Senhor Leandro, creio que o senhor não entendeu. O projeto é de autoria de Camila, mas estamos falando da minha casa e nela mando eu. Não me lembro de ter tido nenhuma reunião com o senhor e não me lembro de ter dado autorização nenhuma para que Róbson fizesse a escolha de um novo arquiteto para mim, portanto eu quero que o senhor retorne para seu escritório que com Róbson eu me entendo.
- Acho melhor, pois não tenho tempo a perder com projetos que se misturam com pessoalidades não declaradas.
- Saia do meu escritório, pois não preciso e nunca irei precisar dos seus serviços!
Leonora disse isso de pé com um tom de voz alterado e olhando seriamente para Leandro que imediatamente se levantou e se retirou do escritório muito irritado.

Capitulo 30
[21/01/13]
Capítulo 30
Liguei para Róbson, contei o episódio constrangedor com Leandro, pedi desculpas pelo meu comportamento instável e sabia que teria que escutar um sermão.
- Minha querida Camila, o que você pensa que está fazendo?
- Ai Rob, eu estou no olho do furacão.
- Tudo bem minha querida, mas você sabe que eu terei que cortar um dobrado para Leandro não jogar tudo no ventilador não é?
- Dá pra você cortar um pedacinho daquela língua de fofoqueiro que ele tem?
- Vou tentar, mas você sabe como é... Leandro estava adorando te substituir e principalmente assinar um projeto junto com você.
- Mas você tinha que escolher logo ele Róbson? A biba mais leva e trás da cidade?
- Ué? Você não ia pra roça? Eu apenas cumpri suas ordens, quando que eu iria imaginar que aquela raiva toda acabaria na cama novamente não é dona Camila?
- Obrigada chefinho você está piorando tudo.
- Camilinha infelizmente você tem que resolver essa situação e mais ninguém. Quanto ao Leandro não se preocupe que eu darei um jeito naquela mona, mas meu amor diga pra aquela maluca que desça do salto e veja o que ela tem nas mãos. Diga a ela que ela não encontrará uma sapinha mais apaixonada do que você meu amor!
- Rob só se eu torturá-la.
- Diga que a ama.
- Não mesmo! Eu já disse que estou apaixonada e é isso que ela terá até que ela me prove que me ama.
- Tudo bem, mas quanto ao projeto, você irá com ele até o fim ok?
- Eu sei. Torça por mim.
- Farei melhor, acenderei uma vela do seu tamanho para São Sebastião e mais farei uma novena completa. Gostou?
- Te amo.
- Me too. Kisses.
Desliguei o telefone e fiquei pensando como eu iria agir com Leonora e claro com o mundo sabendo que eu e a grande empresária do ramo hoteleiro estávamos transando, pois era assim que aquele fofoqueiro iria espalhar a notícia.
- Preocupada coma sua reputação Camila?
- Discrição não é a melhor característica da personalidade de Leandro.
- Eu sei.
- Como você sabe?
- Deixa eu te mostrar.
Leonora se encaminhou até a mesa onde estava meu computador, abriu em site e me mostrou a reportagem.
- Leia Camila.
“ROMANCE NA ALTA SOCIEDADE”
Por Carlinhos Babados.
Esse colunista que escreve para vocês minhas queridas leitoras sobre a vida dos famosos e socialites, descobriu por fontes fidedignas que a empresária do ramo da hotelaria Leonora Bastos e a arquiteta Camila Sampaio estão tendo um tórrido romance com direito de idas e vindas e outras cositas mas. 
Consta que a empresária Leonora Bastos é lésbica declarada e faz parte da aldeia das lesbians chics, mas Camila Bastos que já projetou inúmeras casas para os milionários dessa cidade nunca havia colocado o seus pezinhos na tribo das sapatas. Babado!
Camila Sampaio está projetando a nova mansão de Leonora Bastos. 
Será que a mansão será o mais novo ninho de amor das duas?
Será que esse romance vai engatar? Não sei não heim! Leonora Bastos tem fama de pegadora e de que não se enrola com ninguém. 
Leonora e Camila formam um casal lindo e estamos esperamos as núpcias.
Beijinhos minhas leitoras queridas e se Deus quiser volto com mais babados!
Fiquei chocada. Não consegui disfarçar minha indignação para Leonora. A coluna trazia ainda a minha foto e de Leonora estampadas na página.
- Vou te fazer a pergunta novamente Camila. – Preocupada com a sua reputação?
- Mas hoje é domingo e esse canalha já espalhou isso, como?
- Internet Camila. Informação em banda larga.
- Não brinque com isso Leonora.
- Não estou brincando Camila. Diga-me o que você pensa sobre tudo isso?
- Não sei Leonora, não sei. Nunca tive o nome publicado em nenhuma coluna de fofocas. Eu não sei o que pensar.
Leonora olhou diretamente pra mim com uma mistura de raiva e expectativa e novamente me perguntou o que eu pensava sobre tudo aquilo. Eu não tinha um pensamento formado, eu não poderia tê-lo. Eu olhava para Leonora para descobrir se ela estava me culpando pela fofoca ou se estava me acusando de não querer assumir nosso romance em público, enfim eu não sabia.
Leonora segurava meu pulso com força e eu não falava nada. Meu celular tocou. Desvencilhei-me de Leonora e fui atendê-lo.
Era a minha mãe.

Capitulo 31
[25/01/13]
Capítulo 31
- Alô mãe?
- Camila minha filha, o que está acontecendo? Seu irmão acabou de vir da cidade e me mostrou várias reportagens ao seu respeito e dessa moça chamada Leonora, o que é isso minha filha? Isso tudo é invencionice não é?
- Mamãe, essa não é uma boa hora para falarmos sobre isso.
- Camila eu estou muito preocupada com você e esses boatos maldosos, porque minha filha?
- Mamãe eu prometo que retorno logo pra senhora. Como está papai?
- Está inconformado. Ele quer ir até aí dar uma surra nesse sujeito.
- Mamãe acalme papai e diga a ele que logo vou ligar para conversarmos melhor.
- Faça isso o mais rápido possível querida.
- Pode deixar mamãe eu farei prometo. Fique bem.
- Você também minha filha. Fique com Deus.
Leonora estava parada na janela do nosso chalé olhando as montanhas enquanto eu falava com a minha mãe.
- Você não disse pra ela que nós estávamos juntas não é Camila?
- Não Leonora, não disse.
- Você não tem a mínima intenção de me assumir como sua namorada não é Camila?
- Namorada? Você disse namorada?
Leonora virou-se e me encarou com surpresa.
- O que você acha que está acontecendo aqui Camila? Você acha que eu fui busca-la na sua casa pedindo, alias pedindo não implorando pra que você viesse pra cá a troco de quê? Eu quero você ou queria você como minha namorada. Eu queria casar com você eu queria que a gente se tornasse uma família e você fica aí chocada com uma notinha de uma bicha medíocre dizendo que nós estamos juntas? Do que é que você tem medo Camila? Porque você não compreende que esse sentimento é maior do que a gente pode medir? Será que você não compreende o que é o amor? Você nunca amou Camila? Nunca?
Leonora estava chorando e eu também. Ver aquela mulher na minha frente se desmanchando em lágrimas e dizendo que me amava era tudo o que eu imaginava que aconteceria na minha vida um dia. Eu tinha certeza que agora sim minha vida estava completa.
Leonora sentou no sofá e tentava enxugar as lágrimas que brotavam nos seus olhos lindos. Eu ajoelhei aos seus pés, peguei suas mãos e olhei para ela com carinho.
- Eu te amo Leonora Bastos. Eu quero ser sua namorada, sua mulher, sua companheira. Eu quero ser tudo pra você se você quiser. A minha reputação só se tornará melhor ao seu lado, ao lado da mulher que eu amo e que vai me fazer feliz e que todos os dias da minha vida eu tentarei fazer feliz. Eu sou sua de corpo e alma e nunca Leonora, nunca duvide disso porque até te conhecer eu realmente não conhecia o amor.
Nosso beijo foi longo e cheio de promessas para o futuro.
- Eu te amo Camila! Fica comigo, deixa eu te fazer feliz?
- Deixo meu amor, minha namorada!
Leonora levantou, me levou para cama no colo e fizemos amor à tarde inteira. Aquela tarde de amor, foi diferente de todas que eu tinha experimentado com ela. Eu estava nos braços da pessoa que eu sonhara toda a vida. Finalmente eu tinha alguém que me amava e que queria que todos soubessem que eu era dela e que queria casar comigo e formar uma família comigo. Eu estava nas nuvens e de lá eu lutaria bravamente pra não sair nunca mais.
Quando a noite já estava alta, nós pedimos o jantar. Estávamos famintas.
- Terei que ir até a casa dos meus pais.
- Você não quer que eu vá?
- Você iria comigo?
- Claro meu amor. Eu gostaria muito de conhecer meus futuros sogros.
- Não vai ser uma tarefa fácil.
- Eu sei, mas a gente dá conta.
- Eu sei meu amor, ao seu lado tudo se torna possível. Eu te amo.

Capítulo Final.

A casa ficou pronta em seis meses. Nunca antes em toda a minha história eu tinha erguido uma obra num tempo recorde como esse. A minha vida mudou muito esses últimos tempos.
Tive que tomar muitas decisões difíceis, como por exemplo, morar com Leonora deixando para trás meu confortável apartamento e o escritório que eu amava.
Leonora me convenceu que aquele local em que eu trabalhava era de Róbson, da família dele e nunca teria a minha marca pessoal.
Leonora não viaja muito atualmente. Ela criou uma equipe para isso e fica monitorando tudo do nosso escritório em nossa casa. Tive que mudar quase que inteiramente o lugar de trabalho da nossa casa, pois ficou imenso e comporta tanto a sala de Leonora, quanto a minha.
Nossa casa é linda. Certamente é o meu melhor projeto e por isso ganhei um prêmio de revelação de arquitetura do ano e outros prêmios internacionais. Sempre soube que o amor é uma boa inspiração para tudo que tentamos realizar.
Estamos programando nossa festa de casamento que contará com a presença de amigos, parentes, nossas famílias, enfim todos que amamos. Convidamos também o Carlinhos, pois mesmo sem querer ele ajudou a dar aquele empurrãozinho que faltava para que nós finalmente assumíssemos nosso amor.
Meus sonhos eróticos pararam de vez. Não tenho tempo de sonhar, mas apenas de realiza-los com minha linda mulher. Cada dia eu a amo mais intensamente. A cada dia nosso amor toma formas que nos surpreendem.
Eu não sei se esse estado de amor, paixão e sexo irá durar para sempre ou se teremos a paciência e a sapiência de nos amarmos até que a vida se torne fraca e a morte chegue a uma de nós. Combinamos nos amar seguindo a receita dos alcoólicos anônimos ou amar a cada dia, amar somente por hoje, nesse instante, apenas nesse segundo, então é assim que vamos construindo o nosso tempo de amor, um dia de cada vez.
Os minutos, as horas, os dias vão se juntando e no final se somam e escrevem uma biografia em que a nossa participação tem um pouco de improviso, quase nenhuma certeza e muita esperança.
A sorte é a grande maestrina do amor. A sorte é o cupido, aquele que anda sem destino flechando os mortais descuidados para se apaixonarem irremediavelmente.
Quando ele nos atinge com suas flechas douradas nos tornamos impiedosamente vulneráveis ao objeto da paixão.
Naquela noite em que conheci Leonora, eu bebi demais, o cupido notou que eu era uma presa fácil e atingiu meu coração em cheio com o seu feitiço maravilhoso e aqui estou eu, fechando meu diário copiando uma autora americana pra tentar dizer que é muito bom estar embriagada de amor.