Por Amor

Por AmOR...
Boa noite Pirralhas, tudo bem? Espero que sim! Que saudade! Rsss estranho né! faz tão pouco tempo que estive por aqui! Acho que esse negócio vicia! Enfim, realmente vicia mesmo com o tempo tão escasso a vontade de estar na companhia de vocês é mais forte. Bem acho que a maioria de vocês me conhecem, se não me conhece sou a Arien prazer, também meus amigos íntimos me chamam de Mica, RSS sou autora de duas webs da rede, MINHA DOCE PROSTITUTA E SEI QUE É VOCÊ. que foi a mais recente aqui postada, bem estou aqui para divulgar meu terceiro trabalho, bem acabei gostando desse negocio de escrever. Vou falar um pouco da nova web que estou escrevendo, para quem acompanhou a sei que é você deve lembra de uma personagem que se chama LARISSA, ela é advogada, bem não deixei ela solteira por acaso na última web, minha amiga diz que eu tenho a mania de ficar entrelaçando uma historia a outra, isso tenham certeza que não é proposital é meio que automático. Sou uma jovem estudante APAIXONADA PELO MUNDO JÚRIDICO, Agora vocês entendem né porque resolvi escrever uma historia com a personagem Larissa, a historia vai girar nesse mundo, crimes, paixões, dramas, violências e um grande dilema. Respondam-me meninas, o que você faria. Você uma defensora da justiça, representante da sociedade tivesse que escolher entre a razão e o coração? Você colocaria sua carreira em jogo por um amor! Perdoaria uma traição? Bem embora seje bem diferente do que escrevi antes, considero uma historia envolvente, arrisco a convidar vocês para embarca junto comigo e com uma pirralha muito especial que se Chama ALINE vem me ajudando a escrever essa doce historia a muito devo a ela. Bem queria saber se posso contar com a presença de vocês? Estamos dando os últimos reajustes na web pretendemos postas duas vezes por semanas, sei que parece ser pouco, porém nosso tempo é muito curto vocês sabem né, faculdade, trabalho.Enfim mais sempre postarei capítulos inteiros. Beijos a vocês e até mais!


PoR AmoR






A manhã começou fria naquela quinta feira, Larissa mal tinha dormido. Sua cabeça fervilhava, nunca imaginou que fosse chegar ao estrelato tão cedo no ministério público. O tempo passa que nem percebemos. Aos 32 anos era uma das promotoras mais jovens daquele escritório, seu destaque era tamanho, hoje peça importante de um dos casos que houve maior repercussão no estado nos últimos anos. O julgamento chegava ao seu quarto dia. Coloca Malbec Ramos na cadeira dos réus não foi nada fácil, considerado rei do tráfico numas das favelas mais perigosa do Recife, um homem que diziam ser intocável, articuloso e de alta periculosidade, mandante de inúmeros assassinatos. Malbec não costumava deixa vestígios de seus crimes, sempre conseguiam sair por cima. Temido na comunidade onde morava, ninguém ousava dizer qualquer coisa a seu respeito. Porém a sorte mudou para esse criminoso, matou um homem a sangue frio, um antigo desafeto, gerando indignação a população que ficou inconformada por ter perdido seu líder comunitário, o único que lutava para melhoria daquele povo pobre de poucas escolhas. As investigações estavam cada vez mais tensas, no início não havia nenhuma testemunha, a população estava em silêncio. Larissa era a promotora do caso, deu duro mais em fim o homem deu um passo em falso, aquele homicídio mudaria o rumo de tantos anos de impunidade. Foram dois anos até conseguir prova concreta para colocar aquele criminoso na cadeira dos réus.
JULGAMENTO

Passaram-se 4 horas de debates exaustivo, Raul assistia ao julgamento do pai. Um rapaz de 25 anos filho de Malbec, abandonado pela mãe quando tinha 5 anos, muito cedo seu pai ensinou à arte do crime, embora não tivesse ficha criminal foi doutrinado para seguir os passos daquele que para aquele jovem era um herói. Seus olhos refletiam ódio ao assistir o discurso daquela promotora que pedia pena máxima para seu pai.

PROMOTORIA - Vamos parar com essa história que o réu esta falando a verdade, de que ele apenas deu um golpe na vítima. – pausou se virando pros jurados. – o réu diz em seu interrogatório que estava bebendo no mesmo bar que a vítima, assim presenciando uma briga da mesma com outra pessoa, diante daquela circunstância ele foi apartar os dois homens uma vez fazendo isso – pausou fitando o rosto do réu - a vítima irritado com sua intromissão partiu pra cima dele apertando seu pescoço deixando com hematomas. Então o senhor Amauri se afastou, segundo testemunha no bar para pegar um pedaço de garrafa quebrado ou alguma coisa que pudesse se arma. Isso demorou cerca de cinco minutos, ele estava com um pedaço de garrafa de cerveja quebrada, quando voltou o réu já tinha saído, a vítima foi atrás do réu o encontrando no caminho. Então o réu pegou um pedaço de pau e deu uma pancada na cabeça da vítima que caiu. Ai o réu foi embora deixando a vítima no chão sem saber se ele tinha morrido ou não. – Larissa falava em tom de ironia, aquilo foi o depoimento que Malbec tinha dado no inquérito policial.
- Porém senhora e senhores em momento algum o réu diz em seu depoimento que a vítima veio com um pedaço de vidro nas mãos querendo atacá-lo, como ele podia esquecer tal detalhe, se o senhor Amauri não mostrasse ameaça porque atacá-lo de forma tão violento sendo o primeiro golpe com o homem de costa, nada pior do que atacar um homem sem dá oportunidade dele se defender?. Senhores jurados, saibam que os laudos cadavéricos descrevem muito mais que uma simples lesão?! Muito pelo contrário são encontradas pelo menos sete lesões. – Larissa levou o cavalete para o centro do tribunal deixando os júris horrorizados com as fotografias da vítima - O réu disse que não houve testemunha e que ele so deu um golpe na vítima para se defender. Ai lhes pergunto defender de quê? Se o próprio réu disse em seu depoimento que a vítima estava desarmado. Onde foi parar o pedaço de garrafa que estava em posse da vitima quando saiu do bar? Muito simples senhoras e senhores, a garrafa que estava com a vitima foi encontra a cerca de 50 metros do bar, provavelmente o senhor Amauri recobrou a lucidez e resolveu ir para casa, desistindo de enfrentar aquele homem cruel que vinha contaminando a comunidade em que morava.

- Protesto meritíssimo a promotora esta dando apenas suposições de um morto.

- Promotora!Não fale pelos mortos.
Larissa fez que sim para o juiz.

- Bem diante da ficha criminal do senhor Ramos, acreditar que ele queria apenas se defender de um homem desarmado é o mesmo que acreditar na historia da carochinha. – ironizou Larissa, causando burburinho na sala. – Então senhoras e senhores cada um acredita no que quiser.

Os jurados ficam inquietos em suas cadeiras diante das fotografias juntos as descrições detalhadas que Larissa faz com base nos laudos médicos. O réu começa a suar frio.
- Como pode ver senhores jurados a gravidade dessas lesões? Não são uma como insiste dizer o réu uma simples pancada, mas setes lesões que levou esse pai de família à morte. Segundo opinião médica a vitima sofreu muito antes de morrer. Isso porque o real motivo que levou esse homem a morte foi sua lutar para acabar com o narcotráfico na comunidade em que vivia, irritando o homem que se via ameaçado diante da influência que o senhor Amauri tinha com os moradores daquela comunidade. Esse homem é um assassino.! – enfatizou Larissa apontando para o réu.

- Protesto meritíssimo! – fala o advogado de defesa. – Foi um único golpe... – o advogado foi interrompido.

- Senhores jurados, não ver que o defensor do réu esta tentando desviar a atenção dos senhores do que eu estou expondo! – falou Larissa com um sorriso nos lábios para o advogado. – o promotor chega aqui não é para menti para os senhores. Há mais de uma lesão, eu não posso como promotora do estado, representante da sociedade, esconder esses fatos, é varias lesões não uma como o defensor insiste em dizer. Os laudos médicos mostram isso. – falou Larissa com segurança. – essa é a diferença do ministério público para a defesa, eu estou comprometida com a verdade enquanto o defensor em absolver o réu. Venho, com base das provas dos autos e testemunhos, afirmo que esse senhor assassinou a sangre frio o senhor Amauri Bezerra dos Santos e também é responsável ela chacina da comunidade planetas dos macacos onde 12 pessoas morreram. Acusou-o de tráfico de drogas, sendo encontrada em sua propriedade quase meia tonelada de cocaína pronta para consumo, estou aqui senhora e senhores para pedi a pena máxima. A defesa pode contar a historia que quiser e os jurados acreditam se quiser.
Mas tenho certeza que os jurados vão esta do lado da verdade, afirmo que este homem é culpado por todos os delitos aqui apresentado. – finalizou Larissa. Cheia de convicção.

- Sua vadia! – gritou o homem na platéia.

Larissa voltou a sua cadeira, recebeu o olhar confiante de Dr. Adalberto que também estava no caso.

- Vamos ganhar essa, você foi muito bem. – disse o homem baixinho.

Larissa sentia segura, sabia que tinha feito um bom trabalho.
O advogado de defesa passou duas horas e quarenta minutos em seu discurso tentando a todo custo provar inocência do seu cliente. O julgamento entrou madrugada à dentro. Finalmente a decisão do júri.

- O réu é declarado culpado por cinco votos a dois – diz a voz firme do juiz, levando agitação no recinto. – condenado há 30 anos pelo homicídio do senhor Amauri Bezerra dos Santos, em regime fechado, 23 anos pelo crime de tráfico de drogas... – à medida que o juiz lia a sentença o ministério público comemorava a vitória.

Depois de dois anos de longo trabalho, finalmente Larissa sentia-se feliz, a justiça tinha sido feita. Estava satisfeita consigo mesmo. A sensação de seu trabalho cumprido. Na saída do fórum inúmeros jornalistas, todos queria uma entrevista com a jovem promotora que conseguiu leva a prisão um dos piores criminosos do estado.
O ódio consumia o coração do jovem Raul Ramos, único filho de Malbec, chorava a condenação do pai achava seu pai um criminoso perfeito que nunca seria pego, gravou o rosto da mulher que destruiu sua vida. O julgamento levou repercussão nacional todos falavam do criminoso, Larissa já não comemorava sua vitória, tinha outros casos de suma importância também, despistou os holofotes e dedicou-se ao trabalho.
TRÊS SEMANAS DEPOIS

- Oi pai.

- Filho! – os dois homens abraçam emocionados.

- Vou te tirar daqui pai! Juro que vou te tirar daqui, depois vou acabar com a vida daquela cadela.

Malbec tinha um semblante pesado, embora estivesse na cadeia sua vida atrás das grades não era das piores, lá encontrou muitos criminosos que lhe deviam favores, o traficante tinha suas regalias a vida lá dentro não era tão desagradável, porém ele não estava bem sentia falta de sua liberdade. Por dentro estava consumido em desespero os anos agora lhe pesavam, sentia-se cansado. Para ele estar preso era pior que a morte tinha traçado seu destino. Ali marcou o destino de muitas pessoas que sofreriam num futuro próximo também.

- Você é o novo rei! – disse o velho – Você meu pupilo é quem manda agora naquela porra agora!

- Pai!

- Volte para casa e assuma meu lugar! Faça o que tenha que fazer! Você que esta no comando agora. – afirmou o homem.

Pupilo era assim que aquele homem gostava de chamar o filho, o abraçou carinhosamente, despediu-se em silêncio. Raul não conseguiu compreender a atitude do pai. Agora seu passado tornará seus pesadelos, todo sofrimento que causou a muitas famílias agora multiplicaram dentro de si, Malbec se entregou a angustia e desistiu da vida, naquela mesma noite foi encontrado morto em sua cela, tinha se enforcado. Raul recebeu a notícia da morte do pai, foi tomado pelo desespero, a dor deu lugar pelo ódio, procurou culpado para aquele sofrimento jurou vingança aquela que tinha lhe proporcionado tamanho dissabor.
Dias depois enquanto trabalhava em outro caso Larissa recebe a notícia o homem tinha se suicidado na cadeia.

- Sua morte não terá sido em vão meu pai! – dizia o homem chorando diante do caixão do pai. – Vou vingá-lo. Nunca mais aquela mulher terá paz.

Raul jurou vingança. A dor que sentia era tamanha, jovem aos 25 anos de idade, muito cedo iniciou na vida do crime, sempre esteve as sombras do pai, agora com a morte dele resolveu assumir seu lugar, comandavam um império na rede de tráfico de drogas, um homem de muita mulheres, porém a única que assumia era a jovem Alicia, uma moça pobre sem muitas escolha os dois viviam juntos a certa de três, ela sabia da vida criminosa de seu companheiro, o amor que sentia fez até a inúmeras traições que sofria, mesmo assim se via submissa aquele homem, laços a prendiam a ele.
Raul tinha plano, se dedicou nos meses seguintes em solidificar ainda mais seu império, sem esquecer seu maior objetivo que era acabar com a vida daquela que ele considerava responsável pela morte de seu pai. Estudava cada passo da Larissa, sabia seus horários, os lugares que freqüentava as pessoas que se relacionava, por mais que a morena tentasse ao Maximo manter discrição. Finalmente tinha conseguido o que queria. Estava a um passo de executar sua vingança.
O PLANO

- E ai, ta tudo certo para hoje à noite? – perguntou para a mulher sentada a sua frente

- Claro tudo em cima. – a mulher deixou escapar um sorriso no canto da boca

Suelén era uma das amantes de Raul, uma ruiva alta de corpo escultural. O homem teve a idéia de fazer a amante se aproximar de Larissa, já que depois de uma grande pesquisa feita na vida da promotora descobriu que ela era gay. Raul tinha homens vigiando Larissa 24 horas por dia e um detetive particular pode lhe passar informações sobre todo o passado da morena.
O homem não queria perder nenhum detalhe seu quando mais demorava em executar sua vingança maior será o ódio que o consumia. A ruiva aceitou o convite feito por Raul se aproximaria de Larissa, o que Raul deseja era que as duas tivessem um caso, isso era apenas a primeira fase de seu plano.

Suelén usava um vestido preto colado ao corpo, deixando a mostra suas curvas. Por uma coincidência forçada, participaria de um congresso sobre direito penal onde Larissa era palestrante, se fazendo passar por estudante de direito, a ruiva tentava a todo custo de aproximar da promotora, no final da palestra resolver ir até a morena que cumprimentava alguns amigos. Depois de muita insistência de sua parte, algumas indiretas e olhares lançados de forma tentadora, a única coisa que a ruiva conseguiu foi um cartão com os números e email de Larissa. Instruída por Raul, a ruiva queria mais, tentou de forma sedutora chamar Larissa para uma saidinha, mas a morena foi bem clara e direta.

- Desculpe, não estou disponível. – a voz firme e suave, fez com que a ruiva finalmente desistisse.

De volta à casa de Raul a ruiva informou que plano não havia dado certo e teve que enfrentar a ira do homem.

- Você é mesmo uma vagabunda imprestável. – gritou.

- Eu fiz o melhor que pude você que deve ter se enganado, ela não deve ser sapata, como poderia resistir a mim? – fez uma pose sexy
- Sai da minha frente sua vagaba não quero mais ver sua cara.

- Mas Raul, eu preciso do dinheiro que você me prometeu. – o homem se aproximou da ruiva, acariciou sua nuca entrelaçando sua mão nos fios de seus cabelos, aproximou os lábios do ouvido dela e sussurrou:

- Você quer dinheiro...então vai rodar a bolsinha lá no calçadão e sai agora da minha frente antes de que te mate, sua vaca! – empurrou a mulher com força contra a parede, a pobre coitada saiu correndo da sala.

Olhos atentos e bem escondidos presenciaram toda a cena de Raul e a ruiva.

Alicia estava cansada, apesar de ter um lugar que aparentava ser importante na vida de Raul, na verdade so era mais uma e ela sabia disso, queria mais que um título de mulher oficial para isso teria que mostrar ao homem que ele podia confiar nela. Queria deixar de ser a mulherzinha passiva que tudo sabe, mas nada faz. No dia seguinte acordou cedo, foi até o escritório onde Raul se reunia com alguns de seus comparsas, pediu para ficar sozinha com ele, disse que tinha algo sério a lhe falar.

- Tudo bem, seja rápida, não estou em um dos meus melhores dias. – o home falou friamente.

- Eu sei, vou ser clara e objetiva como você gosta. – respirou fundo – Eu sei do seu plano, contra a promotora.

Raul arregalou os olhos, apesar de manter Alicia como sua “mulher”, seguia os ensinamentos do seu pai, manter as esposa sempre longe de seus negócios.

- Como, o que foi que você disse?

- Antes de ficar nervoso, me escute, uma mulher como essa tal promotora nunca iria se interessar por aquela vagabunda que você contratou. – Raul não parecia acreditar no que sua mulher dizia o plano contra a Larissa era coisa guardada a sete chaves, como ela descobriu.
- Como você sabe?

- Não sou burra, escute ela é uma mulher fina, chique, experiente, deve ter sacado logo qual era a daquela pilantra. – Raul permanecia calado até ouvir a seguinte frase – Eu posso ajudar você.

- Hahahahaha.. – gargalhou em voz alta – Você? – Raul menosprezava a capacidade de Alicia, achava que so era uma mulher bonita isenta de qualquer intelecto.

- Por que não? Pelo menos mais inteligente do que ela eu sou, e é claro bem menos vulgar. Eu sei que eu consigo aquela vadia vai entrar na minha. – tentava expressar segurança.

- Como você pode ter certeza? – duvidou mais não rejeitou a possibilidade.

- Eu me garanto e você sabe disso. – Alicia deu um sorriso confiante.

- Eu não sei... Você vai ter que trepar com aquela vadia.
Alicia fez cara de nojo.
- Vai ter coragem galega, de trepar com aquela vadia?
Alicia pensou por um momento, sabia que teria que fazer isso, mas o desejo de liberdade era maior.

- Nem sempre trepar quer dizer sentir prazer.

O homem balançou a cabeça negativamente.

- Mas talvez, pode ser uma boa idéia, apesar de eu não gostar nenhum pouco de saber que aquela vadia vai comer minha mulher.

- Ela nunca vai suspeitar de mim.

-Tá, você me convenceu.

- Mas tem um, porém..

- Um, porém? – o homem a olhou curioso.

- Eu quero o dobro do que você ia pagar aquela idiota.

- Você ta doida mulher!

- Se eu não fizer o trabalho direito nem precisa me pagar, agora se eu conseguir o que você quer. Quero o dobro.
Raul ficou pensativo por alguns instantes –

- Ok.

Alicia voltou para casa animada, sabia que aquele era o primeiro passo para sua independência, Raul nunca deixou que nada lhe faltasse, sempre lhe deu do bom e do melhor, mas ela estava cheia daquela vida, queria mais, muito mais.
O ENCONTRO

Raul resolveu dar o máximo de confiança a Alicia, sabia do que loirinha era capaz, para a deixa mais próxima da promotora, comprou um apartamento no mesmo bairro que ela morava, Alicia passou a passou a correr no calçadão no mesmo horário em que Larissa, e por mais uma coincidência causada por Raul, as duas acabaram se esbarrando.

- Desculpe!

- Desculpe! – falaram ao mesmo tempo –

- Eu tava distraída. – a promotora sorriu meio sem jeito tirando os fones de ouvido. –
Me desculpe.

- Tudo bem... – Alicia a encarou – Acho que te conheço? – Larissa deu um sorriso amarelo – Você foi palestrante de um congresso de direito penal em que eu fui, no mar hotel. – arriscou-se.

- Ah, você é estudante de direito?

- Sim... – Alicia falou meio confusa. Usou o fato da Suelén para seu benefício.

- Desculpe não me recordo de ter visto você lá.

- Tudo bem... Diante de tantas pessoas presente se lembrar de um único rosto realmente seria pedi demais, mas estive na palestra – Alicia parecia meio confusa, apesar de saber exatamente o que fazer, ficou meio apavorada, sabia que os olhos atentos de Raul e seus capangas a vigiavam, ela não podia falhar.

Percebeu que a promotora estava se desvinculando da conversa, ofereceu sua companhia na corrida pelo calçadão. As duas logo iniciaram uma conversa amistosa, Alicia falava de sua vida, dizia ter se mudado apenas para poder estudar. Morava ali perto e não conhecia muitas pessoas na cidade. A promotora ouvia atentamente tudo que a loirinha lhe dizia, não pode deixar de observar o semblante calmo, a fisionomia delicada da garota de pele branca que aparentava ter uns 26 anos, os olhos castanhos um pouco apagados, um sorriso gracioso e um corpo atlético, Alicia percebia o olhar indiscreto de Larissa percorrer seu corpo. Depois da caminhada, as duas tomaram uma água de côco.
Alguns dias se passaram depois daquele encontro, Alicia ia sempre ao calçadão no mesmo horário, na esperança de encontrá-la. Os encontros apesar de parecerem casuais eram constantes, Larissa já simpatizava com a garota, as duas conversavam sobre todo tipo de assunto. Alicia apesar de ter apenas terminado o segundo grau parecia bem antenada nos assuntos do cotidiano, mas sempre que Larissa lhe fazia uma pergunta específica sobre o curso que a jovem dizia fazer, Alicia desconversava, com a desculpa de que estaria atrasada para alguma coisa, ou inventava outra desculpa qualquer. Para não correr o risco de ser descoberta, Raul a matriculou numa faculdade de direito, embora ela fosse as aulas só fazer a linha de universitária. Não tinha o menor interesse nas aulas, muitas vezes nem ia, conversava com outros alunos que também não tinham interesse em permanecer na aula e saiam para beber.


Depois de muito tempo aguardando a hora certa chegar, Alicia resolveu convidar Larissa para jantar, a morena tentou resistir, mas houve muita insistência de loirinha, e a promotora cedeu. Sentia-se um pouco insegura, pois fazia algum tempo que tinha terminado seu namoro com André, os dois tiveram um relacionamento longo, cerca de 2 anos, André conseguiu conquistar Larissa aos poucos, o problema foi quando Andre insistiu em dar um passo à diante. Queria se casar, mas Larissa não partilhava do mesmo desejo, por mais que gostasse do rapaz não o amava, ele sabia disso, Larissa acabou percebendo que sua sexualidade havia mudado mesmo. Depois do rompimento acabou se envolvendo com uma médica amiga de sua amiga Luiza. O relacionamento decolou até a morena descobrir uma traição de sua namorada. Grande foi sua decepção, já que se via realmente apaixonada pela garota, depois disso decidiu passar um tempo sozinha, não queria se envolver com ninguém, até que por ironia do destino apareceu àquela aluna que de forma encantadora estava conseguindo lhe conquistar.
Alicia sabia bem o que queria, vestiu uma roupa provocante, o vestido vermelho colado no corpo sem parecer vulgar, deixava bem amostra a silhueta perfeita. As duas foram jantar em um dos restaurantes que Larissa adorava, a noite foi bastante agradável, mesmo não prestando atenção as aulas, Alicia já conseguia falar um pouco mais sobre os assuntos que Larissa debatia referente ao curso de direito. Depois de algumas taças de vinho, os olhares começaram a ficar mais sinuosos, Alicia parecia ter criado uma coragem que lhe faltava, começou a acariciar Larissa de uma forma carinhosa, lançava-lhe olhares sedutores.

- Você é uma mulher muito bonita. – disse em quanto pousava a mão na coxa da morena.

- E você bem direta! – Larissa deixou um sorriso amarelo escapar no canto dos lábios

Alicia sorriu de forma ainda mais sedutora, finalmente conseguiu o que queria. Seguiram para seu apartamento.

- Você quer beber mais alguma coisa, tenho vinho, cerveja...

- Melhor não, eu ainda vou dirigir. – Larissa sentou-se no sofá menor que ficava de frente para o maior.

- E você acha que vai conseguir sair daqui ainda hoje? – Alicia sentou-se ao seu lado, deslizando os dedos pelo ombro da morena que sentiu os pêlos do corpo todo arrepiar, a loirinha tentava de tudo para seduzir a promotora, que já não tentava fugir das carícias oferecidas. A loirinha deslizava os lábios pela pele macia e frágil da morena, podia sentir o perfume delicado inebriar seus pensamentos. Tinha um motivo muito forte para estar ali, queria garantir seu futuro, e o futuro de seu filho, procurou não pensar em seus problemas, se ia mesmo fazer aquilo, iria fazer direito, nunca antes havia feito sexo com uma mulher, mas podia imaginar o que teria que fazer.
O beijo já as deixava sem ar...


- Vem pro quarto... Vem... – Alicia tentava carregar Larissa para o quarto, a morena tentava resistir.

- Ruth... Melhor não... Ainda não...

- Eu quero você... Agora... Vem... – toda a força de vontade de Larissa foi ao chão. Depois de ouvir o sussurro de Ruth queima-lhe o ouvido, foi se deixando guiar até o quarto.

A lourinha tentava não perder o contato entre os lábios e as mãos que já percorriam todo o corpo. Ambas se despiram de forma rápida, Alicia estava por cima de Larissa, beijando seus lábios, acariciando seus seios, a morena abriu as pernas e pode sentir o contanto dos sexos um roçando no outro, gemeu baixinho no ouvido da lourinha, ela pedia para que a tocasse, a loirinha apenas seguiu seus instintos. Deslizou a ponta dos dedos pela lateral do corpo da morena, passando por sua virilha e por fim, chegando ao seu sexo. Sentiu a umidade resultante de todo aquele contato, acariciava ainda mais arrancando suspiros e gemidos de Larissa. Introduziu um dos dedos a morena que pedia por mais... Alicia acelerava o ritmo de acordo com o que lhe era pedido ou quase ordenado. Larissa mordiscava o lábio inferior da loirinha, arranhava suas costas, chupava sua língua e pedia sempre por mais, até que Ruth sentiu o corpo da morena tremer, um gemido abafado pelas bocas ainda unidas, sentiu o gozo de promotora escorrer por seus dedos, a respiração ainda ofegante, deitou-se ao lado dela que ainda se recuperava..
- Minha vez... – Alicia ouviu um sussurro e antes de perguntar o que significava, sentiu a pele macia de Larissa roçar na sua, as mãos já percorriam cada centímetro.

- O que é isso? – disse um pouco assustada sentindo os toques de Larissa.

- Agora você é minha. – Larissa beijou a loirinha de forma sedutora, em quanto suas mãos acariciavam sua barriga, deslizou os lábios pelo pescoço, colo até chegar aos seios, segurando com uma das mãos, passou a língua no biquinho rosado, Alicia sentiu o corpo estremecer, apesar de querer parecer inerte aquele contato, era impossível não sentir o calor que emanava dos lábios daquela mulher. Larissa a tocava com desejo, sentia o corpo de a loirinha estremecer, isso a atiçava cada vez mais, os longos beijos abafavam os gemidos que Alicia produzia, tentou até resistir, mas ao sentir os dedos da promotora lhe penetrado vagarosamente deixou-se levar pelo momento, rebolava a cintura sincronizando os movimentos, não demorou muito para que chegasse ao ápice, o gozo veio forte e arrebatador, Alicia sentiu algo diferente, uma energia tomando todo seu corpo.


Antes de deitar-se ao lado da loirinha, Larissa deslizou os lábios pelo seu pescoço, acariciou a face branca e meio desfalecida da garota que ainda recuperava o fôlego, penetrando os olhos negros nos castanhos mórbidos, sorriu e a beijou, um beijo leve, calmo, doce. Deitou-se com o corpo praticamente colado ao dela, nada foi dito, apenas se aconchegaram e dormiram.

Já passava das 08h00min quando Larissa foi embora, despediu-se depois de convidar Ruth para um almoço, a loirinha aceitou satisfeita.
Depois de vê-la sair de seu apartamento, sentou-se no sofá, levou as mãos ao rosto, como se parecesse cansada, a verdade é que tudo parecia ter acontecido muito rápido, ainda estava tentando entender o que havia acontecido na noite passada, seus pensamentos foi interrompido pelo toque do seu celular.
- Pronto. – disse já sabendo de quem se tratava.

- Eu to indo ai. - a voz de Raul saia grave, parecia irritado.

- Não, eu não quero você aqui. – falou num tom alto, o que irritou ainda mais o homem do outro lado da linha.

- Como assim? – alterou o tom da voz

- Me espera no bar do Breno.. – fez uma pausa – confia em mim. – Raul não respondeu, desligou o telefone na cara de Alicia, depois de uns 10 minutos de espera, a loirinha chegou ao bar que os dois costumavam freqüentar.

Sem ao menos cumprimentar a mulher, Raul já pedia explicações, queria saber o que tinha acontecido.

- E então, o que houve, por que não me ligou?

- Ela passou a noite lá em casa.

- Disso
eu já sei, quero saber os detalhes. – Alicia explicou tudo, dando detalhes da conversa, apesar de meio desconfiado creditou na mulher.

- Muito cuidado, os próximos passos serão decisivos para mim e para você.

- Eu sei. É por isso que temos que chegar a um consenso, quando eu estiver com ela, não vou poder liga pra você, e nem atender suas ligações.

- Mas eu preciso saber de cada passo que você vai dar com ela.

- Eu sei Raul, coloque um de seus homens para nos seguir, mas um que seja discreto, quando eu não estiver com ela. Entrarei em contato com você. Já lhe dei provas suficientes de que você pode cofiar em mim, não acha? – Raul se pôs pensativo apenas fez um sinal positivo com a cabeça, antes de Alicia ir embora ele se aproximou dela, fez um carinho em seu rosto e a puxou para um beijo.
- Raul não pode ser tão indiscreto. – alertou a lourinha querendo se livras das carícias daquele homem.

- Eu sei, mas é só para você não esquecer que eu ainda sou seu homem. – ficaram alguns minutos em silêncio – Ela fode gostoso? – o homem não teve nenhum pudor ao fazer essa pergunta, deixando Alicia envergonhada, a loirinha levantou-se rapidamente e foi embora sem olhar para trás.

Os dias passaram tranqüilos, o plano de Raul funcionava perfeitamente, as duas já haviam se encontrado mais de 3 vezes.

- O que foi? – indagou a morena diante do olhar desconfiado de Ruth.

- Hoje já é a quarta ou a quinta vez que saímos... O que nos somos ficantes? – Alicia parecia séria.

- Isso é uma intimação? – indagou em tom de brincadeira.

- Sim Dra. Larissa. Nas últimas semanas estamos sempre juntas, você me apresentou a alguns amigos seus. Bem fiquei na dúvida em que posição ocupo em sua vida.

- Diante dos fatos apresentados, afirmo que estamos namorando. – a loirinha sorriu, tinha conseguido mais uma vez.

As semanas passaram tranqüilas, as duas ficavam cada vez mais próxima Alicia foi percebendo o quanto Larissa era carinhosa e presente em sua vida, às vezes chegava a ser um pouco ciumenta. Ciúme esse que gerava certas brigas que fazia pensar se tudo aquilo valeria a pena. Pensou em desistir, estava cansada, Raul com medo que a mulher desse para trás passou a ameaçá-la e para isso ele tinha um bom argumento.
- Ótimo... Claro que sim, isso vai ser muito bom.... – Alicia ouvia a voz entusiasmada de Raul ao telefone, enquanto saia do banheiro, caminhou até a cama redonda do motel barato em que costumava se encontrar com o amante.

- O que foi? – estava curiosa.

- Já esta tudo pronto – afirmou com segurança - vamos para o segundo passo.

- Quer dizer que.... – a mulher ainda processava as informações.

- Quer dizer que aquela vagabunda não perde por esperar. – sorriu.

Alicia pode sentir o ódio que Raul transparecia em seu olhar e nas palavras, sentiu uma pontada no peito – Seja forte Alicia, seja forte! – pensou.

- Vou te passar as coordenadas ainda essa semana, provavelmente vai acontecer na sexta. – Alicia ouvia atentamente tudo ele falava, tentou não expor sua aflição.

Alicia sentia-se cada vez mais pressionada por Raul.

- Quinta feira à noite, quando vocês estiverem saindo do restaurante, vou da um sinal, você vai saberá à hora certa de agir. – Raul repassava todo o plano com a amante.

- Certo.

- Cuidado para que ela não desconfie de nada, entendeu. – o homem pedia prudência a muito tempo esperava por aquilo.
- Eu sei. – depois de desligar o telefone, Alicia terminou de se arrumar para ir à faculdade. No caminhar pensava em como tinha chegado até ali, sempre pensou auto, desejou ter um futuro melhor, da um futuro melhor ao seu filho e se envolvendo com Raul, achou que seus sonhos poderiam se realizar. Depois de algum tempo descobriu que o homem nada mais era que o herdeiro do imperador do tráfico um criminoso inescrupuloso como seu pai, aquilo a assustava, isso a fez tomar medidas extremas. Muita humilhação sofreu. Raul não era homem de uma mulher, apesar de sempre mostrar um interesse maior pela bela loirinha de olhos castanhos, o homem não deixava de sair com outras. Alicia se via presa aquele mundo, já teria saído dele, se pudesse, mais algo mais forte a afundava ali, proteger seu filho de um pai como aquele valeria tudo, ali era mais que dinheiro que estava em jogo era a liberdade.

Já era quarta feira, ela havia passado a tarde toda no motel de sempre, acompanhada de Raul, repassando as últimas informações sobre o plano. Depois de toda a conversa os dois acabaram indo pra cama, já de noitinha Alicia acorda e vê várias ligações perdidas em seu celular.


- Todas dela... Que mulher grudenta, affz. – dizia em voz baixa.

- O que foi? – Raul despertava.

- Essa mulher que não me deixa em paz, quer saber sempre onde estou com quem estou
o que estou fazendo? Vivi desconfiada. – jogou o celular na mesinha ao lado da cama.

- Você não vai ligar pra ela?

- Agora não, estou sem paciência, te falei que estamos meio brigadas, ela é muito ciumenta. Ciúme de mulher é foda!

- Nem pense em por tudo a perder, não agora. Agüente a vagaba, logo, logo ela pagará por esse aborrecimento também.

- Pode deixar. Eu já vou.

- Me mantenha informado, ok?

- Certo. – Alicia se vestiu pegou um táxi e foi para casa.
Tinha inúmeros recados na secretaria eletrônica, todos de Larissa. A loirinha achou melhor retornar para evitar aborrecimento, ligou para seu celular pessoal, mas só dava caixa postal, ligou então para o escritório, a secretária informou que a mulher estava em uma reunião. Alicia ficou aliviada resolveu ir à aula, com o tempo a mulher acabou pegando gosto pelos estudos jurídicos não era das melhores alunas da tudo mais se mostrava bastante atenta nos debates em sala de aula. No intervalo tentou ligar novamente para a promotora. E nada, no fim da aula tomou uma atitude inusitada queria ver a morena, ainda soava estranho mais passa um dia se vê-la causava sentimentos estranhos, decidiu ir a sua casa.

- Oi. – Larissa abriu a porta e era evidente a tristeza que transbordava em seu olhar. Tinha tido um dia difícil, além da preocupação com o trabalho a morena estava meio adoentada.

- Oi, te liguei a noite toda, onde você estava? – disse Alicia dando um selinho na namorada.

- Aqui. – Larissa estava de pijama, e usava seus óculos de leitura, alicia percebeu que a morena parecia estudar.


- Eu posso entrar? – Larissa pareceu pensar um pouco antes de responder, até que fez um sinal positivo com a cabeça e deu espaço para que a loirinha entrasse. Antes mesmo que pudesse fechar a porta, sentiu dois braços lhe envolverem a cintura, Alicia a agarrou com força, fazendo com que ela batesse as costas na porta atrás dela.

- O que é isso Ruth? – disse um pouco espantada com a brutalidade da namorada.

- O nome disso é saudade. – a loirinha sussurrou em seu ouvido.
- Por que... Você... Não me atendeu? Te liguei a tarde inteira... – Larissa tentava juntar as palavras e formular uma frase, mas qualquer raciocínio se tornava difícil quando sentia os lábios da loirinha tocar sua pele, não obteve resposta, sentiu apenas a língua da mulher invadir sua boca, foi praticamente arrastada até seu quarto, as duas passaram novamente a noite juntas. A única saída que Alicia encontrou para não discutir com Larissa por causa de seu ciúme excessivo, foi assim, levando-a pra cama.

A morena andava muito estressada em seu trabalho, sentia-se pressionada, as ameaças constantes que vinha sofrendo estavam lhe deixando assustada. Sem contar à insegurança que sentia em seu relacionamento. Ruth estava agindo de forma estranha nos últimos dias, o que deixava Larissa receosa. A morena havia realmente havia se apaixonado, aquela mulher tinha conseguido despertar sentimentos adormecidos na promotora. Sentia um ciúme fora do comum o que ia contra sua personalidade. Larissa era contra algumas atitudes de Ruth, a loirinha era sempre irônica e direta, mas também muito exibida, Larissa sentia que um mistério rodear, seu olhar muitas vezes pareciam vazio. Há dois dias tinham saído para jantar, comemoravam três meses de namoro, Larissa aguardava a chegada de Ruth no restaurante que sempre freqüentavam, ao ver a loirinha entrando no restaurante sorriu, usava um vestido com um decote generoso e super colado no corpo, atravessou o salão arrancando suspiros e olhares sedutores dos homens que estava no ambiente. Deixando um rastro de perfume no ar, estava realmente super produzida. No meio do jantar Ruth recebeu uma ligação misteriosa, ficou muito nervosa quando Larissa perguntou quem era, afirmou ser apenas uma amiga da faculdade, queria saber sobre o seminário que iriam apresentar na semana seguinte.
Larissa tinha uma percepção aguçada, graças aos anos de carreira conhecia como alguém mentia, pelo menos na maioria das vezes, sabia que aquilo não passa de uma desculpa descabida principalmente diante no nervosismo diante de seu questionamento. Alicia ficou nervosa, seu tom de voz mudou, as palavras saiam sem segurança, à morena exigiu a verdade, a coisa que mais abominava era a mentira. Com a falta de argumentação da namorada tirou suas próprias conclusões avaliando o contexto regido pelo comportamento indiferente da namorada nas últimas semanas, o ciúme a cegou passou a fazer insinuações. Alicia para não perde a pose deu uma de ofendida, saindo do restaurante aos prantos. Larissa recriminou sua atitude, agiu como se tivesse interrogando um réu, por mais que tentasse o sentimento que sentia por Ruth aumentava assim como seu medo de perdê-la, o que muitas vezes fazia agir como uma adolescente insegura. Pagou a conta e tentou acompanhar a namorada.
Em casa a mulher mal falava. Fingia de magoada para aumentar o sentimento de culpa na morena.

- Precisamos conversar Ruth. – Larissa falou em quanto se sentava na cama e apoiava as costas em um travesseiro.

- Sobre?

- Eu sinto as coisas diferentes de uns dias pra cá. – Alicia sentiu que a mulher estava triste, e que se não contornasse a situação, poderia por os planos em risco.
- Você anda muito pilhada com essas ameaças que vem sofrendo, e sem querer desconta tudo em mim. – fez uma carinha angelical, Larissa baixou a cabeça, tentando não encarar a loirinha, mas Alicia segurou seu queixo com força para que não perdessem o contato visual – Você precisa se acalmar, eu não sou sua inimiga, vamos parar de brigar por bobagem, quero ficar bem com você. – Larissa sorriu depois de ouvir as palavras de Ruth, voltou a beijá-la de forma carinhosa e doce.

Três dias depois eram quase 19h00minhs da noite, Larissa pega o telefone e liga para Ruth.

- Oi linda, onde você esta? – a morena ouviu um grande barulho no fundo, imaginou logo a namorada poderia estar numa festa ao invés de ter ido à faculdade.

- Estou na faculdade, o professor de direito civil não veio, estou com aula vaga. – explicou-se – Aqui esta uma loucura, os meninos estão vendo o jogo do Sport, tá ouvindo o barulho amor? – Larissa não conseguia ouvir muito bem o que a mulher havia dito, pois realmente estava muito barulhento, antes de responder ouviu a loirinha dizer – Pensei em você vir me buscar.

- Vou sim me dá 30 minutinhos que já chego ai.

- Ótimo, quando chegar me dá um toque que te encontro na entrada.


Larissa desligou o celular, não via a hora de estar novamente nos braços da loirinha, estava com saudades. A morena andava meio apavorada, outrora pensou estar sendo seguida quando saia do fórum, chegou ao ministério público muito assustada, pediu a segurança para levá-la até em casa. Foi tomar um banho rápido, queria encontrar-se logo com Ruth, cada dia que passava se sentia mais apaixonada, embora Ruth tivesse um ar de mistério, só aguçava ainda mais o interesse da morena. Vestiu um jeans básico e uma camiseta estilo nadador, algo bem casual, dispensou a maquiagem, nada mais que um batonzinho, passou as mãos nos cabelos, tinha dificuldade de prender os fios finos e lisos, sempre acabavam voltando a cobrir seu rosto.
Larissa admirou sua imagem no espelho, aos 32 anos não estava nada mal, as corridas na praia e os 3 dias de musculação estavam lhe dando um resultado mais que satisfatório.

- Pronto. – disse ela ainda admirando sua imagem refletida no espelho. Pegou a bolsa e a chave do carro, mesmo receosa preferiu dispensar o motorista, se tudo desse certo, dormiria na casa de Ruth, lá já existiam algumas roupas suas, que poderia usar para ir trabalhar. O percurso era curto, 10 minutos depois, a morena já estava na faculdade.

- Merda, por que você não atende Ruth? – resmunga Larissa, não vendo resposta pelo celular, a morena decide ir ate a recepção para obter informações – Olá, boa noite!

- Boa noite, em que posso ajudá-la? – fala a recepcionista educadamente.

- Bem, queria saber onde fica a sala do primeiro período do curso de direito.

- Fica no bloco C, só que temos duas turmas do primeiro período. – Larissa fica pensativa, pois não se lembra qual era a turma exata da namorada.

- Bem, na verdade estou procurando uma aluna, o nome dela é Ruth Lima. – a secretaria digita o nome no sistema da faculdade, e não encontra nenhuma Ruth Lima na sala um. – Bem senhora não tem nenhuma aluna como esse nome no 1ª.

Automaticamente Larissa deduz que ela deve ser da sala 1B. Agradeceu a moça e saiu. Muitos alunos transitavam pelos corredores, Larissa seguiu até o segundo piso, estava meio sem jeito de chegar na sala da namorada, seus pensamentos foram rompidos por uma barulhada que vinha da lanchonete no andar de baixo.

- Cazá..cazá..cazá... a turma é mesmo boa, é mesmo da fuzaca.. Sportttt...Sporttttt...Sporttttt.... – homens e mulheres gritavam comemorando a vitoria do time.
Movida pela curiosidade ela seguiu o som, logo reconheceu a loira que estava no meio dos alunos, vestia uma calça cigarrete bem colada ao corpo que deixava bem exposto as coxas bem torneadas. Larissa sabia da paixão da namorada por futebol inclusive por esse time, se viu obrigada a levá-la em inúmeros jogos. Foi se aproximando, observa a loirinha que bebia e gargalhava com alguns amigos, tinham mais duas garotas ao seu lado que pareciam comemorar também. Alicia percebeu a presença de Larissa, fez sinal para que ela se aproxime, antes mesmo de cumprimentá-la a loirinha lhe agarrou feliz da vida, dando-lhe um beijo cinematográfico deixando todos principalmente os homens boquiabertos.

- Ganhamos linda! – gritou eufórica, Larissa sentiu-se envergonhada, boa parte das pessoas a observava, uns com olhares sarcásticos, outros sorriam.

- Vamos! – disse ela baixinho sem conseguir encarar as pessoas, já que Larissa sempre tentou ser o mais discreta possível, o que contradizia algumas atitudes de Ruth, que não parecia se preocupar com a opinião de terceiros.

- Não, vamos comemorar, vou te apresentar alguns amigos.

Alicia não aguardou a resposta, saiu puxando Larissa pela mão apresentou todos os seus amigos, a maioria homens, a verdade é que mesmo sem querer, a loirinha chamava atenção, para desgosto da morena que morria de ciúmes. Algumas amigas de Ruth a convidaram para dar um pulo no barzinho que ficava na mesma rua da faculdade, quase no fim do quarteirão, não adiantou relutância a promotora não conseguia se impuser pelo menos quando se dizia questão a Ruth.
Larissa acabou se divertindo, os amigos de Ruth eram animados, depois de muita bebida e muita conversa jogada fora, Alicia começou a perceber uns olhares indiscretos de um dos seus colegas para Larissa. O homem teve a cara de pau de lhe pedir para que apresentasse à morena.

- Lary, vem aqui, por favor. – Larissa se aproximou ficando ao lado da loirinha – Quero te apresentar um amigo. – a morena apenas sorria. – Esse aqui é o André, André essa aqui é minha NAMORADA. – frisou, o garoto deixou um sorriso amarelo transparecer, logo deu uma desculpa e saiu de perto das duas. Alicia puxou a morena para mais perto, depositou um beijo longo em seus lábios, enchendo os marmanjos de inveja de ambas as partes.

- Te adoro... – sussurrou Alicia no ouvido da promotora, fazendo ela se derreter – To morrendo de saudades. – a morena ficou com cara de boa

- O que foi aquilo? Não entendi você querendo me apresentar aquele tal de André, inclusive o nome no meu ex. – brincou Alicia não pareceu gostar.

- Aquele idiota teve a audácia de pensar em dar em cima de você. Mostrei pra ele que você é minha, para ela não se meter a besta de novo. – voltaram a se beijar, um beijo quente, forte, que já parecia não ser o suficiente.

- Vamos pra outro lugar. – sussurrou no ouvido na morena.

Alicia nunca esperava uma resposta da mulher, saiu puxando a morena para o estacionamento que ficava na rua ao lado do bar, empurrou Larissa no carro, jogando todo seu corpo contra o dela. Suas mãos já passeavam por todo o corpo da promotora, beijava, lambia seu pescoço, Alicia tentou ser convincente fazendo Larissa achar que estava com ciúmes, mas não foi nenhum esforço, mesmo não querendo, sentiu uma pontada ao perceber os olhos indiscretos e maliciosos do rapaz desejando o corpo da morena, talvez estivesse levando as coisas a sério de mais.
- Quero você! – Larissa sussurrava no ouvido da loirinha, á estimulava e obtinha sucesso, Ruth apertava o corpo da mulher contra o seu, roçava a coxa entre as pernas ela delirava de desejo. – Amor... – por um instante Larissa tentou conter a namorada, embora estivesse adorando tudo aquilo, seus olhos avistaram um casal de idosos que observavam a cena da sacada do primeiro andar. – Parar amor. – falou Larissa com a voz mais séria.

- Gostosa. – Alicia parecia não ouvir as súplicas da namorada, continuava lhe beijando, tocando, apertando. – a fisionomia do casal ficava cada vez pior, só pelo jeito de olhar, era possível imaginar o que se passava em suas mentes.

- Tem gente nos olhando. – Larissa disse já se desvinculando dos braços da loirinha. Alicia lançou um olhar para a sacada onde o casal permanecia perplexo observando as duas mulheres se agarrando de forma tão escandalosas.

- Bando de urubus, não tem o que fazer? – gritou, era perceptível sua alteração devido à quantidade de álcool ingerida. O que não justificava sua atitude grosseira, Larissa tentou conter a namorada, em vão, a mulher continuava olhando para os velhos, fazia caretas e gestos obscenos com as mãos, gritava palavrões.

- Que horror Ruth, o que deu em você? – Larissa aparentava uma irritação – Isso é jeito de falar com duas pessoas idosas, cadê o respeito? – abriu a porta do carro e fez sinal para que a loirinha entrasse.

- Você não é minha mãe para me dar lições de moral, doutora certinha. – a loirinha tinha um dom do deboche.
- Você não entende que não podemos expor as pessoas a esse tipo de constrangimento? – Larissa iniciou um discurso, recriminando o comportamento inapropriado das duas, deixando a namorada ainda mais irritada.

- Se você se envergonha com meu comportamento inapropriado, me diga doutora, por que ainda esta comigo? – praticamente cuspiu as palavras.

- Eu não tenho vergonha de você, não tente por palavras em minha boca Ruth. – amenizou o tom – apenas quero que entenda não podemos esquecer que sou uma pessoa pública, sou uma representante da sociedade, e por mais que a sociedade venha melhorando, os relacionamentos homossexuais ainda não são bem vistos. Meu trabalho exige de mim certa descrição em minha vida pessoal, te alertei quando começamos a nos envolver, não quero discutir por isso, mas preciso que você entenda meu lado. – sua voz saia doce, ponderada, apesar de entender o que lhe estava sendo explicado, a vontade de Alicia era esbravejar tudo que estava sentindo, pouco se importava com as opiniões alheias, mas sabia que aquele não era um momento para brigas.

- Desculpe. – disse cabisbaixa.

- Vem, vamos pra casa. - Larissa colocou um ponto final na conversa.

Saiu do estacionamento em silêncio, Larissa dirigia tranquilamente, seguia a direção da casa de Ruth, Alicia permanecia calada, observava-a seus gestos delicados, a expressão calma – Como ela fica linda quando esta concentrada!- pensou, e em um gesto involuntário acariciou o rosto da morena, por todos esses meses ao seu lado, mesmo sem querer, criou certa afeição a promotora.
Deslizava as pontas dos dedos sobre a pele morena, sentiu um desejo invadir seu corpo.
- Entra a esquerda na próxima rua. – ordenou, lançando um sorriso safado.

- Pensei que fossemos para casa? – Larissa fez uma cara de surpresa ao perceber que na rua em que acabara de entrar havia uma placa gigante indicando um motel. Deixou um sorriso meio bobo escapar pelo canto dos lábios.

Antes mesmo de fechar a porta do quarto, Larissa pode sentir o os braços de Ruth a envolverem em um abraço apertado.

- Eu quero você... Só para mim. – Larissa pode sentir os pêlos de o corpo arrepiar com o sussurro quente em seu ouvido, as duas seguiram o caminho até a cama, tropeçando-nos poucos móveis que havia no quarto, Alicia era ágil, despiu a morena antes mesmo de chegar a cama. Larissa sentiu seu corpo ser jogado na cama e logo depois, sentiu o peso do corpo de Ruth sobre o seu, a loirinha beijava seus lábios com força, com vontade, com uma das mãos afastou as pernas da morena, para que pudesse se encaixar, pode senti o sexo molhado da promotora roçar no seu.

- Como você consegue ser tão linda!– parou por um momento, para admirar a beleza incontestável de Larissa, voltou a acariciar seu rosto, contornando o formato de seus lábios com a ponta dos dedos, para no final depositar um beijo doce, suave, lento. Larissa sentia Ruth diferente, estava mais carinhosa, embora a mulher adorasse se a ativa da relação seus toques estavam mais delicados, prazerosos até, as duas passaram horas naquela cama. Aproveitaram a banheira gigante que havia no quarto e se deliciaram em um banho cheio de malícia. Larissa estava sentada com as costas apoiadas na banheira, Ruth sentada na sua frente, os corpos encaixados, totalmente submersos na água transparente, a morena depositava beijos no pescoço da namorada, acariciava sua barriga com uma das mãos, e com a outra afagava seus cabelos, era um momento de total entrega, não só para Larissa, mas para Alicia também. Naquele momento ela decidiu não lutar contra nenhum sentimento, se deixou envolver pelos carinhos da morena.
Com os olhos fechados e a cabeça apoiada no ombro de Larissa, sentiu os dedos da morena traçarem um caminho vagarosamente até o centro de seu corpo, tocando-a carinhosamente, gemeu baixinho ao sentir a morena penetra-lhe, os movimentos eram lentos.

- Que tortura! – foi mais um desabafo da loirinha, sentido a outra mão de Larissa acariciar-lhe o seio esquerdo, apertava o biquinho, apalpava-o, ao mesmo tempo em que acelerava as entocadas, Alicia gemia baixinho, tentando aproveitar cada segundo daquele momento, e por mais que tentasse prolongar aquelas sensações seu corpo já estava pronto para explodir em um gozo intenso.

Voltou a relaxar o corpo, ainda meio tenso, passaram mais algum tempo dentro da banheira. Alicia já estava sentada na cama, olhando pro nada, quando viu Larissa entrar no quarto, usava um roupão branco, a morena estava de costas, não percebeu que a loirinha olhava, deixou o roupão deslizar por suas curvas perfeitas até cair no chão, Alicia admirava o porte atlético da promotora, sentiu uma pressão em seu sexo. Seguiu seus instintos.

- Psiu! – despertou a atenção da morena que lhe lançou um olhar curioso – Vem cá! – parecia mais uma ordem do que um pedido, ordem essa que Larissa acatou, deu passos lentos até chegar a Alicia, sentiu novamente seu corpo ser bruscamente jogado na cama.

- Eu não consigo resistir a você! – mal sabia Larissa que aquilo era uma confissão – Alicia abriu as pernas da morena e se posicionou entre elas, escalou as coxas de Larissa depositando beijos, lambidas, mordidas.... Á promotora gemeu alto ao sentir a ponta da língua de Ruth contornar o formato de seu sexo que já pulsava de desejo.
- Adoro quando você me chupa... – foi a ultima frase que Larissa conseguiu dizer, depois disso, a única coisa que se ouvia eram os gemidos altos da morena, pedindo cada vez mais. Sentiu a língua de a loirinha invadir-lhe, mexia o quadril de acordo com a velocidade determinada por Ruth que a chupava com vontade, com desejo, e ao mesmo tempo com doçura. Alicia lhe proporcionava um prazer antes nuca sentindo, penetrava a língua e massageava seu clitóris com a ponta dos dedos, alternando os movimentos, rápidos e fracos, não demorou muito para sentir o corpo da morena estremece, entrando em um orgasmo demorado.

Alicia agora admirava o rosto da namorada, completamente satisfeita, escalou seu corpo, distribuindo beijos, procurou seis lábios. Larissa a beijou, um beijo apaixonado, cheio de desejo, mas ao mesmo tempo ternura, ficaram um pouco ali, depois a lourinha pediu para irem para casa não queria dormi naquele quarto de motel, queria o aconchego do apartamento da morena onde praticamente morava já que passava mais tempo lá do que na sua própria casa.
Uma semana depois


Os planos de Raul tiveram que ser interrompidos, pois havia a necessidade de voltar toda a sua atenção para um grande carregamento de drogas que estava para chegar da Colômbia. Depois de tudo resolvido, Raul voltou a pressionar Alicia, os dias foram tensos, já que o homem começou a duvidar do envolvimento da mulher com a promotora, seus instintos criminosos o mandavam agir o mais rápido possível.

- Sem desculpas! – gritava o homem – Quero pega aquela vadia o quanto antes. – a voz de Raul sai em tom de fúria, praticamente cuspia as palavras – E você vai fazer o que estou pagando para fazer, vai trazê-la para mim.

- Eu já sei. – a voz de Alicia saiu apreensiva – Mas é muito arriscado, ela é uma mulher conhecidíssima, principalmente por aquela área, ela conhece pessoas muito influentes, pior, são seus amigos íntimos. Juízes, promotores, advogados, delegados. Você não tem noção. – tentava contra argumentar. – Todos sabem que estamos namorando Raul, a primeira pessoa que vão procurar serei eu.

- Por isso mesmo você vai estar com ela, para que não desconfie, você ira levá-la até o pagode na barraca do Damião, bem distante do bairro dela, ninguém vai saber do paradeiro de vocês, não vamos te envolver nisso. As pessoas nunca vão descobrir ligação alguma entre nós!

- Se você a quer morta, por não matá-la de uma vez, sem isso de seqüestro.

- Já disse que não. – gritou perdendo a paciência – Eu quero a vê-la sofrer, uma morte rápida seria como um presente comparado à dor que ela me causou, não... – os olhos de Raul refletiam um ódio surreal, Alicia sentiu um nó na garganta.

- Tudo bem. – disse, querendo acabar com aquela discussão.

- Amanhã não passa Alicia.
Alicia voltou para casa pensativa, começou a duvidar, não tinha absoluta certeza do que queria fazer apesar de todo o crime ser premeditado, cada passo friamente calculado por Raul, só agora conseguia enxergar o que realmente aconteceria á Larissa, por um lado pouco se importava ao que aconteceria a ela, mas por outro lado... Preferia não pensar, era apenas fazer o que lhe fora determinado e tudo ficaria bem. Evitou falar com a morena naquela noite, precisava ficar um pouco sozinha, dias difíceis estavam por vir. Apesar de conseguir aparentar uma ingenuidade em suas expressões para Raul e Larissa, Alicia tinha seus planos, ainda secretos. Detalhou um plano em sua mente, cada passo que daria depois do seqüestro, é claro que não tinha plena confiança em Raul, então fez um plano B para si afinal era sua liberdade também que estava envolvida. Na manhã seguinte finalizou alguns detalhes, ignorou todas as ligações da morena, isso era parte da tática que usaria para atraí-la até o pagode. Na periferia da cidade.

A promotora por sua vez, não entendia o porquê da namorada não atender suas ligações, depois de uma longa insistência, resolveu deixar os problemas particulares de lado, e se focou no trabalho. O dia foi corrido, as horas passaram rápidas, o escritório estava praticamente vazio, o silêncio e a tranqüilidade foram interrompidos quando seu celular pessoal tocou. Um sorriso se formou em seus lábios ao ver o nome de Ruth no visor.
- Alô!

- Oi.

- Tudo bem com você?

- Depende do ponto de vista do que você considera bem. – Larissa riu, se divertia com o humor de Ruth.

- Tentei falar com você o dia inteiro.

- Pois é! Esqueci o celular em casa, fui assistir a um julgamento com alguns amigos da faculdade. Atividade complementar você sabe.

- Sério? Que bom amor. Algum colega que eu conheça? – Alicia queria cortar o papo, quanto mais rápido agisse, melhor – Ruth, ta me ouvindo?

- Tô linda, onde você esta?

- Ainda no escritório, acredita?

- Imaginei.

- E você, onde esta?

- Em casa, mas combinei com algumas amigas de ir a um pagode, estou precisando relaxar, dizem que é muito bom, pensei que talvez você quisesse me encontrar lá.

- Pagode amor!? – criticou a loirinha – Em plena a quarta feira você vai para um pagode, e a faculdade?

- Semana de prova linda, vou lá rapidinho, faço a prova e te espero no pagode, que
tal? – apesar de querer parecer segura, sua voz saia um pouco tremula.

- Tá bom, e me diz, onde fica esse tal pagode.



Alicia passou o endereço. Duas horas depois, Larissa torceu o nariz quando chegou ao lugar, sabia dos lugares que a loirinha costumava freqüentar, mas aquele lugar era o fim da picada. Alicia ficou tensa quando viu o carro de Larissa chegando, Raul que estava próximo, afastou-se imediatamente. Um segurança apareceu, abrindo a porta para que a promotora descesse, Alicia lançou um olhar atônito em direção a Raul, que também ficou surpreso. A morena caminhou na direção da loirinha.
- Você se superou? – falou a morena abismada com a precariedade do lugar, sem falar nas pessoas, Alicia deixou um sorriso amarelo transformar em uma expressão preocupada.

- Vem, vamos sentar!

- E suas amigas, onde estão?

- Acho que me deram um bolo.

- Espera! – Larissa deu uma olhada ao redor, percebeu olhos indiscretos seguindo seus passos, sentiu-se mal – Não podemos ficar aqui. – os olhos atentos de Alfredo observavam cada movimento dentro do bar.

- Mas o pagode nem começou. – Alicia tentou demonstrar uma certa irritação – Larissa olhou a sua volta, algo lhe incomodava, Alicia estava vestida de forma um tanto vulgar, vários homens lançavam olhares de cobiça em direção a loirinha.

- Vamos embora Ruth, eu não vim pra ficar, vim para te buscar.

Alicia estava nervosa, sabia que Raul e seus capangas estavam atentos a seus movimentos, além de tudo, ainda tinha o tal de Alfredo, que seguia as duas como se fosse um urubu em busca de comida.

- Quem é ele?

- Meu segurança.

- E precisa andar com ele pra todos os lugares? – Alicia não conseguiu deixar o nervosismo de lado, as coisas não saiam como planejado, pra piorar seu celular tocou.

- Não vai atender? – Alicia se afastou um pouco, deixando Larissa irritada.
- Você esta louco? – Alicia sussurrava

- Siga o plano. – disse o homem

- Você esta cego, não esta vendo o brutamonte que esta com ela?

- Olha aqui sua cadela, se você não quiser morrer junto com essa vadia, é melhor seguir o plano, deixa que do idiota meu homens cuidem. – ele desligou o telefone sem deixar que Alicia argumentasse.

- Quem era? – Larissa perguntou deixando a namorada sem jeito.

- Uma das meninas, confirmando o que já estava claro, elas não vão vir. Podemos ir. – caminhou na direção do carro de Larissa, deixando a morena sozinha dentro do bar – Vamos embora seu imbecil. – queria descontar sua raiva agredindo o segurança, já que as coisas não haviam saído como o planejado.

- Fale direito com ele Ruth, isso são modos?

- Esse idiota é pago pra quê?

- Ele não é um idiota tão pouco seu empregado, já esta na hora de você aprender a respeitar as pessoas. – as duas já estavam dentro do carro, sentadas no banco de atrás, Alfredo deu a volta no carro e entrou também – Podemos ir Alfredo, e me desculpe pelos modos dela.

- Sem problemas doutora.


Alfredo não estava preocupado com a discussão entre as duas, seus instintos o mandavam ficar em alerta, tinha algo de errado naquele lugar. Alicia estava nervosa, queria sair dali o quanto antes, não seguiria o plano, temia por sua própria segurança, Larissa parecia não desconfiar de nada. Havia algo de errado desde que tinham saído do bar, percebeu que um carro fazia o mesmo percurso que eles, não conseguia ver com clareza o condutor do veículo, resolveu fazer um teste. Mantinha o carro em uma velocidade amena, tomou uma rua a direita, suas suspeitas se concretizaram, de fato estavam sendo seguidos.
- Algum problema Alfredo. –indagou Larissa ao ver que o homem tinha tomado um trajeto diferente, Alicia estava em alerta, Alfredo não respondeu. – Alfredo! – Larissa voltou a chamá-lo.

- Estamos sendo seguidos. – falou em um tom grave

- Como assim? – Larissa olhou para trás e pode ver um carro preto sem placa os seguindo –

Alfredo aumentou a velocidade, a perseguição começou gerando medo nas duas mulheres. Alicia começou a entrar em pânico, sabia da fama de Raul, tinha em mente suas palavras ameaçadoras, seu nervosismo deixou Larissa ainda mais agitada. Não houve tempo para mais nada, Alfredo fazia movimentos bruscos de um lado para o outro, entrando e saindo de ruas e becos, chegaram a Av. Boa Viagem. Alfredo resolveu arriscar, diminuiu a velocidade, ficando lado a lado com o carro, um homem mascarado saiu pela janela do banco de trás, tinha uma pistola na mão.

- Encosta a porra do carro! – gritou

Alicia estava apavorada, começou a gritar dentro do carro, Larissa estava com medo, embora tentasse manter a calma, Alfredo parecia inerte aos gritos de Alicia e as perguntas de Larissa que insistia em saber o que ele ia fazer. O homem encapuzado disparou três tiros contra o carro, causando ainda mais pânico, porém por sorte o carro era blindado, Alfredo agiu com precisão, girou o volante do carro fazendo o veículo colidir com outro, os dois carros invadiram o calçadão por alguns metros assustando os caminhantes, o segurança guiou o carro de volta a pista, conseguiu despista os bandidos. Alicia esta com os nervos a flor da pele, sabia do que Raul era capaz, Alfredo acelerou o carro de forma inexplicável, minutos depois já tinham chegado a casa de Larissa, Alicia já parecia mais calma, pois sabia que ali, Raul não ousaria tentar nada contra as duas.
- Melhor mandar reforçar a segurança. – alertou o homem.

O corpo de Larissa estava tremulo, embora já tivesse sofrido inúmeras ameaças, nunca tinha lhe acontecido nada parecido, temia pela segurança da namorada. Alicia por mais que tentasse não conseguia se acalmar, Alfredo a levou nos braços para o apartamento da morena, Larissa efetuou alguns telefonemas, de imediato foi enviada uma viatura policial para a porta do seu prédio, ainda não consegui raciocinar direito, ligou para Luiza e pediu para que viesse, em menos de meia hora ela já estava lá.


- Como ela esta? – perguntou a morena ainda aflita

- Calma, ela vai ficar bem, tomou um calmante e já estava quase dormindo, mas e você, como esta? – Larissa abraçou a amiga com carinho, sentiu o sabor salgado das lagrimas que lhe tomavam todo o rosto, uma angustia tomava seu corpo.

- Não queria fazê-la passar por isso, ela não merece. – sua voz saia tremula.

- Você precisa tomar mais cuidado, graças a Deus que não aconteceu o pior.

- Sempre sofro ameaças. – disse se afastando e enxugando as lágrimas, se aproximou da varanda - Só que não passavam de ameaças. – respirou fundo em quanto parecia admirar a vista de sua varanda, Isa se aproximou, segurando suas mãos a puxou até o sofá fazendo com que ela se sentasse, podia sentir o corpo de Larissa tremer, seus batimentos estavam acelerados, aquele angustia estava lhe sufocando – Quando escolhi essa área, sabia dos inimigos que poderia adquirir, mesmo assim dediquei à vida inteira a essa área, me sinto completa profissional e pessoalmente. Não vou deixar que esses vândalos... – disse em um tom forte e seco, demonstrando sua indignação - Me tirem ou destruam o que passei minha vida toda construindo.
- Tenho muito orgulho de você sabia! – disse Isa voltando a abraçar sua amiga que se tornou uma irmã – Você não quer ir lá pra casa, parece ser mais seguro?

- Te agradeço do fundo do coração, mas não vou levar meus problemas para sua casa. Não quero incomodar sua família, você e a Duda têm duas crianças não posso expo a isso.

- Lary...

- Não se preocupa, estou com segurança, a Ruth também, já mandei descobrirem quem sãos os autores desse atentado. – Larissa parecia decidida, Isa não insistiu mais, recomendou descanso para as duas. Larissa ainda vagou pela sala, andou de um lado para o outro, não tinha sono, caminhou até o quarto e viu Ruth deitada na cama, seu semblante tranqüilo, parecia não ter passado por toda aquela aflição.

Nos dias que se seguiram a promotora adotou um forte esquema de segurança, Ruth não ficou imune, ainda amedrontada pelo acontecido mal saia do apartamento de Larissa, na verdade ela sentia medo do Raul, sabia do que ele seria capaz se a encontra-se, deixava o celular desligado, faltou as aulas por mais de uma semana, iria deixar a poeira baixar e o ódio de Raul diminuir, também tinha medo de levantar suspeitas diante de Larissa e de todos os seguranças e policiais que estavam por perto.

Duas semanas depois, Marcos o segurança destinado a Ruth a deixou na faculdade, assim que entrou no campus, pediu para que ele a esperasse na entrada da faculdade, sabia, ou ao menos imaginava que Raul não ousaria ir lá. O segurança não gostou muito da idéia, mesmo assim acatou a ordem. Alicia andava calmamente pelos corredores da faculdade, entrou no bloco C, e antes de chegar a sua sala, sentiu alguém lhe puxar violentamente pelo braço. Tentou gritar, mas sentiu uma mão tampar sua boca, abafando seu grito, seus olhos estavam apavorados, a imagem de Raul a sua frente a fez suar frio.
- Sua vagabunda, fica caladinha, sem alarde se não você morre aqui mesmo. Vem comigo. – o homem tinha uma expressão de fúria, o ódio transbordava de seus olhos, saiu arrastando Alicia para o estacionamento.

- Parar Raul, parar... Eu não sabia! – pedia em quanto tentava se desvencilhar dos braços de Raul, o homem lhe deu dois tapas, um de cada lado do rosto, a jogou contra um carro, segurou seus braços com força, apertando seu pescoço com a outra mão a mulher estava quase perdendo o fôlego. – Parar! – implorou. Raul a soltou começou a xingar a mulher.

- Vadia desgraçada, vaca, sua...sua – aproximou-se novamente da loirinha completamente amedrontada, segurou seu queixo com força - .. Sua puta! Você não passa de uma puta. - Alicia ouvia a tudo calada, não reagia as agressões para não piorar a situação, o homem continuava distribuindo um festival de palavrões em cima dela. Quando se deu por satisfeito começou a andar de um lado para o outro, sentia os olhares indiscretos das pessoas ao redor, por um instante percebeu que estava fora de si. Foi recuperando o controle.
Alguns alunos se aproximaram do pátio, um deles cumprimentou Alicia, Raul se afastou.

- Melhor você ir embora, ela me obrigou a andar com segurança, e ele deve estar por perto. Pense bem, não posso levantar suspeita, ela acionou a polícia, eles já me conhecem, me interrogaram Raul.

- Isso só aconteceu por que você deu pra trás sua...

- Pensa no que você ta dizendo seu idiota, quem atrapalhou seus planos foi o segurança dela, não eu, fiz tudo como você pediu. Agora como ia imaginar que aquela vadia ia levar um segurança, não podia fazer nada se não da uma de assustada, foi até bom que agora ela esta ainda mais na minha mão.

- Não é o que parece galega, você não fez o que mandei fazer.

- Raul, assumir que deu tudo errado não vai te fazer menos homem, o erro não foi meu e você sabe disso, melhor desiste em quanto é tempo. – a loirinha deixava as palavras denunciaram seu temor.
- Não ouse me trair sua vagabunda, você sabe do que eu sou capaz. – disse encarando o olho apavorado da loirinha aproximou os lábios do ouvido dela, grudou seus corpos – Se você não fizer o que te mandei, eu mato aquela vadia na sua frente, depois mato você! – Alicia sentiu seu corpo inteiro tremer – Raul foi embora, Alicia sentia dor e angustia se espalharem por todo o corpo, foi ao banheiro, se recompôs, e voltou à sala, já tinha perdido o primeiro horário, entrou na sala e não cumprimentou ninguém, uma de suas amigas lhe perguntou se estava tudo bem.

- Tá! Tá! – cuspiu a resposta, sua expressão deixava bem claro que não estava a fim de conversar.

- Vamos na lanchonete você parece nervosa! – Marcela falou baixinho, a frase saiu mais como um pedido, Alicia acompanhou a amiga até a cantina, a garota aparentava uma timidez que chamou a atenção da loirinha. Alicia sentia que a garota lhe inspirava confiança o que para a loirinha era raridade. Alicia sempre foi uma mulher fechada, aprendeu a lhe dar com todo tipo de gente, era expansiva com as pessoas, mas não confiava em ninguém, tinha problemas em ter verdadeiros amigos, suas experiências de vida já tinham lhe ensinado que devemos confiar desconfiando. Mas com Marcela era diferente, as duas tiveram uma empatia logo de cara, era uma das poucas pessoas com quem Alicia falava, tinham a mesma idade e muitos gostos semelhantes. Marcela vinha de uma classe social mais privilegiada, o que não deixou a jovem se deslumbrar com a riqueza que possuía, ao contrário travou uma luta imensa contra o sistema.
- Ei, esta tudo bem mesmo?

- Sim! Não pareça bem.

- Boa resposta! – falou meio sem graça – Alicia, o mistério em pessoa! – a ruivinha mantinha um tom de brincadeira.

- Já pedi para me chamar de Ruth. – repreendeu a ruivinha com seriedade na voz.

- Desculpe. Embora Alicia é um nome bem mais bonito. – sorriu.

- Se lembra que te contei que eu e Larissa sofremos um atentado?

- Claro, você ainda tá meio assustada com o que aconteceu não é?

- Sim, bastante!

As conversaram sobre outros assuntos, Alicia se distraiu um pouco, Marcela parecia uma ótima pessoa, e procurou não tocar novamente no assunto do atentado. Depois da aula, Alicia encontrou Marcos na entrada da faculdade.

- Tudo certo senhora Ruth?

- Sim me leve para minha casa. – ordenou.

Alicia resolveu ir para seu próprio apartamento, precisava de um tempo sozinha, ficou muito tensa depois do encontro com Raul. Sentia uma raiva por tudo ter dado errado, sabia que não duraria muito sendo um desafeto de Raul, sentia raiva de Larissa que não a informou que viria com um segurança, não iria mudar de idéia em relação ao seqüestro, mas sabia que de uma forma ou outra seria prejudicada, enfim, não tinha muitas alternativas.
O Seqüestro.

Sábado, as 19h00minhs da noite.


- Vamos lá amor, dar aquela corridinha no calçadão? – Larissa parecia animada.

- Já disse que não Lary, tô com cólica.

- Você esta é com preguiça isso sim. – se aproximou da loirinha, depositando beijinhos em seu queixo, pescoço, bochecha. – Vamos, estamos muito sedentárias, agente mal sai, antes você adorava correr comigo.

- Lá fora é muito perigoso. – Larissa ficou irritada, estava cansada de tudo isso, cansada desse clausulo, desde o atentado não existia mais vida social para as duas, que sempre gostaram de sair. Larissa seguia uma rotina específica, de casa pro trabalho e vice versa, sempre que pretendia sair, a loirinha fazia de tudo para convencê-la a ficar em casa. A promotora sentia que no fundo Ruth havia ficado com trauma daquela noite, porém ela não vinha mais sofrendo ameaças, parecia tudo muito tranqüilo.

- Ruth é só uma corrida, o que custa? Em uma hora no máximo estaremos de volta não vai acontecer nada. – Larissa insistia, mas a loirinha parecia não dar bola – Você quer ficar em casa tudo bem... – levantou-se e terminou de amarrar o tênis – Mas, eu não sou obrigada a ficar. Até daqui a pouco! – a morena já esta quase batendo a porta até ouvir a namorada gritar.

- Espera!
Dez minutos depois a duas desceram e foram ao calçadão, a noite estava quente, céu estrelado, inúmeras pessoas caminhavam, as duas fizeram um alongamento de 15 minutos antes de começarem a correr. Larissa parecia feliz, adorava exercícios físicos, mas ainda, gostava de fazê-los juntos com a namorada. Sua rotina havia sido alterada devido o medo que Ruth sentia de sair de casa, sabia que isso era normal, as pessoas geralmente ficam abaladas quando presenciam ou participam de situações trágicas ou de muita tensão. Precisava ajudá-la a lutar contra esse trauma. Em quanto corriam Larissa pode perceber o olhar assustado da loirinha, balançava a cabeça de um lado para o outro, observava todos que passavam, sentia algo estranho.


- Hei você esta ficando paranóica, relaxa amor. – a morena fez sinal para que diminuíssem o ritmo, pararam de correr e passaram a caminhar.

- Só acho que devemos ficar alerta, afinal de contas estamos sem nenhum segurança por perto.

- Relaxa vai, eu estou aqui pra te proteger, não vai acontecer nada.

Larissa voltou a correr, Ruth a acompanhava, aceleravam cada vez mais, correram durante uns trinta minutos voltando ao ponto inicial, Ruth estava sem fôlego, à namorada, debochou.

- Você já foi mais resistente. – brincou a promotora, a loirinha apenas sorriu – Até que fim um sorriso. – Larissa se aproximou, antes de enlaçar a namorada em um abraço a ouviu dizer:
- Quero ver se você me alcança. – Ruth voltou a correr deixando a morena para trás, Larissa sabia que a loirinha adorava trapacear nas corridas, mas até lhe deu vantagem, sabia que namorada estava fora de forma, quando já estava quase alcançando a loirinha a viu parar.

- O que foi? – Larissa perguntou ainda tomando fôlego, Ruth permaneceu calada, percebeu um carro muito parecido com o de Raul que as seguia desde que saiu do prédio, uma onde de pavor lhe abateu congelando ser corpo – Cansou foi? – Larissa parecia distraída, começou a fazer algumas flexões, o carro se aproximou e parou bem próximo as duas, Alicia reconheceu o homem dentro do carro. Era Beto, braço direito de Raul. Alicia queria gritar, queria sumir daquele lugar, mas seu corpo não reagia, viu os dois homens armados e encapuzados saírem de dentro do carro, e caminharem em sua direção.

- Larissa, corre! – em um impulso a loirinha gritou assustando a namorada, Larissa olhou para trás, na direção em que Ruth olhava, viu os dois homens que já estavam bem próximos, sentiu o corpo tremer, queria correr, mas não saia do lugar, até sentir a mão da namorada a puxar pelo braço. As duas correram como nunca, mesmo com todo esforço o homem conseguiu alcançá-las. Primeiro pegou Ruth pelos cabelos, fazendo a loirinha cair no chão, Larissa olhou para trás e se apavorou ao ver o homem com uma arma apontada para a cabeça da namorada.
- Se der mais um passo, eu atiro. – o homem gritou, a ação dos dois gerou pânico nas pessoas que estavam no calçadão, Larissa permaneceu inerte.

- Vamos! - o outro homem a puxou pelo braço, arrastaram as duas até o carro onde Beto esperava tudo foi muito rápido, não havia tempo para reações.

- Entra ai vadia. – o homem berrou jogando Alicia dentro do carro.

- Me solte! – Larissa tentava manter a calma, mas ao ver o olhar de pavor se estender no semblante de Ruth se desesperou – Melhor calar sua boca se não quiser morrer aqui mesmo. – falou Beto, partiram com o carro em alta velocidade – Vamos fazer essas duas calarem a boca. – Larissa sentiu uma pancada forte na face esquerda, logo depois foi à vez de Alicia sentir o soco de João em seu rosto, a loirinha fechou os olhos e deixou bem clara a expressão de dor em sua face.

- Não é ela quem vocês querem. – Larissa tentava segurar as lágrimas, tentava raciocinar, mantinha a mão sobre a pele quente onde tinha recebido o soco, mas os homens pareciam não ouvir suas suplica, bateram muito em Alicia, claro que a mando de Raul que queria se vingar pela traição da amante – Parem, por favor. – Larissa tentava em vão impedir, o outro homem passou a segura-la, em quanto João ainda batia em Alicia que estava muito machucada e já não tinha forças para se defender.

Alicia já não sentia o corpo doer e sim a alma, arrependia-se da idéia absurda que teve de ajudar Raul com sua vingança. Temia pela vida de Larissa, suas lágrimas não se referiam a dor muscular que sentia, chorava porque queria o perdão daquela mulher que única coisa que soube fazer todo esse tempo foi amá-la.
- É a mim que vocês querem, parem com isso, por favor. – Larissa estava desesperada, também não tinha forçar para lutar contra o homem que era sem dúvida bem mais forte que ela.

Alicia estava sangrado, Larissa fechava os olhos, não agüentava ver aqueles brutamontes batendo na mulher que amava.

– Por favor... – não conseguiu completar a frase quando fitou os olhos castanhos banhados em lágrimas, houve ali uma troca de sentimentos, de dores, de medos.

- Solta essa vadia, já chega! – ordenou Beto – Alicia olhou para Beto rapidamente, sentiu um medo ainda maior, buscou os olhos de Larissa.

- Eu te amo! – Larissa sussurrou de uma forma tão verdadeira que o calor de duas palavras pareceu aquecer o frio no coração de Alicia.

O amor chegou invadindo sua vida, lhe dando esperanças de ser feliz novamente, felicidade essa que parecia ter morrido quando seu casamento com Guilherme chegou ao fim. Ruth lhe proporcionava sensações desconhecidas, enchendo seus dias de alegria apenas por sua presença, não foi difícil amá-la, apesar de pouco tempo juntas.

Agora se culpava por fazer a mulher amava passar por aquilo. Alicia sentiu seu coração apertar ao ouvir as palavras da promotora, de uma coisa tinha certeza, não era uma farsa o tempo inteiro.
Alicia passou a sentir o ar frio da noite dentro do carro, de uma forma rápida e brusca, sentiu sua cintura ser puxada de forma violenta, foi empurrada para fora do carro que ainda estava em movimento.

- Nãooooo
! – gritou Larissa, lutava contra os homens, seus olhos não acreditavam no que via, a cena foi surreal, mordeu o braço do homem mais forte, conhecido como Bodão, cravou os dentes com força na pele áspera do brutamonte.

- Sua puta. – o homem perdeu a paciência e deu um soco na promotora que perdeu os sentidos.
Larissa ficou desacordada durante todo o trajeto, Beto conduziu o carro até a BR 232, estacionando em um posto abandonado. Haviam dois homens mal encarados a sua espera.

- Entregue! – disse Beto. Fazendo sinal para dentro do carro.

Lobo olhou para dentro do carro, pode ver a mulher desmaiada no banco de trás, apontou para duas motos estacionadas a pouco passos, Beto e os outros dois pegaram a moto e saíram em disparada. Um homem segurou o braço de Larissa com muita força, chacoalhando seu corpo, a morena não teve muito tempo para pensar ou agir. Acordou desnorteada, ele apertou suas bochechas fazendo sua boca abri, enfiou um pedaço de pano com cheiro de mofo em sua boca para abafar seus gritos, logo depois colocou um saco de tecido preto em sua cabeça. Larissa tentava se desvincular em vão, os braços fortes e as mãos ásperas do homem a deixavam imóvel. Com um pedaço de corda, amarrou suas mãos e seus pés.

- Na mala. – ordenou Lobo o responsável dali em diante.

Trocaram
de carro agora era um siena vermelho em posse dos seqüestradores, o carro anterior já estava em chamas. Lobo e outros dois homens seguiram para o município de Surubim Agreste de Pernambuco, a viagem foi longa, Larissa mal conseguia respirar, seu corpo estava encolhido, mal conseguia se mexer, ainda tinha que dividir o pequeno espaço do porta-malas com algumas sacolas. Já não conseguia controlar as lágrimas, chorava copiosamente, não sabendo quanto tempo se passou, ou que horas eram, sentiu certo alívio quando o carro finalmente parou. Um homem gordo e com cheiro de cigarro tirou Larissa do porta-malas, carregava a promotora no ombro esquerdo, como se ela fosse um saco de batata, andou cerca de 150 metros.
- Coloque-la lá. – Lobo voltou a se pronunciar.


O homem gordo entrou em um casebre abandonado no meio da nada, o lugar
ficava numa cidadezinha chamada Santa Maria, estava em condições precárias, indignas de qualquer ser humano, Marcão abriu a porta de um dos quartos, e um odor muito desagradável subiu no ar, era lá que Larissa ia ficar. O quarto era pequeno, e estava cheio e entulho e alguns móveis velhos, o homem gordo jogou a morena em um colchão velho que estava no chão, Larissa sentiu o impacto do seu corpo contra o chão, o grito saiu abafado seu ombro deslocou. O homem mandou-a fica quieta desatou os nos da corda que prendia seus pulsos e seus pés, depois o homem se levantou e tirou o saco de sua cabeça, antes mesmo de abrir os olhos cuspiu o pedaço de pano sujo que estava em sua boca, sua visão estava meio embasada. Mas agora podia ver nitidamente a face de um dos seus seqüestradores. Larissa se sentou levou o outro braço seu ombro doida muito.

Um homem negro, com quase dois metros de altura estava parado bem na sua frente, corpulento parecia um lutador de luta livre, sua voz era meio fanha.

- Se tentar alguma coisa, eu meto bala dona. – alertou, colocando o cano da pistola na cabeça da mulher – Larissa tentava se manter fria, mas sentia o corpo inerte diante daquele homem, encara-o por alguns instantes, sentiu seu coração disparar ou escutar uma segunda voz invadindo o quarto.

- Você está louco? - gritou um homem parado na porta, ele usava uma máscara, tinha apenas os olhos e a boca visíveis. Era alto e magricelo, sua pele era parda e na cintura tinha dois revolver - Saia já daqui seu imbecil! – esbravejou.
Larissa acompanhava os movimentos dos dois homens, seus olhos atentos, buscando algo familiar ou apenas tentando entender o motivo de estar ali. Lobo se aproximou da morena, sacou a arma e deu um tiro no chão no intuito de esquentar o cano. Larissa assustou levou suas mãos aos ouvido que doeu, seu ombro latejava seus olhos lagrimejando, Lobo se aguachou diante de Larissa podia senti o cheiro do medo, mais o cheiro que Larissa sentia era de sua pele queimando quando aquele homem encostou o cano do revolve na pele frágil de seu pescoço, gritou de dor, virando o rosto de lado enquanto Lobo imprensava ainda mais a arma, em seguida sentiu o bafo quente do homem em seu ouvido sussurrando:

- Vou te soltar, mas se tentar alguma coisa, não vou pensar duas vezes antes de meter uma bala bem no meio desse rostinho lindo, mas antes, posso me divertir um pouco com você!

A promotora respirou fundo buscando forças para conseguir passar por tudo aquilo. Sentiu o cano da arma desliza por sua pele invadindo seu colo, seu corpo tremia, uma dor invadia seu corpo. Lobo deu uma risada alta. Larissa podia ver o brilho da crueldade no olha daquele homem que parecia se divertir.

- Não me dê trabalho! – alertou se levantando e saindo pela porta.

Horas depois, a dor que já não parecia tão importante. A morena apenas deixava as lágrimas caírem em abundância, sua mente não conseguia raciocinar. Seu ombro agora enchado tinha se anestesiado com a própria dor.

Olhou cada metro quadrado daquele lugar, o quarto era pequeno e cheio de entulho, havia lixo e poeira por toda parte, móveis velhos, um odor horrível. O quarto era escuro, sem janelas, lâmpadas, havia apenas um buraco em uma das telhas no teto, por onde um pequeno raio de luz passava iluminando um pedaço do colchão onde Larissa permanecia sentada, encolhida. Sua mão segurava o ombro machucado.
- Meu Deus! – mumurrou.

Larissa pareceu cair em si, aquilo não era um pesadelo, seus choros eram cada vez mais altos, os bandidos reunidos em uma sala vizinha podiam ouvir os gritos da promotora. Larissa não parava de pensar na segurança de sua família, de seus amigos... E como estaria Ruth depois de tudo isso? Esses pensamentos aumentavam sua angústia, o choro e as dores que sentia foram vencidos pelo sono.

Em quanto isso.


Alicia sentia seu corpo rolando pela pista, causando um imenso transtorno no transito, por sorte não foi atropelada. Seus ferimentos não foram tão graves, fraturou algumas costelas, teve vários arranhões pelo corpo. Mas nada disso se comparava a dor que sentia por dentro, sua alma estava destruída, seu coração palpitava cada vez que lembrava do olhar apavorado de Larissa. Passou a noite no hospital e na manhã seguinte ao acordar, sentiu dores por todo o corpo, a enfermeira entrou no quarto sem dizer nada, aplicou uma medicação em seu soro.

- Teve sorte hein? – disse a mulher - Alicia não disse nada, não conseguia raciocinar, a única coisa que vinha a sua cabeça era o nome de Larissa. Tentou se levantar.

- Fique quieta. – ordenou a enfermeira – Você não esta em condições de sair daqui agora, esta muito machucada.

- Preciso ir. – disse se sentando na cama com muita dificuldade.

-Você não teve alta, Dr. Moreira virá ver você. Alguns policiais vieram hoje cedo, como você estava dormindo, disseram que voltariam à tarde.
Empalideceu ao ouvir a palavra “polícia”, precisava sair dali o mais rápido possível, não poderia ser descoberta, não antes de ajudar Larissa. De salva-la do ódio que existia dentro de Raul. Esperou que a enfermeira saísse, livrou-se do soro e dos aparelhos ao seu redor, mal conseguia caminhar, sentia dor nas pernas e nos braços, estava fraca, mas ignorou tudo aquilo.

- Preciso sair daqui! – falou.

Alicia não quis perde tempo caminhou pelos corredores tentando não chamar muita atenção, seguiu uma enfermeira que entrou numa ala reservada, sem ser percebida encontrou um vestuário de funcionários, roubou algumas roupas e voltou a caminhar pelos corredores do hospital. Conseguiu sair de lá sem ser notada, mas tinha um problema, não sabia para onde ir, sabia que Raul já deveria ter colocado todos os seus capangas atrás dela. Voltar ao seu apartamento era como suicídio, lembrou então de Marcela, sua amiga da faculdade, resolveu se arriscar e ir atrás dela. Sabia que podia confiar nela, lembrava de seu endereço, pegou um ônibus, alegando ter sido assaltada, pediu ao motorista para descer pela frente. Marcela morava e um dos bairros mais nobres da cidade, Alicia andou um pouco do ponto de ônibus até o prédio luxuoso onde a amiga morava, mas não sabia qual era o numero do apartamento.

- O nome dela é Marcela, uma ruiva, mais ou menos da minha altura. Estudamos juntas. – Alicia tentava passar tranqüilidade em suas palavras, o porteiro estava desconfiado, percebeu os machucados na garota – Por favor, ligue para o apartamento dela, preciso vê-la.
Diante de tanta insistência o porteiro atendeu o apelo da mulher.

- Mande subir - falou Marcela do outro lado da linha.

- Pode subir senhora, fica no 15 andar, o número do apartamento é 1212.

- Obrigada!

Alicia subiu apreensiva não sabia como a amiga reagiria. O elevador parou. Alicia apertou a Campânia. Marcela arregalou os olhos quando viu o estado físico da amiga.

- Meu Deus o que houve? – indagou dando espaço para que Alicia entrasse.

Alicia não conseguia falar um palavra, seus olhos estavam cheio de lágrimas, por um momento achou que era um equívoco, mas precisava de alguém naquele momento e a única pessoa que sentia que podia confiar era Marcela, estava ali, congelada na porta diante da amiga.

Marcela fez um sinal com a cabeça, pedindo para que amiga se aproximar, Alicia entrou cabisbaixa, até a sala.

- hey fica calma! Senta aqui que vou pegar algo para você beber.

Aquela situação ainda esta muito confusa para a ruiva, ela não entendia o que estava acontecendo, saiu da sala e foi pegar um pouco de água com açúcar, Alicia parecia muito nervosa.

- Tome um pouco! – Marcela estendeu o copo, alicia tomou tudo.

- Que houve?

Naquele momento Marcela não conseguiu obter explicação alguma a lourinha estava em soluços e choros. Marcela sentou ao lado da amiga, a abraçou a lourinha chorava copiosamente. Depois de alguns minutos que ela foi se acalmando, ambas ficaram em silêncio, Marcela teve coragem e voltou a perguntar o que havia acontecido. A loirinha permanecia calada, respirava fundo, tentava se recompor, raciocinou por alguns minutos, não teria coragem de confessar o crime que acabara de cometer, mas não sabia o que falar.
Marcela percebia o nervosismo da loirinha.

– Confia em mim! – disse pegando em sua mão, tentando lhe passar confiança, sua voz saiu de uma forma acolhedora, tinha simpatizado com Alicia desde o inicio, e vê-la daquela forma a preocupava.

Marcela sabia que a loirinha escondia algo, embora fossem amigas Alicia evitava ao máximo falar de seu passado, nas últimas semanas a lourinha esta agindo de forma muito estranha, andava muito calada, e vivia falando ao telefone quando alguém se aproximava ela ficava toda desconcertada desligando de imediato. A ruiva tentava se aproximar, porém havia uma certa resistência da parte dela, então achou melhor não fazer nenhum tipo de pressão, queria que Alicia tivesse confiança nela e parece que tinha realmente conquistado.



- Desculpe! – Alicia tentava se desculpar, sua voz era quase inaudível.

- Tudo bem. Tudo bem.



A loirinha voltou a chorar, palavra saia sem nenhum nexo, balançava a cabeça em sinal de negação. Marcela sentia-se perdida sem saber o que fazer, não conseguia entender nada do que Alicia falava precisava acalmá-la. A abraçou a amiga com carinho, as duas ficaram um tempo assim. Alicia nunca sentira tanto arrependimento como estava sentindo, havia traído a única pessoa que realmente se importava com ela, temia pela vida da promotora. Desejou com todas as forças que o tempo voltasse. Agora era tarde, o mal estava feito.
Marcela levou Alicia até seu quarto, lhe eu roupas limpas e uma toalha para que pudesse tomar banho.

- Assim que terminar me chama vou esta lá fora, vesti isso aqui – estendeu um par de roupas para ela.

Marcela saiu do quarto, Alicia olhou ao redor, seu peito doía, resolveu tomar um banho. Logo depois a amiga entrou no quarto, pediu para da uma olhada em alguns de seus ferimentos, trocou o curativo do pequeno corte que havia na testa da amiga. O silêncio era absoluto. Alicia não quis comer nada, apenas tomou um chá e um comprimido para dor, deitou-se e dormiu pelo resto do dia.
Os pais de Marcela chegaram à noitinha, a ruivinha explicou a situação da amiga, os pais não viram problemas em deixá-la se hospedar em sua residência por alguns dias.

Em quanto isso, Raul comemorava na favela. Os negócios estavam cada vez melhores, finalmente tinha conseguido dominar outro ponto forte do tráfico. A cada dia que passava, era mais temido entre os que lhe cercavam, se continuasse nesse ritmo seria bem mais respeitado que seu pai. Em seis meses que estava no comando praticamente dobrou sua fortuna. No meio de uma ultima negociação com um dos traficantes locais, recebeu um telefone de Beto.
- Preciso falar com você, é urgente! – Beto falou sem deixar transparecer sobre o que queria falar.

- Fala logo? – Raul parecia ansioso.

- A promotora e a cadela da Alicia. – Raul sentiu os nervos aflorarem, terminou a negociação e saiu para se encontrar com Beto no bar que freqüentavam, chegou primeiro que o parceiro de crimes. Depois de uma hora viu Beto se aproximar.

- E ai? – perguntou impaciente.

- Fica tranqüilo, deu tudo certo. – Beto deixou um sorriso sarcástico escapar.

- As duas?
Sua expressão mudou completamente.

- Não... deixamos a galega pra trás. – Raul respirou fundo – Não vejo necessidade de ter ela por perto.

- Como não! – gritou. – Ela sabe demais.

- Ela não vai contar nada para ninguém, ela sabe que a cabeça dela esta em jogo
também.

Raul olhou desconfiado. Ficou um tempo pensativo, diante daquele silêncio Beto sugeriu.

- Vou dá fim nela de uma vez por toda.

- Não. – Raul se serviu de um pouco mais de vodka, sentou-se um pouco pensativo.

- Pense bem Raul, a galega esta afim da promotora. – Raul levantou, foi pra cima do amigo, segurando-o pelo colarinho, tinha um olhar de fúria, não conseguia definir o que sentia depois de ouvir o que Beto havia dito.

- Você ta louco, sabe o que sou capaz de fazer. Então não brinque comigo. – Beto pela primeira vez enfrentou o amigo e parceiro de crimes, segurou suas mãos e livrou-se dele. Voltou a encará-lo e reafirmou:
- Aquela vagabunda esta afim da mulher. E você mesmo já teve provas disso. – Raul deu um passo para trás – Te avisei desde o início para não envolver ela na jogada, olha so a merda que vai dar! – Raul se afastava cada vez mais do amigo
– Por que você acha que ela estava estranha de uns tempos pra cá, sempre colocando dificuldades... Acorda Raul, aquela cadela não esta mais na sua há muito tempo. – Raul tentou manter a calma, Beto parou de falar, sabia que já era o suficiente, a partir daquele momento, Raul iria pensar melhor no que faria com Alicia.

- Vai atrás dela, a leve para o mesmo lugar em que colocou a promotora. Quero as duas juntas.

- Raul, será que você não ouviu o que eu falei. – o homem virou-se encarando o olhar curioso de Beto, aproximou-se.

- Vou mostrar para você e pra quem mais quiser ver que eu sou o homem dela. E todos sabem o que acontecem com traidores, faça o que eu estou mandando.

Raul falava com um ar ditador, tentava acreditar em suas próprias palavras, apesar de duvidar do que Alicia sentia, a muito que as coisas não iam bem entre os dois, Alicia, além de mostrar resistência nas investidas de Raul, estava começando a dar para trás em relação ao plano.
- Tá certo, se você acha melhor agir dessa forma, talvez tenha razão, melhor mantê-la por perto. – Beto se aproximou de Raul, tomou um gole de sua vodka e disse em um tom ameaçador – Se aquela vadia aprontar ou ao menos pensar em aprontar qualquer coisa, eu a mato! – afirmou. Saindo logo em seguida.

Raul tomou o resto do líquido que havia na garrafa, ainda pensativo sobre o que faria com Alicia, as últimas palavras de Beto impregnaram seus pensamentos, Beto era um homem de palavra, sabia que o amigo cumpriria o que prometera. Beto era um homem fiel, conhecia Raul desde a infância, e nunca havia gostado de Alicia, sabia desde sempre que teria problemas com a mulher, que também não tinha grande simpatia por ele. Desde sempre, Beto a tratou com indiferença, tentava de todas as formas mostra para o amigo o quanto ela era traiçoeira, mas Raul sempre esteve apaixonado pela loirinha, desde o inicio, apesar de se envolver com outras mulheres, sempre voltava para Alicia. Beto ate tentou fazer com que Raul se apaixonasse por sua irmã, Julia, mas não teve muito êxito, Raul esta enfeitiçado por Alicia, o que aumentava ainda mais a frustração de Beto.


Ele passou a seguir todos os passos da mulher em intuito de descobri algo que pudesse denegrir sua imagem, Alicia queria sua independência resolveu então arrumar um emprego. Um belo motivo para o que Beto queria. Alicia conseguiu um emprego numa loja de material esportivo, uma amiga sua lhe indicou, durante a entrevista ela se saiu muito bem. As coisas pareciam tranqüilas até Beto começar a plantar sementes da desconfiança no amigo. Raul sempre foi um homem muito influenciável ia muito pela cabeça dos outros principalmente do amigo.
Alicia era como um troféu, ele sentia-se dono dela por isso não gostou nada em saber, que sua mulher estava trabalhando. Em seu pensamento completamente machista lugar de mulher em casa cuidando das roupas do marido, para seu desgosto Alicia não partilhava do mesmo pensamento, era uma mulher vaidosa e cheia de luxos, apesar do seu amante nunca deixou faltar nada ela queria sua independência. Desconfiado do interesse da mulher em trabalhar Raul colocou Beto para seguir seus passos, ele que nunca foi com a cara de Alicia teve a oportunidade perfeita.
Com o tempo ele conseguiu envenená-lo com falsas informações, dizia que Alicia estava se envolvendo com um homem casado que colega de trabalho. Seu nome era Walter, gerente da loja, um homem honesto, respeitador e muito brincalhão, adorado por todos os funcionários, logo simpatizou com a lourinha nesse ambiente foi surgindo um laço de amizade, o que não demorou muito. Foi então que as brigas começaram, Beto começou a fazer insinuações, Raul passou a cobrar ciúmes de Walter que vez em quando dava carona a Alicia e a outra duas funcionarias que morava na mesma localidade. Raul no auge de seu ciúme dizia que eles vinham de algum motel, Alicia se defendia como podia, o homem começou a exigir que a mulher deixasse o emprego. Alicia se recusava queria ter sua independência a todo custo, queria deixar aquele homem que um dia o viu como seu príncipe.

Nesse impasse Alicia foi agredida. No dia seguinte Walter notou que a mulher que normalmente era sempre alegre estava meio triste, logo viu alguns hematomas em seu braço. Pediu explicações, Alicia tentou desconversar, nesse mesmo dia Raul resolveu cantar de galo, foi até o trabalho dela para buscá-la. A confusão começou, Walter tomou as dores da mulher, ao defendê-la assinou sua própria sentença de morte.
Raul foi para casa furioso, seu pai perguntou o motivo de tanta irritação.

- Diga o nome? – indagou.soprando a fumaça do seu cachimbo para cima. o filho ficou calado, encarando ao pai.
Raul olhou para o pai, hesitou da o nome do homem, sabia como ele resolvia essas questões, para o jovem não precisava chegar a tanto, uma surra estaria de bom tamanho. Malbec diante da hesitação do filho, falou.

- Esse homem esta comendo sua mulher?
Raul abaixou a cabeça.

- Pupilo – chamou o homem com um tom mais autoritário, Raul encarou o pai. – Nunca der um passo para trás numa decisão, os “PORQUES” ficam para os tolos a honra se lava com sangue. – logo em seguida ele voltou a fumar seu cachimbo.

Raul abstraiu a lição do pai. Esperou um mês para cometer o crime, não queria levantar muitas suspeita, numa manhã fria de segunda feira ele matou a sangue frio um homem inocente. Deixando uma mulher sem marido, e duas crianças sem pai. Alicia sabia bem quem era o autor desse crime bárbaro, diante daquela monstruosidade toda fugiu para bem longe.

Alicia fugiu sem deixar rastro Raul ficou transtornado, diante do desespero do filho Malbec colocou um batalhão para descobrir o paradeiro da mulher mais isso ia custar um pouco. Para animar o amigo Beto apresentou sua irmã Julia uma bela morena, porém o homem não queria saber de ninguém gritava aos quatros cantos que a única mulher dele era a Galega como ele chamava Alicia, o resto era rapariga, Julia acabou desistindo. Beto fazia de tudo para que nunca a encontrassem. Até que o que o que parecia improvável aconteceu, um ano depois um dos seus parceiros de crime conseguiu localizá-la vivendo nunca cidade do interior com uns tios, Malbec mandou Beto foi até o local para ter certeza de que era Alicia, a descrição feita pelo capanga, sendo que havia uma grande detalhe a mulher estava grávida. Nesse mesmo tempo seu pai foi preso aumentando ainda mais seu desespero.
- Tem certeza que é ela?

- Tenho!

Raul ficou pensativo, andava muito abatido com seu pai preso sentia-se mais sozinho que nunca.

- Me leva até ela. – pediu ele estava sério.

Beto respirou fundo.

- Raul...

- Não é um pedido e sim uma ordem. – rosnou.

- Têm algumas coisas que fiquei sabendo, a vadia como fugiu daqui estava grávida do defunto. – afirmou.

Raul engoliu em seco, uma raiva possuía seu corpo, controlou-se, sua voz saiu firme.

- Me leva onde esta aquela vagabunda.

Raul recebeu a localização de Alicia.

- Ela esta em Arapiraca, interior de Alagoas. – informou Beto.
Raul ficou se perguntando o que a galega fazia naquele lugar.

- Vou ver meu pai, depois agente vai atrás daquela cadela.


Raul foi chamado ao presídio onde seu pai estava. A visita foi penosa seu pai estava muito abatido, parecia triste e cansado, Raul não entendia muito bem aquele desanimo todo, não era a primeira vez que o homem se via naquela situação. Raul estava movendo terra e céu para comprar a liberdade do pai, isso não tardaria a chegar. No final da visita uma despedida emocionante, Raul saiu dali para assumir de vez o lugar que lhe pertencia por direito, agora era o rei da favela planetas dos macacos. Mesmo diante de tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo ele não parava de pensar na mulher que lhe abandonou, lembrou-se de sua própria mãe, amaldiçoou Alicia por amargas lembranças.
Estava tudo pronto para ir atrás da mulher, porém o destino já tinha seus planos, o suicídio do pai destruiu por completo o pouco pedaço de ser - humano que existia em Raul, ele que sempre tentou demonstrar aquela postura de imbatível, chorou como um menino abandonado à morte do pai. Seus pesadelos se tornaram constante, estava sozinho o abandono única mulher que realmente ele gostava lhe doía à alma. Raul passou cerca de três meses preso na sua própria dor. Até que num belo dia se levantou e foi atrás da mulher por quem ele tinha a ultima referencia de família.

Alicia estava amedrontada, nunca tivera um amigo, Walter logo ganho sua admiração, um homem honesto e carinho, embora de meia idade muito se lembrava ao seu pai, ele tratava Alicia como uma filha, a jovem era uma boa funcionaria, muito esforçada, tinha cede de crescimento e saber, soube aproveitar a oportunidade que lhe dera, mesmo com poucos meses de trabalho ela já estava sendo treinada para ser supervisora de vendas. Ela era tinha tudo para crescer na empresa, e aquele homem estava disposto a ajudá-la. Os dois tinham uma amizade singela e sem malicias, Alicia ganhara um amigo mais perdera tão cedo. Sabia que tinha sido Raul que tinha matado seu único amigo, se culpou por isso, ainda se culpa até hoje. Desde desse dia decidiu nunca mais ter um amigo. Não tinha muitas escolhas, so havia um lugar onde podia procurar asilo.
Viajou cerca de 260 km, apenas com a roupa do corpo, por sorte tinhas suas economias durante os nove meses que trabalhou na loja, junta boa parte de seu salário, suas despesas pessoais era custeada pelo amante que fazia questão de bancar a mulher, também tinha um pouco de dinheiro guardado da mesada que recebia do amante, não era muito mais daria para se manter por um tempo. Era uma noite chuvosa quando ela desceu na pacata cidade de Arapiraca, apesar de quase 7 anos ter se passado desde ultima vez que pisou naquele lugar não tinha mudado muita coisa, caminhou no meio da chuva, chegou à rua em que morava há alguns anos atrás, parou diante daquele portão de velho de madeira. Um misto de emoção, boas lembranças lhe povoaram a mente, lembrou-se de sua infância.

Dona Marli acordou assustada ouviu alguém chamando, o rangido do portão de ferro alguém invadiu seu quintal, se por um momento pensou que fosse ladrão, assustou-se. Levantou-se da cama, calçou seu chileno de couro, e caminhou vagarosamente até a sala.

- Quem é? – perguntou, pegando a vassoura como se quisesse se defender. A mulher era uma senhora de 60 anos.

- Sou eu vó.

O coração da velha disparou. Vó há muito tempo não escutava essa palavra. Foi mãe de sete filhos depois de casados todos se mudaram em busca de uma vida melhor. Mal tinha contatos com a velha, so os via em datas especiais como natal, semana santa, mais nos últimos anos mal falava com eles por telefone.

- Vó, abre aqui sou eu a Alicia. – Alicia chamava pela avó batendo palma.
A mulher quase caiu, seu corpo começou a tremer, pegou o molho de chaves, sua mão tremula dificultava por a chave certa na fechadura, abriu a porta.

- Quem é? – indagou mais uma vez ainda duvidando do que escutava.

Alicia estava parada na grade do terraço toda encharcada pela chuva. Dona Marli esfregou os olhos, ainda incrédula no que via, Alicia estava ali, parecia abatida, suas roupas molhadas, seus olhos marejados, controlando-se para não chorar.

- Ainda tem um lugarzinho para mim? – sua voz estava embargada.

Dona Marli caminhou na chuva parando diante da neta, depois de tantos anos sem ter nenhum contato não sabia explicar o que sentia. O abraço foi repleto de carinho e saudade. As duas permaneceram ali, debaixo da chuva durante longos minutos.

- Saudades, saudades – repetia a senhora depositando inúmeros beijos pelo rosto da neta. – Minha menininha cresceu e se tornou numa mulher linda – acariciava o rosto de Alicia. - Vamos sair da chuva – envolveu a garota em seus braços e a conduziu até a porta. Alicia não conseguia falar nada.

- Te amo tanto vó, tanto. Me perdoa?! – dizia buscando o abraço protetor da avó.


Alicia perdeu o pai e a mãe quando tinha quatro anos de idade, a morte de seus pais abalou a família eles tinham sido atropelados por um motorista bêbado, deixando uma única filha, Alicia ficou quase um mês num abrigo para menores, até que sua tia Maria foi buscá-la, ficou com a menina por quase um ano até seu marido perde o emprego, a vida difícil além de ter mais quatro filhos para criar o medo de passar fome acabou fazendo a mulher a entregar a menina para outro irmão criá-la, Alicia percorria entre casa e outra.
Nessas passagens à pequena acabou adquirindo problemas relacionamento, seus tios não tinha paciência com ela, Alicia mal falava, não gostava de ficar com as outras crianças, passou a ter comportamento agressivo, isso gerava inúmeros problemas na escola e nos lugares em que freqüentava. Vitima de muitas surras e maus tratos, Marli como soube da situação da neta ficou inconformada de imediato mandou seu marido José ir buscá-la na casa do seu filho Alfredo.

Quando chegou para morar com a avó era uma criança traumatizada, tinha problemas de adaptação, medo da violência que poderia sofrer nessa nova casa e mais uma vez ser largada, abandonada, Alicia parecia um animalzinho ferido, arredio, a grande custo dona Marli conseguiu derrubar as muralhas psíquica daquela menina. Dando-lhe amor e muita segurança, mostrando-lhe que poderia sim ser amada e que teria um lar verdadeiro, prometeu a menina que jamais abandonaria. As feridas das perdas e dos maus tratos caminharam pela vida de Alicia até os dias de hoje, aprendeu a ser egoísta, os traço do seu passado influenciaram muito sua atitudes futuras. A única referência que tinha de família era a sua avó. Alicia freqüentou um psicólogo na cidade, foi assim que pouco a pouco ela foi abrindo as portas do seu mundo interior para outras pessoas entrarem, foi quando aquele casal conseguiu ganhar o amor, carinho e respeito daquela criança, pela primeira vez sentia-se segura.
Anos mais tarde a menina agora pré-adolescente aos doze anos, uma grande tristeza lhe abateu, a morte levou seu avô. Mas alicia precisava ser forte, sua avó muito o amava, sofreu a perda de mais que um companheiro, mais um amigo.
Mas ambas tinham uma a outra, conseguiram superar essa lastima da vida. Dona Marli incentivava a neta a estudar, queria um futuro melhor para ela. Alicia apesar de ser um pouco fútil era boa aluna, sempre tirava boas notas, seu sonho era ir morar em Recife, terminar seus estudos e entrar numa faculdade, ainda não sabia que profissão seguiria, mas sonha numa vida melhor da que tinha naquela cidade que pouco tinha a lhe oferecer. Quando fez 18 anos achou que era hora de mudar, ir em busca do que parecia inalcançável. Querendo ver o crescimento da Neta Dona Marli pediu para que sua filha Marta que morava na periferia de Recife recebesse Alicia que pretendia terminar o ensino médio e tentar entrar numa faculdade pública. Marta não tinha como recusar um pedido da mãe, semanas depois sua sobrinha chegou ao bairro em que morava. Alicia tinha crescido, tornou-se num mulherão, arrancando suspiros nos rapazes. Seria e muito ambiciosa a mulher não dava cabimento a ninguém tinha outros objetivos.

Nos primeiros anos foi difícil para Alicia, sentia a dureza de não ter a proteção da avó, sem falar na saudade que sentida daquela mulher caridosa, sua vida tranqüila tornou-se agitada demais. Morando na casa dos outros não demorou muito para os maltratos voltarem, queriam fazê-la de empregada, mas Alicia nunca reclamava sabia que pior seria se fosse morar em outro lugar, lá pelo menos não tinha tantas despesas. Engoliu os choros, e as tristezas.
Terminou seus estudos e tentava conseguir um trabalho, em quanto isso, ajudava no que podia na casa da tia, estava se tornando uma mulher linda, era cobiçada na comunidade em que morava, mas Alicia era ambiciosa, só queria namorar homens que tivesse algo para lhe oferecer. Foi quando conheceu Raul, não foi difícil se apaixonar pelo homem de olhar sedutor, mas antes de se envolver com ele, procurou saber um pouco mais sobre ele.
Raul era filho do rei do crime, no inicio não quis se envolver com o jovem, sem falar na pressão da tia que avisou que se ela se envolvesse com o traficante teria que sair de sua casa. Alicia tentou resistir, tinha conseguido um emprego num posto de gasolina, Raul ia sempre colocar combustível no carro, normalmente ele queria mesmo era ver Alicia. Quando mais a lourinha o rejeitava mais ele se interessava, ela acabou não resistindo a sedução e aos galanteios dele, o homem ficou enfeitiçado com a beleza da lourinha, sempre a levava a lugares elegantes e dava presentes caros, em menos de dois meses Alicia assumiu o posto de sua mulher. Foi expulsa da casa da tia que cortou relação com ela, so por causa do seu envolvimento com o traficante, também tentou queimar o filme da sobrinha com a Dona Marli, mas Alicia realmente estava amando aquele homem, enfrentou a todos para ficar com ele, mesmo todos seus parentes a excluindo de vez do seio da família. Raul montou uma casa para a mulher, Alicia não poupo montou a casa de seus sonhos. Tinha uma vida de rainha, Raul lhe proporcionava momentos de luxo e de muita alegria, até que os anos passaram e finalmente ele mostrou sua verdadeira face. Um homem cruel de uma mente diabólica. Hoje, seis anos depois voltou ao lugar onde se sentiu verdadeiramente amada. O único lugar que realmente foi seu lar.
- Minha nossa senhora aparecida! – exclamou a mulher - como você esta linda... E como me aparece aqui do nada, se tivesse me avisado eu teria ido te buscar na rodoviária, como você esta, cadê suas coisas? – Dona Marli parecia feliz e preocupada, sentia muita tristeza no olhar de Alicia. Conhecia aquela menina como ninguém.

- Saudade vó. – foi à única coisa que a loirinha conseguiu dizer, estava emocionada, sentia como se todo seu passado voltasse, o vazio e o desanimo foram lhe abatendo cada vez mais.

Dona Marli entrou com a neta, não houve muita conversar, Alicia se limitava a falar, tomou um banho enquanto lhe era preparado um café quente. O cheiro do café lhe atraiu até a cozinha, sua avó já tinha se trocado, olhava para neta ainda não acreditando. Naquela noite não houve muita conversar, Alicia estava cansada e muito abatida, sua vó preparou seu antigo quarto ainda do mesmo jeito que tinha deixado a anos atrás, trocou as roupas de cama e lhe deu roupas limpas, seu desejo era ficar ali ao lado do seu anjinho, mas o cansaço era aparente, Alicia tinha uma sombra nos olhos, Marli sabia que algo de extraordinário havia acontecido, mais aquele não era o momento, ordenou que ela deitasse. Alicia depositou seu corpo na cama, o cheiro de lençóis limpos, aquele cheiro de jasmim, sentia uma paz naquela casa onde cresceu. Na manhã seguinte não teve escolha, os olhos vigilante da senhora buscava-lhe uma explicação, então Alicia chamou dona Marli para conversar, abriu o coração contou-lhe a verdade. Lembrava do quando a avó não gostava de mentira, apenas não contou da índole do ex-amante.
Pediu para ficar ali por um tempo.
Tempo esse que durou meses. Dona Marli já era uma senhora de idade a neta tentava ajuda - lá nos afazeres domésticos, evitada ao máximo em falar o real motivo que levará até ali, temia da reação da avó, ela era uma mulher corretar demais não toleraria tal comportamento. Dois meses depois Alicia sentia-se enjoada, suas regras há muito tempo não vinha. Por insistência da vó foi ao médico achando que devia ser um problema hormonal, nunca lhe passou pela cabeça uma gravidez sempre considerou que Raul fosse estéreo, tantos anos com ele e nenhuma prevenção ela nunca engravidou, Alicia apesar de todos seus defeitos era mulher de um homem só, nunca traiu Raul, a não ser quando se envolveu com Larissa, mais então a possibilidade de uma gravidez na sua cabeça era nula, porém recebeu uma noticia que mudaria sua vida.

- Positivo vó. – disse sua voz estava longe de demonstrar animação, tinha angustia. Suas mãos tremiam segurando o resultado do exame.

- Não disse para você. – a velha já tinha previsto, mãe de 7 filhos logo desconfiou dos enjôos da neta.


- O que vou fazer? – Alicia sentia-se perdida. Mais pela primeira vez na sua vida não estava sozinha, tinha o apoio da avó.

- Agente cria! – respondeu a senhora. – vamos cuidar dessa criança dando muito amor e carinho! Você não esta sozinha minha filha tem sua vó aqui. – a mulher a abraçou com carinho.
Alicia teve uma gravidez tranqüila, Vinicius nasceu seis meses depois, um menino forte e saudável. O sentimento de mãe mudou aquela mulher para sempre. À medida que ele crescia Alicia se preocupava mais em manter-lo longe do pai, soube da morte do ex sogro pelos noticiários de jornais, uma velha colega lhe disse que Raul estava como louco a sua procura. O que não preocupava Alicia, ela sentia-se segura ali, nunca mencionara a existência de algum parente a Raul. Mas a vida havia lhe feito algumas surpresas.

- Vó, vou comprar um pacote de fralda descartável no mercadinho. Esse já esta no fim. – pegava o dinheiro na bolsa.

- Vai lá, eu olhou Vinicinhos.

- Tá bom. Se comporte viu. – disse Alicia deu um beijinho na cabeça do menino e saiu.

Alicia foi até o mercadinho que fica na esquina. Caminha tranquilamente na calçada não percebendo o carro preto que estava estacionado no outro lado da rua, Raul logo a reconheceu, desceu do carro de imediato.



- Calma. – falou Beto.
- Fica ai! – ordenou Raul.

Ele foi seguindo Alicia, que entrou no mercado, percorria entre os corredores procurando fralda descartável. A mulher não percebeu o homem que se aproximava, sentiu o cheiro forte no ar, aquele odor de loção pos barba parecia familiar, aspirou mais uma vez, seu coração acelerou, lembrou-se de Raul, aquele cheiro era reconhecível a quilômetros.

- Procurando alguma coisa? – falou baixinho.

Alicia congelou ao ouvir aquela voz, seu coração parecia galopar, virou-se para trás, seu pior pesadelo esta ali diante seus olhos, pensou em sair correndo.

- Não existe lugar no mundo em que você se esconda que eu não possa te achar. – a voz do traficante saia debochada, tinha um sorriso vitorioso nos lábios. - Que buraco você veio se esconder galega.

- O que você quer? – indagou com a voz tremula.

- Você não deveria ter fugido de mim, isso não foi uma boa escolha.

- Me deixa em paz Raul. Pensei que tinha me esquecido.
- Esquecer da mulher que me fez de idiota. – Raul serrou os dentes.

Alicia tentou se livrar dos braços de Raul que já estava bem próximo, seu corpo tremia, a única coisa em que pensava era em seu filho, aquele homem tinha um misto de ódio e desejo no olhar, tentou beijá-la mais alicia virou o rosto irritando o homem. Alguém apareceu no corredor fazendo ambos se afastarem ela aproveitou para tentar numa tentativa tola fugir dali.

- Não me deixe falando sozinho – disse o homem a interceptando. Apertou seus braços com força.

- Fique longe de mim. - Alicia falou num tom mais alto, algumas pessoas olharam.

- O moleque é meu filho? – Raul foi direto, mesmo com todo veneno que o amigo tinha lhe dado ainda tinha a semente da dúvida, afinal viver com Alicia muitos anos ele e eles nunca se preveniram, até porque ele tinha sérios problemas para engravidar, e antes do Walter, Raul tinha certeza que a mulher nunca o traiu.

- Não sei o que você esta falando. – Alicia ficou pálida, desviando o olhar do homem.


- Não se faça de desentendida galega. - Raul levantou um pouco a camisa, Alicia percebeu que ele estava armado. Olhou ao redor.

- Vamos lá para fora.
Os dois saíram do estabelecimento.

- O que você quer Raul. Não sei do que esta falando.

-Você sabe sim sua cadela – Raul pegou Alicia bruscamente. – você tava prenha quando fugiu quero saber se esse menino é ou não meu filho.

- Eu realmente estava grávida mais quando soube eu o abortei. – mentiu.
Raul lhe deu uma bofetada.

- Pensa que vim de tão longe para brincar. – gritou o homem furioso. – ele esta vivo e não minta para mim.

- Você tem razão ele esta vivo, mais ele não é seu filho – Alicia queria sustentar a mentira sabia que a vida de Vinicius estava em jogo. – você sabe muito bem que não faz menino. – deu um tapa sem mão em Raul. Que sentiu o impacto dessa afirmação. Muito sofrera com essa impossibilidade de engravidar alguém. Ele que sempre foi obcecado pela idéia de ter um herdeiro.

- Olha aqui sua vadia. – Raul sentia raiva e desespero ao mesmo tempo, aproximou-se da mulher com a intenção de machucá-la, Beto chegou a tempo de evitar que o amigo fizesse besteira, não pela Alicia mais porque tinha muitas pessoas olhando.

- Vamos embora daqui. – puxou o amigo, ao ver uma viatura da polícia. – tem cana na área.

Alicia ficou muito assustada, uma senhora lhe ajudou a levando para sua casa até ela se acalmar. Ela tinha medo de voltar para casa e ser seguida pelo ex - amante. Precisa proteger seu filho da ameaça que surgiu. Enquanto bebia um pouco de água lembrou-se do olhar de ódio daquele homem que um dia amou, sua cabeça começou a girar.

- Ele não é tão idiota assim! – falou – Obvio que ele sabe onde estou morando. Meu Deus! – levantou-se da cadeira e saiu correndo, mal agradeceu a mulher. Estava aflita, correu até em casa, as lagrimas já invadia seu rosto.
Viu o carro estacionado na frente da casa da sua avó, Beto estava em pé encostado.

- Perdeu vadia! – disse o homem.
Entrou apressada casa adentro, ali estava Raul estava sentado no sofá com o menino no colo que dormia tranqüilo. .

- Minha filha seu amigo... – dona Marli não teve tempo de terminar a frase.

- Me devolva meu filho. – gritou Alicia puxando o menino dos braços do pai, Vinicius acordou assustado e começou a chorar.
Raul se levantou esquivando do contato de Alicia.

- Só um verdadeiro Ramos tem isso aqui. – Raul mostrou orgulhoso um sinal de nascença que seu filho possuía no braço esquerdo idêntico ao que ele tinha, e seu falecido pai também. Outra coisa que não podia negar, Alicia era uma loira legitima, assim como sua família, o menino puxou a pele do pai, nascera moreno, embora pequeno já era notável os traços semelhante com Raul. Que parecia um bobo olhando para o pequeno.

- Devolve meu filho. – Alicia já chorava dona Marli ainda não conseguia entender aquela situação, Raul se apresentou como um amigo da neta parecia tão simpático que agiu de boa fé o convidando para entrar.

- Como pôde escondê-lo de mim. – falou com a voz embargada, seu coração explodia de alegria, não tinha dúvida alguma que aquele pequeno era sangue do seu sangue, na verdade nunca teve.

- Ele não é seu filho. – insistia na mentira, Vinicius continuava a chorar.

- Não minta. – ordenou encarando os olhos aflito da mulher.

- Me dá ele, não ver que ele esta chorando. – implorava.

Raul olhava para o rostinho do filho que berrava. A grande custo entregou-o a mãe que ao pega-lo acalentou nos seus braços.
- Chora não filho... - Alicia tentava acalmar o menino, Raul andava atrás dela como uma sobra, observando cada gesto da lourinha.

- Meu guri! Meu guri! – repetia chorando emocionado.

Meia hora depois o menino voltou a dormi Alicia o deixou no seu berço, pediu a avó para ficar com ele, tinha medo do pai roubá-lo, teria uma conversa definitiva com Raul.
No inicio ela até tentou negar, no auge do seu desespero sugeriu que o homem fizesse um DNA, queria ganhar tempo.

Um mês depois, Raul recebe um telefonema da clínica onde tinha feito o exame, um dos enfermeiros era conhecido seu, deu a noticia que o homem mais espera, ele era pai do garoto.

- Positivo. – afirmou o homem do laboratório – a mulher mentiu quando disse que não era teu. O moleque é teu filho mesmo.

- Eu sou pai! – gritava o homem eufórico.



Raul não podia acreditar, sabia da dificuldade que tinha para engravidar uma mulher, herança passada geneticamente por seu pai, diante de sua obsessão por família não pensou duas vezes foi ao encontro de Alicia, nada mais importava. Ele só queria prolongar aquela sensação de alegria. Agora teria uma família de verdade, Alicia desde o inicio negava que o filho fosse dele, sabia como o garoto seria criado se estivesse no mesmo ambiente que o pai, apesar de ser um pai amoroso ele não deixava de ser um criminoso e cada dia pior, lembrou-se do quando Raul foi doutrinado pelo pai, queria da a mesma criação para o filho, Vinicius merecia mais que isso o exame de DNA acabaria com a farsa. Não queria que o garoto tivesse o mesmo destino do pai, teve a idéia então de escondê-lo. Levando-o para bem longe, mantinha segredo de seu paradeiro. Não foi nada fácil, primeiro teve que despistar a vigilância do homem. Estava tudo esquematizado, contou a verdade para avó so assim ela poderia lhe ajudar, dona Marli ficou decepcionada pelo envolvimento da neta com pessoas errada. Embora chateada não podia deixá-la não mão, amava assim como seu bisneto, jurou criá-lo.
- Podemos ir para mandacaru. – sugeriu a velha. – irmã Maria mora lá.

- É vó! Perfeito. Mais eu não poderei ir. – disse com tristeza na voz. – se eu for ele vai me encontrar. Ele sempre me encontrar.

- Podemos enfrentá-lo filha.
Alicia riu da ingenuidade da avó.

- Raul é um homem poderoso, conhece muita gente ele me acha, quero a senhora e o Vinicius em segurança.

- E
você filha? É seu filho.

- Ele é a única coisa boa na minha vida vó, é por ele que faço vocês estando bem eu fico bem.

Elas não tinham muito tempo. Dona Marli entrou em contato com sua irmã que morava no município de Gravatá num interior chamado Mandacaru, a senhora viajou primeiro, uma vez estalada, comunicou a neta. Raul estava tão eufórico com o herdeiro que não deu por falta da velha, na semana que antecedia o resultado do exame Alicia fingiu que ia levar o menino numa consulta de rotina, um dos seguranças de Raul não viu mal algum a mulher so carregava uma bolsa de criança. Alicia na verdade foi embora levando o filho para longe. Com dor no coração mais uma vez deixou o filho e a avó. Abrindo mão do bem mais precioso da sua vida, para protegê-lo.


Raul se revoltou ao saber o que a loirinha havia feito espancou a mulher o quanto pode. Seu desespero era tamanho, Alicia sabia que apesar de tudo a única coisa que ele queria era ter uma família de verdade, com o tempo acabou o convencendo que seria o melhor pra o pequeno. Ano se passou e mesmo sofrendo ameaças e muita pressão, Alicia nunca contou o verdadeiro paradeiro do garoto, Raul se sentia frustrado, primeiro por seu pai não ter conhecido seu neto, segundo, por que apesar de ter um esquadrão de capangas a sua volta, muito dinheiro, muitas mulheres, porém se sentia incompleto por não ter seu filho por perto.
Beto, como fiel escudeiro de Raul, tinha ordens de encontrar o garoto a todo custo. Avisou alguns contatos que assim que tivesse a localização de dona Marli e Vinicius entrasse em contato com ele. Beto tinha outros planos tinha um ódio mortal por Alicia, queria encontrar a criança não para entregar ao chefe mais sim para matá-lo. Queria causar dor aquela mulher. Beto escondia um grande segredo que Alicia descobriu, por trás daquela pose de machão existiu uma bela donzela, o homem sempre foi apaixonado pelo melhor amigo, no meio homofobico em que vivia nunca saiu do armário. Alicia descobriu a sexualidade do homem, e debochou, embora nunca tenha contado para o amante, mais sempre tirava aproveito dessa informação. Alimentando dia a dia a raiva de Beto.

Mesmo diante de tantas pessoas lhe vigiando depois que Alicia voltou a viver com Raul, ela nunca deu um passo em falso sua única prioridade a segurança do filho. Dona Marli cuidava do menino junto com outra moça já que ela era uma senhora de idade, Alicia não tinha nenhum tipo de contato com elas, apenas lhe mandava uma quantia em dinheiro todos os meses, o tempo em que viveu com o amante aprendeu algumas coisas, variava sempre de conta, para não ser rastreada. Mesmo com o coração em pedaços, Alicia evitava ver o filho, o garoto crescia sabia da existência da mãe, mas era como se ela fosse um fantasma ou um anjo, sempre o vigiando de longe.
Voltando a atualidade dias depois do seqüestro, Raul esta a procura de Alicia.

Logo mais à tarde, Raul se encontrou novamente com Beto.

- Então, onde ela esta? – seu tom de voz era seco

- Não conseguimos localizar ainda.

- Você já foi bem mais competente. – Raul bufou.

- Veja lá como fala comigo Raul. – contra pos.

O homem pôs as mãos sobre o rosto e respirou fundo.

- Desculpe... Estou preocupado.

- Parece que ela ta na restauração. – Beto colocou a mão no ombro do amigo, Raul estava de cabeça baixa. – não se preocupe trago ela de volta.

- Faça isso logo não estou gostando nada desses furos.

- Já te deixei na mão alguma vez – perguntou Beto meio ressentido, com o jeito rude do amigo.

Raul ficou em silêncio, Beto foi atrás de Alicia no hospital, chegando lá aumentou sua irritação a mulher já tinha fugido.

- Ela fugiu! – disse Raul deu um berro do outro lado da linha – a polícia esta atrás dela também. – silêncio –

- Precisamos encontrá-la entes que a polícia faça isso, se ela abrir o bico estamos ferrado. – falou o homem apreensivo.

- Você devia ter se preocupado com isso antes, agora é meio tarde. – Beto usava seu tom mais irônico – Foi fácil descobrir a onde ela foi atendida, mas quando cheguei ao hospital ela já havia fugido, coloquei vários homens atrás dela é questão de tempo encontrá-la, ela não tem muitas alternativas.
Raul desligou o telefone, ouviu umas batidas na porta.

- Entra!

- Desculpe interromper, mas acho melhor o senhor ver uma coisa. – o menino de corpo franzino caminhou até a TV, era um dos jovens aprendizes do tráfico, como Raul costumava dizer, o garoto ligou o aparelho e colocou no canal 8. O homem no noticiário falava do desaparecimento da promotora Larissa Couto, varias buscas já tinham sido organizadas. Fazia dois dias que a assistente da promotora não conseguia fazer contato com ela, a mesma não apareceu no Ministério Público. Amigos e parentes também estranhavam a ausência da mulher, o porteiro do prédio informou que Larissa foi vista pela última vez acompanhada de sua namorada quando saiam para fazer Cooper no calçadão. A polícia ainda não havia identificado garota, mas estava a procura de pistas que pudessem identificar o paradeiro das duas. Já havia a hipótese de um seqüestro, mas nada havia sido confirmado.

- Merda! – Raul ficou nervoso, jogou o controle remoto no chão. Pegou o celular e discou um número.

- Alô!

- Precisamos achar aquela vagaba, antes que a policia faça isso. Esta me escutando! – gritou. – você viu o jornal?

- Vi! Não se preocupe, em 24 horas a tenho. – Beto falou confiante deixando o amigo mais tranqüilo.
Em quanto isso Larissa estava com a impressão de que estava se afogando em um mar de gelo. Deu um pulo tamanho foi o susto, havia um homem mascarado a sua frente.

- Acorda vadia. Você tem visita! – o homem sorriu depois de falar a ultima frase.

Larissa estava desnorteada, o mesmo homem colocou uma cadeira a sua frente e ordenou que se sentasse.

- Fique quieta! – falou Lobo amarrando suas mão para trás, e depois seus pés.

Larissa tremia de frio, pedaço de gelo ainda esta pelo seu corpo, não tinha voz, o homem prendera com força o que dificultava sua circulação. O homem a deixou sozinha, ela ainda não conseguia entender o motivo de esta ali. Minutos depois Larissa vê outro homem se aproximar, esse não estava mascarado, aparentava ter 1,70m, moreno de olhos claros, parecia ser jovem, 25 a 30 anos, tinha um olhar sério, não tinha o aspecto dos outros de sujeira, estava de barba feita, bem vestido, seu perfume era forte, porém agradável, sua voz era rouca.

- Espero que esteja gostando da estadia, Dra. Couto. – seu tom era irônico. –

- O que você quer? – Larissa falou baixo, mal dava para ouvir sua voz, estava fraca e com medo , o homem se aproximou, deu-lhe um soco no queixo, a morena cuspiu o sangue, uma dor estridente.

- Quero dor, medo, desespero, agonia... – Raul sussurrava no ouvido da morena – Você vai passar pela melhor experiência de sua vida. – O homem se comportava como um psicopata.

- É dinheiro que quer? – indagou Larissa.
Raul deu uma gargalhada.

- Dinheiro eu tenho aos montes doutora.
Raul dava traços de psicopatia Larissa sabia identificar seu comportamento, já teve um pouco de convivência com pessoas assim, sentia o ódio transbordar daqueles olhos cinzentos, mas não se intimidou. Tinha a impressão de já ter visto aqueles olhos em algum lugar, em quanto colocava sua memória fotográfica para funcionar, sentiu um ardor no rosto, Raul voltou a batê-la.

- Me diga por que esta aqui? – dessa vez foi Larissa ficou surpresa com a pergunta.

- Acho que você já tem a resposta. – encarou o homem.
Raul se irritou com a ousadia da mulher, pegou um saco de plástico e colocou na cabeça dela a sufocando, ela começou a se debater seus pulmões pedia por ar. Raul tirou o saco.

- Me responda doutora porque esta aqui?
Larissa puxava o ar com força.

- Responda! – puxou os cabelos da mulher para trás, forçando olhá-la.

- Eu não sei!

- Resposta errada.


Ele deu-lhe soco atrás de soco, sempre que a morena parecia estar desacordada, levava um banho de água gelada, Raul agia de forma cruel. A promotora gritava o quanto podia, na verdade não tinha forças pra isso, sentia uma dormência invadir seu corpo.

- Porque esta aqui doutora? – insistia na pergunta se vangloriando com o estado daquela mulher que estava banhada em sangue.


Ela já não enxergava nada, seus olhos pesavam como chumbo, já não agüentava mais nada balbuciou palavras sem nexo algum, Raul segurou seu queixo, erguendo sua cabeça, olhou satisfeito para o estado deplorável da promotora.
– Logo, logo terás companhia! Ainda quero minha resposta, pense doutora, porque esta aqui? – satisfeito saiu do quarto, deixando a morena desacordada, deu ordens para que os homens a alimentassem.

O desaparecimento de Larissa já ocupava as capas dos jornais mais conhecidos da cidade. Uma testemunha disse que as vitimas eram freqüentadora do local, e que foram abordadas por dois homens encapuzados que deram tiros para cima, gerando pânico. O delegado que apurou os fatos já trabalha com a hipótese de seqüestro, a outra mulher que estava na companhia da promotora ainda não tinha sido identificada. Alicia permanecia na casa de Marcela, ainda se recuperando dos machucados, a loirinha estava temerosa, Marcela já sabia do atentado contra a namorada de sua amiga, porém nada comentava, esperava que Alicia falasse no momento certo.

As coisas haviam tomando uma proporção maior do que era esperado, a polícia estava a sua procura. Ela se viu encurralada, não sabia o que fazer, temia ainda mais por seu filho. Viu ai uma solução, iria ao encontro do garoto estaria segura lá, esperou que Marcela e seus pais dormissem, e naquela noite saiu do apartamento deixando apenas uma carta de agradecimento, pretendia mandar notícias em breve, saiu pelos fundos do prédio, não queria ser vista. Antes de chegar a esquina do quarteirão foi surpreendida, sentiu alguém lhe puxar pelos cabelos, logo uma mão tapava sua boca.


- Quietinha ou então eu te mato aqui mesmo! – reconheceu o sarcasmo na voz de Beto, Alicia não reagiu, deixou-se dominar pelo capanga do amante.

Beto jogou a mulher dentro da picape, seguiu para a favela. Alicia respirava alto, tentando não demonstrar seu medo.
Chegando Beto a levou até a casa onde Raul estava com mais três de seus homens, antes de entrar, pôs mais medo na mulher.

- Dessa você não escapa, ele vai acabar com você e com seu filhinho.
Empurrou Alicia para que entrasse na casa, a levou até o quarto onde Raul estava sentado de frente para a janela, observando o movimento da comunidade.

- Tá aqui, sua mulherzinha! – Raul nem se deu ao trabalho de olhar para Alicia.


- Pode sair e peça aos rapazes para ficarem lá fora. – ordenou.


- Raul. – Beto tentou dizer algo

- Eu mandei sair! – falou num tom mais alto, Beto saiu bufando.

Alicia estava em um canto de parede mal iluminado, sentia as lágrimas vindo a todo o momento, tentava se acalmar, pensou em dar um passo à frente, mas desistiu ao ouvir a voz de Raul:

- Gostou de trepar com a vagabunda? – parecia sério, Alicia tentou se acalmar colocou toda veracidade em suas palavras mentiu descarada mente.

- Era apenas trabalho. – deixou um sorriso amarelo escapar – Raul se levantou, pôs a cadeira de lado, caminhou calmamente até a loirinha, desde que soube que tinha um filho com aquela mulher, passou a respeitá-la, ela mesma exigia isso, sempre fora um homem violento, mas não com ela. Já estava bem próximo, acariciou o resto da loirinha, parecia estar ouvindo novamente as palavras de Beto.
- Era só trabalho né? – falou com malícia – Trabalho que você adorou fazer, sua vagabunda escrota... – falava em quanto sua mãe deslizava para o pescoço da mulher, foi puxando seu cabelo o que a fez se aproximar.

Depois disso a cena que se viu foi de uma violência indescritível, Raul descontou toda sua ira e frustração no corpo da mulher. O Homem a via como uma traidora, pior; era piada entre os seus, so em pensar que foi trocado por uma mulher mutilava seu orgulho como homem. Tinha uma honra a zelar. Do lado de fora seus comparsas podiam escuta os apelos desesperado da mulher, socos, ponta pés o homem distribuía. Ele a tratou como uma vagabunda.

- Vou te mostrar como é que se trepar de verdade... Que sou muito homem para dá prazer a minha mulher. – rosnava. Alicia já não tinha força para lutar, fechou os olhos com força, buscou se transportar para outra dimensão. Agüentou tudo calada.

Raul tirou as calças, abriu as pernas da mulher e passou a penetrá-la com força, exigindo ver a expressão de prazer em seu rosto, à única expressão que ele conseguia captar era o vazio. Toda aquela tortura fazia com que à loirinha soubesse realmente do que o amante era capaz, foram quarenta minutos intermináveis. Depois de se satisfazer, Raul saiu de cima dela, para sua surpresa não viu um olhar de arrependimento, e sim de desprezo. Alicia encarava os olhos, num duelo interminável, o homem virou o rosto, vestiu a calça e saiu sem dizer mais nada.
Ela permaneceu ali sozinha no quarto, agora jogará sua armadura, chorava copiosamente, seu corpo violado, sua alma dilacerada, Raul entrou novamente no quarto, tinha algo a dizer.

- Foi você que me obrigou a fazer isso. Quero que escute bem, se aquela promotorazinha de merda voltar a te tocar, eu mato ela, na sua frente e depois, mato você. – Raul sussurrou no ouvido de Alicia que permaneceu calada.

Beto que estava do lado de fora da casa, tinha ouvido tudo, estava satisfeito com sua vingança. Viu Raul sair da casa e não demonstrava nenhum sentimento no olhar. Alicia estava completamente arrependida de tudo que tinha feito até ali, se sentia a pior pessoa do planeta, achava que merecia tudo aquilo, pois tinha certeza que Larissa estava sofrendo coisas piores.

Alguns dias se passaram, Larissa continuava sendo torturada diariamente pelos capangas de Raul, além da violência física, passava também pela violência verbal. A maior parte das violências sofridas era cometida por Raul, que acumulava cada vez mais sentimentos ruins por Larissa, agora tinha mais um motivo para odiá-la a promotora conseguiu o que ele nunca tinha conseguido em seis anos de relacionamento, Alicia estava apaixonada pela mulher isso era incontestável, Raul era um homem experiente, embora se se deixa influenciar pela lourinha, ele sabia que ela nunca o amou de verdade, era interesseira gostava da vida boa que ele lhe oferecia, mas até então tudo bem. Pois Alicia sempre o respeitou como único homem. Sua vingança se ampliou além de querer se vingar pela morte do pai, agora sentia nojo e desprezo pela promotora que he roubara a mulher. Seu orgulho de homem estava muito abalado, era inaceitável que Alicia o trocasse pela morena.
Para Larissa aquele comportamento era confuso, por mais que trabalhasse seu intelecto não conseguia compreender aquela situação, não se tratava de um simples seqüestro, o homem já deixou claro que não era dinheiro que estava em jogo, ela já havia chegado à conclusão de que se tratava do seu trabalho, mais a todo o momento ele fazia referência a uma terceira pessoa, mais a morena não conseguia imaginar de quem se tratava. Outrora ele insistia em obter uma resposta que ela sabia dá. Era como se ele quisesse que ela mesma descobrisse porque estava ali. Já naquele jogo de sobrevivência Larissa esta perdendo, estava à mercê de um louco, não sabia quanto tempo mais agüentaria. Já havia perdido a noção do tempo. Mergulhou na escuridão.
Raul esperou uma semana, a policia estavam avançando nas investigações, o traficante começou a temer. Alicia continuava enclausurada em sua casa. O circulo estava se fechando então o homem tomou uma atitude inesperada. Numa manhã fria de terça-feira uma nova idéia lhe surgiu precisava se vingar da amante também.

- Vamos da uma volta. – informou Raul. Alicia não teve coragem de fazer qualquer pergunta. Apenas seguiu o homem cabisbaixa.

Raul abriu a porta e deu passagem para lourinha, depois entrou sentando ao lado dela, estava sério, fez sinal para que seu homem desce partida. Durante o trajeto o silêncio era absoluto. Raul tinha um olhar fixo no celular, passava algumas ordens por mensagem. O silêncio foi quebrado quando Alicia mumurrou algumas palavras.


- Não é justo. – Alicia desabafou em um suspiro seguido de uma lágrima que deslizava por sua bochecha.

- O que você disse? – Raul a encarou.

- Não é justo você me tratar dessa maneira.

- ele deu uma gargalhada nervosa – Não é justo, ta de brincadeira né galega.

- Sempre um uma boa mulher para você, sempre te respeitei e é isso que ganho em trocar, ser tratada como um animal. – ela agora tinha um tom mais firme.

– Meia dúzia de tempo que passa com a promotora você vem me falar de justiça. O que é justo então, Ruth se corno! – o homem estava vermelho de raiva, praticamente rosnou as palavras. – Você me tornou numa piada! Sua cadela! – Raul puxou o cabelo da mulher com força, Alicia segurou sua mão o fazendo soltar.
- Você nunca foi corno, nunca te trair e você sabe disso. Aquele veado de merda que fica te enchendo. Você é um burro mesmo – Alicia não mediu as palavras, a sorte que Raul não parecia ter ligado o adjetivo a pessoa.

- Você bem que estava gostando de trepar com aquele mulher, você me traiu, fugiu de mim. Acha que sou burro? – Raul segura o queixo da mulher entre as mãos, apertava bastante, Alicia não ousou falar mais nada com medo de voltar a apanhar, baixou o olhar, Raul soltou seu queixo. Nada mais foi dito. Ele acabou mudando de idéia mandou o homem retornar para casa.

Fazia exatamente 15 dias de seqüestro, Beto o alertava a cada momento, já sabiam que a policia federal estava envolvida no caso, os pais de Larissa faziam apelos nos programas de TV, o caso já tomava proporções nacionais, Alicia conseguia acompanhar as notícias por um rádio velho, que mantinha escondido de baixo da cama, ouviu um depoimento da mãe de Larissa se emocionou a ponto de chorar, o sofrimento dos pais e amigos de Larissa só faziam sua dor e culpa aumentar, estava decidida a fazer de tudo para ajudar Larissa a sair daquela situação, mas precisava ter paciência, não poderia dar nenhum passo em falso, pois teria certeza que Raul não pensaria duas vezes antes de lhe matar e matar a promotora.
Naquele mesmo dia, à noite, Beto apareceu na casa, Alicia estava próxima da janela, sentiu o perfume do homem invadir o ambiente, ficou assustada, vestia apenas uma camiseta velha e um shortinho muito curto, sentiu o olhar de despeito do homem. Deu um passo para trás, ele parecia um leão observando sua presa, que recuava demonstrando medo.

- Vem.

- O que você quer aqui? – Alicia tentava se manter o mais longe possível.

- Te matar era o que gostaria mais esse prazer ainda terá que ser adiado. Você não passa de uma vagabunda que não sabe dá valor ao homem que tem. – ele deixou bem claro o motivo de tamanho despeito, sua hora vai chegar nojenta, - Beto teve que se segurar a vontade que sentia era quebrar Alicia na pancada, ainda a puxou bruscamente pelo braço. – você não perde por esperar. Veste esses trapos e anda logo, o Raul ta lá em baixo. – jogou uma calça velha e uma blusa em cima da cama. Alicia não perguntou mais nada, apenas se vestiu Beto estava do lado de fora.

- Pronto!

- Vamos. – Beto segurou seus braços e saiu puxando, saíram da casa e seguiram pelo beco, pararam uma picape estacionada, Raul estava dentro do carro, Beto abriu a porta e praticamente jogou a mulher lá dentro, Raul fez um sinal com a cabeça e saiu em disparada. Alguns minutos se passaram, e os dois permaneciam calados, até que Alicia arriscou em perguntar:

- Pra onde você ta me levando?
Naquele mesmo dia Beto foi buscar Alicia, entrou sem bater a mulher estava próxima da janela, ela pode sentir o perfume do homem invadir o ambiente, ficou assustada, vestia apenas uma camiseta velha e um shortinho muito curto, sentiu o olhar de despeito do homem. Deu um passo para trás, ele parecia um leão observando sua presa.

- Vem.

- O que você quer aqui? – Alicia tentava se manter o mais longe possível.

- Te matar era o que gostaria, mas. – Ele deu um sorriso frustrado. - esse prazer ainda terá que ser adiado. Você não passa de uma vagabunda que não sabe dá valor ao homem que tem. – Beto mudou de tom, parecia uma mulher despeitada - sua hora vai chegar nojenta – sua vontade era de acabar com Alicia ali mesmo, sem testemunha, mas não podia forças maiores o impediam. A pegou bruscamente pelo braço a arrastando – você não perde por esperar.

Ela não teve tempo de se trocar, saíram no meio da rua algumas pessoas que passavam pelo local observava a cena, seguiram por um beco que dava na rua do escritório de Raul. Normalmente o homem não gostava de misturar casa com trabalho, mas um ensinamento do pai. Dificilmente era incomodado quando estava em casa, seus homens tinham ordens expressa para não importuná-lo a não se que o mundo estivesse desabando.
Assim que chegou ao escritório uma picape estava estacionada em frente.
Beto
abriu a porta e praticamente jogou a mulher lá dentro, Raul fez um sinal com a cabeça para o motorista, ele deu partida no carro. Alguns minutos se passaram, os dois permaneciam calados, até que Alicia arriscou em perguntar:
- Pra onde você ta me levando?

Raul permaneceu calado, quando chegou à BR 232 o condutor do veículo estacionou num posto de gasolina e desceu do carro.

- Fique aqui. – ordenou Raul saindo do carro em seguida.

Minutos
depois ele voltou tinha uma sacola plástica nas mãos abriu a porta de trás e jogou em cima de Alicia. Tratava-se de medicamentos e coisas para primeiro socorros. Voltou a um grupo de homens, conversaram por alguns minutos, depois Raul voltou ao carro sozinho, ordenou que ela passasse para o banco da frente. Ele tinha um sorriso na face, parecia pensar em alguma coisa, ora e outra olhava para Alicia e balançava a cabeça rindo em sinal de negação, ela olhava atentamente as placas adiante tentando descobrir para onde ele estava lhe levando, a viagem era longa. Logo ela reconheceu um lugar, Surubim. Muitas vezes tinha ido aquela cidade assistir a vaquejada que acontecia lá.


- Raul... – Alicia tentou falar alguma coisa.
Ele parecia não querer escutar a voz dela logo ligou o som do carro alto, olhava fixamente para estrada, agora haviam entrado numa estrada de terra. Raul parecia se divertir por dentro, era obvio os questionamentos da mulher ao seu lado.

- Você vai ter uma ótima surpresinha sua cadela. – pensou.

A estrada que ele tinha tomado era distante da cidade, muito distante a medida que prosseguia, a única paisagem que ela podia apreciar era o da terra seca, sem mata e os gados quase esqueléticos. Foram 30 minutos, até que ao longe ela avistou uma casa. O carro parou em frente, Raul estacionou o carro e saiu, deu a volta no automóvel e abriu a porta ordenou que a loirinha saísse. Alicia estava muito abatida, havia perdido muito peso, estava cheia de hematomas.
. Saiu do carro com muito medo, Raul segurou seu braço com força e foi guiando-a até o velho casebre, a loirinha olhava para os lados, ainda tentando reconhecer, caminharam cerca de 150 metros, Alicia conseguiu avistar um homem na porta, Raul cumprimentou ele abriu a porta para que o chefe entrasse, os dois entraram na casa. Lobo logo se aproximou.

- Patrão!

- Como está as coisas? – perguntou soltando alicia que esfregava o braço que estava doendo.

- Nada bem! – informou.
Raul franziu o cenho.

- Toma. – estendeu a mão com as chaves do carro – tem uns remédios esta no bando de trás.
Raul entrou na casa, alicia ficou parada da porta.

- Vem cá. – puxou o homem para dentro.

Outro homem se aproximou, cumprimentou o patrão logo Raul ordenou que saísse. Lobo entrou com a sacola de medicamento.
Um frio percorreu a espinha de Alicia, agora sabia onde esta, Raul tinha a levado até o cativeiro de Larissa, seu coração ficou apertado, sua mente fervilhava, ali em algum lugar estava naquele lugar pensou no pior.

- Desculpa minha intromissão chefe, mas, o senhor não acha melhor ela dar uma olhada na vadia? – apontou para Alicia. – ela parece uma morta.
Raul respirou fundo, Alicia olhou atônita para os dois homens.

- Me deixe sozinho. – ordenou o homem.

Lobo e o outro capanga saíram do casebre. Raul sentou-se no sofá, Alicia permanecia em pé parada, não sabia o que fazer milhões de coisas passava por sua mente, olhou ao redor, a casa era pequena, pouco habitável, notou que nos fundo um pequeno corredor, seu desejo era correr atrás de Larissa, mas seu lado racional manda ficar no mesmo lugar que estava Raul acendeu o cigarro. Sua voz saia forte e vibrante.
-Não envolva o Vinicius nisso. – sua voz era meio chorosa.

-Você achou que eu nunca iria encontrá-lo? – Raul sentou-se, mantinha um sorriso de pura vaidade no rosto – Eu sou o rei.

- Você me prometeu que nunca cometeria nenhuma loucura com ele, que o deixaria fora de tudo isso. Ele é seu filho Raul... Seu filho. – argumentou desesperada se ajoelhando nos pés do homem.

- Agora você lembrou que eu sou pai!? – deu uma gargalhada - eu não tenho por esse garoto nenhum sentimento, você o tirou de mim, ela não passa de um desconhecido por culpa sua. – tinha rancor na voz.

- Você é capaz de matar seu próprio sangue...

Raul se levantou, levantou Alicia bruscamente, deu a volta entre seu corpo, colocou a boca em seu ouvido e sussurrou.

- Vou, matar aquela vagabunda, e se você me fizer raiva, mato o menino. E te deixo viva para viver com a consciência pesada.

Raul voltou a ficar de frente para a loirinha, os olhos se encaravam, Alicia já não duvidava de nada, sabia que Raul seria sim capaz de matar o próprio filho. Estava disposta a ajudar Larissa, mas pensaria mil vezes antes de tomar uma atitude, por a segurança do filho a prova era um risco que ela não queria correr.
- Olha aqui! – Raul jogou uma sacola cheia de remédios, não queria a morte da promotora, não agora, ainda tinham que pegar seu pai, os planos tinham se interrompido com a polícia federal envolvida os pais de larissa estavam sobre guarda. – Lobo – gritou.

- Oi.

– Ela vai ficar por aqui. – informou – de olho nela. Se ela fizer qualquer gracinha meta chumbo. – ordenou Raul. – ela coloque ela para alimentar a outra.

Raul voltou a Recife, tinha negócios a tratar, um de seus capangas tinha sido preso, uma câmera de segurança identificou um suspeito do seqüestro. Raul já tinha expressado ordem para apagar Marcão antes que ele falasse algo. As coisas estavam se complicando.
Larissa estava deitada no colchão, sua mente estava longe, uma semana se passou e ela nem se deu conta sem ver a luz do sol, nem o brilho da estrela, já tinha se perdido no tempo. Ora ou outra ela via uma luz, a luz que vinha do outro ambiente onde era brutalmente torturada, seu corpo não sentia dor alguma, sua alma estava anestesiada, já não tinha esperança de sair viva daquele lugar, os ratos tornaram-se amigos. Presa naquela imundice buscava desesperadamente algumas lembranças boas de sua vida, em intuito de aliviar seu sofrimento. Abraçada ao seu próprio corpo, já não tinha mais lágrimas. Pensou em sua família, no quanto tinha tido uma vida feliz ao lado de pessoas queridas, lembrou-se da mulher que realmente amou, tantas boas lembranças foram surgindo. Suplicava à Deus em suas orações para que protegesse a todos que amava, pois sua vida já não importava.
Uma discursão havia começado no outro lado, Lobo queria que Alice fosse ver se a promotora estava morta ou vida da ultima vez que tinha visto ela não estava nada bem, a idéia de rasga a barriga de larissa escrevendo as iniciais do nome do patrão não tinha dado muito certo, o ferimento tinha se infeccionado. Alicia relutava não por desejo de saber como estava à amada, mais um medo estarrecedor a impedia.

Um fecho de luz entrou no quarto, à claridade lhe incomodava, tanto tempo no escuro, ela elevou a mão até seu rosto no intuito de proteger seus olhos, pode ver uma resta entrando no quarto. Um perfume embriagador se destacou no meio daquele odor desagradável, Larissa sentiu um cheiro de perfume doce, um ato involuntário inspirou forte para senti aquele cheiro, seus olhos foram se acostumando, Larissa abriu os olhos, a silhueta era visivelmente de uma mulher, a cativa tentou sentar-se com certa dificuldade, sua barriga doía muito.

A imagem que a outra pessoa via era dolorosa demais, principalmente quando se conhecia a vitima, estava suja, seus cabelos cortado, seu rosto machucado, havia sinal de desnutrição, em sua barriga havia manchas de sangue em sua camiseta, ainda estava vestida com a roupa de ginástica. Estava descalça, a cabeça dos seus dedos dos pés estava com sangue seco, como se tivessem arrancado às unhas. Alicia quase caiu para trás com a cena, seu estomago deu uma reviravolta, ela virou-se o rosto, saindo dali imediatamente. A cativa viu a escuridão mais uma vez. Naquele momento Larissa não pensava em nada, estava faminta, a única coisa que queria era um pouco de água e comida. Nunca desejou tanto a presença de Lobo no quarto, ao menos ele trazia comida. Alicia fechou a porta atrás de si, correu até o outro quarto, caiu no choro, era demais para ela, nunca havia sentido tanta dor em seu coração. As horas passaram, ela estava la deitada na cama, perdida em seus arrependimentos. Lobo entrou no quarto, tinha uma bandeja nas mãos.
- Leva pra vadia. – ordenou.
Alicia não esboçou reação continuou deitada da cama.

- Vai logo galega, ordens são ordens. A vagaba ta por sua conta agora.

- Vai você.

- Olha aqui!- se irritou – ou você leva ou eu ligo para o chefe.

Alicia não tinha escolha, criou força para entrar ali novamente, engoliu o choro, colocou um capuz na cabeça, não queria ser reconhecida, entrou vagarosamente, olhou ao redor, se entristeceu ainda mais, um aperto no peito. Seu coração disparou seus olhos a avistaram Larissa estava deitada no colchão, seu olhar estava perdido parecia que não tinha notado a presença da mulher ali. Alicia caminhou em silêncio. Ela não conseguia ter domínio de suas pernas que tremiam involuntariamente, a promotora agora tinha percebido sentou-se, seu olhar era de um animal faminto, sua vista estava focalizada na bandeja adiante, Alicia se agachou.

- Trouxe comida! – falou a lourinha quase inaudível.
Larissa não ouviu estendeu a mão para pegar a bandeja, por segundos suas mãos se tocaram, alicia estava com o pulso posicionado para cima.

Larissa sentiu uma batida tão forte no coração que pensou que fosse ter um ataque cardíaco, seus olhos avistaram um desenho. Num ato involuntário ela jogou a bandeja do lado e segurou com força o pulso de alicia, que se assustou.

- Me solta! – gritou.
O coração em disparada, milhões de lembranças povoaram sua mente.
- Não podia ser. – não pode ser! – disse para si mesmo a morena. A vida não seria tão injusta com ela. Ela se fixou naquele desenho tatuado no pulso da mulher. Uma lembrança clara.

- O que é isso? – perguntou à morena no primeiro encontro com Alicia.
Alicia sorriu, já esperava pela pergunta, normalmente a pessoa sempre perguntava o significado daquela tatuagem que representava tanto para ela.

- O terceiro olho, mais conhecido olho de Hórus ou 'Udyat' é um símbolo, proveniente do Egito Antigo, que significa proteção e poder, relacionado à divindade Hórus. – pausou dando um sorriso. Larissa vislumbrou - Era um dos mais poderosos e mais usados amuletos no Egito em todas as épocas. Gosto muito das lendas egípcias – explicava Alicia - Segundo uma lenda, o olho esquerdo de Hórus simbolizava a Lua e o direito, o Sol. Durante a luta, o deus Set arrancou o olho esquerdo de Hórus, o qual foi substituído por este amuleto, que não lhe dava visão total, colocando então também uma serpente sobre sua cabeça. Depois da sua recuperação, Horus pôde organizar novos combates que o levaram à vitória decisiva sobre Set. Era a união do olho humano com a vista do falcão, animal associado ao deus Hórus. Era usado, em vida, para afugentar o mau-olhado e, após a morte, contra o infortúnio do Além. – fez um gesto como se quisesse fazer medo. - Hoje em dia, o Olho de Horus adquiriu também outro significado e é usado para evitar o mal e espantar inveja (mau-olhado), mas continua com a idéia de trazer proteção, vigor e saúde.

- Hum interessante, não sabia que você era uma apreciadora de lendas egípcias. – brincou larissa.

Essa lembrança foi dando sentindo a Larissa que parecia que uma luz tinha surgido no meio daquela escuridão.

seu coração foi esmagado.
Essa lembrança foi dando sentindo a Larissa que parecia que uma luz tinha surgido no meio daquela escuridão. Ela foi levantando o olhar, jogando os ombros para trás, tudo fazia sentido. A promotora começou a raciocinar, tocou o braço da mulher, sentiu a pele macia, aquele perfume, como esquecer... Sua mente fervilhava.

- Estive em uma palestra ministrada por você. – disse a lourinha um tanto nervosa, lembrou-se da primeira vez que viu Alicia.

Naquele dia Larissa olhou fixamente para mulher, sentiu-se envergonhada como não lembrar de uma mulher tão bonita, pela primeira vez sua memória fotográfica lhe falhou, foi o que a morena pensou na época. Como lembrar de um rosto se nunca o viu até aquele presente momento.

- Não existe nenhuma Ruth Lima. – a recepcionista da faculdade.

Sua mente parecia um computador trabalhando, juntando todos os dados que antes parecia indiferentes, a conclusão que chegou ia contra seu consciente. Seu corpo desfaleceu uma tristeza devastadora lhe tomou o corpo, seus olhos procuraram à facada final. E encontrou. Aqueles olhos castanhos apagados nunca esqueceram dele um so minuto desde que entrou em sua vida, Larissa baixou a cabeça deixando as lágrimas vim. O silêncio pesado doía ainda mais. Podia sentir a mão dela tremula ainda pegada na sua


- Você... – a morena forçava as palavras.

Alicia não agüentou, arrancou a mascara do rosto abraçando a morena, indescritível o que se passava dentro dela, ela também chorava. Suas palavras eram desconexas.
- Me perdoa, me perdoa – implorava – O que eu fiz foi por amor... – as palavras saiam sem nexo, sussurrava um pedido de perdão no ouvido de Larissa, buscava seus lábios, a promotora correspondeu às investidas também em um ato involuntário, logo seu raciocínio lógico voltou a agir e com a pouca força que tinha, empurrou a mulher fazendo com que ela caísse a sua frente.
Larissa se esquivava indo mais para trás, parecia ainda não acreditar no que estava acontecendo, Alicia forçava uma aproximação.

- Larissa... – tentou falar.

- Sai daqui! – larissa não queria ouvir – encostou-se à parede e se abraçou as próprias pernas, abaixando a cabeça, aquilo esta lhe doendo demais.

Alicia já não se controlava, tentava abraça a morena a todo custo pedindo perdão.

- Sai daqui... – sussurrava.

Alicia se afastou quando percebeu que estava piorando a situação. Já não encontrou aquele olhar apaixonado da mulher que amava. Agora um olhar de dor.

- Sai daqui... – gritou aos prantos.

Mesmo contra vontade Alicia saiu, embora estivesse sofrendo também, não podia imaginar a dor que acabou de causar a Larissa. Saiu do quarto a deixando sozinha, na companhia dos ratos.

- Por quê?
Larissa sentiu aquela dor em silêncio, chorou copiosamente, sua mente buscava um motivo, até se derrubada pelo sono. Na manhã seguinte, não era pesadelo ao abri os olhos deparou que Alicia lhe observando. Ao cruzar com aqueles olhos uma raiva lhe subiu, respirou fundo tentou se controlar com dificuldade levantou-se e sentou-se se encostando à parede, seu estômago dava reviravolta. Alicia tinha a cabeça baixa, estava muito pálida, mantinha o olhar fixo no chão. Sua voz saia tremula.

- Trouxa comida, lençóis limpos...
Larissa permanecia calada, olhando fixamente para a mulher adiante.

- Me perdoa... – Alicia levantou o rosto, os olhares se cruzaram, Larissa permanecia séria. Parecia estudar seu oponente. – Eu... – foi interrompida.

- Galega! – gritou o homem.
Larissa a olhou para porta.

- Eu... – Alicia não conseguia se explicar diante daquele olhar.

- Galega! – gritou mais uma vez abrindo a porta – o chefe quer falar com você. – Lobo mostrou o celular. Larissa balançou a cabeça em sinal de negação, como tivesse compreendido tudo. Antes que a lourinha atravessasse a porta a morena falou.

- Vou colocar você e seus cúmplices na cadeia, eu juro.
Alicia sentiu um frio no estomago. Fechou a porta atrás de si.


A morena não quis comer, embora estivesse faminta, ainda doía aquela revelação, tentou canalizar sua dor, agora mais do que nunca precisava sair dali, sua mente habilidosa estudava todas as possibilidades, tinha algo que não se encaixava, buscou em sua mente todas as pessoas relacionada a Ruth, mais não conseguiu lembrar de ninguém, a mulher era de poucos amigos, nunca vira com Raul antes. Raul, Larissa focalizou em Raul, em seu rosto, estava tendo dificuldade, buscou algo mais antigo, ele parecia familiar. Até que uma luz acendeu.
- Merda! É ele! – exclamou a morena, mais uma vez sua memória lembrou-se de um homem na platéia no julgamento de um réu. A memória de Larissa parecia um computador, em questão de segundos relacionou o homem que a torturava ao homem daquele julgamento. Era a mesma pessoa.

- Porque você esta aqui doutora? – lembrou-se daquele olhar, deferente dos outros Raul fazia questão de mostrar seu rosto. Havia um motivo para ela esta ali, mas a morena ainda não sabia qual é.

Larissa tinha um grande trabalho a frente, por mais que tentasse não conseguia entender o motivo por esta ali, muito menos sobre o envolvimento da namorada naquele seqüestro. Havia muitas perguntas, a morena sabia que a única chance de resposta seria Ruth. Precisava falar com ela, mas faltava coragem, aquilo ainda parecia surreal.

Alicia estava ao desespero, não saia como agir, voltou no inicio da noite, trazia comida, percebeu que a morena não tinha tocado na comida, apenas o copo de água estava vazio.

- Você precisa comer.

Larissa permanecia em silêncio sentada olhando para Alicia que se sentia desconfortável.

- Por que estou aqui? – indagou à promotora deixando a lourinha surpresa. – você sabe que não sou rica. O que querem de mim?

- Larissa, me perdoa...

Larissa seu uma risada irônica.

- O único perdão que você vai ter que pedi é a um juiz quando eu te meter na cadeia.
- Você não entende – olhou já chorosa, deixando a morena mais irritada.

- Eu não entendo, claro que não entendo – perdeu a paciência, puxou Alicia pelo braço com força – você estava acabando com minha vida, nem mesmo sei porque – gritou sacudindo a mulher. – porque eu estou aqui, porque você fez isso comigo? – Larissa estava frustrada, diante daquela gritaria Lobo entra como um furação dentro do quarto.

- Solta ela sua cadela.

Ele é bruto da um chute no estômago de Larissa que a faz perde o fôlego.

- Não faz isso.

Alicia se coloca em frente ao homem. Impedido que ele volte a chutar a morena.


- Sai daqui galega, essa vadia vai vê quem manda.

- Não! – grita tentando puxa o homem para fora do quarto.

Larissa fica se contorcendo de dor. Por fim a lourinha arranca o bandido do quarto.

- Nunca mais encoste as mãos nela seu imbecil, nunca mais.

Lobo não esta nem ai, virou-se para mesa pegou seu sanduíche e voltou a sala para seu jogo de vídeo game. Alicia voltou ao quarto. Larissa estava deitada chorava baixinho segurando a barriga, agora sangrava muito, Lobo acertou bem onde tinha um antigo ferimento, ao ver a presença da loura ela gritou.

- Me deixe morrer sozinha. Saia daqui.

- Não!

- Preciso cuidar de você. – falou a mulher baixinho.

- Não chega perto de mim. Vou te colocar na cadeia, vou te fazer pagar por tudo isso.
Alicia buscou os olhos da morena abriu o coração.

- Eu nunca disse isso a ninguém – pausou – mais você foi a única pessoa em que amei em toda minha existência
- você vai apodrecer na cadeia. – vociferou Larissa, disfarçando o peso das palavras de Alicia. – sai daqui, sai daqui – chorava.

- Eu não tive escolha... eu...eu...eu fiz por amor!

- Por amor? – Larissa tinha um sinal de interrogação na testa, balançava a cabeça em um sinal de desaprovação...

- Galega! – Lobo voltou a chamar a mulher.

- Saia daqui... – pediu mais uma vez, não queria escutar nada.

- Lary... um dia você vai entender. – Alicia se aproximava, queria abraçá-la.

- Nunca mais chegue perto de mim, você já conseguiu o que queria, destruiu minha vida. Acaba logo com isso Ruth.

- Você pode não acreditar agora – Alicia se aproximou um pouco mais - mas você foi a única pessoa que eu já amei de verdade, tem mais coisa em jogo do que você pensa. Não medi as conseqüências agora estou pagando um alto preço.

Larissa levantou os olhos ficando frente a frente com a lourinha, tocou o rosto da garota como se quisesse fazer um carinho.

- Se depender do meu amor, você vai apodrecer na cadeia. – vociferou Larissa deixando toda sua raiva sair junto com aquelas palavras. Você conheceu meu amor agora vai conhecer minha ira, se eu sair viva daqui Ruth, você e seus cúmplices estão perdidos.

- Galega! – Lobo voltou a gritar, Alicia resolveu sair dali antes que ele entrasse. Também não agüentaria sentir por mais nenhum minuto o olhar de desprezo de Larissa. Andou ate a porta vagarosamente, antes de abri-la enxugou as lágrimas, não queria que Lobo a visse daquele jeito, quando sentiu que estava pronta, saiu de imediato, deixando para trás uma Larissa completamente inerte.
Seu coração doía mais que seu corpo, pediu a inúmeras vezes a Deus para morrer naquela noite, preferia ser maltratada, torturada qualquer coisa a sofrer tamanha desilusão. Buscava uma explicação, sentia como se estivesse em um filme de terror, onde ela era a protagonista da historia.

– Por quê? Por quê? – seus gritos mesmo sendo abafados ecoavam por toda a casa, Alicia do lado de fora do quarto, podia ouvir nitidamente o choro descompassado da promotora, a lourinha também chorava.

Lobo gritava pedindo que as duas se calassem, estava impaciente com aquela situação, Larissa não conseguia se controlar, o mundo parecia girar rapidamente ao seu redor. O homem perdeu a paciência e entrou no quarto da mulher, aproximou-se e a viu sentada no colchão.

- É melhor fechar o bico se não quiser levar uma surra daquelas. – apertava o maxilar da promotora, Alicia entrou no quarto, puxou o homem, fazendo-o largar Larissa.

- Não a machuque. – berrou, Lobo se levantou e respirou fundo, estava cansado de tudo aquilo, não queria agredir nenhuma das duas, segurou Alicia pelo braço e saiu do quarto, deixando Larissa de sobre aviso para que não fizesse mais barulho. Naquela noite Larissa foi incomodada com todas as lembranças felizes que cismavam em atormentar sua mente, amaldiçoando cada uma delas.
Os dias seguintes foram bem piores, a morena não reagia a nada, não queria comer limitava-se a beber um pouco de água durante o dia, sua alma pesava tonelada... Esperava para morrer, esperava para viver, esperava por uma absolvição de nunca viria. Alicia já não sabia o que fazer, sua preocupação aumentava à medida que entrava no quarto, o estado de Larissa era lamentável, estava desnutrida, o medo aumentava à medida que o telefone tocava Raul queria saber a situação, por sorte ele estava enrolado na cidade ainda não tinha conseguido apagar um dos seqüestradores, o que o deixava apreensivo. A policia começava a trabalhar com outras hipóteses, até o presente momento os seqüestradores não tinham entrado em contado, as autoridades já cogitava que o crime podia ser por vingança.

- Merda! Quando eu der uma ordem eu quero que seja executada. – berrou Raul numa reunião com seus comparsas. – em 24 horas quero Marcão liquidado caso contrario, a limpeza começa por aqui. – ameaçou - cadê o Beto?
Os homens se entreolharam.

- Cadê o Beto? – gritou.

- Ele viajou senhor.

Raul bateu com os punhos na mesa.

- Aquele filho da puta viajou sem me avisar, e para onde ele foi? – os homens não souberam responder - saiam daqui e façam o que são pago para fazer.

Os homens se dissiparam do escritório. Beto tinha outros planos, sabia que o circulo estava se fechando, precisava dribla a policia, acionou uns amigos do Rio de Janeiro.
O apartamento de Larissa estava tumultuado, seus pais parentes estavam de prontidão esperando algum contato dos seqüestradores, essa espera já fazer 20 dias, apelos diários o tempo todo circulava na imprensa, tarde de quinta quinta-feira o telefone toca.

- Estamos com a promotora queremos um milhão em 24 horas ou ela morre. – desliga.

Do outro lado da linha seu Augusto sente um supapo no coração, as suspeita se confirmaram, estavam com sua filha. Ocorre um alvoroço, diante daquela situação e de sua saúde frágil senhor augusto passa mal e é hospitalizado, Henrique primo de Larissa informa ao delegado da ligação. A policia federal organiza uma operação.

Raul soube dos planos de Beto, acho meio arriscado.

- Isso pode dá em merda!

- Merda já tá! Precisamos tirar esses canas de cena. Quando rastrearem a ligação vão descobri que foram originada daqui, o problema é descobri em que ponto dessa favela foi. Acaba logo com essa vadia. – aconselhou.

- Não! – gritou! – quero o pai! Vou matá-lo, ela vai ter que conviver que essa dor. – disse Raul rancoroso. Lembrando do próprio pai. – coloca os caras na fita e volto para cá, quero Marcão morto. Tarefa dada tarefa comprida. O carregamento?



Raul passou algumas intrusões a Beto, ele ia aproveita a estada do amigo no Rio para resolver algumas pendências de uns carregamentos de drogas. A policia tinha mordido a isca, dois dias depois Raul vai fazer uma visita a promotora.
Alicia olha atônita para Raul, embora já tivesse sido avisada não esperava que ele fosse ali tão cedo. O homem mal trocou palavras com ela, ordenou a Lobo que colocasse Larissa na sala na sala de tortura. Larissa estava quase desfalecida, dias sem comer não agüentava ao menos sentar, foi carregada até a outra sala, esta calada e seu olhar estava perdido, foi amordaçada na cadeira, a poucos metro estava Raul.

- Pega a câmera ver se esta carregada vamos fazer um filme - disse rindo.

- Tudo certo chefe.

Raul então saiu do quarto, trouxe Alicia arrastada.

- Vamos fazer um filme galega e você vai ser a câmera mam.

Alicia não entendeu o que o homem queria exatamente. Ele lhe entregou a câmera,

- Liga essa porra!

- Raul...
Raul deu um puxão nos cabelos de Alicia a fazendo arquear seu corpo para trás.

- Vamos fazer um vídeo. – falou no ouvido dela.
Alicia ligou a câmera, o quarto não tinha muita iluminação, Larissa direcionou a vista no ponto vermelho a sua frente. Raul então colocou uma máscara no rosto, ficou diante as câmeras.

- Boa... – parou consultando o relógio. Era horário de verão então ele lembro-se da diferença de horário entre Recife e Rio, corrigiu-se antes de falar. Propositalmente ele queria que soubesse que era horário de verão – bem aqui já são 4 da tarde - sua voz saia rouca, forçou um pouco – vou ser breve, quanto vale a vida de uma pessoa – levou a arma até a cabeça como se tivesse pensando – bem acho que vocês tão procurando essa aqui. – ele deu espaço para mostra Larissa.
Alicia começou a tremer.

- Vamos ver quanto vocês me pagam por ela, 1 milhão até as 4 da tarde manhã, não quero gracinha, polícia envolvida meto chumbo, - Raul foi até atrás de Larissa puxou seu rosto bruscamente, fazendo a câmera foca bem.
Raul encarou fixamente os olhos na promotora, desceu até seus pés, pegou nas suas mão deu um sorriso diabólico, olhou novamente para uma bancada que estava do lado, pegou um alicate, Larissa arregalou os olhos o homem levantou sua mão, pegando um dos seus dedos ia cortá-lo.

- Uma amostra para saber que não estou brincando, ele arrancou a unha de Larissa que gritou de dor, Alicia não agüentou jogou a câmera no chão e foi para cima dele.

- Não faz isso. – o puxou o deixando irritado.

- Como é que é?

Raul foi para cima de Alicia e começou a batê-la, depois arrasou-a até o quarto espancou até não agüentar mais, deixou a mulher caído no chão toda machucada, larissa - chorava, mesmo diante daquilo tudo seu desejo maior era tirar alicia dali.

- Peguem à câmera. – ordenou.

- E a vadia.

- Divirtam-se um pouco depois a deixem lá, dois dias gelo. Sem comida, nem trepem com ela, esse prazer terei primeiro.
Quando Zé lhe entregou a câmera Raul que foi embora. Estava furioso olhou indignado para a câmera, amaldiçôo a mulher por aquilo.

- Se esse filme não pegar juro que acabo com aquela vadia de vez. – falou socando o volante do carro.

Assim que chegou a Recife foi procurou por Tadeu especialista em eletrônica, pediu para que o homem recuperasse o vídeo. No dia seguinte o homem informou a Raul que o vídeo não foi danificado, lhe entregou dois cds, depois de um bom pagamento o homem sumiu.
Raul assistiu inúmeras vezes, queria ter certeza de que não tinha ficado nada que pudesse identificá-lo e identificar o cativeiro. Tadeu teve que corta alguns pedaços mais tinha ficado ótimo. Seguiria com o plano, junto com uma carta mandou uma mula entregar o pacote. O rapaz estava vestido com um uniforme dos correios, na embalagem tinha selos do Rio de Janeiro, Raul precisava atrair a atenção da policia para outro lugar, queria pegar o pai de Larissa e acabar logo com isso, mas o homem não tinha lhe oferecido uma oportunidade.

- Bom dia correspondência – o homem pegou o pacote dentro da bolsa e entregou ao porteiro.

- Obrigado. – o porteiro nem olhou para cara do carteiro, pegou o pacote e colocou dentro da gaveta.

Apenas no inicio da tarde que Luiz o porteiro percebeu que o pacote era para senhorita Larissa Couto, ficou pálido feito papel tinha sido alertado pela policia para se informado qualquer coisa que chegasse endereçado a promotora. Sem saber o que fazer diante do deslize que acabou de fazer, subiu apressado até o vigésimo andar onde a mulher morava.
- Pois não! – falou a empregada da casa.

- Maria chegou esse pacote para dona Larissa.

Maria pegou desconfiada para o pacote, a casa tinha sempre dois policiais de vigia. A mulher foi até dona Laura.

- Estranho é do Rio de Janeiro. – falou. – mais não tem remetente. Ela abriu o pacote, era uma caixa de papelão, seu coração ficou em disparada, assim que abriu a caixa deu um grito.

Henrique ouviu o grito da tia do banheiro, todo ensaboado enrolado na toalha foi averiguar, dona Laura chorava em suas mãos segurava uma caixinha onde continha algumas unhas ensangüentadas.
O horror tomou conta daquela casa, o rapaz leu uma carta onde mandava checar o cd. A imagem era nítida, o seqüestrador falava dona Laura se agarrou nos braços do sobrinho ao ver a imagem da filha toda machucada sendo brutalmente torturada, os gritos dela ao ter suas unas arrancadas. A policia federal monta acampamento na casa de Larissa. No inicio da noite o telefone toca.

- Devolvam minha filha, devolva – grita dona Laura.

- É a Luiza tia, algum contato?

Henrique toma o telefone das mãos da tia, conta à amiga que aconteceu, a polícia continua as escuras.

- Já faz dias que minha filha sumiu.

- Senhora. Estamos trabalhando no caso, algumas pistas estão surgindo, tenha calma. – falava o delegado.

- Vamos pagar a droga desse resgate – gritou Luiza também perdendo a paciência com a incompetência da polícia.

- Vocês não entendem, se pagarem o resgate ela morre, a cada dez seqüestro que são pago apenas três as vitimas saem vitima.

A discursão e interrompida com o som do telefone. Luiza corre para atender ao telefone.
- Deixemos... – falou o delegado.

- Alô! – Luiza – tente manter o maior tempo possível na ligação. – sussurrou o delegado.

- Espero que tenha visto o vídeo.

- Devolva Larissa vamos pagar.

- Ótimo. Se eu sentir cheiro de cana envolvido eu arranco os olhos dela e mando para vocês.

- Não a machuquem. – se desesperou Luiza.

- Entrarei em contato para dizer quando e onde pagar.
Desligou.

- Saiam daqui, saiam daqui – gritou Luiza – se eles souberem que vocês estão aqui vão matá-la.



- Senhora...

Luiza foi para cima do delegado o puxando pelo palito.

- Eles vão arrancar os olhos dela, saiam.

Luiza esta muito assustada, o delegado entendeu, Duda tentava acalmar a mulher, essa altura Sr. Augusto e dona Laura estavam dopados. A policia tentava descobrir de onde tinha vindo a chamada.

- Vamos dá o que eles querem. – informou Maria Eduarda, não queremos a policia envolvida mais, esse tempo todo vocês não fizeram nada, agora vai ser do nosso jeito.

- As coisas não são bem assim – Henrique interveio era primo de Larissa mais também policial.

- Localizamos!

Antes de uma discursão começa o técnico informou.

- A ligação foi originada do estado do Rio de Janeiro.

O delegado começou a agir.

Na manhã seguinte para surpresa da própria policia o vídeo vazou na internet a população cobrava justiça.
- Como isso foi acontecer – gritava o delegado andando de um lado para o outro contra seus subordinados. Quero saber quem colocou aquele vídeo na internet agora. – gritou.

Larissa passou dois dias naquela cadeira amarrada, não era alimentada, a cada hora levava um banho de água de gelo, as roupas molhada, sua fraqueza já davam sinal de pneumonia. Alicia parecia inquieta na velha rede onde estava deitada, parecia procurar uma posição boa, movimentava-se de um lado para o outro, estava na verdade tendo um pesadelo há dois dias era proibida de ver a mulher, acordou com os gemidos dela. Levantou ainda meio assustada, foi até a porta do quarto, tentou abrir, mas estava trancada, ordenou que abrissem a porta, apesar de estar um pouco relutante, Lobo abriu. Alicia encontrou a morena tremendo, seu corpo queimava, estava delirando. A loirinha não sabia o que fazer Lobo se recusava a ajudar.

- Meu Deus!- se apavorou. – precisamos...

- Não precisamos nada, a deixa morrer de uma vez, quero ir para casa – resmungou.

- Se ela morrer eu te mato Lobo, juro que te mato. – enfrentou o homem.

- Você não mata nem uma mosca. – debochou.

- Você tem razão eu não mato, mas o Raul quando chegar aqui e ver essa mulher morta morre nos dois. – alertou. – ele a quer viva.
Mesmo resmungando Lobo se levantou do sofá e foi até o quarto.

- O que quer que faça, nem sonhe em tirá-la daqui.

- Precisamos dá banho frio so assim pra baixar a febre.

Lobo gostou da idéia pegou um balde de água e jogou em cima de Larissa, que passou a tremer ainda mais.

- Olha ai – gargalhou o homem cruelmente.

- Seu imbecil. – Alicia foi pra cima dele. Começou a batê-lo.

- Você tem sorte de ser mulher dele. – falou saindo do quarto.
Alicia o acompanhou.

- Vem cá. – Alicia chamou Zé que fazia segurança da porta do quarto – preciso que a leve até o banheiro - ele pegou Larissa no colo.
Lobo observava de longe.

- Se não quiser ficar mal com Raul trate de colocar um colchão decente naquele quarto e lençóis limpos. – ordenou.

- E onde vou arrumar, acha que aqui é hotel é? – ironizou.

- Tires os seus. – Alicia saiu.

Lobo fingiu que não escutou, porém sabia do quanto Ruth era manipuladora se ela falasse mal dele para Raul era bem capaz de ficar mal com ele, acabou acatando a ordem da mulher.

Alicia tirou as roupas de Larissa, Zé lhe ajudava.
- Que esta olhando. – ela percebeu o olhar de cobiça do homem diante do corpo nu da mulher. – se não quiser que eu arranque seus olhos sugiro olhar pro outro lado.

O homem ficou de cara feia, Alicia mandou ele esperar lá fora. Larissa estava sentada numa cadeira debaixo do chuveiro, não reagia a nada, a loirinha murmurava em seu ouvido que tudo ficaria bem, Larissa balbuciava palavras sem nexo, chamou muitas vezes pelo pai e pela mãe.

- Me tira daqui... – sussurrou. – me tira daqui. Eu não agüento mais...

Alicia buscou os olhos antes negros e brilhantes, mas encontrou um cinzentos, mórbidos...

- Se eu tirar você daqui, ele mata meu filho.

Suas palavras saíram triste. Larissa, apesar de fraca, continuava ciente, sabia definir o que estava ocorrendo ao seu redor, não entendeu o que Alicia quis dizer com aquilo. Não conseguiu dizer mais nada depois daquilo, a loirinha lhe deu um banho demorado, lavou cada centímetro do corpo agora magro e fraco. Depois de tudo, a envolveu em uma toalha e a ajudou a voltar para quarto, Larissa cambaleava não se surpreendeu ao ver no canto esquerdo do quarto um colchão novo e lençóis limpos. Deitou a morena que se encolheu toda, estava com frio.

- Espera que vou buscar uma roupa. – beijou sua testa e saiu do quarto, não viu que Lobo estava atrás da porta, se aproximou da morena, a toalha deixava a mostra o par de coxas definidas da promotora, apesar de ter perdido peso, a mulher continuava irresistível. O homem não resistiu, tocou o corpo dela, era possível ver o desejo em seus olhos, logo lhe arrancou a toalha, Larissa estava tão fraca que nem ao menos conseguia lutar contra as investidas do criminoso. Alicia já estava na porta do quarto, seu corpo ficou inerte ao ver a cena macabra a sua frente, Lobo estava em cima do corpo nu de Larissa, beijava seu pescoço, suas mãos acariciavam as coxas, Alicia entrou no quarto, pegou a primeira coisa que viu em sua frente, um pedaço de madeira e bateu nas costa do homem que arqueou de dor.
. Xingando a mulher de tudo que era nome.

- Não faça isso. – alertou inclinando o pedaço de pau como fosse machucá-lo mais uma vez.
- Até que ela é gostosa. – falou se levantando.

Larissa encarou a lourinha com os olhos aflitos, não tinha força para se defender.
- Se tocar nela, vou contar para o Raul. Pior vou dizer que você me tocou também. – Alicia pensou rápido precisava fazer o homem recuar.

Lobo saiu de cima de Larissa nos pulos, encarou Alicia, não pensou duas vezes em sair do quarto. A morena ainda delirava, pedia por ajudava, chorava... O coração de Alicia estava partido, ver a mulher que amava naquela situação era um tormento, um verdadeiro castigo, sabia que tinha uma grande porcentagem de culpa sobre todo aquele sofrimento, aproximou-se da mulher que tentava se afastar, seu corpo tremia, estava com medo, Alicia a abraçou:

- Não irei deixa que nada ruim te aconteça... – Alicia a abraçou com carinho. Larissa chorava muito seu corpo tremia. – não vou deixar nada te acontecer... Alicia a beijou com carinho, um beijo demorado, com o sabor salgado das lágrimas de ambas.

– Porque você... – falava Larissa nos lábios de Alicia, a entristecendo ainda mais. Alicia se afastou um pouco, levantou o queixo da mulher, procurou seus olhos – fiz isso por amor a meu filho, você não entende agora mais um dia vai entender. Não contava que fosse me apaixonar por você Larissa, eu te amo mesmo que não acredite. Eu te amo. – ela levou os lábios no ouvido da morena – você foi à única pessoa que já amei na vida.
Depois daquela revelação passaram-se longos minutos em silêncios até que a lourinha falou.

- Vou busca algo para você comer. – ela se levantou.
Na verdade Alicia precisava fugir daquele olhar quer a matava por dentro. Voltou meia hora depois, trouxe uma canja, não houve dificuldade para morena se alimentar. Ela tomou tudo depois tomou um copo de suco de laranja, a lourinha obvervava penalizada. Larissa se encolheu no colchão, minha mente fervilhava as palavras de Alicia viajavam em sua mente, sentiu uma imensa vontade de chorar.

- Raul é pai do meu filho – Alicia quebrou aquele silêncio não podia mais se calar - somos casados há seis anos – continuou suma voz saia baixa, porém bastante clara - ele não conhece o filho. Quando fugir dele pela primeira vez nem sabia que estava grávida, soube mês depois, fiquei surpresa, de inicio sentir raiva de mim mesma, mais logo que minha barriga foi crescendo percebi que estava tendo a oportunidade te ter uma vida de verdade, as coisas foram muito difícil, tive que me separar do meu filho quando ele ainda mamava, mais não me arrependo, seu que o que fiz foi o que considero melhor para ele – Alicia procurou o olhar de Larissa mais não o encontrou – nada do que eu possa lhe dizer pode aliviar seu sofrimento, fiz escolhas ruim em minha vida, deixei que o dinheiro me cegasse, mais há muitas coisas por debaixo dessa capa – ela falou referente ao seu corpo – o Vinicius meu filho tem o direito de ter uma vida diferente da minha e do pai dele, ele é uma criança inocente não tem culpa de sua genética, hoje sua segurança esta ameaçada. Tentei sair desse jogo mais foi tarde de mais, hoje não é apenas minha vida que esta em jogo mais a vida daquela criança também. Sinto muito, Deus sabe o quanto sinto muito.

- Sente muito. - Larissa a encarou. – parecendo não acreditar no que acabara de ouvir.
- Ele me ameaçou. Sei que me odeia mereço seu ódio, mais a única coisa que quero é ver meu menino bem. – ela começou a chorar. – eu o amo, você nunca vai entender Larissa, porque você nunca teve um filho, mais eu o amo, se qualquer coisa ruim acontecer com ele serei a culpada. Eu te amo Lary...

- Por mais que você me explique, eu nunca vou conseguir entender. E que amor é
esse capaz de causar tanto sofrimento a quem só te deu amor, carinho... Diga-me, que amor é esse? – Larissa mantinha um tom de voz calmo, queria respostas e queria tê-las naquele momento, Alicia permaneceu calada as lágrimas já invadiam sua face de forma indesejada. - Não pense que suas lágrimas vão me comover. – Larissa se levantou com certa dificuldade.

- Eu nunca quis te fazer mal... Não esperava que fosse me apaixonar por você...

- Mas fez Ruth, você não imagina o mal que me causou, você não imagina – sua voz expressava nada além de tristeza e decepção - Como você pode falar em paixão, em amor? Tudo que eu vivi com você não passou de uma farsa de uma mentira... – Larissa estava perdendo o controle, segurou Alicia pelos braços, estava fraca, se quisesse a loirinha poderia ter se livrado, mas tudo que ela queria era sentir novamente o toque da morena, mesmo que fosse daquela forma. Larissa a sacudia, queria respostas em meio aquilo tudo, os corpos se uniram, um meio abraço, em um movimento involuntário, os braços de Alicia envolveram a cintura da morena grudou os lábios no ouvido da mulher...


- Você foi única na minha vida. Verdadeiramente a única pessoa a quem eu quis amar... A única que eu realmente amei. – Larissa tentou não se abalar com as palavras da loirinha, mas era impossível apesar de tudo ainda sentia muito amor por aquela mulher, não entendia o que estava acontecendo e naquele momento não quis entender, apenas queria sentir um pouco mais seu corpo, seu cheiro, seu toque.
Mas não duraram muito, mesmo estando completamente envolvida pela circunstância, as lembranças vieram fortes, depois as dúvidas, infinitas dúvidas, dolorosas dúvidas. Como saber que ela não estava mentindo. Pensou em gritar, queria ofendê-la, mas apenas foi se afastando vagarosamente se desvinculou dos seus abraços. Alicia entendeu o que ela queria dizer com aquele gesto não podia culpá-la. Seguiu para a porta.

- Tudo que eu fiz se antes foi por dinheiro hoje é por amor, amor a vida do meu filho Larissa, meu filho! – as lágrimas ainda deslizavam pelo rosto de Alicia quando ela saiu do quarto, deixando a promotora perplexa e completamente confusa, mil coisas começaram a passar por sua cabeça, tentava analisar a situação, mas não conseguia chegar a uma explicação concreta. Sentiu-se tonta, voltou a sentar no colchão, não conseguiu mais dormir.
O dia amanheceu frio, já não chovia. Por volta das 10h00 Raul chegou de mau humor como sempre.

- E como foram as coisas por aqui? – Lobo parecia meio receoso – To esperando... Fala. – o capanga contou tudo que havia se passado, Raul que já não estava em seus melhores dias, ficou ainda mais furioso ao saber que Alicia havia passado a noite com a promotora.

- A vadia tava bem agora... Talvez se ela não tivesse cuidado já estaria até morta. As duas passaram a noite juntas, ela saiu do quarto quase de manhã. – a cada palavra que o homem dizia, o sangue de Raul fervilhava em suas veias. Deixou Lobo falando sozinho e caminhou até a cozinha, onde Alicia comia um pedaço de pão. A loirinha se assustou ao vê-lo parado na porta.

- Por que esta me olhando assim? – encarou o olhar frio do ex-amante. - Quer dizer que você passou a noite com a vagabunda? - sua voz era assustadoramente calma.

- Você devia me agradecer por não deixá-la morrer. – falou Alicia fingindo indiferença embora por dentro estava entrando em pavor.
Raul encarava Alicia sem piscar sem dizer uma so palavra sua cabeça fervilhava, a única coisa que conseguia lembrar naquele momento era as insinuações de Beto, afirmando que Alicia havia se apaixonado pela promotora. Seu sangue ferveu aquilo ele jamais iria tolerar. A loirinha sentiu a mão de Raul tocar-lhe o ombro, iniciando um carinho aproximou-se um pouco mais, os corpos já estavam colados, Alicia sentiu um embrulho no estômago não conseguia reagir à investida de Raul. Ele insistia sentia uma necessidade extrema de possuí-la. Alicia não disse uma palavra, mas não era necessário, seu corpo não reagia aos toques do homem. Raul perdeu a paciência, empurrou a loirinha contra uma parede, antes que ela pudesse se recuperar deu-lhe um tapa no rosto que veio seguido de vários outros.

- O que aconteceu você sempre foi uma cadela fogosa! – falou irritado tentando apalpar suas intimidades, Alicia num ato de auto defesa impadia o toque. - Eu não vou ser humilhado por você – puxava os cabelos da mulher, tentava beijá-la – Você é minha, só minha! – voltou a estapeá-la ao ver sua negação, o rosto de Alicia já estava vermelho, havia um pouco de sangue do lado esquerdo de seu lábio inferior, as súplicas feitas a Raul não eram ouvidas, o homem esta fora de si.
- Lobo! Vem aqui, agora! – gritou – Amarre a vadia em uma cadeira.

- Como senhor? – indagou o homem na dúvida.

- A promotora seu imbecil. – retrucou.

Depois de ouvir a ordem o homem saiu em disparada para o quarto onde Larissa estava, Alicia tentava imaginar o que se passava na cabeça de Raul, dez minutos depois Lobo voltou, já havia feito o que o chefe ordenou. Raul pegou Alicia pelo braço arrastava a loirinha pelo pequeno corredor até chegar ao quarto.

- Eu não quero ser interrompido, entendeu? – Lobo apenas fez um sinal positivo coma a cabeça.
Raul jogou Alicia dentro do quarto, a mulher caiu no chão, já não tinha forças, estava fraca. Larissa estava no canto esquerdo, sentada toda amarrada e com a boca armodaçada. Seus olhos se arregalaram ao ver a mulher, Raul tinha um sorriso faceiro na face comprimento Larissa como de costume.

- Porque esta aqui doutora? – indagou o homem.

Larissa já chorava seus olhos estava fixado em Alicia que ainda estava caída no chão parecia machucada. Raul tirou a jaqueta que vestia, aproximou-se de Larissa.

- Bom dia senhora promotora. Ainda sem minha resposta! – Larissa estava assustada, se remexia na cadeira e tentava falar. - Vou aceitar seu silencio como um sim. – Raul percebeu o olhar de Larissa para a loirinha que ainda se recuperava. – Tá vendo essa mulher ai... tem muitas coisas que você não sabe sobre ela. – Raul se aproximava de Alicia, a mulher tentava se esquivar dos chutes e pontapés que Raul lhe dava. Larissa estava em pânico. – Já contou pra ela qual é seu verdadeiro nome? – Raul parecia se divertir com a situação, Alicia permanecia calada – O nome dela e Alicia e ela enganou você direitinho, olha que eu duvidei que ela fosse capaz, mas ela fez o trabalho direitinho. – Alicia lançava um olhar de ódio para Raul, não tinha forças para lutar contra ele sabia que se tentasse fazer qualquer coisa seria pior. Larissa permanecia calada com um olhar desesperado. - Não se engane com essas lágrimas, ela é uma ótima atriz. – Raul continuava envenenando a cabeça de Larissa – Sabe o que ela me dizia... Que sentia nojo de ficar com você. – Nesse momento, Alicia conseguiu se levantar, mas Raul voltou a empurrá-la.

- Mentira – gritou ela.
Aquela negação o irritou ainda mais.

- Mentira – foi se aproximando – você esta dizendo que estou mentindo? - em um movimento rápido deitou a mulher e ficou por cima dela, Larissa assistia a tudo, era como se fosse um pesadelo em tempo real. Alicia se debatia, mas Raul era mais forte, e conseguiu dominá-la. – Vou mostrar pra você do que ela gosta! – virou-se para Larissa que começou a se sacudir na cadeira, não poderia deixar aquilo acontecer, só então pode ver como cruel e violento aquele homem era.


Raul rasgou as roupas de Alicia a loirinha se debatia, mas Raul era bem mais forte e ela estava fraca. O homem beijava, lambia, mordia a pele de Alicia, vez ou outra lançava olhares de provocação para Larissa, à promotora estava desesperada, mas nada podia fazer. Os gritos de Alicia foram abafados pela mão de Raul, o homem baixou as calças e antes de penetrá-la voltou a olhar para Larissa.

- Ela é minha... – Larissa apertou os olhos com força, ainda podia ouvir os gemidos abafados de Alicia, as lagrimas já se faziam presentes em seu rosto.

Raul possuía a loirinha com vontade não parecia se preocupar com mais nada, Alicia lutava em vão, Raul tirou a mão dos lábios da loirinha, e por todo o quarto podem-se ouvir seus os gritos de dor, de desespero, alias por toda casa, Larissa se sacudia na cadeira, ver aquilo lhe causava uma dor antes nunca sentida, ver a mulher que amava sofrendo aquele tipo de violência foi doloroso de mais, a tortura durou quase 40 minutos, depois de se saciar, Raul saiu de cima da mulher que parecia hipnotizada, Alicia não se movia, não chorava, a respiração estava lenta, mantinha os olhos abertos. Raul se recompôs, vestiu a jaqueta, aproximou-se de Larissa, deixando um sorriso escapar pelo canto da boca disse:
- Eu sou o homem dela espero que isso tenha ficado bem claro! – aproximou-se um pouco mais, deslizou a ponta do dedo sobre a face da morena – Não fique com inveja, logo será você! – Larissa sentiu todo seu corpo amolecer, o sangue parecia ter congelado em suas veias. Raul saiu do quarto como se nada tivesse acontecido.
Durante alguns minutos Alicia permaneceu ali completamente nua, o corpo estendido no colchão, havia sinal de sangue em suas pernas, seu rosto estava machucado, não se movia e aquilo desesperava Larissa que não sabia se a mulher estava desacordada, ela se movia ainda mais na cadeira, queria se soltar. João entrou no quarto foi até Larissa retirou o adesivo que tapava sua boca.



- Ruth – gritou a morena, mais não obteve resposta, seu grito de agonia tomava o quarto. Alicia de fato estava desacordada.

João aproximou-se da mulher estendida no chão, ficou um pouco espantado com aquela brutalidade não entendia como Raul podia fazer aquilo com a própria mulher, imaginou o que ele faria com quem não acatasse suas ordens. Ele a cobriu com um lençol depois a pegou no colo.
Antes de sair escutou.

- Não a machuquem mais, não a machuquem... – implorava.

O homem parou na porta e olhou para trás.


- Ela vai ficar bem dona, ela vai ficar bem. – o homem apesar do tamanho monstruoso, da imagem ameaçadora tinha uma compaixão na voz.


Larissa permaneceu ali toda amarrada, chorando, já não sabia o que pensar, sentia-se confusa, penalizada com Alicia, o que Raul disse já não importava, não naquele momento. Passou horas presa a cadeira, seus pulsos estavam ficando roxo, João entrou no quarto e desamarrou, a levou até o outro cômodo onde ela ficava.
- Ela esta bem, tomou um banho e esta dormindo agora.


- Me ajude a fugir – pediu Larissa – você parece ser um homem bom... – Larissa tentou persuadir o homem.


- Moça a senhora não conhece mesmo o patrão, desobediência para ele resolve na bala, tenho cinco filhos para criar.


- Você sabe quem eu sou, devem esta me procurando, você pode ser preso, posso ajudá-lo...


- Coma isso. – homem deixou comida no colo dela depois saiu.

Passaram-se três dias, Larissa não voltou a ver Alicia, ela se recusava levar sua comida, Lobo se irritava, sempre que entrava no quarto era bombardeado de perguntas que não estava a fim de responder.

- Você não entendeu mesmo cadela, a galega é mulher do chefe – gritou Lobo irritado, dando um chute em Larissa.

Passaram-se mais uma semana, Lobo havia viajado junto com João Raul enviou dois homens para ficar de olho nas duas, à vigilância era serrada, mesmo possuída em vergonha Alicia entrou no quarto, trazia comida logo encontrou aqueles olhos negros apagados.

- Pensei que nunca mais fosse te ver – Larissa num ato impulsivo levantou-se e correu até a lourinha a abraçando, não foi correspondida.

Alicia estava pálida, abatida, tinha marcas roxas pelos braços, pescoço. Abaixou a cabeça dando passos para trás.

- Pegue, ontem não deixaram eu te trazer comida – sua voz saia em sussurros.

Colocou
a badeja com um prato de comida e um copo de água perto do colchão, ergueu o corpo já caminhava em direção a porta.

- Ruth! – Larissa chamou. A lourinha se virou agora encarava seus olhos.

- Meu nome é Alicia não me chame de Ruth, meu nome é Alicia! – parou diante da porta, Larissa caminhou, parando em frente à loirinha, com muito custo, Alicia levantou os olhos para encarar os da morena, havia um vazio neles nunca visto antes, Larissa sentiu uma pontada no peito.

- Aquele homem é um sádico... Precisamos sair daqui! – foi mais uma suplica do que um pedido.
- Eu... Eu... Eu não posso.

Alicia saiu do quarto o mais rápido que pode, tinha ordens para não passar muito tempo lá dentro, sentia-se suja, mal conseguia encarar os olhos assustados de Larissa. Sua alma estava em pedaços, não se preocupava com a violência que havia sofrido, até por que não era a primeira vez, mas ter acontecido na presença de Larissa a machucou muito. Não sabia mais como reagir, sentia-se perdida. As visitas de Raul ao casebre tornaram-se constantes, não violentava mais Alicia, nem batia, mas obrigava a mulher a ficar por perto, sempre pedia para que massageasse seus pés. Olhava para a loirinha com um olhar vitorioso, como se fosse o dono do mundo. Em uma dessas visitas, Alicia fingia cozinhar, Raul e Beto estavam no terraço, ela pode ouvir a conversa dos dois. Falavam do pai de Alicia. Raul encomendava o Beto o seqüestro do homem.
- Vou matá-lo e ela vai assistir a tudo. Apenas assim saberá o que sentir só assim minha vingança estará completa. – Raul tomou o último gole de sua vodka.


- Vai matá-la depois? – indagou Beto, também virando o copo.


- Não! – Beto quase se engasgou, ao perceber a surpresa so amigo explicou - Vou a deixar conviver com a culpa de ter matado o próprio pai. Por que foi isso que ela fez quando condenou meu pai. – sorriu – Quero a ver sofrer dia após dia, lamentando a morte dele.
Um frio percorreu sua espinha.

- Meu Deus! – exclamou Alicia. Se afastando antes que eles percebessem sua presença.

Alicia corria contra o tempo, a situação estava se piorando Raul esta preste a concluir sua vingança, a lourinha precisava impedi-lo. O homem entrou na cozinha ela fingia cozinhar ele pegou uma cerveja na geladeira.

- Essa porra não fica pronto não?

- Falta fazer o purê apenas. – disse.
Raul observava a mulher tinha um olhar enigmático, alicia queria saber o que se passava na cabeça daquele homem que se mostrava cada dia mais cruel. Depois de almoçar ele exigiu que a mulher transasse com ele, horas depois foi embora deixando ordem restrita para que Alicia não tivesse contato com Larissa.

- Trouxe a comida dela! – disse a mulher – abra! – ordenou.

O menino olhou desconfiado já tinha sido alertado para não acatar ordem dela.

- Se vai deixá-la com fome mais um dia problema é seu depois você se resolve com o Raul. – disse a mulher com ar de que não tava nem ai, o menino vacilou.

- Espera dona!

Rapidamente ele abriu a porta e ela entrou.

Larissa estava deitada, olhava para o buraco no teto estava perdida em seus pensamentos não notou alguém entrando, seu estômago roncava, seus lábios secos pediam por água, havia dois dias que recebia alimentação, nem água. Algo de estranho estava acontecendo, do outro lado da porta um silêncio absoluto, se perguntara tantas vezes onde estaria Alicia, havia partido. Como? No fundo a morena tinha esperança de que a mulher fosse a tirar dali.
Alicia estava angustiada principalmente depois do que escutou, não sabia o que fazer lá fora tinha dois homens fortemente armado que não hesitaria em matá-la caso cometesse alguma loucura. Larissa finalmente captou um aroma diferente aquele perfume despertou de seus devaneios levantou de sobressalto. A lourinha nada falou lhe entregou a bandeja e saiu rapidamente, alguns dias ela vinha evitando entrar ali, na verdade as coisas pioraram muito depois da violência que sofreu em frente à promotora. Naquele mesmo instante ela agradeceu a própria solte, assim que saiu do quarto escutou os gritos do homem que acabara de voltar ao casebre. Raul estava muito nervoso, pela primeira vez desde que tinha seqüestrado a promotora não sabia o que fazer. Alicia tentou aproximar queria saber o que estava acontecendo, jogou todo seu charme. Mais ele não queria nem vê-la, o jogo havia mudado. Raul passou dias no casebre, sua raiva e frustração foram descontadas em Larissa que era torturada dias pós dias, da forma mais variada possível, Alicia não agüentava ver aquilo, levou uma surra daquelas por se colocar na frente da mulher evitando que ela tomasse um banho de água fervente, Raul furioso arrastou Alicia voltando a possuí-la na frente da mulher que amava. Mais uma vez ele tomou uma atitude inusitada, horas depois do estrupo, Alicia já tinha se banhado estava encolhida na cama, chorava como ninguém. Raul a arrastou até onde Larissa estava a jogou lá dentro como se jogasse um saco de batata.

- Olha ai se comam agora – rosnou o homem as trancando no quarto.
Larissa tinha os olhos inchados havia chorado por horas, aproximou-se de Alicia de mansinho, a lourinha não conseguia encará-la sentia uma vergonha tomando seu ser, um nojo de si mesma, esfregou a pele durantes longos minutos como se quisesse se limpar sua alma.

- Eu não... – Larissa não conseguia falar, abraçou Alicia com carinho.

Não houve conversa naquele momento, palavras ali era inapropriada, a lourinha apenas sentou-se no colchão abraçando as próprias pernas, chorando em silêncio. A morena até que tentou se aproximar, mais a lourinha apenas pediu para ela se afastar. Assim ela atendeu.

Enquanto isso na sala ocorre uma discussão.

- O que vamos fazer? – indagou Beto. As coisas estavam se complicando.

- Não sei. – disse apreensivo.

- Raul. – o homem pegou no ombro do amigo – vamos acabar logo com essas vadias. Os canas estão chegando cada vez mais perto.

- Você não entende - Raul encarou os olhos do amigo – ela me tirou meu pai, meu pai – bateu no próprio peito – tenho que tirar o dela também, dói demais irmão, dói demais.

Beto parecia impaciente, essa obsessão de Raul esta começando a arrisca não só sua liberdade mais os negócios também, ultimamente ele andava fazendo besteira. Precisava acaba logo com aquilo para que ele voltasse a ser o homem que era.


- Se o quer tanto, eu o pego para você.
Os dois se abraçaram, as coisas que Raul e Beto mais prezavam na vida era a palavra. Aquilo valia mais do que qualquer coisa. Seu pai sempre lhe ensinou que um homem de verdade era um homem que honra a palavra. Alicia também tinha essa consciência, além do que, Beto idolatrava Raul faria qualquer coisa para ver o homem feliz.
Palavra firmada Raul volta a Recife mais calmo, tinha certeza que em breve
acabaria com aquilo de uma vez, e por fim aquela dor que sentia evaporaria.

- Preciso levar comida para ela – Alicia pediu.

Beto sequer olhou.

- Ela precisa se alimenta. – insistiu.

- Quero você longe dela.

O homem se levantou estava com a cara de poucos amigos, pegou o prato e a garrafa de água, caminhou até a porta do quarto, Alicia estava logo atrás queria vê-la saber se estava bem. Ao dá um passo para porta do quarto sentiu seu corpo sendo empurrado.

- Fique ai! – ordenou o homem.

Ele olhou para Rodrigo um jovem e deu um sorriso bastante duvidoso à idéia de trazê-lo foi dele, havia outros serviços que ele mandaria o rapaz fazer.

- Abra.

O menino destrancou a porta, Larissa estava sentada encostada na parede olhava para porta, atrás do homem pode ver a silhueta de Alicia, seu coração acelerava.

- Toma vagabunda – disse jogando o prato próximo à mulher derrubando a comida no chão, depois jogou a garrafa com água. – sua hora esta chegando – disse o homem voltando à porta e a trancando.
Larissa estava com muita fome, apesar de esta num cativeiro Alicia sempre caprichava no tempero. Seus olhos olhavam para comida com cobiça, mais ignorou a fome, seu estomago deu uma reviravolta ao ver os ratos se aproximando perto da comida espalhada pelo chão. Larissa pegou apenas a garrafinha de água e bebeu até a ultima gota. Logo em seguida afastou a comida para mais distante do colchão, olhou em sua volta, sentiu um vazio tão grande, perdera a conta de quantos dias estava ali, abraçou-se nas próprias pernas, fez uma oração silenciosa, sua fé estava se esgotando. Adormeceu.


Alicia caminhava de um lado para o outro no quarto, suas mãos estava uma chave. Chave essa que havia roubado do casaco de Beto. Escutou um cochicho na cozinha, caminhou sem fazer barulho, olhou para porta do quarto Rodrigo havia saído do seu posto. O rapaz olhou assustado para Alicia. Ela percebeu que Beto roncava feito um porco no sofá.

- Rodrigo precisa me deixar vê-la.

- Não posso senhora, da outra vez...

- Prometo que não vou demorar. – insistia.

- Dona Ruth.

- Dois minutos, por favor, ele nem vai perceber.
O menino olhou impaciente para a sala, Beto parecia dormir um sono pesado, mesmo com medo acabou cedendo.


- Vá logo se não ele mata nos dois.

- Obrigado Rodrigo.

Antes de entrar Alicia correu até a cozinha pegou uns sanduíches e duas garrafas de água mineral que havia escondido, o menino abriu a porta. Ela entrou apressada.

- Larissa, Larissa. – chamava.

A mulher olhou ainda sonolenta.

- Toma, esconda isso. Vou te tirar daqui, mais preciso que você agüente firme.

- Você vai me libertar... – falou com um fio de esperança.

- Nós duas juntas não tempo chance, escute bem, tive uma idéia que pode salva-la o tempo esta acabando.

Alicia tinha pressa, abraçou a morena a deixando sem entender nada, seus olhos se encontravam sem hesitar a lourinha beijou a morena com carinho, o beijo foi correspondido, um beijo terno com sabor de despedida.

- Confia em mim. – pediu – te amo. – sussurrou no ouvido da mulher, depois se levantou e rapidamente saiu do quarto.
- Me tirem daqui. Tirem-me daqui. – uma voz anasalada atravessou a porta do quarto como uma serra.

Rodrigo arregalou os olhos, engoliu em seco, Alicia saiu do local antes que Beto aparecesse.
Larissa continuava a gritar pedindo para tirá-la dali. Seus gritos acordaram Beto que se levantou de sobre salto, caminhou rapidamente ainda coçando os olhos.

- Cala boca piranha! – gritou. Dando murros na porta.

Larissa olhou assustada para porta, deu alguns passos para trás o medo a fez recuar até o canto onde estava seu colchão, houve um silêncio avassalador engoliu o choro, deitou-se se encolhendo na cama como se fosse um caramujo, seus pensamentos ziguezagueava.

Do outro lado da porta ele foi até a cozinha, olhou de relance o corredor, olhou para Rodrigo com mais atenção, aproximou-se.

- Anda malhando moleque? – falou com um sorriso matreiro.

Rodrigo confuso parecia não ter compreendido direito a pergunta.

- Como senhor?

Beto não perdeu tempo, chegou mais perto e sem menor constrangimento pegou nas intimidades do rapaz, que olhou assustado.

- Hum nada mal hein! – disse tirando o órgão genital do rapaz para fora começando a estimulá-lo.

O menino ficou sem saber o que fazer, embora estivesse gostando daquele estimulo.

- Te dou cem paus para você me comer. – sussurrou Beto, com a cara cheia de desejo.

Rodrigo não pensou duas vezes, seguiu o homem até os fundos da casa.
Alicia não podia acreditar na sorte que o destino estava lhe oferecendo, observava tudo pela brecha da porta, viu os dois homens sumirem. Cautelosamente foi até a sala, a porta da frente estava destrancada, abriu. Um ruído estrondeante pos em risco sua fuga, mais parecia que dos dois estavam ocupados demais para terem percebido. Olhou diversas vezes para o corredor que dava acesso ao quarto onde Larissa estava.


- Nos duas não teremos chance! – repetiu para si mesma, pegou o capacete que estava perto do sofá e saiu em disparada.

Procurou
pela moto de Beto. A viu estacionada do lado da casa. Com medo de fazer barulho ela empurrou até chegar à rua, subiu na moto, deu partida, com seu corpo tremulo, o coração galopando estava tomada pelo medo, sabia que estava cometendo uma loucura. Arriscou-se não sabia para onde ir apenas acelerava penetrando a escuridão, em meia hora chegou a Surubim. Agora mais situada sabia onde estava, resolveu pegar a BR 232, precisava se entregar à polícia, salvaria Larissa e acabaria com aquilo tudo. Por um momento era o que Alicia realmente queria fazer, mas foi impedida, a medida que se distanciava mais daquele cativeiro maior era o temor que tomava conta do seu corpo. Parou num posto de gasolina tentou não chamar atenção tinha muitos caminhoneiros ali, foi até o banheiro, lavou o rosto, se olhava no espelho, senti um aperto imenso no peito. Foi até um orelhão, discou. No terceiro toque uma voz falou.
- Emergência.

- Quero dá a localização de uma mulher seqüestrada, ela é promotora de justiça, - falou rapidamente tentando disfarça a voz.

- Pode se identificar? – perguntou a telefonista.

- a senhora não me entendeu a mulher que esta passando na televisão, esta mantida em cativeiro.

- Estou
entendendo senhora. – disse a voz na outra linha parecendo não dá muita importância a denúncia.

- Estrada do arraial, surubim, interior de Santa Maria, há dois homens
armados. Ande logo ela não tem muito tempo.


Alertou antes de colocar o telefone no gancho, Alicia tentou se equilibrar suas pernas tremia tanto a ponto de quase fazê-la cair. Olhou para os lados não viu ninguém a 300 metros dali no restaurante parou uma viatura da polícia rodoviária, seu coração acelerava, voltou até o banheiro onde ficou trancada. Alicia entrou em pânico, sentia tanto medo que chegava sufocar. Desabou no choro. Sua mente fervilhava, não sabia o que fazer, seu choro abafado foi interrompido por um frentista.

- Perdoa filho... Perdoa... – pedia, baixinho.
Sabia que aquela ousadia podia ter colocado a vida do seu filho em risco, Raul não hesitaria em tirar a vida daquela criança.

O homem foi movido pela curiosidade avistou a mulher entrar no banheiro fazia cerca de vinte minutos e ela não tinha retornado, de inicio pensou ser alguma viciada ou prostituta que estivesse usando o banheiro para fazer coisas ilícitas.

- Tem alguém ai? – indagou o rapaz dando leves batidas na porta.
Silêncio absoluto. Alicia levantou-se da privada, sentiu um medo percorrendo suas veias. Deu passos para trás se encostando à parede.

- Tem alguém ai? – repetiu o homem dando batidas mais forte.
Alicia pensou melhor.

- Já estou saindo. – disse com uma voz mais forte. Destrancando a porta.

- Desculpe. – falou o rapaz.


Ela não respondeu, saiu sem olhar para trás. Chegou até a moto pegou o capacete não sabia o que fazer olhou para o céu como se pedisse uma luz, rezou para que logo a polícia encontrasse o cativeiro da morena, ao menos logo ela estaria em segurança.


Tomou
uma atitude, precisava ao menos tentar, subiu na moto com um destino a seguir, a noite fria congelava suas entranhas. O pensamento agora tinha um novo protagonista o pequeno Vinicius, quanto mais pensava mais angustiada ficava. Chegou à cidade de Gravatá no meio da madrugada, pegou a estrada de barro, seguiu até Mandacaru, o percurso durou cerca de 30 minutos, a estrada esburacada dificultava o trajeto. Parou em frente à igreja. Tirou o capacete a cidade estava deserta, olhou atentamente o pequeno vilarejo, mesmo depois de anos nada parecia ter mudado, a cidade parecia uma cidade cenográfica de filme sobre o sertão, pouco mais de duas mil habitante, tinha um pequeno centro comercial, uma delegacia, um posto de saúde, um cemitério e uma igreja que ficava no coração da cidade. Alicia ligou a moto, a casa da avó não ficava muito longe dali. Subiu uma ladeira do lado esquerdo da padaria, ao longe já pode ver a pequena casa de cerca branca, estacionou a moto, abriu o portão de madeira que fez um rangido ensurdecedor, foi até os fundo da casa onde deixou a moto. Um cachorro começou a latir do lado de dentro. A cena se repetiu, em sua vida. Alicia olhou tristonhamente para porta, uma lembrança veio a sua mente, do mesmo jeito, nas mesmas circunstancias, voltou a procurar sua avó apos anos, do mesmo jeito, fugida. Sem nada, apenas com enormes pesos nos ombros e o medo eminente.
- Vó! – chamou.

Os latidos tornaram-se mais fortes. A lourinha baixou a cabeça, não conseguia expressar o que estava sentindo. Voltou a chamar, agora com a voz mais forte.

- Vó, vó!


Dona Marli dormia tranqüila, porem com sono muito leve se acordou com os latidos do cachorro, levantou-se e foi até o quarto do bisneto, o menino dormia tranquilamente, olhando para ele lembrou-se da sua mãe, por onde andava seu anjinho. A saudade apertou no peito, tantas vezes tentou entrar em contato com ela, mais segundo sua filha ela havia sumido, porem mensalmente o dinheiro era depositado na conta de uma sobrinha dela. Dona Marli esta velha, andava com a saúde fraca, temia pelo futuro do bisneto. Seus pensamentos foram interrompidos com os latidos do cachorro. Pingo apareceu no quarto latindo incansavelmente.

- Calado, diacho! – ordenou a mulher.


Mais o cachorro não se calou, foi quando a mulher escutou uma voz lhe chamando, caminhou até a sala.

- Vó! Dona Marli! – chamava.


Mais uma vez dona Marli não acreditou no que ouvia, pegou a chave, seu coração batia forte, tinha reconhecido àquela voz, assim que abriu a porta viu mais uma vez Alicia, a cena parecia se repetir, a neta aparecendo no meio da madrugada. Alicia entrou rapidamente, sua angustia a sufocava.

- Cadê ele? Cadê meu filho. Não houve tempo para cumprimentos, a mulher parecia aflita demais, não escutou a vó.
Saiu invadindo os cômodos da casa, um a um, até parar numa porta com adesivos de desenhos animados, seu coração estava tão acelerado que parecia que tinham acabado de aplicar uma injeção de adrenalina, alicia tinha pressa correu até a cama do menino, o abraçou com força, acordando o garoto. Tinha um choro pesado, abraçava o filho, com tanta força que chegava o machucar, o menino abriu um maior berreiro diante da desconhecida que o sufocava. No quarto só se escutava os choros do menino assustado e o choro da mãe angustiada.

- Minha filha, calma.

Dona Marli nunca perdera sua serenidade mesmo nas situações mais criticas, tocou o ombro da neta, com a voz tranqüila pediu para soltar o menino, no inicio Alicia não a escutava, mais aos poucos foi caindo em si. Seus braços foram se soltando, até que a senhora pegou o menino no colo, Vinicius era pesado dificultava o equilíbrio da senhora, ela foi até seu quarto ele ainda chorava assustado, Alicia permaneceu sentada na cama, com o rosto voltado para os lençóis chorava copiosamente. Havia uma angustia dentro de si. Passou cerca de uma hora naquela posição, a velha senhora apareceu, tinha conseguido acalmar o bisneto fazendo com que ele voltasse a dormir. Olhou para o estado da neta, uma tristeza se estalou em seu peito, sentou-se ao seu lado.

- Vem cá vem!

Alicia tinha os olhos inchados já amanhecia se alinhou nos braços da avó. Nada mais importava, apenas permaneceu ali, chorou até pegar no sono.
No cativeiro

Beto sorriu satisfeito, ergueu o corpo subiu as calça.

- Nada mal moleque, nada mal. – disse sorrindo procurando a carteira no bolso traseiro

Tirou duas notas de 50 reais e entregou ao rapaz. Logo em seguida o homem entrou em casa. Extasiado com o prazer que acabou de receber deitou-se no sofá, por alguns minutos nem deu por falta da lourinha. Rodrigo foi tomar banho Beto tinha autorizado que ele fosse descansa queria o homem disposto na manhã seguinte. O rapaz sorria todo, todo com o dinheiro que acabou de receber.

- Vidão! – disse baixinho, já imaginando que com o apetite sexual que Beto demonstrava ter lucraria bastante, e ainda teria prazer garantido – pensava o garoto.

Na casa do delegado estava tudo silencioso, depois de mais um dia exaustivo o homem tentava descansar o corpo e as idéias, seu sono foi interrompido pelo barulho do telefone, sua esposa que estava aconchegada em seus braços, virou-se para o outro lado, e com um tom de decepção resmungou:

– Atende, com certeza deve ser para você! – Ainda com os olhos fechados e um pouco sonolento, as mãos do delegado procuraram pelo aparelho que ficava no criado mudo, ao lado da cama.

- Franco! – falou.

A voz do outro lado da linha parecia agitada, as informações passadas fizeram o homem pular da cama.

- Estou indo! – falou já se levantando procurando a calça.
Doutor Franco de Azevedo era um homem de 50 anos, seguiu os passos do pai ingressou da polícia muito cedo, primeiro como policial até se forma em Direito e passar no concurso para delegado, incorrupto tinha mais amor pelo seu trabalho do que pela própria família, como sua esposa costumava dizer. 30 anos de sua vida para servir a polícia. E por suas atuações com finais favoráveis, sua grande experiência que acabou sendo nomeado para ficar a frente das negociações do seqüestro da promotora Larissa Couto. Na mesma semana que assumiu o caso o delegado conseguiu já havia conseguido desmascarar a farsa sobre o suposto cativeiro no Rio de Janeiro, ele conseguiu identificar o suposto funcionário dos correios que havia entregado o pacote com, prova do seqüestro e o vídeo, o suspeito esta mantido preso, infelizmente Dr. Franco não havia obtido o nome do mandante. Durante o percurso até a delegacia ele tentava fazer contatos com o capitão da equipe de ante seqüestro. Com pressa a sirene ligada dando-lhe passagem ele chega à delegacia a menos de vinte minutos após a chamada. Entrou pisando duro com o semblante sério, aparentava preocupação, não cumprimentou ninguém indo direto para o seu gabinete. Fernando aproximou-se da sala com vários papeis na mão, respirou fundo antes de bater na porta, bateu, aguardou a ordem de entrar. Recebeu.

- Recebemos uma denuncia. – foi direto ao assunto. Estendendo os papeis.

- Há quanto tempo?! – indagou o delgado passando a vista nos papeis que foi lhe entregue.

- Cerca de uma hora. – disse o homem inseguro
- Uma hora! – o homem levantou o olhar para o homem que esta diante de si, sua expressão ficou ainda mais pesada, seu rosto estava vermelho feito pimenta
– Vocês recebem uma denuncia dando a localização de um cativeiro há uma hora e só me avisam agora? – berro. Jogando os papeis na mesa, Fernando tentava se explicar mas o delegado não lhe dava oportunidade – Localizaram de onde partiu a ligação?

- Sim senhor, ao norte, BR 232.

- E o que esta fazendo aqui.

- Mandei uma viatura apurar os fatos.

- Quero uma varredura num raio de dez quilômetros da localidade, já perdemos muito tempo.

- Senhor, já recebemos muitos trotes indicando localizações que poderiam definir o paradeiro da Sra. Couto e....

- Você não me entendeu sargento Messias? – antes mesmo que o homem pudesse responder o delegado voltou a falar – Esses miseráveis estão estam brincando com o minha dirigênci, e isso não vou tolerar. E já deixei claro que quero ser informado de qualquer informação sobre esse caso. Estamos entendidos? Se elas são falsas ou não cabe a eu descobrir. – o policial permanecia parado, não ousava nem piscar, o delegado andou de um lado para o outro, até depositar toda sua raiva dando dois murros na mesa a sua frente. - Quero a equipe do capitão Oliveira aqui na minha sala em dez minutos. – ordenou.

- Sim senhor... – o homem só conseguiu respirar depois de sair da sala, sentiu-se envergonhado ao perceber que todos do departamento estavam lhe olhando – Será que vocês não ouviram o delegado.
Houve um alvoroço no departamento, todos haviam percebido que o Dr. Franco não admitia erros a equipe de ante seqüestro já estava pronta para se reunir com o delgado, o capitão Almir Oliveira aparentava ser tão ou mais exigente que o próprio delegado. Toda a equipe estava concentrada analisando os mapas do município, circulavam as rotas de acesso mais próximas à localização que foi passada. O capitão formou três equipes de cinco pessoas, analisariam todo o espaço da localidade para tentar chegar ate o cativeiro, claro que a divisão foi feita daquela forma para que um pudesse dar cobertura ao outro.

- Silvio, você segue por essa via. – apontava no mapa por onde o líder da equipe deveria seguir – Elida você vai por essa mais ao sul e nós delegado vamos por essa via!- o homem apontando para uma estrada velha de barro, seus extintos o mandavam começar por lá, o delegado concordou com tudo que foi decidido. Todos estavam apreensivo esse era o seqüestro mais longo na daquela delegacia desde que Dr. Franco tinha assumido, ou seja a 25 anos, já passava de mês que a vitima foi seqüestrada, havia poucas pista inúmeras pessoas foram presa mais ninguém falava, por falta de prova e a nova lei elas eram posta na rua. No ultimo sábado Dr. Conseguiu um mandado de prisão para Jonatan Bezerra, ele foi identificado pelo porteiro do prédio como entregador dos correios. O homem pouco tinha falado, disse apenas que uma mulher lhe ofereceu 500 reais para se vesti com do uniforme e entregar um pacote.

- Vamos! – disse entrando na viatura.
Em quanto isso, Beto levantou-se inquieto, andava de um lado para o outro fumando cigarro, passou pelo corredor, Rodrigo tinha sido dispensado, o rapaz parecia cansado Beto para não cansar sua presa mandou dormi. Ele caminhou até o corredor, parou no quarto de Larissa aproximou o ouvido na porta, um silêncio absoluto, já dormia, parou na porta do quarto de Larissa, destrancou a porta e entrou sorrateiramente. A morena estava deitada de costas para a porta, parecia dormir. O homem foi até ela e mesmo sem motivo depositou um chute em suas costelas, a mulher acordou assustada e sentindo muita dor.

- Ainda viva vadia! – disse em um tom de deboche, Larissa continuou se contorcendo de dor, Beto insatisfeito voltou a depositar vário chutes o homem parecia sentir prazer ao ver à expressão de dor e pânico no rosto da morena, quando ela já estava desacordada, o homem deu as costas e saiu.

Seu coração estava acelerado, sentia algo estranho no ar, desconfiado demais vivia em estado de alerta constante.

- Tem algo de errado! – retrucou, pensativo ainda com a mão na maçaneta da porta lembrou-se de Alicia, foi até seu quarto, a lourinha estava em silêncio demais, achou por um momento que estivesse dormindo, assim que abriu a porta seus olhos percorreram o pequeno cômodo, buscou mais uma vez. Nada – Cadê ela? – indagou para si mesmo entrando no cômodo e procurando em todos os lugares.
O sangue corria como brasa em suas veias, Beto tentava manter o controle, saiu apressado dando grito chamando pelo Rodrigo, os dois procuraram em todos os cômodos do casebre, ele brigava com sigo mesmo, sua mente fervilhava assim como a raiva aumentava. O homem estava elétrico, parecia ter tomado uma injeção de adrenalina, não conseguia raciocinar direito, Rodrigo apenas o seguia, também não sabia o que fazer naquela situação. Viu Beto parado no centro da sala, os olhos do homem brilhavam, parecia ter tido uma visão, respirou fundo soltando o ar com força e deixando escapar um pequeno sorriso no canto esquerdo da boca.


- Como não pensei nisso antes! – disse em quanto caminhava, Rodrigo acompanhava seus movimentos com o olhar, não entendia o que o homem estava fazendo, Beto abriu a porta do quarto rapidamente, parecia ter ignorado a própria inteligência uma vez que minutos antes ele já tinha estado ali. Larissa já tinha acordado as pancadas que recebeu a pouco ainda doía ela chorava baixinho.

- Galega! – gritou.

Seu coração pedia por uma resposta, não obteve aquilo começou a frustrá-lo, onde estava Alicia, ela não podia ter fugido, Beto tentava se enganar, não acreditando nessa hipótese, seria um erro grave cometido por ele, como se explicaria para Raul. Não sua mente acreditava que a mulher estava ali em algum lugar, escondida. Precisava achá-la e quando fizesse isso daria um corretivo que ela jamais esqueceria sua paciência já tinha se esgotado.


- Galega?!- chamou mais uma vez, Beto ignorou a presença da morena o cômodo era pequeno, parado na porta o homem conseguia ver tudo que estava naquele quarto, sentiu novamente seu coração acelerar, Alicia não estava lá.
- O que você fez com ela? – Larissa se levantou com dificuldade, percebeu que havia algo de errado, ao percebe o nervosismo de Beto chamando por Alicia, seu coração ficou apertado. – O que vocês fizeram com ela?- insistiu.



Beto não respondeu, olhava para Larissa com raiva, sua vontade era de matá-la a culpa por todos os infortúnios ao longo desse ano que vinha sofrendo desde que Raul ter obtido essa obsessão por Larissa, deu um passo para frente apenas o suficiente para ficar mais próximo da mulher, lhe deu um empurrão fazendo cair para trás, iria mata - lá pegou o revolver na cintura, Larissa sentiu um frio na espinha, o homem lhe apontou a arma e engatilhou, a morena fechou os olhos era a hora, mais Rodrigo entrou no quarto afobado, interrompendo o momentos dos dois.

- Chefe! – o garoto estava ofegante - Temos um problema. – respirou fundo antes de falar – Sua moto... Ela sumiu! – Beto arregalou os olhou, saiu apressado do quarto ordenando que voltasse a trancar, correu até a parte de trás da casa onde havia deixado a moto, estava vazia, voltou a sala em busca de suas chaves e seu capacete.

- Filha da puta! – gritou levando as mãos até a cabeça. Beto não sabia bem o que fazer caminhava de um lado para o outro, saiu da casa olhou pelo terreno, o tempo frio a terra úmida ainda era visível o rastro da moto até a rua. Chegou à sala Rodrigo estava no canto, seus olhos estavam aflito, percebeu a gravidade da situação. Com medo ficou quieto. Beto pegou o celular precisava resolver aquilo o quanto antes, não fazia idéia há quanto tempo Alicia tinha fugido o que lhe deixava pouco tempo para agir. Mesmo de contra gosto discou para Raul ele precisava saber. Pensou no que diria ao homem.

- Porra! – jogou o aparelho do outro lado da sala, Raul não atendia ao telefone.

- Ele vai nos matar! – falou o rapaz com a voz temerosa. Beto o olhou fuzilando.
- Quem vai te matar sou eu se você não calar essa boca. – gritou – Rodrigo se encolheu no canto da parede. - Aquele idiota deve estar por ai com alguma puta, me dê o telefone, já sei pra onde devo ligar. – pegou o aparelho e ligou para a linha especial que o pai de Raul usava para falar com seus cúmplices, inclusive com o próprio filho, depois de tocar três vezes Raul atendeu, Beto estava certo, o homem estava em um motel com uma de suas amantes, precisava relaxar, os últimos dias tinham sido bem difíceis, assim que percebeu o celular tocar ordenou que a mulher saísse de cima dele;

- Estamos com problemas. – Beto foi direto, Raul pediu que a mulher saísse do quarto, a mulher resmungou e depois de encarar o olhar serio do homem resolveu sair.

- Espero que seja muito importante. – Raul foi seco, detestava ser interrompido principalmente quando estava com uma de suas vagabundas.

- A galega, ela fugiu! – a voz do homem saiu firme


- Como é? – Raul não parecia acreditar no que havia ouvido levantou-se de imediato e caminhou até o banheiro parou nu diante do espelho com o telefone no ouvido.


- Foi exatamente isso que você ouviu, a vagabunda fugiu!


- Como assim ela fugiu seu idiota? – seu semblante mudou por completo seus dentes se rangera, seu tom de voz foi se alterando a medida que ele cuspias as palavras.


- Não grite comigo que não sou seu capacho. – Beto se irritou com o modo que o Raul o tratou.
- Se você não quer ser tratado como um capanga qualquer faça valer o dinheiro que eu lhe pago nessa porra, não serve nem para cuidar de duas vadias.
A briga foi ficando mais tensa Raul esquecera com quem estava lidando e destilou toda sua raiva, Beto até tentou mais acabou perdendo a paciência a conversa se estendia.

- Vou resolver isso. – afirmou Beto. – sou homem suficiente para limpar minhas cagadas.

- Isso é o que espero, tire à promotora daí, se brincar aquela vadia já deu com as línguas nos dentes. – ordenou – vou matá-la com minhas próprias mãos.

- Preciso de outro lugar e de um carro a vagabunda levou minha moto.

- Você é mesmo um grande idiota, como deixou ela fugir com sua moto? – Raul apesar de furioso, debochava de Beto – Você é um fraco, um lerdo!

- Raul. – gritou mais uma vez.

– Pouco importa como você vai tirar ela daí, fuja a pé se preciso, quero a promotora na casa do rio, desfaça a merda que você fez – silencio Raul podia escutar a respiração pesada do outro lado da linha – depois que colocar a promotora sobre vigilância quero que me traga aquela vagabunda, Ruth cometeu o pior erro da vida dela. Descubra para onde ela fugiu e a traga ela de volta sem nenhum arranhão! Às vezes acho que deveria ter colocado ela no seu lugar. – Raul desligou antes que Beto pudesse responder suas ofensas.

- Vamos moleque, temos trabalho a fazer.
Apesar de estar decepcionado com Beto, Raul não podia ficar de braços cruzados esperando que ele resolvesse tudo, sabia da dificuldade que o sócio tinha para encarar situações de tanta tensão, pegou outro celular e discou para outras pessoas, corria contra o tempo, localizou vários contatos que poderiam ser úteis nesse momento, enviou um pequena “tropa” até o velho casebre com ordens expressas de tirar a promotora de lá, meia hora após ter falado com Raul, Beto ouviu um barulho de carro, indo até a porta viu a caminhonete estacionada, dentro dela saíram Tulho, Greg e Jonias, todos cúmplices nos negócios de Raul. Depois de complementá-los Beto seguiu para o pequeno quarto onde Larissa esperava angustiada por alguma notícia, Beto chamou Rodrigo para ajudá-lo.


- Amordace a vagabunda, amarre as mãos e coloque aquele capuz na cabeça dela, vamos levá-la para outro lugar.

- Sim senhor. –Rodrigo caminhou até Larissa que estava sentada no velho colchão, Beto permaneceu parado na porta, estava ao telefone. - Junte os pulsos. – Rodrigo pediu

- O que esta acontecendo, onde esta a Ruth? – Larissa perguntou baixinho para Rodrigo, Beto ainda estava ao telefone não pode ouvir o cochicho entre os dois.

- É melhor a senhora ficar quieta.

- Só me diga se ela esta bem, por favor! – o garoto não conseguiu fugir do olhar meloso e preocupado da promotora, o pedido veio quase como uma súplica.

- Ela fugiu! – a frase saiu quase como um suspiro, antes que Larissa pudesse expressar qualquer sentimento Beto se aproximou, jogando o capuz ao lado do garoto.

- Vamos logo com isso moleque! – Rodrigo apenas obedeceu, amordaçou a promotora e logo depois, colocou o capuz em sua cabeça. – Larissa podia ouvir, mas duas vozes dentro do quarto.
- Eu vou com moleque e vocês limpem tudo, depois venham me encontrar, precisamos encontrar a vagabunda.

- Viva? – um dos homens questionou, os olhos de Beto brilharam com essa pergunta, tudo que mais queria era ver Alicia morta.

- É indiferente! – os homens fizeram um sinal positivo com a cabeça, o homem continuou – Limpem tudo, e você vadia, vem comigo.

Larissa foi levada até a caminhonete e praticamente jogada dentro dela, em momento algum reagiu, estava perplexa, sentia um misto de esperança e medo, em vários momentos duvidou da capacidade de Alicia, não acreditava no que ela falava, não entendia como tudo aquilo poderia ter sido feito por amor a alguém, sabia que havia outros motivos para que ela ativesse participado do seqüestro, a verdade é que Larissa tentava encontrar um motivo para duvidar de Alicia, não queria ser enganada novamente, não queria se iludir, mas aquela atitude mudava muita coisa, ao mesmo tempo que sentia a raiz da esperança brotar em seu peito, tinha medo, pois sabia como aqueles homens eram violentos, especialmente Raul. Tinha medo do que ele pudesse fazer com ela se a encontra-se. Sentiu o motor do carro ligar Beto se despediu dos homens que ficaram no casebre, sabia que havia alguém sentado ao seu lado, provavelmente Rodrigo, logo sentiu o carro em movimento. E mesmo sem saber o que viria pela frente, Larissa estava feliz.
Depois que a caminhonete foi embora os dois homens entrou na casa. Túlio tinha pressa, pegou alguns sacos de lixo e estendeu para Gred.

- Que cara é essa? – indagou ao ver a cara fechada do parceiro.

- Não to gostando nada de me meter nesse rolo. – disse com um olhar meio desconfiado.

- Relaxa! Vamos ganhar pontos com o patrão.

Túlio jogou os ombros para trás. Pouco se importava com Raul.

- E você ta com medinho? – o homem sorriu, queria apenas provocar.

- Medo o caralho! – gritou – so não gosto de limpar as merdas dos outros.

Greg ficou calado pegou um saco de lixo e os dois começaram a recolher as coisas daquela casa.

- Já terminamos liga para o Jônias vir nos buscar. – ordenou Túlio, que estava nervoso. – vamos incendiar isso tudo. Túlio não perdeu tempo pegou o galão de gasolina e começou a espalhar pela casa. Recebeu ordem para não deixar vestígio algum.

Greg chega a sala com duas latas de cerveja.

-Tá afim? – disse jogando uma das latas para o parceiro – E ai, que tal uma partidinha em quanto o Jonias não chega? – Túlio apenas fez sinal positivo com a cabeça, iniciou então uma partida de futebol no videogame, a partida durou mais de uma hora, os dois homens pareciam crianças em frente à pequena TV, se divertiam, até que o telefone de Greg tocou, era Raul.

- Então, como estão indo as coisas? – tinha um ar de preocupação na voz.

- Tudo certo, fiz exatamente o que você pediu. Vamos tacar fogo nessa porra.


- Ótimo. – desligou sem se despedir.

- Quem era? – perguntou o outro homem.

- O Raul. – Greg parecia estar mais preocupado com a partida de futebol do que em efetuar as ordem do patrão.
Nem o cheiro forte da gasolina incomodaram a disputa acirrada dos dois no jogo eletrônico. Não muito longe dali, oito policiais aproximavam-se da rota traçada, rasgando a escuridão da mata seca, tudo era feito no mais absoluto silêncio e cautela, Dr. Franco já podia avistar um ponto luminoso ao longe, um dos policiais conseguiu identificar o ponto como sendo uma casa. – no meio do nada! – pensou o delegado avaliando o local que os seqüestradores escolheram para coloca a vitima. – espertos, trecho de difícil acesso. Vamos ver o quanto espertos eles são! – concluiu o delegado. Sentindo uma excitação a medida que se aproximavam.

- 800 metros! – informou o capitão Amorim. – 500 metros – o delegado se inqueitava. – 300 metros...

- Parem – ordenou o delegado – vamos seguir a pé, vamos cerca a casa. – capitão Amorim fez que sim com a cabeça.

O grupo de policial foi dividido em dupla, a operação durou menos de 5 minutos, agiram com precisão.

- No três! – disse o delegado.

Os policiais que estavam posicionados ao redor da casa, ninguém entra ninguém sai sem eles verem. A ação foi rápida.

- Policia Federal – anunciou o capitão abrindo a porta com um ponta pé.

Os dois suspeitos foram pegos de surpresa, Greg se jogou atrás do sofá, Túlio tentou fugir pela porta dos fundos, mas deu de cara com dois policiais que rapidamente o dominaram, Greg se escondeu atrás do sofá, sacou a arma, houve alguns disparos, dois minutos depois o homem foi atingido com uma bala na cabeça.

- Esse individuo tentou fugir – disse um policial segurando Túlio.
O capitão ordenou que algemassem o suspeito e o levassem para a viatura. Em quanto isso, os outros agentes e o delegado vasculhavam a casa em busca da vítima.

- Nada! – informou o policial ao delegado.

Dr. Franco ficou calado avaliando o local, chegara tarde demais, por dentro se consumia com o sentimento de impotência e frustração. Percorreu cada cômodo da casa, encontraram o saco de lixo onde tinha muitos objetos pessoas dos seqüestradores e inclusive da própria vítima, como suas roupas e um par de tens.

- Quero a pericia aqui! – ordenou o delegado.

O homem estava no quarto onde a vítima estava horas atrás, olhou minuciosamente o ambiente, ainda se encontrava um colção, restos de comida, e manchas de sangue por todo canto.

- Dr. Franco, o capitão quer lhe mostrar algo. – um dos policiais levou o delegado até o outro cômodo da casa.

- O que acha doutor?

O delegado franziu a testa. Reconheceu o lugar. Fechou os olhos por alguns instante lembrou-se da imagem da promotora no vídeo que os seqüestradores tinha lhe enviado.

- Cadê a perícia? – perguntou.

- Esta a caminho – informou o capitão.
Após vinte minutos de espera, pode-se ouvir um helicóptero da policia federal aterrissa no casebre. Peritos e o legista iniciaram o trabalho.

- Delegado, talvez o senhor queira ver isto.

- O que é isso? – o delegado se aproximou do perito.

- Uma camisinha – informou - e aparentemente foi usada há pouco tempo.

Dr. Franco ficou pensativo, acompanhou todo o trabalho dos peritos. Um trabalho minucioso foram 3 horas de trabalho digitais, fios de cabelos, sangue muito DNA concluiu o perito dando um novo impulso para as investigações. O material foi encaminhado para o laboratório. O lugar tinha sido isolado policias ficaram de vigia.

O delegado estava apreensivo, andava de um lado para o outro com o telefone no ouvido, encaminhava ordens para todos os distritos, batalhões e delegacias daquele município, tinha que fechar o cerco, sentia que aquele caso estava perto do fim. Dr. Franco não tinha pressa para interrogar o suspeito.

- Senhor o suspeito esta na sala de interrogatório. – informou uma policial.

- Dois minutos.
Dr. Franco avaliou a ficha criminal do suspeito, precisa saber com quem estava lidando. Olhou por alguns minutos os papeis depois pegou sua velha caneca de café e saiu da sala. Caminhou até a sala de interrogatório. Ficou olhando pelo vidro, Túlio estava sentado de cabeça baixa. Parecia muito nervoso assim como o delegado gostava. Policial experiente, o delegado nunca tratava os suspeitos com violência, nem deixava que outros o fizessem. Muito diferente de muitos profissionais na sua área. Túlio permanecia sentado, algemado de cabeça baixa, estava nervoso, sentia medo também sabia que tinha se metido numa enrascada, escutou o rangido da porta de metal se abrindo. Um homem alto, magro dos cabelos grisalhos entrou, na mão tinha uma caneca com o símbolo de um time de futebol, na outra segurava uns papeis. Sua aparência era calma, Túlio sentiu um frio percorrer a espinha.

- Você esta bem encrencado rapaz. – afirmou o delegado com uma certa ironia na voz.

O suspeito permanecia calado, seus lábios tremiam, Dr. Franco observava cada gesto do rapaz, pós a caneca de café sobre a mesa e sentou-se em sua frente.
- Túlio da Silva... – falou quebrando o silêncio folheava os papeis querendo intimidar o suspeito – Você tem uma ficha bem longa pra quem tem apenas 24 anos. – o homem permanecia calado, tentava não olhar para o delegado que continuou – Esta em condicional assalto a mão armada, tráfico de drogas, contrabando... Seqüestro seguido de morte. – o suspeito arregalou os olhos assustado.

- Eu não fiz nada. – defendeu-se.

- Onde está o corpo?

- Não sei o que esta falando doutor.

- Não sabe? – Dr. Franco aproximou-se mais do suspeito encarando seus olhos num duelo interminável. - Era o que você estava fazendo naquele casebre? Nada? Onde ela esta?

- Não sei do que o senhor esta falando?

- Filho sua ambição te trouxe até aqui, um milhão é muito dinheiro para quem não sabe administrá-lo.

- Eu não sei de nenhum milhão doutor. Não sei onde esta essa mulher, não sei do que esta falando.

Túlio começou a suar frio. Olhava de um lado para o outro, se perdia nas palavras
.
- Melhor começa a falar! Onde esta o corpo? – o delegado usou um tom mais forte intimidando ainda mais o suspeito.
- Eu não sei, eu não matei ninguém. – Túlio já começava a ceder. – sou ladrão mais não assassino. – voz tremula olhos lácrimejosos.

- Rapaz, você foi preso na cena do crime. Quem são seus cúmplices, onde esta o corpo, você tem noção de quem seqüestrou? – o homem fez sinal negativo com a cabeça. – uma promotora de justiça. Então antes que as coisas piorem ainda mais me diga quem são seus cúmplices. Onde esta o corpo.

- Não... – o homem gaguejava.

Túlio estava mais pálido que papel. O delegado estava chegando ao que queria a pressão psicológica nunca tarde de chegar à verdade, daí o fato dele alegar com tanta veemência que a promotora estaria morta, isso tudo era uma tática, o homem estava caindo, logo ele começaria a falar.
Túlio estava suando frio, não sabia o que dizer nem o que fazer, o circulo esta fechando, não queria ser acusado de homicídio principalmente de alguém da justiça, o homem sabia o que isso acarretaria, mais entregar seus chefes estava fora de cogitação, era uma faca de dois gume onde quer que sedesse acabaria se cortando.

- Quem é o cabeça. Pense bem rapaz se colabora podemos fazer um acordo com o ministério público.

Túlio deu uma risada nervosa.
- Acordo! Sou um mero pião nesse tabuleiro. Sabemos que tipo de acordo acontece quando agente mexe com gente de vocês.

O delegado se levantou de imediato derrubando a cadeira, havia se irritado com a petulância do suspeito.

- Se quer assim, Túlio da Silva você esta sendo acusado de seqüestro, homicídio qualificado da senhora Larissa Couto... – o delegado começou a ler os direitos do acusado o deixando atônito.

- Eu não seqüestrei ninguém, ela ta viva ela ta viva. – gritou o homem desesperado.

- Então melhor começar a falar.

O homem finalmente começou a falar, foi claro em suas declarações falou como chegara até ali, as ordens eram expressa limpar a casa e tacar fogo. Por mais que foi pressionado Túlio não contou de onde tinha vindo a ordem, porém deu o número da placa do carro em que eles estava. O delegado satisfeito por ter arrancado tudo que queria do suspeito o mandou para cela.


Rodrigo olhou incrédulo para Beto, estavam entrando na favela onde eles morava, Raul não queria Larissa por perto acabaria com a vida da promotora, não tinha mais tempo para concluir sua vingança seus planos tinha que ser alterado. Beto estacionou no barraco de Rodrigo.

- Ela vai ficar ai. – disse o homem na maior autoridade.
Rodrigo retira Larissa do carro e a guia até a entrada, o menino morava sozinho num barraco de dois vão.

- Chefe! Onde vou colocá-la? – pergunta o menino temeroso.

- Não sei se vira, se você deixá-la escapa eu mesmo te mato. – falou apertando o pescoço do menino.

Rodrigo a leva para o quarto.

- Não fuja, por favor. – pediu tirando o saco do rosto de Larissa.

Rodrigo ajudou a Larissa se sentar, depois pegou corrente e um cadiado passou na janela. Beto se joga no sofá da sala, fecha os olhos na tentativa de relaxar um pouco, mas logo lembra de Raul, precisa fazer algo para não levar a culpa pela fuga da galega.

Rodrigo desamarra a promotora e pede para ela ficar quieta logo em seguida sai. Larissa observa o lugar, ao contrario do outro tinha certo conforto, ironia do destino tinha uma televisão do quarto, com medo achou melhor não mexer por enquanto, avaliou o lugar, não se tratava de um cativeiro isso era certo. O ambiente pequeno era possível escutar a conversar do outro lado da porta. entra no pequeno quarto, não tão escuro e sujo como outro, existe uma janela pequena que dá pra rua, com os vidros de fumê, o garoto pede para que a morena se sente, retira seu capuz, desamarra suas mão e deixa que ela mesma retire a mordaça, Larissa da uma olhada em volta.

- É tudo culpa sua moleque! – Rodrigo não entendeu nada, e antes que pudesse perguntar ouvir Beto berrar – Você a deixouela fugir!
- Eu?

- É, você! – Beto se levantou, deu passos lentos até chegar ao garoto.

- Mas eu estava com você, não vimos fugir. Você que fica com a chave da casa, você que tranca tudo – Rodrigo falou na inocência.

- É isso que você vai dizer ao Raul? – indagou encarando o garoto.

Rodrigo não soube o que responder. Não teve tempo para pensar logo sentiu o peso da mão de Beto socando seu estomago.

- É isso que você vai dizer ao Raul? – repetiu – não, não é – seus olhos brilhavam em fúria - Você vai dizer ao Raul que estava de guarda quando a cadela fugiu, vai dizer que ela aproveitou que você tinha ido ao banheiro e fugiu que tinha esquecido a porta aberta, que não ouviu o barulho da moto, vai dizer que a culpa foi sua entendeu moleque? – Rodrigo apenas fez um sinal positivo com a cabeça.
Beto estava visivelmente perturbado, deixou um sorriso sínico escapar pelo canto da boa, ajoelho-se e fez um carinho no queixo do garoto.

- Eu tive que te machucar, mas não fique com raiva de mim, ainda vamos nos divertir muito. Você só precisa fazer o que eu mandar entendeu? – novamente o garoto fez um sinal positivo com a cabeça, sabia que estava entrando em uma fria, assumir a culpa pela fuga da galega para Raul seria quase que assinar uma sentença de morte.

Beto aguardava a chegada de Raul, fazia algumas ligações em busca de notícias sobre o paradeiro de Alicia, estava nervoso e muito inquieto Rodrigo levou água e comida para Larissa, como havia prometido. Entrou no quarto de cabeça baixa, a promotora percebeu que o garoto estava machucado, pelo pouco que tinha ouvido dos gritos de Beto parecia que o garoto estava sendo acusado por ter deixado Alicia fugir, Larissa sentia pena do rapaz.

- Esta tudo bem?

- Sim. Trouxe comida e água. – Rodrigo se limitou a dizer apenas isso.


Aproximou-se um pouco mais para entregar o prato de comida para a morena

- Aqui a senhora vai ficar melhor. Pelo menos agora tem uma cama. – apesar da fisionomia triste o garoto ainda tinha animo para brincadeiras, deu as costas a Larissa e já estava saindo do quarto -

- se me deixar ir, sua pena pode ser reduzida. Posso ajudá-lo rapaz.
Rodrigo encarou a promotora.
- Rodrigo vamos ser realista. Você não é burro já percebeu que esses seqüestradores perderam o controle da situação, não tardará para a polícia me encontrar, se me ajudar posso tentar um acordo com o ministério público. Pense menino não é um simples seqüestro que temos aqui. Vitíma em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, e grave sofrimento físico e moral a pena de reclusão é de dois a oito anos. Tentativa de homicídio cinco a vinte anos, crime de tortura mais oito anos, uma infinidade de artigo do código penal que posso acusá-lo, você esta disposto a passa o resto da sua vida atrás das grades.

Rodrigo parecia ficar ainda mais assustado ainda com as palavras de Larissa.

- A senhora sabe que so faço o que me mandam. – gaguejou. – melhor esta atrás das grades do que morto. – afirmou o rapaz.
Larissa balançou a cabeça em sinal de negação.

O rapaz se preparava para sair, Larissa segurou pelo braço. Mudou de assunto algo a inquietava.

- Você tem notícias dela? – o olhar preocupado da promotora era visível, Rodrigo respirou fundo e permaneceu calado - Por favor, preciso saber se ela esta bem. – insistiu.

O rapaz fraquejou.

- Não sei da dona Alicia, o chefe ainda estava procurando ela.

- Quem esta procurando ela? –Larissa achou que era ma oportunidade de ter nomes

- Melhor a senhora parar de fazer tantas perguntas, quando acharem ela a senhora
vai saber de um jeito ou de outro!
Raul desligou o telefone na cara de Beto, estava irritado, se vestiu, consultou o relógio, ainda eram 3 da manhã, pegou as chaves do carro e saiu. A casa de Rodrigo não ficava muito longe, em menos de 10 minutos já havia chegado, Raul desceu do carro e viu a figura de Beto parado na porta, passou pelo homem e nem se deu ao trabalho de cumprimentá-lo, Beto seguiu o homem ate a pequena sala, já sabia o que o esperava, Raul estava com a fisionomia seria, permaneceu calado por alguns minutos, Beto também não se atreveu a falar.

- Que merda toda é essa Beto? – Raul falou baixinho, tentava se manter calmo

- Raul você envolveu pessoas despreparadas, era questão de tempo pra acontecer uma merda! - Beto fez um sinal para Raul ambos olharam para Rodrigo que estava sentado no meio do corredor, Beto fez um sinal que parecia dar certeza a Raul de que a culpa havia sido Rodrigo.

- Vem aqui moleque! – chamou o garoto – Diga pra mim, o que aconteceu aquela noite? – Rodrigo tentou disfarçar o olhar inseguro que lançou para Beto, respirou fundo e disse exatamente o que lhe foi mandado, Raul mantinha a atenção nos gestos do garoto, estava nervoso, gaguejava muito, depois de toda a confissão o homem se levantou, apesar de saber que o garoto não era totalmente responsável pela fuga da galega, precisava descontar sua raiva em alguém, nada disse, apenas deu um soco no estomago de Rodrigo, o garoto demorou a recuperar o fôlego, e antes que voltasse a respirar normalmente, recebeu outro soco no rosto, Raul batia no garoto com bastante força, queria sim, deixar marcas, quando sentiu que Rodrigo já estava bastante machucado, resolveu parar, o garoto ficou jogado no chão, gemendo, sangrando, Beto apenas observava. Raul voltou a se sentar.
- O que vamos fazer agora ?? – Beto aparentava uma preocupação que não existia

- Não sei!

- Raul, vamos acabar com isso em quanto é tempo, mata logo essa vagaba e da um sumiço no corpo dela, logo vamos encontrar a Alicia, depois que você por as mãos nela vai ficar tudo em ordem.

- Não
, não é assim que a banda toca.

- Por que você ta preservando tanto a vida dessas vadias? – Raul lançou um olhar de fúria para Beto, o homem se levantou e deu passos lentos ate se aproximar de Beto –

- Se acontecer alguma coisa a promotora ou a Alicia, quem vai estar ali, esparramado no chão, é você! - Raul estava domado pela raiva, não percebia que estava cometendo um erro atrás do outro.
Horas depois a notícia sobre o cativeiro de Larissa vaza para a imprensa os reportes se agrupam em frente ao GOE.

- O seqüestro mais demorado dos últimos 10 anos da delegacia anti sequestro de Pernambuco, a promotora de justiça Larissa Couto seqüestrada no dia 15 de outubro por volta das 20h00min da noite, já passa de um mês e três dias, ai naquela parte isolada esta o casebre que servia como cativeiro, a policia chegou ao local ontem à noite, o delegado ainda não se pronunciou, tudo indica... – fala a reporte na tv.

O coração do traficante palpitava, o homem desligou a TV, completamente desnorteado, tentava raciocinar. Pegou a chave do carro e saiu. Dirigiu até a casa de Rodrigo, estava assustado, depois de estacionar o carro, entrou calado, seu rosto estava vermelho de raiva.

- Já viu? – indagou Beto assim que viu Raul entrando na sala, já esperava a visita do chefe.

- Você viu aquela merda! – estourou Raul.

- Calma agente foi mais rápido. – Beto parecia esta despreocupado.

- Calma uma porra! – disse Raul passando a mão na cabeça. – isso tudo é culpa tua. – foi para cima do Beto que se desvencilhou.

- Quem deixou a galega fugir foi o retardado que você levou para tomar conta das duas. Beto acusou Rodrigo sem remoço algum, Raul deu dois gritos chamando o rapaz. Rodrigo entrou já sala já se tremendo tinha escutado a conversa.


Raul possuído em raiva não deixou o rapaz se defender, partiu para cima dele o espancando. Beto resolveu interceder.

- Você vai matá-lo – afirmava – Olha pra mim, a culpa é da galega, pensa mano – Raul parou e encarou o amigo - ela deve ter denunciado para os canas.
Raul trincou os dentes de raiva, Beto tinha razão, afastou-se e sentou-se no sofá.

- Quero ela morta! – rosnou o homem, Beto sorriu satisfeito.

- Era o que eu precisa ouvir. – Beto pegou a arma e se levantou havia entendido errado, caminhava já em direção ao quarto Raul o segurou.

- Ela não! – gritou.
- Que droga Raul vamos acabar logo com isso, agente mata a promotora depois vamos atrás da galega.

- Não a promotora quem mata sou eu.

Raul num momento irracional cometeu mais um erro.

Em quanto isso a família e os amigos de Larissa ficavam perplexos com o noticiário, Junior, primo da promotora saiu em busca de informações. Seu Augusto e Dona Laura estão confusos e esperançosos, sentem que a filha pode aparecer a qualquer momento, o telefone toca.

- Alô! – atende dona Laura achando que era o sobrinho com noticias.

- Eu avisei para não meter a polícia nisso – falou o homem do outro lado da linha - agora, vou matar essa cadela!- gritou.
A ligação durou poucos segundos, o suficiente para deixar Dona Laura em pânico. A mulher entra no maior desespero acabar tendo tento um AVC. É socorrida para o hospital.

Assim como a família de Larissa, Luiza fica chocada com o noticiário.



- Duda você viu isso? – Isa chama a esposa que se arrumava para ir para o hospital.

- O quê? – fala ainda se vestindo.

Duda olha para a TV que passa repetidamente sobre o suposto local do cativeiro.

- Será... amor vamos com calma se tivessem encontrado Larissa com certeza teriam te informado.

Luiza não deu ouvido para o que a mulher disse, pegou o telefone na cabeceira da cama e ligou para a casa de Larissa, chama, chama e ninguém atende, seu coração bate acelerado, o nervosismo toma conta do seu corpo, tenta mais uma vez e nada, já entrando em desespero.
- Isa – chama Duda – tão me ligando do celular da mãe de Larissa. –alô – atende a médica.

- Doutora Duda.

- Sim.

- Aqui é Cintia esposa do Junior, estou tentando ligar para Luiza, dona Laura esta mal. – a mulher falava agitada.

- Me explique melhor. – tentando manter a calma.
Luiza tentava pega o telefone mulher.

- Espera. – falou Duda. – onde ela esta? – Duda perguntou a mulher do telefone.

- HR.

- Certo, vou pedi para transferi-la. Estamos indo para ir.

- O que houve? Era a Larissa?

- Não, dona Laura teve um AVC.
Isa ficou ainda mais nervosa, as duas foram até o hospital, lá Maria Eduarda cuidou para que ela fosse transferida para sua clinica.

Duas horas depois Isa vai até a sala de espera, onde Junior, Sr. Augusto e Cintia aguardavam por noticia.

- Como ela ta minha filha? – perguntou Sr. Augusto preocupado.

- Estável agora. Informou Isa. A Duda esta cuidando dela não se preocupe, ela esta fora de perigo.

Logo no canto o delegado ainda se encontrava no hospital estava colhendo informações com Cíntia. Luiza caminhou em sua direção. Seu medo se transformou em raiva.

- Isso
tudo é culpa sua – batia no peito do homem que tentava se defender – tudo por causa da incompetência de você... – suas tapas não tinham fora, Isa chorava – o que esta acontecendo? O que esta acontecendo?

Junior segurou Luiza. Todos estavam no ambiente observava a cena.

- Se vocês tivessem feito seu trabalho direito ela poderia esta aqui...
Dr. Franco nada disse, saiu daquele hospital abalado com a própria incompetência, chegou ao departamento dando gritos em todos, cobrando resultados, seu corpo desfaleceu na cadeira, com a mão no rosto, avaliava a situação, olhou todo material que tinha colhido nas investigações, procurou pelos erros. Olhava cada minuto o relógio estava correndo contra o tempo. Apertou o play inúmeras vezes a voz do seqüestrado invadia sua mente.

- Eu avisei para não meter a polícia nisso – falou o homem do outro lado da linha - agora, vou matar essa cadela!- gritou. ¬– avisei para não meter a polícia nisso, agora vou matar essa cadela... – assim o delegado repetiu inúmeras vezes.

Ele e saiu, foi até um agente.

- Já localizaram a chamada?

- Acabei de localizar senhor. – informou o policial. O delegado olhou para tela do computador – a chamada veio de um telefone pré-pago.

- Onde?

- Aqui mesmo senhor. – apontou para o mapa na tela do computador.

Dr. Franco olhou intrigado. Piedade.

- Senhor! – o policial chamou a atenção do delegado que já se virava apara sair.

- O cadastro da linha esta em nome de Rodrigo Avilar Silva. Cruzei algumas informações, o mesmo tem passagem pela polícia por tráfico de drogas – continuou o agente - o mais interessante que ele é primo do Túlio Silva.
O delegado abriu um sorriso, finalmente a sorte tinha lhe sorrido imediatamente pediu um mandado, um grupo de operação foi feita, dessa vez sem muita estratégia, o delegado seguiu para o endereço do suspeito. A notícia da polícia na comunidade correu feito rasto de pólvora, mais não tão rápida como a equipe do delegado. A viatura parou em frente ao barraco, nesse mesmo instante um homem correu pelos fundos, um policial saiu em perseguição. O delegado invadiu a propriedade.

- Polícia federal. – anunciou.

O coração de Larissa parou por segundos, suas pernas desfaleceram. Não tinha reação. Depois de tanto tempo naquele clausulo já tinha perdido a esperança que nascia e morria com o sobrar de sua respiração, depois de tantas coisas vivida naquelas semanas a única coisa que era sua companheira era a morte, que muitas vezes ela convidava para levá-la numa viagem sem volta. A ultima lembrou-se do beijo de adeus que recebeu daquela que tanto amava. Sua imagem foi escurecendo quando viu a porta sendo derrubada. Um apagão. Quando o agente invadiu o quarto a vitima já tinha desmaiado, o delegado entrou alvoroçado, soltou o ar com força, olhou apara Larissa sentiu o sangue voltar a correr em suas veias.

- Chamem a ambulância. – ordenou. Agachou checando a pulsação da vitíma.
Muitos curiosos se aglomeravam em frente ao barraco, rodeavam o lugar em busca de informações, queriam saber no que o garoto Rodrigo conhecido por todos ali estava envolvido. Pode-se ver para médicos carregando uma maca, Larissa estava desacordada, apesar da aparência fraca e com ferimentos leves, ela parecia estar bem.

- Quero uma varredura no local! – ordenou o delegado, precisava de pistas que indicassem o mandante do seqüestro, observava os agentes, ficou por algum tempo tentando analisar o local, levando a mão direita ao bolso na calça, tirou o celular e ligou para a família de Larissa.


- A encontraram! – Junior desligou o telefone, estava visivelmente emocionado – Encontraram a Lary! - gritou, já não conseguia controlar as lágrimas, as pessoas a sua volta pareciam não acreditar no que o homem dizia, todos estavam comovidos e aliviados com a notícia, houve muito choro, porém dessa vez era um choro de alegria. Luiza entra em contato com o delegado e pede para que levem Larissa para a clínica.

- Finalmente esse pesadelo acabou! – Luiza sussurra palavras de alivio no ouvido de Duda, as duas se abraçam por um longo tempo. Vinte minutos depois do primeiro contato com o delegado, uma ambulância estaciona na entrada da emergência, Larissa ainda esta desacordada, todos estão no corredor e agradecem a Deus por finalmente verem que a morena esta bem, Duda pede que todos tenham calma, vai examinar pessoalmente a promotora, Luiza se oferece para ir junto, mas Duda aconselha a mulher a ficar com os outros. Logo depois o delegado chega a clinica, todos querem saber a onde Larissa estava. O delegado repassa as informações, e marca uma coletiva de imprensa para repassar as informações sobre o seqüestro e sobre o boletim medico da promotora.
- Finalmente chega ao fim o seqüestro da promotora de justiça Larissa Couto, esse que foi o seqüestro de maior duração já registrado pela policia do estado de Pernambuco, estamos aqui em frente à clínica onde a promotora deu entrada a menos de 1 hora, todos aqui aguardam a coletiva que o Dr. Franco, delegado responsável pelo caso marcou para as 18hs00min. – a jornalista repassava as informações ao vivo para o canal de TV – Ainda não temos informações sobre o mandante do crime...


Rodrigo foi preso a poucos metros do pequeno barraco, os policias foram cautelosos com o garoto que aparentava estar bastante machucado. Na coletiva, o delegado repassa poucas informações sobre prisões e sobre o mandante do crime, mas responde todas as perguntas sobre como chegou até o cativeiro deixando os jornalistas satisfeitos. Por fim delegado informa que a partir daquele momento se iniciaria uma nova etapa da investigação. Em quanto isso, Rodrigo esta sentado na pequena sala de interrogação, estava algemado a mesa de ferro, seu olhar estava perdido, flash dos momentos que antecederam a entrada da policia no cativeiro povoavam sua mente.


Minutos antes da invasão dos policiais na favela.

- O quê? – gritou Raul não acreditando no que acabou de ouvir. – mete chumbo ordenou.
Antes de cometer mais uma burrice, Raul é arrastado por Beto para fora do pequeno barraco, sem nenhum tipo de dificuldade os dois fogem antes que a polícia invadisse o lugar, Rodrigo é deixado para trás, o garoto entra em pânico, poucos minutos antes da polícia entrar na casa, ele foge pela porta dos fundos, mas já era tarde de mais, machucados devido à surra que levou do traficante ele tem dificuldade para se locomover entre as vielas da favela, de repente ouve um policial lhe dar voz de prisão, automaticamente ele congela, não consegue mais mover um músculo do corpo, deita no chão e permanece imóvel até que o policial se aproxima e algema o garoto.

Não satisfeitos com a coletiva os jornalistas ainda procuram informações com a família de Larissa.

- Nos pedimos um pouco de calma e de compreensão da parte de todos, estamos muito abalados com tudo que ocorreu, e também como vocês estamos esperando, os médicos se pronunciarem – diante do alvoroço em frente ao hospital Junior tentava ser educado pedindo a colaboração dos jornalistas.


Por medida de segurança Duda isola Larissa numa ala do hospital onde apenas os médicos e a família têm acesso. Larissa é atendida por Andréia já que Duda e Amanda tem ligação direta com a paciente por questão ética.

- Eu quero vê-la. – Luiza insistia

- Amor você sabe que não pode. – Andréia interrompe a conversa das duas.

- Poupem-se dessa discussão, a partir de agora que tomo conta do caso da
Larissa, o que já deveria ter feito há muito tempo, vocês duas estão ligadas a paciente diretamente.

- Paciente?

- Isso mesmo Luiza, antes de qualquer coisa, Larissa é nossa paciente e temos que por em frente sempre o seu bem estar, por isso eu cuidarei dela de agora em diante.

- Eu
preciso vê-la! - Luiza insistia.

- Luiza não!
- Eu tenho muito respeito pela senhora – Luiza se aproximou – Mas devo a minha vida aquela mulher, e so vou me sentir mais tranqüila depois que eu ver que ela esta bem - encarava os olhos de Andréia, estava determinada – Eu vou entrar ali, nem que para isso eu tenha que passar por cima da senhora. Tudo que eu sou e o que eu tenho hoje eu devo a ela!


Andréia não teve mais argumentos mesmo violando inúmeros códigos éticos permitiu que Luiza ajudasse no atendimento a Larissa.

- Aqui ela é uma paciente. – falou Andréia a Luiza antes de elas entrar.

Luiza podia não ter recuperado a memória ate o dia de hoje mais nunca havia perdido seu dom. A lourinha fica horrorizada pelo estado físico que a morena estava. Engole as lágrimas. Uma ela é conduzia a outra sala. Uma bateria de exame é feita. Andréia olha preocupada para uma chapa do tórax de Larissa.

- Vamos ver o que temos aqui? – indaga Andréia ao observar a caixa torácica. Mulher respira fundo avaliando as outras chapas.


- Olha isso aqui! – fala a lourinha – essa mancha escura! - ela deve ter recebido minhas pancadas em sua costela costal, com a parede torácica exporta seu pulmão pode ser sido danificado o que explica esse sangramento. Ela precisa entrar na sala de cirurgia agora.

Andréia concordou de imediato. Ordenou que preparassem a sala de cirurgia.
Larissa foi submetida ao uma cirurgia, mais uma vez Luiza surpreendeu a todos na mesa de cirurgia, agia com precisão e sabedoria, seus ensinamentos não se perderam na escuridão de sua memória, muito pelo contrário, a cirurgia houve muitas complicações, muitos órgãos sofreram ao longo de cinco horas a equipe conseguiu reverter o quadro. Ela foi levada até a sala de recuperação.


- Ela não pode receber visita no momento, o estado dela é muito delicado, ela passou por uma cirurgia mais esta bem. – informava Dra. Andrea à família.

Luiza ainda esta vestida com o uniforme dos cirurgião observava Larissa pelo vidro. A lourinha desabou no choro.

– Ela vai ficar bem. – fala Duda segurando no ombro da mulher.
Luiza procura seu abraço, chorando de alívio.
- Acabou amor, ela vai ficar bem agora. – confortava.

Luiza ficou ali por muito tempo, observando a mulher, checando seus batimentos. Depois se lembrou de Dona Laura e Sr. Augusto ainda não tinha os visto.

Os dois estavam aguardando notícia, no quarto Luiza sentou-se na cama da tia.

- Diga a verdade minha filha, como a Larinha ta? – perguntou a senhora.

- Ela ta bem tia. Ela ta bem. – Luiza emocionada, contou minuciosamente como tinha sido a cirurgia de Larissa e como estava seu estado físico, os dois senhores se corroíam em preocupação mais em alivio ao sabe ela estava à salva.
Queriam vê-la e Luiza não o privaram daquilo mesmo contra todas as recomendações médicas ela os levou, pelo vidro os três choravam.
Lá fora, Larissa é capa de todos os jornais e telejornais não so do estado como do país. Muitos repórter ficam plantado em frente ao hospital. Andréia a pedido da família da uma coletiva de imprensa.

- Ela esta bem, esta se recuperando... O estado... – Andréia da informação do estado clínico da paciente.

A pouco de 240km dali numa cidade esquecida, Alicia chora nos braços da avó, finalmente a morena estava a salvo. Seus dias de pesadelo acabaram, pelo menos Larissa estava viva e a salva.

- Acabou, acabou vó.

Dona Marli, acalmava a neta.

- Ainda não acabou minha filha. Você fez muito mal a essa moça – a mulher procurou os olhos da neta.

Alicia nada falou.

- Você precisa fazer o que é certo. – falou a idosa.

- Eu vou fazer vó, eu vou fazer.

Larissa se acordou três dias depois, seus olhos se incomodaram com a luz forte, o corpo dolorido. Sua mente ainda atordoada, aos poucos as lembranças foram ressurgindo. Tentou se levantar da cama, seu peito doía, olhou em volta, estava num hospital, arrancou a sonda do seu pulso, levou a mão até o peito, estava dolorido, e enfaixado. Parou um pouco levando a mão na cabeça, tentava raciocinar ainda estava confuso, até que seu olhar avistou alguém, seu peito encheu de alegria. As lágrimas foram tão rápida, no canto do quarto seu pai dormia numa poltrona, encolhido no lençol, próximo a sua mãe. Larissa não sabia dizer o que estava sentindo naquele momento. As lágrimas invadiam silenciosas, aos poucos algumas lembranças foram surgindo.
Olhou ao redor. Estava livre. Agradeceu Deus por mais uma oportunidade. Seu corpo esta muito fraco ela não conseguia se levantar, logo dona Laura despertou, olhou para sua filha, os olhos das duas se penetraram, a mulher levantou-se acordando o marido, meios desnorteado coçava os olhos, viu a sua filha abriu um imenso sorriso os dois foram ao encontro dela, um abraço demorado, uma abraço de calento, de alivio, de alegria.

Os três permaneceram ali em silêncio abraçados, apenas chorando. Depois se afastaram um pouco. Dona Laura com a voz tremula agradeceu, agradeceu a Deus por ter trazido sua Larissa de volta. Lary não conseguia dizer uma so palavra, queria uma única coisa, o colo do seus pais.
Permaneceram ali durante longas horas.
Aos poucos Larissa foi recebendo visita, primeiro Luiza entrou, emocionada as duas amigas se abraçaram.
- Você não imagina o medo que senti. Pensei que tinha te perdido. – Luiza acariciava o rosto da amiga.

- Eu também! – Larissa sussurrava ainda chorando.


- Como você esta se sentindo? – Luiza estava preocupada com o estado emocional de sua amiga.

- Viva! – deu um sorriso tímido. – viva! – repetiu.

- Quem fez isso com você Larissa? Você os viu? – Luiza queria saber tudo que tinha acontecido – há muitas lesões sérias.

- Eles não me estupraram! – afirmou Larissa.

- O exame sexológico deu negativo, tivemos que submeter você a um procedimento cirúrgico também, nada grave – Larissa tinha um semblante pesado, evitava falar, estava sempre com um olhar triste e perdido.

- Nem sei como te agradecer. – os olhos de Larissa estavam marejados, a morena nem tentou disfarçar, estava visivelmente abalada, Luiza a tomou em seus braços, deu-lhe um abraço apertado, sabia que naquele momento, depois de ter vivido um trauma tão forte, nenhuma palavra seria capaz de confortá-la.
Larissa estava fraca, não se alimentava direito, apesar de ter todos por perto, senti-se só, todos evitavam falar sobre o seqüestro, não deixavam que a promotora soubesse de nada que estivesse relacionado ao caso, o psicólogo do hospital dava as orientações tanto à família quanto a policia, o trauma havia sido muito forte e ainda não se sabia de que forma poderia ter afetado Larissa, seria necessário ter bastante calma e paciência para tratar o caso.
Numa noite Larissa recebeu a visita de um médico.

- Boa noite doutora. – falou o homem com um jaleco branco, Larissa se virou para ver quem era seu coração congelou quando sentiu aquele perfume tão família, Raul tinha um sorriso na face, provavelmente furtaram a roupa de algum médico, seu olhar era ameaçador, parecia não se importa com os policiais que estava de guarda.

- Senti sua falta. – falou o traficante se aproximando de sua vitima.
- Socorro – gritou a morena.


Raul correu até ela e tapou sua boca e seu nariz queria sufocá-la, ainda muito fraca a luta era perdida, Raul subiu na cama sentando em cima da barriga de Larissa, depois que a imobilizou ele tentou sufocá-la, a morena pode sentir seus pulmões arderem por falta de ar, lutou inutilmente, por pouco o traficante não consegui o queria, Larissa conseguiu chegar até a Campânia, chamando alguém, irritado Raul não quis correr o risco saiu de cima da mulher quem nem conseguia respirar, mas antes de fugir deixou um recado.

- Isso ainda não acabou vadia! – ele ia saindo Larissa ainda tentava se recuperar sentiu um frio na espinha o homem havia voltado, seus olhos estavam cinzentos de ódio, suas palavras saíram carregadas de ira – você ainda gosta daquela vadia não gosta? – Larissa sem encolheu na cama, seus estomago deu uma reviravolta – lembra do que aconteceu com ela, - Raul fixou no olhar apavorado de Larissa – se eu cair ela cai também. – ele deu um sorriso cínico – se eu cair ela cai também... – repetiu mais uma vez, saindo do quarto. Raul conseguiu sair do prédio sem ser notado. Larissa de imediato teve uma crise nervosa, Andréia se viu obrigada a sedá-la. Na manhã seguinte Larissa acordou muito agitada, as lembrança da visita de Raul e sua tentativa de assassiná-la era pequeno comparado ao seu medo pela vida de Alicia. Lembranças do cativeiro era reproduzida cada segundo em sua mente, as imagem da violência contra Alicia era as que mais doíam, uma dor tão forte que a morena por mais que tentasse não estava conseguindo lidar.
Apesar de estar seguindo as recomendações dos médicos, Dr. Franco não concordava com aquele procedimento, estava ansioso para ouvir a vitima, ia ao hospital todos os dias, tentava convencer os médicos que já estava na hora de liberar a promotora para dar seu depoimento, sempre tinha respostas negativas, Dra. Andréia pedia que ele tivesse um pouco mais de calma, ela ainda estava se recuperando da cirurgia. O delegado não se conformava, e mesmo não tendo respostas positivas, sempre voltada no dia seguinte. Novamente voltou a ouvir da equipe médica que não era a hora para falar sobre o caso com a paciente, mas dessa vez o delegado questionou :

- Vocês já perguntaram a ela? – os médicos permaneceram calados, Dr. Girão, psiquiatra responsável informou que nesse momento ela não era capaz de tomar nenhum tipo de decisão. O delegado voltou a insistir que ao menos lhe perguntassem. O médico achou mais viável que dona Laura fosse falar com sua filha sobre isso.

- Filha – a mulher entrou no quarto, estava meio receosa, sabia que Larissa ainda não estava pronta – O delegado esta ai, querendo falar com você! – Larissa engoliu em seco, a imagem de Alicia veio nítida em sua mente, estava em um conflito interno, razão e emoção duelavam fazendo com que ela não soubesse como agir naquele momento. Sentiu seu corpo desfalecer, as lembranças de Alicia no cativeiro a perturbavam ainda mais, tinha pesadelos com e cena violenta em que Raul estuprava a loirinha, tudo que foi vivido naquele lugar ficou empregado em seu subconsciente, lembrava-se de cada momento, cada segundo, apesar de sempre ter passado a visão de uma mulher forte e decidida, naquele momento sentia-se fraca e perdida.
- Isso ainda não acabou vadia! você ainda gosta daquela vadia não gosta? Lembra do que aconteceu com ela? Se eu cair ela cai também. se eu cair ela cai também. – Larissa lembrava bem daquela visita.
Não, não estava pronta para falar, precisa de mais tempo para organizar suas idéias. Luiza também estava no quarto, sentia a tensão no corpo da mulher, teve certeza depois de perceber o olhar aflito que a promotora lhe lançava, estava tão abalada que tinha dificuldades até para falar.

- Eu não quero falar com eles, não agora. – balbuciou as palavras, lagrimas já percorriam seu rosto


- Calma minha filha, você não vai ser obrigada a fazer nada que não queira. Eles que esperem. – Luiza se aproximou, deu um beijo na testa da amiga que estava encolhida no abraço da mãe.


- Deixa que eu falo com ele. - a médica saiu do quarto e encontrou um delegado que estava ansioso para saber se finalmente poderia ver a ver a vitima. Luiza se aproximou:


- E como ela esta doutora?

- O senhor não precisa fingir que se preocupa com o estado dela.


- Pode parecer que não, mas é claro que eu me preocupo, ela é um ser humano antes de qualquer coisa.

- Pois a trate como um ser humano, tenha paciência Dr. Franco, o estado emocional dela ainda esta muito debilitado.

- Eu entendo, mas o depoimento da Dra. Couto e de extrema importância para as investigações.

- Sinto muito.

Dr. Franco ficou vermelho de raiva.

- Prometo não demorar muito, so algumas perguntas. – insistia o homem. Precisamos do depoimento dela o quanto antes, muita coisa só será esclarecida com esse depoimento. – Luiza estava tentando se educada, mas já estava perdendo a paciência com a insistência do delegado, Andréia que acompanhava a conversa dos dois de longe, achou que era à hora de intervir.

- Bom dia, posso ajudá-lo!? – interrompeu a conversa.

- Ele esta insistindo em ver a Larissa.
- Não quero perturbá-la senhora, mas preciso do depoimento dela para conduzir minha investigação.


- O senhor terá o depoimento dela quando seu quadro clínico permitir, a paciente esta tendo todo um acompanhamento médico, e quando for à hora certa, mas mais do que ninguém, se sentira confortável para esclarecer os pontos obscuros desse seqüestro, e o senhor poderá conduzir seu trabalho, o senhor será informado.


Andréia fez aquilo por que realmente era necessário, recebeu um olhar de agradecimento de Luiza que já não sabia como se livrar do delegado, Andréia foi ate o quarto, cumprimentou a todos e deixou bem claro que não seriam mais incomodados pelo delgado. Larissa só falaria com a polícia quando se senti segura. Apesar der ter sido assegurada de que delegado não lhe incomodaria mais, Larissa ainda estava preocupada, sabia que mais cedo ou mais tarde teria que dar explicações sobre o ocorrido, ela melhor do que ninguém sabia da importância de seu depoimento, porém as ameaças de Raul a imobilizava. Seu corpo pouco a pouco ganhava força, logo se recuperaria fisicamente, sempre fora uma mulher forte, mas se perguntava como se recuperar da magoa causada por Alicia?
Pensou no processo, se denunciasse Raul como mandante do seqüestro logo chegaria a Alicia, o que fazer, como acusar uma mulher que mesmo tendo participado do crime, Larissa tinha certeza que Alicia quem salvara sua vida, lhe tirando das mãos daquele homem sem escrúpulos. Era culpada mais também vitima daquele homem. Onde estaria ela? Seu coração mesmo no conforto de seu seio materno sangrava. Sentia-se perdida, ignorando seu coração Larissa sentia-se em debito com a sociedade, como ela que sempre acreditou na justiça poderia deixar a sociedade a mercê de um criminoso como Raul. O tempo estava se esgotando.
Larissa acordou chorando naquela noite, havia tido um pesadelo, lembro-se mais uma vez das torturas sofrida, estava em soluços, perdida sem rumo, encolhida na cama, abafando o choro para que sua mãe não acordasse, tinha tido uma noite difícil, recebeu a visita da Dra. Andréia pela manhã, logo surpreendeu a médica pedindo para ter alta. Andréia atendeu ao pedido da morena, deixando bem claro que ela teria alta do hospital, mas que teria que continuar com o acompanhamento dos psicológicos. Larissa saiu do hospital na tarde do sábado, na entrada do hospital muitos reportes a esperava em busca de alguma declaração da promotora, a morena não imaginou que seu seqüestro tivesse tomado proporções tão grandes. Ao chegar no estacionamento Larissa sentiu seus pés congelares, sabia que estava protegida mais aquela sensasão de esta sendo vigiada se mostrava presente.

- Vamos logo! – chamou o primo.

Luiza apertou a mão da amiga puxando levemente até o carro. Larissa respirar fundo e voltou a andar, parecia tonta, apoiava-se no braço forte do primo. Alguns seguranças apareceram para dar apoio, tentavam manter todos afastados, os flashes surgia como raios, Larissa tentava não olhar para ninguém, havia câmeras e microfones por todos os lados, transmissões ao vivo para vários canais de TV e emissoras de radio, todo anunciavam que o impossível aconteceu! Que a promotora estava viva e bem! Antes de entrar no carro, uma repórter fez uma pergunta que fez a morena tremer. Larissa encarou a mulher, seu estômago dava voltas.
- Dra. Couto, por favor, só uma pergunta? – a reporte tentava colocar o microfone na boca de Larissa, estava espremida entre os outros, Larissa voltou seu olhar para a repórter – Alguma informação da outra vitima? – Larissa sentiu seu sangue ferver, as mãos começaram a suar, a respiração ficou ofegante, já não se ouvia o burburinho de antes, todos estavam realmente interessados em saber informações da outra vitima que alias pouco se falava nela.

- Quem era a mulher não identificada que estava com a senhora no momento do seqüestro. – outro repórter questionou - Larissa engoliu em seco, baixou a cabeça e entrou de vez no carro. Sua mente fervilhava.

As outras pessoas do carro pareciam não ter se importado com a pergunta do jornalista nem tão pouco com a reação da promotora. Apenas uma pessoa percebeu, desde seqüestro de Larissa Luiza passou a fazer muitos questionamentos. Ali era um deles. Larissa sentiu certo alivio ao chegar a casa, se despediu do primo e lhe agradeceu por toda a ajuda prestada a seus pais, pediu para ficar sozinha com os pois. Mesmo de contra gosto todos foram embora.

- vou ver se seu quarto esta arrumado. – informou a mãe dando um beijo na testa da filha e saindo.
- Quer alguma coisa filhota? – indagou Sr. Augusto todo carinhoso.

- Não pai estou bem.

Sentada no sofá da sala Lary sentiu um vazio invadir sua alma, por tantas vezes imaginou que jamais voltaria aquele lugar, estava feliz e ao mesmo tempo triste, não podia deixar de lembra dos últimos momentos vividos ali, muitas coisas que não entendia antes pareciam se encaixar agora, tudo estava claro. A promotora estava confusa diante das evidencias buscava um motivo para questioná-la, inocentá-la. Sabia que logo teria que dar seu depoimento ao delegado, sentia-se encurralada, pediu a seus pais que evitassem qualquer tipo de comentário com vizinhos, e que só receberia a visita de Luiza ou de pessoas bem próximas, precisa descansar, toda aquela movimentação do hospital a perturbava, mas agora, estando em casa, conseguiria ficar mais tranqüila.

Não foi o que aconteceu, nos dias seguintes Larissa não conseguia dormir direito, tinha pesadelos todas as noites, às vezes com as torturas sofridas no cativeiro, o olhar de ódio que Raul sempre lhe lançava parecia estar por toda parte, Alicia sempre aparecia em seus sonhos, muitas vezes a via presa numa cela imunda, com roupas maltrapilho, machucada, lhe pedindo perdão. Lembrava nitidamente de como a via muitas vezes machucada, ainda sendo agredida sexualmente, essa era sua lembrança mais forte, a que lhe causava a dor da impotência. Estava atormentada, apesar de seguir as recomendações de Andréia e continuar o tratamento psicológico Larissa ainda se sentia emocionalmente frágil, viu o delegado algumas vezes, e pouco lhe falou sobre os dias infernais naquele cativeiro, a promotora se sentia perdida, precisa desabar com alguém próximo, precisa da opinião de alguém, pediu para que Luiza fosse até seu apartamento.
A médica ficou assustada achando que algo de grave poderia ter acontecido, Larissa lhe tranqüilizou deixando bem claro que estava bem fisicamente, mas que precisava contar-lhe algo muito sério. Luiza ficou chocada com tudo que lhe foi dito, andava de um lado para o outro em quanto Larissa falava, a cada fato novo ela parecia se desesperar ainda mais. A médica não percebeu as lágrimas que transbordavam dos olhos de Larissa ate ver a figura da promotora parada na janela, com o olhar perdido...

- Eu não posso... Eu simplesmente não posso falar, não quero que ela passe o resto da vida na cadeia.. – Larissa parecia estar em transe.

- Eu sei que é complicado Lary, mas ela cometeu um crime, te fez muito mal.....você podia ter morrido. – suas palavras saia dura como aço, coberta de indignação.

- Ela também sofreu muito, foi espancada, estuprada, humilhada... Eu estava lá, tudo isso aconteceu na minha frente e eu não pude fazer nada. Você não sabe o que é isso Luiza! – a médica pode sentir a intensidade no olhar de Larissa, sofria por vê-la daquele jeito, realmente nem poderia imaginar metade do sofrimento pelo qual as duas passaram.

- Preciso encontrá-la antes dele ou até mesmo da polícia, preciso falar com ela, completar esse quebra-cabeça.

- Quem garante que ele já não a tenha encontrado.
Larissa ficou pensativa, mesmo não querendo, já havia pensando na possibilidade de Alicia estar morta, Luiza continuou – Como ter certeza de que tudo não foi uma encenação da parte dos dois? Ela parece ser capaz de tudo. – Larissa permanecia calada, também já havia pensando nessa possibilidade e sabia que seria sim possível isso acontecer.

- Pode até ser, eu já pensei em todas essas possibilidades, você pode achar que é loucura, mas algo dentro de mim me diz que ela não esta morta, e se estivesse aquele homem não voltaria a me ameaça como me ameaçou no hospital, ela esta viva e ele esta a procura dela, mesmo que tudo tenha sido teatro dele preciso ficar frente a frente com ela de novo, preciso olhar nos olhos dela.

- Você ainda ama, não é? – Larissa voltou a se calar, ignorou a pergunta de Luiza.

- Vou encontrá-la e faze pagar pelos crimes que cometeu, mas da forma certa, sem ferir seus direito constitucionais.

A conversa com Luiza fez bem para a morena, sabia que ficar trancada naquele quarto não resolveria seus problemas, decidiu enfrentar tudo de cabeça erguida, era mais um novo desafio em sua vida, finalmente o delegado pode ter seu depoimento, para surpresa do o homem, Larissa foi muito evasiva em suas declarações, ela que conhecia aquele processo, foi extremamente cautelosa em suas declarações, deu poucos detalhes sobre os seqüestradores, o que irritou o delegado que tentava pressioná-la, reconheceu dos dois suspeito que estava preso.
- Número 3 – disse a mulher na sala de reconhecimento. O delegado ficou satisfeito Tulio e Rodrigo foram reconhecido pela vitima. Mas havia muitas lacunas que o delegado ainda não tinha preenchido.
Larissa conhecia bem aquele trabalho e entendia afinal o delegado so estava cumprindo seu dever, ao fim de 3 horas de depoimento saiu do departamento. Seu corpo estava pesado, sua consciência doía, embora não tivesse mentido, porém omitiu vários fatos que seriam de estrema importância para o caso. Depois de sair da delegacia Larissa compareceu a seu escritório, foi recebida com muitos aplausos, era o reconhecimento de todos por ter sido uma guerreira, recebeu os cumprimentos dos chefes e o carinho dos amigos. Embora estivesse de licença insistia em voltar a trabalhar.

- Não sabe o quanto fico feliz que esteja de volta Dra. Couto. – falou uma de suas assistentes Ingrid.

- O bom filho a casa torna. – falou sorrindo.

- Mas a senhora sabe que ainda esta de licença, deveria descansar, mas um pouco.

- Preciso ocupar minha mente e nada melhor do que meu trabalho, amo o que eu faço. – falou a velha Larissa cheia de orgulho na voz.

- Bom, saiba que só esta aqui por insistência sua, mas seja bem vinda! – falou um de seus superiores. Silvio.
Larissa sorriu em resposta e voltou a sua sala. Ao entrar inspirou aquele cheiro de papeis, sua estante repleta de livros sua mesa cheia de processo, tudo como tinha deixado três meses atrás. Sentou-se na sua cadeira ligou o computador era hora de trabalhar.

- Pois não Dra. Larissa tudo bem com a senhora. – falou a secretaria de Larissa.

- Tudo sim Ligia, por favor me chame Dra. Ingrid e Dra. Camila, quero uma reunião com as duas e não quero que me interrompa.

- Sim senhora.

Camila tornou-se braço direito de Larissa mesmo depois que a promotora foi trabalhar no Ministério Público, ela continuou acompanhando sua pupila de perto, Camila se formou com louvores na faculdade de Direito tirando a OAB em seguida, influenciada por sua mentora Larissa, Camila acabou se especializando na área criminal, diante disso Larissa feliz da vida ao ver sua atuação no tribunal a convidou para trabalhar com ela. Claro que a jovem teve que passar por um rígido processo seletivo, tendo como sempre destaque absoluto, hoje era assistente Junior da promotora.

Larissa tinha outros motivos para voltar tão rapidamente ao ministério público, convocou suas duas assistentes para uma reunião sigilosa, tinha um novo caso, um caso que ia alem dos trâmites legais. Para isso precisava de ajuda. Foi bastante objetiva, explicou sem muitos detalhes. Iniciou as investigações.
Os dias seguintes foram de árduo trabalho para a promotora, depois de analisar a ficha criminal de Raul, voltou a revisar o processo de seu pai.

- Ingrid você conseguiu?

- Camila foi até a faculdade.

- Quero isso para hoje.

Larissa parecia irritada, estava ansiosa demais, precisava descobrir quem era Ruth, de onde vinha e quais ligações tinha com Raul. Os dias passavam quietos e tranqüilos, a investigação de Larissa seguia bem adiantada, até mais do que a do próprio delegado, a promotora estranha que até o momento Raul não tivesse mais se pronunciado, a verdade é que assim como Larissa, ele também procurava por Alicia.


A promotora estava impaciente, caminhava de um lado para o outro, quando foi interrompida com batido na sua porta.

- Com licença Doutora. – falou o homem.

- À vontade... Que bom vê-lo – fez sinal que entrasse.

- Cedo demais para esta por aqui? – disse o homem brincando.

- Isso aqui é uma das válvulas que bombeia meu coração. – disse Larissa sorrindo.

Os dois se sentaram, conversaram por um longo tempo.


- Franco me ligou. - disse o promotor quebrando o clima descontraído, Larissa mudou de semblante.

- Larissa será... – mudando o tom formal para mais pessoal.

- Eu entendo o trabalho de Dr. Franco, mais o que ele quer não posso lhe dá.

- Você sabe quem foi?

- Me desculpe Silvio, já disse tudo em meu depoimento se tiver qualquer lembrança nova serei a primeira a falar.

- E a Ruth Larissa? Longe desse escritório somos amigos nunca a vi mais.
Larissa sabia onde o homem queria chegar, apesar de manter uma amizade com Dr. Aguiar fora do escritório, Larissa ainda não se sentia confiança nele, os dois pertencia ao mesmo ciclo de amizades, o homem conhecia a sexualidade a amiga e sabia do namoro com Ruth, muitas vezes lhe confessou casinhos que teve com homens da alta sociedade já que ele também era gay. Apesar de ter suas desconfianças queria saber da própria Larissa o que estava acontecendo.

- O que quer Silvio? – seu tom foi seco.

O promotor ficou encarando a amiga por mais um tempo em silêncio, Larissa sabia ser dura como uma rocha ele entendeu a mensagem mudou de assunto.

- Pronta para trabalhar? – indagou mais sorridente. – Crime passional, - ele lhe entregou cópias de um processo – o que não se faz por amor não é? – mais uma vez lançou aquele olhar desafiador.

- O causado?

Silvio começou a falar do processo, ali se tratava mais de um caso de grande repercussão da mídia, o acusado nada mais era que um juiz de direito.
Depois que o chefe saiu Larissa jogou o processo sobre a mesa era nervosa demais, pegou o celular.

- Estou chegando ao prédio. – informou Camila.

- Direto na minha sala.

Minutos depois Camila e Ingrid estavam na sala da promotora naquele caso quanto menos tivesse melhor.
Minutos depois Camila e Ingrid entraram na sala da promotora, aquela investigação era particular Larissa exigiu absoluto sigilo até para seus superiores.
As duas se posicionaram, no painel que tinham montado a primeira a fala foi Camila.

- O que temos? – perguntou Larissa.

- Maria Alicia Soares Albuquerque, nascida no dia 02 de setembro de 1986, 25 anos, segundo os registro da faculdade ela foi matriculada ano passado, esta nos três período, falei com alguns professores, embora ela faltasse com freqüência os professores diziam que ela era uma boa aluna, sempre participava da aula, tinha boas notas abandonou o curso sem da mais informações até hoje a faculdade tenta entrar em contato com ela...

- As amizades Dra. Lafaiete – falou Larissa.

Camila olhou contrariada.

- Ruth não era uma pessoa muito social.

- Alicia. – corrigiu Larissa, tensa.

- Alicia não era uma pessoa de muitas amizades, embora fosse muito paquerada segundo alguns colegas de classe me informou, ela não tinha muita amizade a não ser com uma mulher chamada Marcela Lutem Berg.

- A marcela como não pensei nela – pensou Larissa.

- Anterior a faculdade o que tempo?

- Ela residia numa comunidade chamada planetas dos macacos, fica em piedade próximo do local onde a senhora foi encontrada, segundo dizem ela era mulher de um traficante local. Depois foi morar no prédio no bairro de boa viagem... – Ingrid continuava a fala as duas assistentes montaram um dossiê completo da ex-namorada da promotora, que agora sabia muitas coisas sobre ela. - o porteiro disse que faz tempo que ela não vem ao apartamento o que era muito estranho já que as contas são pagas todos os meses, o mais interessante é que tem m homem que quase todos os dias vai procurá-la.
Larissa ficou pensativa já sabia de quem se tratava, um certo alivio pelo menos sabia que Raul estava atrás dela também.

- A família?

- Não conseguir muita coisa – falou Ingrid. – os pais morreram, ela passou pelas casas dos tios, depois foi morar com as avós.

- onde? – Larissa ficou curiosa.

- Arapiraca. Tem uma tia que mora aqui.

- Arapiraca – repetiu à promotora. – e por la que vamos começar. – afirmou.

Larissa ficou lendo e relendo os papeis exaustivamente, reavaliando tudo, à medida que descobria, mas confusa ficava.

- Dra. Larissa tem mais uma coisa.
Camila e Ingrid se entreolharam.
- O que foi? - a morena encarou as duas assistente. – o que foi?

Ingrid entregou uns relatórios e documentos confidenciais que ela e Camila tinham conseguido. Larissa olhou os papeis, seu semblante mudou, seu corpo desabou na cadeira, engoliu em seco.

- Obrigado. – as palavras saíram quase inaudíveis.


Camila entendia o porquê daquela reação, o conteúdo também lhe deixou surpresa, principalmente porque ela conhecia Alicia, muito tinha simpatizado com a namorada da Larissa, no inicio não entendia o porquê daquela investigação, quando Larissa a chamou e Ingrid ao seu escritório, a morena pediu como um favor pessoal, não deu muitas explicações nem as duas assistentes perguntaram, trabalhando ali no ministério público aprendeu quem há muitas perguntas sem respostas, sigilo era seu passaporte de entrada e saída. Larissa sentiu como se tivesse levado um soco no estômago, lia e relia aquele documento, sentia seu coração tão oprimido. Passou a fazer julgamentos antecipados, tentava assimilar tudo que estava escrito nos documentos, tentava manter o sangue frio, não queria demonstrar sua reação na presença das assistentes. Agradeceu a atenção e o cuidado que ambas tiveram e pediu que se retirassem.
Sozinha em seu escritório tentava encontrar uma explicação plausível para tudo aquilo, mas só conseguia pensar em como foi enganada, como alguém poderia ser capaz de mentir daquela forma, tentou ser forte conter sua tristeza, mas a dor que sentia era incontrolável, chorou muito, tentando se livrar de todo aquele peso de uma vez só.

Larissa decidiu ir embora, no meio do caminho pensava em uma boa desculpa por sua demora. Abriu a porta tentando não fazer muito barulho, na esperança de que sua mãe já estivesse dormindo, antes mesmo de fechá-la foi bombardeada por perguntas feitas por sua mãe. Tentou tranqüilizá-la.

- Pra quê tanta preocupação, mulher? – disse num tom de brincadeira.

- Olha à hora minha filha. Não sabe o quanto é perigoso ficar na rua até tarde.

- Mãe a senhora esta me tratando como uma adolescente.

- Fico com medo você na rua tão tarde, esses bandidos solto por ai – a voz de dona
Laura soou pavorosa Larissa abraçou a mãe com carinho, entendia seu medo.

- Desculpe. – falou a morena. – desculpe mãe.

- Já comeu?

Larissa pensou em mentir, não sentia a menor fome, mas conhecia a mãe. Dona Laura foi colocar seu jantar enquanto ela tomava banho, seu coração apertava sempre que a filha saia pela porta, àquela sensação de medo não a deixou desde seqüestro, Larissa já não era a mesma, sua alegria contagiante se evaporou dando lugar a sua tristeza constante a morena evitava as pessoas, estava sempre presa no quarto, pensativa com o olhar vazio. A morena foi para o quarto, sentou na cama, fechou os olhos passando as mãos pelo rosto, respirou fundo, não sabia no que pensar, nem como agir, foi uma noite longa, Larissa conseguiu relaxar o corpo depois de um banho quente, mas sua mente ainda fervilhava, caminhava de um lado para o outro, pensava em Alicia. Alicia, Alicia, repetia seu nome incansavelmente. Revia tudo que havia descobriu daquela mulher misteriosa.
Sua mãe chamou para jantar pensar da pouca fome Larissa adorou a comida, ficou conversou e brincou com o pai, sua mãe observava registrava dava gargalhada da filha há quanto tempo não à via sorrir, depois de um tempo Larissa se despediu do pai e foi deitar. Mais uma vez o duelo havia começado, mente e corpo qual deles se entregaria primeiro ao cansaço. Sua mente usava armamento pesado, Alicia era seu melhor triunfo, a promotora não tinha como lutar, lembranças, pensamentos, julgamentos, era feito em segundos. Porque o entender parecia tão difícil para aquela mulher tão inteligente, seu coração se espedaçava a cada nova informação que recebia, era uma briga coração X razão colocando até em duvida a legitimidade das evidencias, mais no fundo Larissa sabia, as evidencias nunca mente. O amor e o ódio caminham lado a lado, e ela mais que ninguém sabia bem disso.

A promotora viu o dia amanhecer, sua mente foi vencedora nesse duelo, Larissa não chegou a dormi, consultou o relógio, cedo demais, resolveu fazer a única coisa que realmente a fazia relaxar, colocou uma roupa de aeróbica e desceu, cumprimentou os funcionários do prédio, chegou ao calçadão, ligou seu som MP3 alongou e iniciou a caminhada, correu até não haver mais fôlego, depois de uma hora sentia-se mais leve, voltou para casa mais disposta, levou uma bronca da mãe por ter saído sem o segurança. Ela já não se importava com os perigos que lhe rodeava, ela precisava continuar sua busca pela verdade e pela justiça. Que verdade? Que justiça? A dos homens ou a do seu coração? Veremos não é!
Saiu logo depois de um café reforçado teria o dia longo. Deu apensa uma rápida passada no escritório precisava de uns documentos, o lugar estava vazio era cedo demais, voltou ao carro dispensou o segurança sentia necessidade de fazer aquilo sozinha, ligou o GPS digitou as coordenadas, Arapiraca esse era seu novo destino.


A viagem foi tensa ao longo de duas horas Larissa entrava na cidade. Cidade pequena, nada mais de 5 mil habitante, estacionou o carro em uma rua pouco movimentada, o lugar mais parecia um vilarejo, Larissa caminhava pelas ruas, tentava imaginar uma mulher como Alicia morando naquele lugar, alguns olhares curiosos já lhe observava, a mulher acenava com a cabeça, olhou para suas roupas, voltou ao carro e deixou a parte de cima do seu terno, não queria chamar muita atenção que era difícil em cidade pequena por onde passava sentia os olhares indiscreto das pessoas, tentou colher algumas informações com alguns moradores, mas as pessoas tinham medo de falar com pessoas desconhecidas, Larissa já estava desanimando, a cerca de uma hora no local e não tinha conseguido nada de real valor, ela parou numa barraca para comprar água, uma senhora falante dona Josefa que era vizinha de dona Marli, para surpresa de Larissa que começou puxar conversa com a idosa. A senhora logo a convidou para tomar um café.

- hum cheiro bom.

- Já, já trago um cafezinho para gente. – falou a senhora simpática.

- Então dona Josefa faz muito tempo que a senhora mora aqui?

- Minha vida toda minha filha, vi essa cidade crescer. – disse orgulhosa.

- Aqui parece ser uma cidade muito agradável, meus pais são do interior, nada como a tranqüilidade dessas terras
Larissa ganhava aos poucos a confiança da mulher, usava de seu poder de persuasão para conseguir a informações que queria. Pouco a pouco foi entrando no assunto, dona Josefa era uma boa mulher e não via nenhuma maldade nas perguntas que Larissa lhe fazia. A mulher saiu e logo voltou com uma bandeja, com duas xícaras de café e alguns biscoitinhos.

- Que delicia – falou Larissa enchendo a mulher de elogio. – engraçado, amiga mãe tem uma amiga que já morou aqui.

Dona Josefa olhou curiosa.

- Quem minha filha, não tem uma alma que eu não conheça nessa cidade.
Larissa finalmente chegou a onde queria.

- Não sei bem o nome dela, Mariana eu acho – arriscou. Larissa colocou a xícara no centro – é alguma coisa com Mar...

- Não é a Marli não?

- hum não sei, me fale dessa Marli.

- Marli coitada, abandonada pelos filhos depois pela neta.

- Então não é essa não a amiga da minha mãe não teve filho, foi viúva cedo coitada. Mas me diga dona Josefa como uma mulher pode ser abandonada desse jeito. – Larissa tentou demonstrar indignação. O que funcionou.

- Agente cria os filhos com tanto sacrifício para depois eles nos abandonarem – a senhora falou com certo rancor na voz, Larissa apensou sua mão com delicadeza – a Marli coitada... – a senhora começou a falar sobre os filhos de dona Marli, em quanto isso - tentava analisar o que poderia ser ou não útil.

- E a neta, foi embora também?
- A minha filha, aquela ali não esperou muito tempo para ir embora, andava por essas ruas como se tivesse um rei na barriga, foi embora para Recife ainda novinha, não tinha nem 15 anos, depois de um tempo acabou voltando, mal saia de casa, não falava com ninguém.

- Estava doente? – Larissa tentava não expor toda a sua curiosidade.

- Não minha filha, estava grávida e assim que o menino nasceu ela foi embora de novo, sumiu do dia pra noite, ninguém sabe o que ela aprontou pra ir embora tão rápido e levar a coitada da Marli junto.

- Elas fugiram?

- Não sei ao certo minha filha, em uma noite simplesmente elas foram embora, sem se despedir de ninguém. Mais segunda as maus língua dizem que ela saiu fugida sim, sabe não quero parecer fofoqueira, mais a Marli dizia que a neta tinha arrumado um homem que não era direito – Larissa tomou um gole do café antes de fazer a próxima pergunta.

- A casa que elas moravam é muito longe daqui?

- Não, mas me diga, por que tantas perguntas sobre a família da Marli? – a mulher parecia desconfiada. Larissa então retrocedeu.

- Como eu disse a senhora meus pais são do interior, estão pensando em se mudar, mas não queriam mudar o estilo de vida, achei esse lugar tão tranqüilo e como a senhora disse que a mulher e a neta foram embora, a casa esta vazia, pensei em procurar o dono e comprá-la.

- Ah minha filha, acho meio difícil você conseguir comprar alguma casa por aqui.

- Mas a senhora disse que as duas foram embora, a casa esta livre não esta?

- Estava, semana passada a neta da Marli esteve aqui e negociou a venda da casa por filho do Zé da venda. – Larissa quase se engasgou com o biscoito.

- Pensei que a neta tivesse ido embora!
- Então minha filha, a azedinha da Alicia apareceu por aqui, parece que só estão esperando os papeis para concluir a venda da casa.

- A senhora tem certeza? – Larissa estava nervosa.

- Sim, tenho sim perguntei até pela avó dela mais ela nem me respondeu.


- Bom a senhora não sabe onde eu poderia encontrá-la né? – dona Josefa começou a desconfiar da curiosidade da convidada, Larissa percebeu, mudou de tática. – se a casa for boa posso até fazer uma proposta melhor, meus pais iriam gostar da cidade principalmente tendo uma vizinha tão amável como a senhora.
Suas palavras conseguiram o efeito que desejava a mulher encheu-se de vida.

- Como disse ela já acertou com o Zé, mas tem muita casa boa por aqui.


Larissa tentava não deixar transparecer o quanto aquela noticia tinha lhe abalado, respirou fundo, conversou mais um pouco a dona Josefa, ainda parecendo estar interessada em comprar uma casa naquela cidade. Despediu-se a mulher dizendo que daria mais uma volta pelo lugar na esperança de encontrar alguma casa disponível, caminhou até o carro, sentia seu coração bater forte, suas pernas estavam tremulas, não conseguia acreditar que Alicia estivera ali há tão pouco tempo. Respirava fundo, precisava tomar uma atitude, foi até o cartório da cidade para obter mais informações. Agora usando suas credenciais de promotora, pois ela sabia que o acesso seria mais fácil. Seu telefone tocou era do escritório.

- Onde você esta? O Dr. Aguiar esta te procurando.
- Camila estou em Maceió, preciso que você encontre uma pessoa pra mim.

A cada segundo que passava Larissa que sentia que estava mais perto. Longe dali alguém também corria contra o tempo para encontrar Alicia.

- Melhor a senhora me dizer onde a vagabunda da sua sobrinha esta.

Raul havia invadido a casa da tia de Alicia, dona Carmem estava apavorada com a arrogância e brutalidade do homem, Raul estava desesperado, nos ultimo mês moveu céus e terras na esperança de encontrar Alicia antes da polícia, apesar de seus esforços não encontrou nada que pudesse lhe fazer chegar até à loirinha, estava tão desesperado que já apelava para a violência, invadiu a casa de dona Carmem e antes mesmo que a mulher pudesse entender o que se passava o homem já estava com a mão esquerda em volta de seu pescoço, não parava de insultar Alicia, a pobre mulher não teve nem como tentar se defender. Já havia ameaçado toda a família da loirinha, achava que dessa forma conseguiria ter alguma notícia, mas a resposta sempre era a mesma, ninguém sabia onde ela estava, imploravam para que o homem não lhes fizesse mal.

Ninguém poderia imaginar que Alicia estaria morando na pequena e pacata cidade de Mandacaru, tentava não chamar a atenção das pessoas, quase nunca saia, procurava ficar atenta a novas noticias sobre o seqüestro, sabia que as investigações ainda estavam meio confusas, e o caso já não tinha a mesma força de antes, não demoraria muito para cair no esquecimento, depois que finalmente encontraram a promotora viva, já não era tão importante encontrar os seqüestradores. As últimas imagens que sempre eram mostradas quando se falava sobre o caso, era de Larissa saindo do hospital, Alicia sempre se emocionava ao ver aquela cena, apesar de tudo estava feliz por ter conseguido salvar a mulher que amava.
Alicia ainda se sentia muito culpada por tudo que havia acontecido, sabia que sua participação naquele seqüestro havia sido de extrema importância, sua avó tentava acolher a mulher da melhor forma possível, a loirinha sabia que podia contar com o carinho de dona Marli que insistia para que a neta se entregasse o quanto antes. Alicia sabia que era o melhor a ser feito, e sabia que tinha que fazê-lo logo, antes que Raul a encontrasse, o medo de se entregar a polícia só se tornava cada vez mais forte por que ela sabia que teria que se separar novamente do filho que já conseguia ver a mulher como mãe. Porém pior do que ficar longe do garoto seria ver Raul se aproximar dele, precisava fazer algo, tomar uma atitude antes de o homem encontrasse seu filho. Tudo estava sendo planejado de forma cautelosa, logo estariam longe dali, Alicia faria qualquer coisa para manter sua avó e seu filho seguros.


Em recife.

Larissa chegou no inicio da tarde, logo entrou em reunião com as assistente passou novos dados. Estava eufórica com as informações que tinha conseguido, ao menos sabia que nem tudo que Alicia contou era mentira, ela realmente tinha um filho o que mudava muitas coisas para Larissa. Já no final do expediente Larissa é abordada por Dr. Aguiar.

- E o caso? – indagou Dr. Aguiar, Larissa ignorou o homem e continuou andando.

- Dra. Couto! – Larissa parou no meio do salão voltando seu corpo em direção ao homem, caminhou lentamente até ele.

- Você leu o caso?

- Não! – respirou fundo. Dr. Aguiar serrou os dentes, o que não intimidou a mulher.
- Sugiro que comesse, quero ver os resultados ainda nessa semana Doutora.
. – o homem deu as costas a Larissa e saiu andando antes mesmo que a mulher pudesse dar uma resposta a sua altura, a morena voltou a respirar fundo e caminhou até sua sala. Tentou reorganizar suas idéias, precisava se concentrar em seu trabalho, não podia deixar que a ansiedade a dominasse, distribuiu algumas tarefas entre Camila e Ingrid, para depois finalmente começar a trabalhar no seu caso.
Na favela.


Depois de muito pressionar Raul conseguiu o que queria.


- Vamos! – o carro saiu em disparada.


Raul havia conseguido o endereço de uma tia avó de Alicia que morava em Gravatá. Raul estava irreconhecível, já não cuidava dos negócios, deixava tudo sobre os cuidados de Beto, vivia apenas para tentar encontrar Alicia, apurou as informações passadas por dona Carmem, até que finalmente encontrou o pequeno vilarejo em que dona Marli morava. Dois carros pretos atravessaram a entrada da cidade em alta velocidade, mesmo que não quisesse despertou a atenção de todos. Raul deu a ordem para que estacionassem os carros, os homens desceram dos carros, Raul seguia na frente, o cachorro que estava solto no jardim da casa começou a latir, Alicia estava nos fundo lavando roupa, achou estranho o jeito com que o cachorro latia, pediu para que a avó fosse ver se algum gato tinha entrado no jardim, antes mesmo de chegar à sala, dona Marli viu sua casa ser invadida pelos capangas de Raul, a cena parecia se repetir.
- Quem são vocês? – os homens estavam armados, Raul entrou na casa, causando o espanto de dona Marli, que o reconheceu anos atrás quando ele encontrou Alicia pela primeira vez.


- Cadê aquela cadela?


O filho de Alicia brincava perto da mãe, ao ouvir as vozes dentro de casa, saiu correndo para ver quem era, Alicia havia aumentado o som do rádio para não ouvir o latido do cachorro, estava distraída com a música, não ouviu a gritaria dentro de casa. Dona Marli tentava expulsar os homens com um cabo de vassoura, Raul percebe o garoto entrando na sala, pede para que os homens parem de falar, dona Marli empurra o garoto para trás dela, tentando protegê-lo, Raul toma a frente empurrando a mulher, se aproxima do garoto, Vinicius tem apenas quatro anos, moreninho de cabelos encaracolados e de olhos espertos, o homem sorria, admirava o garoto como quem admira algo sagrado. Beto que entra logo depois na casa, observa a cena entre pai e filho.

- Você sabe quem sou eu? – pergunta Raul – Sou seu pai.

O garoto franze as sobrancelhas, parece assustado, sai correndo para o fundo da casa, vai até Alicia.

- Ei rapaizinho, pra onde você pensa que vai correndo assim?


- Mainha, mainha.... – o garoto tenta tomar fôlego – tem dois homi, com levolver de polícia.

Alicia sente o sangue congelar, antes de ter qualquer reação Beto aparece na porta, já vai puxando a mulher pelos cabelos.

- Solte a minha mãe. – Beto vai arrastando Alicia até a sala.


Vinicius num ato de defesa começa a bater nas pernas de Beto, chegando a mordê-lo, ao sentir os dentes pontiagudos do menino Beto da um chute no menino, Raul ao ver aquilo vai para cima do amigo.
- Você tá doido, cara. – ele se arma para ir trocar soco com Beto.

Vinicius chora de dor, Alicia vai acudir o filho, era um alvoroço, então Beto e Raul discuti. Dona Marli pede para Alicia fugir. Alicia pega Vinicius no coloco e correr para sair por trás da casa, sua vó tenta acompanhar ao ver que elas estão em fuga sem pensar duas vezes Raul solta 3 disparo a queima roupa, dona Marli cai. Alicia congela o filho chora muito. Ela é pega por Raul.

- Você não vai fugir de novo.

Raul coloca a arma no pescoço da mulher, Alicia sente uma dor indescritível aperta seu filho com força.

- Mata logo a vadia e o bastardo.

Raul se vira de frente olha para Alicia e o filho em seu braço, ele aponto a arma, o menino se vira para encará-lo Raul fraqueja ao ver o filho se banhando em lágrimas, ele coloca a arma no cós da calça.

- Esta vendo – ele chuta o corpo da avó de Alicia no chão, Alicia olha pro corpo. – vou te dá mais uma chance. Se não vai ser você ali. Agora vamos.
As vítimas são arrastadas até o carro. Algumas pessoas vêem a ação dos bandidos.

- De volta para casa. – ordenou Raul a Beto que estava dirigindo o veículo.

Eles fogem, alguns vizinhos saem de suas casas, dona Flora que mora de fronte a casa da vítima corre em seu socorro, a mulher liga para a polícia que chega uma hora depois, dona Marli já é encontrada sem vida. Aquela violência gera muita comoção naquela pequena cidade. Mais uma vez Raul e seus crimes chegam à mídia.

Horas depois.

Larissa estava se preparando teria uma audiência logo mais, revia o processo, seria sua primeira atuação num julgamento desde que tinha sido resgatada do cativeiro, a promotora sentia-se um pouco tensa, era um caso complicado, tentava se atrelar as evidencias, acusar juiz de direito onde tinha uma carreira impecável, um homem da sociedade que aparentemente era visto como modelo, era tarefa difícil, a expectativa era grande em cima da promotora, que se tornava estrela daquele departamento. Depois de horas estudando, revia suas ultimas anotações, quando sua atenção foi interrompida.
- Larissa liga a TV. – Camila entrou afobada, Larissa lhe olhou surpresa, Camila raramente a chamava pelo nome no departamento, normalmente eles usavam um formalismo muito grande.

Ignorando a surpresa da morena Camila caminha até a frente da TV que ficava no canto da sala.

- O que houve Dra. Lafaiete? – indaga à promotora, levantando da cadeira.

Camila não lhe dá ouvido seus olhos estavam grudado na tela da televisão procurando o canal certo. Até que encontrou, ela ligeiramente se afastou dando boa visão a promotora.

– Acabei de ver no noticiário.

- Dra. Lafaiete, por favor, não tenho tempo para ver televisão. – criticou Larissa
voltando a se sentar, e pegando uns papeis.

- Larissa! – Camila falou num tom vibrante, Larissa a encarou a fuzilando. – olhe. – apontou para televisão.

- Estamos aqui no município de Gravata, agreste do estado, o crime aconteceu na pacata cidade Mandacaru, há poucas horas uma mulher foi encontrada morta dentro de sua casa, o crime bárbaro chamou a atenção dos moradores da cidade que ficaram chocados com a barbaridade dos suspeitos, a vítima foi identificada Marli Soares Lima, de 67 anos, segundo testemunha a idosa estava em casa com sua neta e seu bisneto quando teve sua casa invadida por dois homens não identificados.
- A senhora viu o que aconteceu? – indagou a repórter a uma testemunha.


- Eu tava aguando as plantas, quando vi dois carros pretos pararem em frente à casa da Marli, estranhei porque ela nunca recebe visita a não ser dos parentes, era gente de fora, nunca vi por essas bandas, quando eles desceram do carro tinha dois que estava com revólver, eu corri para dentro de casa e fiquei espiando pela janela, eles entram dentro de casa teve um que deu um chute no pobre do cachorro – relatava a vizinha muito abalada – ouvir uma gritaria até que escutei uns tiros.

- E quantos tiros foram?

- Não sei minha filha, me joguei debaixo da mesa. – estava com tanto medo, pobre
da Marli tão boa, porque fizeram isso com ela... – a mulher estava muito emocionada, começou a chorar.

A repórter lhe prestou solidariedade, depois fez a ultima pergunta.

- A senhora nos disse que a vítima mora com a neta e o bisneto, onde eles estavam, a policia não encontrou ninguém.

- Os homens levaram Alicinha e o Vinicinhos...


Camila olhou apreensiva para Larissa que desabava na cadeira, suas pernas tremiam, seu estômago dava reviravolta, uma onda de medo invadiu seu corpo.

- A policia não sabe dizer o paradeiro da neta e da criança... – dizia a repórter na TV.

- É a Alicia, e a sua Alicia – afirmava Camila. – o nome da avó materna dela é Marli Soares Lima. Tudo indica que a vítima é a mesma que procuramos.

Larissa não conseguia reorganizar as idéias, o que acabou de assistir a abalou de forma desastrosa, Camila lhe trouxe um pouco de água com açúcar, minutos depois, a promotora tentou canalizar essas informações, respirou fundo.
- Irei até lá. Preciso saber se realmente se se trata da mesma pessoa.


- Larissa você tem uma audiência a menos de uma hora.

Larissa levou à mão a cabeça, mais uma vez ignorou a razão, seu coração batia tanto, uma angustia tomava seu peito, como trabalhar depois do que acabara de saber, duvidas cheias de certezas, não tinha muita coisa a fazer a não ser seguir seus instintos. Ligou o interfone. Deu algumas ordens.

- Dr. Tadeu, vai no meu lugar e você vai com ele. – informou a assistente pegando sua bolsa e procurando a chave do carro.

- Nem pensar – Camila se colocou em frente a chefe - falo com a Ingrid ela vai com Dr. Tadeu, eu vou com você.

- Não. Quero você naquele tribunal. – ordenou Camila enfrentando o olhar desafiador da jovem advogada.

- Sem discussão Larissa, olhe seu estado nervoso. Não vou deixar você ir sozinha até lá.

Larissa retrocedeu conhecia Camila resolveu não contradizê-la, até porque ela realmente precisava te – la por perto. As duas saíram em disparada, duas horas depois Larissa e Camila chegaram à cena do crime.

- Boa tarde, sou Dra. Larissa Couto, quem é o responsável pelas investigações. – perguntou ao policial. O homem olhou desconfiado para a mulher, a promotora mostrou suas credenciais do ministério publico.
O policial apresentou Larissa e Camila ao delegado. Os três conversaram, reconhecendo a promotora o delegado Alfredo foi muito prestativo, Larissa pode acompanhar toda a perícia do local, obtendo informações valiosas. Um trabalho muito meticuloso.

- Acabamos por aqui. – informou o perito.

- Obrigado.

Dr. Alfredo conversava com Camila, Larissa pediu autorização para entrar na casa, tinha necessidade de ver onde sua amada estava morando, olhou ao redor a casa era muito simples, Larissa imaginou Alicia morando ali, logo ela que parecia gostar dando do conforto e do prazer que o dinheiro podia oferecer.

- Doutora preciso ir, a manterei informada. – falou o delegado.

- Agradeço a atenção – agradeceu dando um leve sorriso.

Larissa continuou olhando a casa, percorrendo os cômodos, no quarto encontrou algumas peças de roupa, um perfume adocicado logo o reconheceu, seu coração acelerou ainda mais, ela acabou pisando num pequeno brinquedo. Era um carrinho muito particular, muito bonito, ela se agauchou e pegou o brinquedo, olhou com cuidado, seu coração foi ao chão quando viu na lateral do brinquedo, na porta do carro tinha uma foto personalizada de três mulheres e uma criança ao meio.
- Sempre me surpreendendo – falou Larissa dando um sorrisinho bobo diante da foto. Ela ficou olhando a foto das três pessoas, Alicia estava sorrindo, seu sorriso era diferente, diferente de todos os outros que presenciou, a promotora ficou mais uma vez encantada, ao centro o rosto de um menino moreninho, ele sorria, ao outro lado o rosto de uma senhora muito se parecia com a Alicia. Larissa se alegrou e se entristeceu.

O dia foi logo depois da cena do crime as duas operante da lei foram até o IML o legista apresentou o caso. Larissa chegou em casa tarde da noite, seu corpo estava cansado, porém sua mente trabalhava exaustivamente. Pensava em Alicia, lembrava do crime bárbaro que sua família havia sofrido, questionou alguma verdade e mentiras que aquela mulher dizia, titubeou, ela não mentia sobre o filho, Larissa começou a pensar, “ela não mentiu sobre uma poção de coisas” enquanto acompanhava a pericia Larissa teve contato com familiares da vítima, Camila conversou com duas tias de Alicia.


- Duda tem razão quando vivi repetindo, “so agente sabe onde o sapato aperta” – disse Camila enquanto dirigia de volta para casa, Larissa havia escutado o que a amiga dizia, estava calada, por dentro estava numa confusão, seu coração estava tão apertado que sua vontade era de chorar – conhecendo a Alicia como conheci, nunca imaginei que ela tivesse uma vida tão difícil, ser abandonada pela mãe, ter um pai suicida, jogada de um lado para o outro nas casas dos tios... – Camila continuava, sem perceber que Larissa não conseguia segurar as lágrimas – dizem que a única pessoa que a acolheu foi os avós, a tia avó nos disse que Alicia não era bem vista na família por ser metida demais, porém apesar de todos os defeito ela tinha idolatria e um extremo respeito por a senhora Marli...
- Ela esta envolvida no meu seqüestro. – confessou Larissa com a voz embargada. – ela me usou.

Camila continuou dirigindo, virou-se para Larissa, sua voz saia solidaria e acolhedora, falava como amiga.

- Eu sei. – afirmou Larissa a olhou surpresa – você é uma profissional impecável, tenho você como espelho, você tem sido uma boa mestra, tenho aprendido bem. – as duas sorriram – já tinha suspeita desde seqüestro, elas se confirmaram a partir do momento em que você retornou ao escritório.

- A Ingrid.

- Somos boas alunas Dra. Couto.

- O que você acha? – tinha um certo medo na voz.

- Todo homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente, até que sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público, no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. Ninguém será condenado por atos ou omissões que, no momento em que foram cometidos, não tenham sido delituosos segundo o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta penalidade mais grave do que a aplicável no momento em que foi cometido o delito. Art. 5º XI. Ela tem todo o direito de defesa.

- Juridicamente você a defenderia? – questionou Larissa. – um crime contra mim.

Camila voltou a olhar para estrada, diminuiu a velocidade, sua voz sai branda e com total confiança.
- Quando eu me formei tive muita influência de certa advogada para entrar na área criminalista. E diante de meu primeiro caso, entrei num conflito muito grande entre meus valores, moral, e jurisprudência, essa advogada que a muito tempo trabalha nessa área me perguntou dias antes do julgamento. Você esta preparada para ir contra seus valores, sobre o que você considera de valor e de moral. Fiquei confusa, pensei que Direito tinha muito haver com valores, e tem mais de ponto de vista diferente, saber fazer um divisor de água é a coisa mais difícil da profissão, tive muita dificuldade e você sabe disso, então ela me perguntou como posso defender meu cliente, um homem acusado de homicídio.

Larissa sorria, lembrava nitidamente daquele dialogo.

- Eu respondi não sei. – ficou um minuto - Então fiz daquela pergunta minha pergunta. Como você pode defender um criminoso, e hoje esta o causando. Então ela da forma mais simples me falou. “Acredito que existem pessoas boas e ruins, acredito que pessoas ruins podem fazer coisas ruins, porém também acredito que pessoas boas também podem fazer algo ruim, mas isso não quer dizer que elas sejam pessoas ruins. – Camila sorriu virando para Larissa – soa confuso, mais independente do crime que o individuo o cometeu tem seu direito à defesa. Posso não inocentar em alguns casos, mas ao menos o faço ter uma pena justa. – eu me simpatizo com a Alicia e diante do que sei, acho que ela se encaixa nas pessoas boas que podem fazer coisas ruins, tudo depende do contexto. E a estrutura familiar dela contribui muito para isso, também isso pode não justificar seus atos. Você esta vendo apenas com os olhos de vítima e de promotora, sei que não deve ser fácil Larissa, principalmente para você que sempre foi tão apaixonada por ela, não posso imaginar como se sente diante de tantas evidencia acusatória, mas veja da defesa. Pense nela como ser humano. Como vitima.
- Essa vai ser sua tese de defesa? – se irritou Larissa, as palavras de Camila pesaram para Larissa. – você defenderia essa mulher, eu fui seqüestrada, torturada, ela me traiu, me usou... Fez-me um mal que você nem imagina, como você a defenderia Camila. E em mim você não pensa?

Camila não respondeu continuou dirigindo.
-


Enquanto Alicia.

Alicia custou a acalmar o pequeno Vinicius, o menino chorava muito, no final sem entregou ao sono, Raul não desgrudava os olhos do menino, parecia um bobo..

- Ele parece comigo. – falou o homem. – ele parece comigo, quantos anos ele tem? – não houve resposta, - responde!- gritou.

- Não grite ele vai acordar – repreendeu, Raul abaixou a crista – fez quatro anos?

- Quando?

- Semana passada.

- Esta vendo sua vadia, perdi quatro anos da vida do meu príncipe. – resmungou Raul, falando baixo para não acorda o menino. – ele parece comigo, ele parece comigo – Raul repetia todo cheio de vida. Beto serrava os dentes de raiva olhando a cena pelo retrovisor

- Para onde vamos? – indaga Alicia ao ver que o homem estava no bairro que em morava.

- Para
casa oras.

- Você quer criar seu único filho numa favela.

Raul encarou a mulher.

- Pare o carro. – falou a mulher antes de entrar na favela. Beto continuou. – pare o carro. – insistiu.

- Pare o carro. – ordenou Raul. – o que você quer galega?

- Quero que meu filho seja criado como deve ser você mesmo disse que seu filho nasceu para reinar. E é numa favela Raul, e isso que você quer?

Raul parecia confuso, mais uma vez Alicia mostrava o quanto era boa em retórica.

- O que tem de mal nisso. – Raul não parecia confiante.

- Alicia respirou fundo. – então ta se quer criar seu filho naquele lugar tudo bem. É uma pena que não tenha sido verdade o que você me dizia quando fazíamos planos para ter filhos.
Alicia conseguiu causar o efeito desejado. Raul repensou. Aquela comunidade era sua casa, aprendeu a correr entres vielas, brincar no meio da falta de saneamento básico, exposto a muitas doenças, aprendeu a matemática com o pai que lhe ensinava a administrar o dinheiro do tráfico, apesar de ter estudado, de ter dinheiro sabia do peso do preconceito que tinha por morar em favela. E não queria isso. Olhou mais uma vez para o menino no colo da mãe. Levou à mão a cabeça passando os dedos entre os fios grossos do cabelo.

- Segue para zona sul.

- Raul! – falou Beto.

- Vai para o muquifo da galega agora.

Raul não queria papo, Beto deu uns murros no volante do carro depois deu partida de forma brusca acordando o menino.
O carro estacionou no antigo apartamento de Alicia, seu coração acelerava, tão longe tão perto da única pessoa que podia lhe salvar, da única que amava. Raul e Alicia e o menino entraram no prédio. Subiram até o apartamento.

- Esta do jeito que você deixou.

O apartamento esta do jeito que a lourinha tinha deixado semanalmente Raul enviava uma faxineira para limpa-lo, parece que estava adivinhando dias antes tinha mandando alguém, o lugar estava limpo e arejado. Vinicius estava sonolento, Raul tentou pega-lo no colo, o menino se esquivou.

- Vamos morar aqui agora. – informou Raul.

- Certo. – indo para o interior da casa.

- Sem gracinhas em galega, meu amor pode virar ódio e acabo com os dois rapidinho. – alertou o homem.
Alicia estremeceu, olhou para o pequeno Vinicius sua voz saia rouca.

- Apenas o quero em segurança. – logo em seguida caminho para o interior da casa.

Alicia foi até seu antigo quarto, colocou o filho sentado numa poltrona enquanto trocava o lençol de cama. O menino saiu do lugar em que estava sentada e foi até a mãe. Alicia foi surpreendida com a pergunta do menino.

- Mainha cadê bisa. – perguntou o Vinicius. Seus olhinhos estavam vermelhos.

Alicia engoliu em seco, encarou o olhar questionador do filho, respirou fundo agachou ficando numa posição de igual com o filho. Não sabia o que dizer um nó na garganta um aperto no peito. As lagrimas já sufocavam o que dizer a uma criança de quatro anos que acabou de perde um ente tão querido. A lourinha apenas puxou o Vinicius para seu peito dando um forte abraço. Não houve choro apenas uma pesada tristeza.

- To com fome mamãe. – reclamou a Alicia.

Alicia consultou o relógio, passara da hora do almoço, terminou rapidamente de arrumar o quarto, foi até a sala, Raul estava no sofá, falava ao telefone. Parou assim que viu a mulher diante dele.

- O que é?

- Vinicius esta com fome, não têm nada na dispensa, também ele precisa tomar um banho não tem roupas.

- Não se preocupe estava providenciando isso agora.

E assim foi,
Nos dias seguintes Raul mandou estalar câmeras em toda a casa, Alicia era vigiada o tempo todo, o homem evitava sair do apartamento e também não deixava que nenhum de seus capangas subisse até mesmo Beto foi proibido de ver Alicia e o garoto. O traficante passou a fazer suas negociações por telefone, estava tudo saindo bem, Raul só não contava que teria que lutar contra a resistência do filho, tentava a todo custo ganhar a simpatia do garoto. Já Alicia por dentro não existia mais nada, a não ser uma dor profunda, não chorava mais, parecia que as lágrimas haviam secado restando apenas o vazio. Tentava não pensar na morte da avó, não por falta de amor e gratidão, não porque não sofresse, mas sim porque se sentia castigada por todo mal que já havia cometido na vida, a perda dela tinha sido até aquele momento seu pior castigo. Seu coração estava dilacerado o único amor em que ainda acreditava e por quem poderia sentir era pelo pequeno Vinicius, agradecia a Deus todos os dias por ainda ter o filho ao seu lado. Aquela presença tinha lhe trazido uma luta difícil, Vinicius já havia perguntado pela bisavó inúmeras vezes, a mulher já não sabia o que dizer. Por várias noites o garoto teve pesadelos onde ouvia os tiros e via a imagem da bisavó ferida no chão, em uma dessas noites o menino acordou aos berros, chorava muito alto, estava assustado, gritava o nome da bisa, pedia que a mãe a chamasse, naquele momento Raul pela primeira vez pareceu demonstrar o pouco de sensibilidade que ainda tinha, tomou o garoto em seus braços e o levou para a sala, Alicia não gostava daquele contato, mas viu que o homem estava sendo sincero em sua atitude.
- Deixa eu falar com ele. – pediu Raul.


Alicia estremeceu por dentro, Raul sentou no sofá e, pois o menino em seu colo acalentava-o e tentava tranqüilizá-lo, suas palavras saiam carinhosas e dizia que tudo ia ficar bem. Tentou explicar:

- Papai, sabe que ta doendo aqui – Raul apontou para o peito do menino – dói aqui também em papai, meu papai também foi para o céu e painho chorou muito, mas painho é um homem tem que ser forte, bisa fez uma viagem para bem longe – Raul levantou-se com o menino nos braços e foi até a varanda e apontou uma estrela – painho ta vendo aquela estrela lá no céu – menino balançou a cabeça em sinal de afirmação - Alicia que via toda a cena de longe se emocionou. Raul pela primeira vez agia como um pai tentando proteger o filho da dor que estava sentindo. Aos poucos o garoto foi se acalmando, pela primeira vez também Raul se sentiu mais próximo da criança.

- Bisa vai voltar. – perguntou o menino olhando para as estrela.

- Não painho, sua vovó, viajou para o céu e se transformou naquela bonita estrela, sempre que o coração de painho doer, painho olha para o céu que sua vovó vai esta sempre olhando por você.

- Eu quero bisa! – resmungou o menino ameaçando as lagrimas.

- Filho tem outros meninos no céu que não tem mamãe e assim como você que precisa de amor e carinho, sua vovó vai cuidar deles, você num tem a mamãe Alicia, agora você é um rapazinho, precisa cuidar da sua mãe. Você vai cuidar da sua mamãe, pra sua vovó?
Vinicius encarou o pai com olhar desconfiado, depois de um longo silencio respondeu.

- Vou sim papai. – Raul escutou pela primeira vez seu filho o chamar de pai. Aqui mexeu com ele. Abraçou o menino com todo amor que sentia. Logo em seguida o levou até seu quarto, Vinicius pediu para dormi com ele e a mãe, assim o menino no auge de sua ingenuidade sentia-se protegido.

Há muito tempo Raul aclamava por aquilo, o menino não gostava de Raul, sempre que o via começava chorar o que frustrava o traficante. Mas a coisa parecia esta mudando.


Enquanto isso Larissa tentava descobrir o paradeiro de Alicia, não sabia ela que a lourinha estava tão perto ao mesmo tempo tão longe, poucas quadra a separavam, Larissa estava desesperada a procura dela, já não conseguia fazer mais nada a não ser pensar em Alicia, se estava viva, sempre que os pensamentos de morte a povoava ela o espantava, não tinha muitas pistas. Já Alicia quase um mês se passou desde que foi levada por Raul, não tinha muito que fazer Raul agia de forma doentia, para o traficante sua família estava completa, não exigia ter intimidades com Alicia embora dormisse na mesma cama, porem era cordial e carinhoso com ela, uma vez por semana levava eles para sair, sempre com muitos seguranças a tiracolo, alicia não tinha contato com o mundo exterior, dedicava a maior parte do tempo cuidando do filho que aos pouco, foi se entregando ao pai.
Numa certa manhã Alicia teve uma forte discussão com Raul, o traficante queria levar o menino até a favela, queria exibir o herdeiro a todos, tinha patrocinado uma grande festa na comunidade, aquela briga Raul acabou agredida fortemente Alicia. O homem saiu com o menino. Raul deu um único vacilo, havia esquecido seu telefone.

Alicia já não podia permitir que seu filho fosse de encontro com o mundo do pai, agüentaria tudo menos aquilo. Recorreu à única pessoa que poderia lhe ajudar. Era tudo ou nada.

Larissa estava em reunião com suas assistentes e outro promotor, Foi interrompida por sua secretária.

- Eu não pedi para anotar os recados. – repreendeu, estava muito estressada, seu chefe lhe cobrava mais produtividade em seu caso.

- Doutora – a secretaria se aproximou da promotora e falou baixinho – tem uma mulher querendo falar com a senhora, ela disse que é urgente, ela pediu para lhe dizer que era sua namorada. Ela disse que você atenderia.
Larissa saiu correndo da sala de reunião chegou ao escritório pegou o telefone.

- Alô.

- Oi. Você conseguiu. – falou Alicia com a voz embargada.

- Alicia?


- Sou eu amor. – Alicia ficou muito emocionada ao ouvir a voz de Larissa depois de tanto tempo.

- Onde você esta? – Larissa tentava acalmar o próprio coração.


- Ele matou minha avó, ele esta com meu filho, sei o mal que lhe fiz, mas preciso da sua ajuda, eu preciso... – sua voz estava muito embargada, Larissa pode percebe que a lourinha não estava bem.


- Ele te machucou e a criança, onde você esta?


- Eu me entrego a polícia, mais salve meu filho, você é a única pessoa que confio, so tenho você... – Alicia já chorava. – eu tenho um filho de quatro anos Larissa eu não menti, eu não menti, ele matou ela agora também pode fazer o mesmo com ele... – Alicia estava muito nervosa falava muito rápido.


- Onde você esta? Alicia me diz onde você esta.


- Ele me trouxe para cá.



- Onde?



- Para meu apartamento.

Alicia teve que desligar, um segurança tinha visto ela ao telefone. Larissa sentiu o sangue ferve, tão perto.
Alicia foi surpreendida por um segurança de Raul, Ronaldo a puxou pelo braço, arrancou o celular de suas mãos, no visor havia uma mensagem informando que a chamada já havia sido encerrada.


- Pra quem a senhora estava ligando? – Alicia tentou disfarçar, mas não conseguia parar de chorar, estava muito emocionada – Vamos, me diga. Com quem estava falando?! – o homem exigia uma resposta.


- Não é o que você esta pensando, eu só estava tentando falar com Raul. – finalmente ela conseguiu dizer algo, o homem a olhou meio desconfiado e nada mais disse, apenas a pediu para que se sentasse no sofá e para que ficasse quieta. Tentava ligar para seu chefe, a ligação ia direto para a caixa postal, o sinal estava muito ruim, Alicia acompanhava cada movimento do homem, sabia que ele estava nervoso e que não pensaria duas vezes em dizer a Raul o que viu, não podia deixar que isso acontecesse, sabia que Raul seria capaz de matar seu filho apenas para vê-la sofrer. Fez um gesto como se fosse se levantar, o homem exigiu que ela ficasse sentada, Alicia virou o jogo.

- Quem você pensa que é para me mandar ficar quieta! – O segurança não sabia o que dizer – Sou a mulher do seu patrão, se eu quiser peço para ele matar você e dois tempo so por me aborrecer. Dê-me logo esse celular.
Ronaldo ficou sem ação, já tinha ouvido falar da fama de Alicia, sabia que ela era uma mulher perigosa, temeu por sua vida. Raul fazia tudo para agradá-la. Alicia se aproximou rapidamente do homem e tomou o celular de suas mãos, ligou para o numero pessoal de Raul, olhava para o segurança com ar autoritário, o homem sentia todo o corpo tremer. Começou a falar com Raul, pediu para que ele voltasse que tinha um assunto de extrema importância para tratar com ele, a cada palavra dita Ronaldo recuava um pouco, Alicia esta conseguindo causar o efeito desejado.

- Se você vir peça para que esse imprestável me leve até você! – depois de 3 minutos em silêncio Alicia passou o celular para Ronaldo – Ele quer falar com você! – O homem recebeu as instruções de onde o patrão estava, Raul ordenou que levasse Alicia para lá o mais rápido possível.

- Deixe-a ficar com o celular para que possa me avisar quando tiver chegado aqui! – Raul desligou a chamada, Ronaldo estava pálido, estendeu a mão e entregou o aparelho para Alicia que mantinha um sorriso no canto dos lábios.


- Eu não falo, se você não falar! – o homem apenas fez um sinal positivo com a cabeça.


- Vou buscar o carro!
Alicia viu o homem sair pela porta ainda assustado, desabou no sofá, aliviada por ter conseguido sair dessa, apagou a chamada feita para o escritório do ministério público, trocou de roupa e quando saiu de casa o segurança a aguardava no carro, Alicia buscava equilíbrio, tentava se manter forte, não podia fraquejar logo agora, estava tão compenetrada em seus pensamentos que nem percebeu o olhar desconfiado de Ronaldo, o segurança não ousou falar nada, estava com medo da mulher. Não demorou muito para que chegasse a favela, Alicia sentiu um arrepio percorre seu corpo quando saiu do carro, a mais de um ano que não pisava naquele lugar, re-viu alguns velhos conhecidos, a favela estava toda decorada, o pagode patrocinado por Raul era um evento e tanto, todos da comunidade pareciam satisfeitos. Depois de alguns passos chegou ao pequeno palacete que Raul ostentava bem no centro da favela, tinha uma visão perfeita de tudo que acontecia no lugar. Alicia avistou Raul sem camisa, sentado com o filho no colo, exibia o garoto para as pessoas que passavam, praticamente berrava para que vissem e adorassem seu herdeiro. Vinicius viu a mãe se aproximando e logo tentou se desvencilhar do pai.

- Minha Rainha finalmente chegou! – gritou Raul, Alicia deixou um sorriso amarelo escapar, pensava apenas em proteger o filho, aproximou-se e pegou o garoto do colo de Raul, sentou-se ao lado do seu glorioso “Rei”, a noite transcorria animada, Raul bebia muito, recebia os agradecimentos de todos da comunidade, apesar da cabeça estar a mil, Alicia tentava parecer feliz, sabia que Raul dava um grande valor a tudo aquilo, lá pelas 21h00min Vinicius já demonstrava cansaço, cochilava no colo da mãe, Raul finalmente resolveu ir embora, mesmo deixando evidente seu sinal de embriagues dispensou os seguranças e decidiu ir dirigindo, Alicia não ousou contrariá-lo, depois de por Vinicius na cadeirinha do acento de trás, entrou no carro e pós o cinto de segurança.
- Vamos minha rainha! – Raul passou a mãos bruscamente em seu rosto, ela apenas fez um sinal positivo com a cabeça, Alicia não sabia das surpresas que o destino havia reservado para ela naquela noite!

Larissa deixou seu corpo recair sobre a cadeira mais próxima, seu coração palpitava, sentia uma dormência nas mãos e nos pés, era como se o sangue do seu corpo tivesse parado de circular por suas veias. Tentava raciocinar, organizar as idéias, entender o que havia acontecido, mas nada daquilo era possível, pois sua mente vibrava a única coisa em que conseguia pensar:

- Ela esta viva! – deixou um sorriso escapar ao sussurrar a frase, já estava perdendo as esperanças, então era de se entender o tamanho de sua felicidade e de sua surpresa com aquela ligação. Depois de alguns minutos ainda sobre o impacto, ligou para um amigo, pedindo para que rastreasse a última ligação. Depois de se recompor voltou para a sala de reuniões, com uma agilidade antes nunca vista por ela mesma, finalizou a reunião deixando todos satisfeitos com seus argumentos. Aguava por resposta, ligou diversas vezes para seu amigos, finalmente conseguiu o que queria.

- A ligação é de um celular móvel algum ponto da zona sul, nas proximidades do bairro de Boa Viagem.

- Obrigado, Felipe.

- Me deve um almoço. – brincou o policial.

Larissa colocou o telefone no gancho deu uma risada nervosa.

- Eles não seriam tão burros! – afirmou – ali seria o último lugar que procuraria – repensou.
A promotora ligou o interfone.
- Pois não!


- Localize Draª. Lafaiete agora. A mande vim na minha sala imediatamente.

A secretaria demorou pouco mais de cinco minutos para localizar caminha, a advogada entra na sala.

Camila bateu na porta.

- Entre. Eu acabei de receber uma ligação... – Camila percebeu a excitação na voz da promotora - da Alicia. - continuou - Ela esta viva!


- Como? – Camila arregalou os olhos, parecia mais surpresa que Larissa.
Larissa ponderou o tom.


- Foi isso mesmo que você ouviu! Ela me ligou logo mais.


- E onde ela esta? Como esta? Com quem esta? Larissa você tem noção do que esta me dizendo?


- Claro que tenho Camila, Alicia me ligou, não disse onde estava, sua voz parecia nervosa, falava muito rapidamente, ela esta com aquele bandido.


-Temos que chamar a policia.


- Não! – repreendeu Larissa. Liguei para o Leonardo e pedi que rastreasse a ligação, ele me disse que o sinal veio daqui. – Larissa apontou para o mapa que estava sobre sua mesa.


- É o antigo endereço da Alicia. Mas como? Larissa isso é bem próximo da sua casa, lembro que fui lá por varias vezes recebi a mesma resposta do porteiro, que não
havia ninguém no local.

- O Raul deve ter subornado o homem para que não falasse nada. Eles podem esta o tempo todo ali e eu não enxerguei. – que droga. – Larissa bateu com o punho na mesa. – porque não fui ao lugar mais obvio. – se questionava.

- Justamente por isso mesmo, era obvio demais eles voltarem para aquele apartamento, esse homem sabe que você mora próximo dali, ou ele é burro demais ou esperto demais, Larissa você volta a correr risco.

- Todo esse tempo.ela estava tão perto. – Larissa ficou em silêncio.
- Uma coisa não se encaixa, porque não procurar a policia invés de você, porque ela não foge?


- Ela não esta só Camila, Alicia realmente tem um filho ela não mentiria sobre isso esse bandido esta em posse dos dois, ele é o pai do filho dela. Fugir seria um risco muito grande que ela não correria.

- O que você esta pensando em fazer? Avisar a policia?

- Não! – Camila ficou ainda mais surpresa

- Como não Larissa?! Não esta pensando em você mesmo ir resgatá-los não é. Você so pode esta ficando louca, vou manda minha irmã te internar. Seja racionar, por favor!

- Eu não quero e nem posso envolver a policia nisso. Não ainda!

- Larissa você mais do que ninguém sabe com que tipo de pessoa está lhe dando,

precisamos avisar a policia o mais rápido possível, saber o paradeiro de um dos homens mais procurados do estado, não é so um traficante pé de chinelo que estamos tratando, mais de um psicopata, de um contrabandista. Em fim...

- Camila entenda, eu não posso por a vida daquela criança em risco, preciso agir com muita cautela e antes de tudo precisamos ter certeza de que ela esta mesmo lá.

- Isso é fácil. Vamos! – Camila já se dirigia ate a porta

- Mas como?

- Vem comigo, eu tenho um plano.
- Camila eu não quero você metida nisso, sai o quanto estou me arriscando com toda essa historia e... – Camila não deixou que Larissa continuasse a falar, saiu puxando a promotora pelo braço porta a fora. Depois de alguns minutos as duas chegaram ate o prédio onde ficava o apartamento de Alicia, estacionou em um local distante, mas tinham uma ótima visualização da entrada do prédio, passaram horas ali, Camila percebia a frustração estampada nos olhos de Larissa.

- Pode ter sido um engano!

- Impossível!

- Melhor irmos estamos há horas aqui e não houve nenhuma movimentação estranha no prédio. – Camila já havia ligado o carro.

- Não Camila, eu não vou sair daqui até ter certeza!

- Já é quase 9 da noite Larissa, sabe há quanto tempo estamos aqui, varias pessoas já me ligaram querendo saber de você inclusive sua mãe, não vai adiantar nada ficarmos aqui. Larissa você ta me ouvindo?

Larissa parecia ter entrado em um transe, viu uma caminhonete prata se aproximar, as batidas do seu coração chegavam a doer em seu peito de tão fortes, Camila também sentiu seu corpo congelar ao olhar na mesma direção que sua amiga. Viram o carro se aproximar vagarosamente, era visível a embriagues do motorista, Alicia estava no banco do passageiro, parecia nervosa, e no banco de trás puderam ver a cadeirinha que trazia o pequeno Vinicius em um sono profundo. Larissa em um impulso tentou abrir a porta do carro, Camila a impediu.
- O que você pensa que vai fazer?

- É ela Camila, é ela! – tinha os olhos rasos de água, estava tremula pálida

- Eu sei que é ela, mas não podemos simplesmente ir lá, lembra-se do garoto, precisamos protegê-lo.

- Eu preciso salva-la daquele monstro, você não sabe do que ele é capaz. – Larissa já não conseguia controlar suas emoções, as lagrimas deslizavam por seu rosto, a promotora estava em estado de choque, lembrava-se de todo mal que Raul foi capaz de fazer contra ela.
O carro de Raul parou em frente a garagem, mesmo que rapidamente Larissa e Camila puderam ver com clareza os ocupante do carro, Alicia estava no banco do passageiro, Raul tinha uma das mãos para fora, os dois pareciam estar discutindo, no banco traseiro havia uma criança, o portão da garagem se abriu e os carro entrou. Raul teve dificuldades para estacionar e sair do carro, estava visivelmente alcoolizado, Alicia se apressou em sair do carro, foi até o banco de trás e viu que Vinicius estava dormindo, retirou o garoto com cuidado para que não acordasse, não queria que o menino visse o pai daquela forma. Sua tentativa foi em vão, o garoto acabou acordando com o barulho que o pai fez ao bater a porta do carro.

- Oi filho, acordou? – falou baixinho

- Deixa que levo meu menino. – Raul se aproximou.

- Ele já esta no meu colo, se não se mexer muito vai voltar a dormir, deixe que eu o levo vá chamar o elevador!


Raul não se contrapôs, estava cansado e bêbado de mais, não tinha coragem nem para abrir a boca, ajudou apenas a levar a pequena bolsa que continha os brinquedos do pequeno Vinicius, minutos depois de entrarem no elevador chegaram até o andar do apartamento.

Em quanto isso Camila tentava acalmar os ânimos de Larissa que estava altamente agitada.
- Tente se acalmar, agora já sabemos onde ele esta, isso é o mais importante, só precisamos ser cautelosas agora e logo ele estará atrás das grades.

Larissa parecia não dar a mínima ao que Camila estava falando, olhava fixamente para o pára-brisa, suas mãos estavam tremulas.

- Larissa! – tocou o ombro da promotora – Nos já sabemos onde ela esta, isso já é muito, vamos ajudá-la!

- Ela esta com ele isso sim importa. Você viu os três, pareciam uma família feliz. – Larissa nem se preocupou em esconder o ciúmes e a angustia que sentia.

- Larissa não seja irracional, não é hora de cobrar ciúmes, não sabemos em que condições ele esta mantendo ela.

- Ciúmes? – Larissa tentou disfarçar dando uma risada meio nervosa – Sinto nojo desses dois, cada vez mais eu vejo que foram feitos um para o outro – deu uma pausa e respirou fundo – Vou colocar os dois na cadeia, você vai ver. – passou alguns minutos em silêncio até se dar conta de que Camila não estava fazendo o caminho para sua casa – Para onde você esta indo?

- Nunca que ia te levar para casa nesse estado.

- Desde quando você toma decisões por mim? - Camila relevou a grosseria de Larissa, sabia que ela estava nervosa.

- Eu não consegui te acalmar, mas tenho certeza que você vai ouvir a Isa, ela sim pode te impedir de sair correndo e ir bater na porta daquele traficante, você precisa raciocinar.

- Camila eu não sou criança, sei me cuidar sozinha, além do mais não quero preocupar ninguém, dê a volta e me leve para casa.
- Não vou discutir com você Doutora Couto, você não esta no seu estado normal e pode colocar tudo a perde, não tente fingir que não esta magoada nem com ciúmes pela cena que viu, esta mais preocupada em ir atrás dela do que em prender o Raul, eu no seu lugar faria o mesmo, mas esse momento é muito delicado e crítico, sei que é difícil mas você precisa por suas emoções de lado e pensar com a razão só assim conseguiremos tirar a Alicia das mãos dele.

Larissa tentou argumentar, mas não conseguia negar o que sentia, Camila estava completamente certa, a única coisa que ela pode fazer foi ficar calada, chegou a casa Luiza, a loura estranhou a cara emburrada da amiga.

- Vocês aqui há essa hora, aconteceu alguma coisa?

- Encontramos a Alicia, ela esta com o Raul e o filho. – Camila deu logo a noticia já que Larissa permaneceu calada, Luiza ficou sem saber o que dizer...

- Pela a sua cara você deve estar se perguntando o que nos estamos fazendo aqui já que você não tem nada haver com esse caso, foi isso que eu tentei dizer pra essa ai - Larissa lançou um olhar impaciente para Camila – Vem, vamos embora.

- Você, senta aqui. – Ordenou Luiza, Larissa fez uma cara feia antes de se sentar na poltrona ao lado esquerdo da sala.


- Não entendo por que vocês estão me tratando como se eu fosse uma criança.

- Será que é por que você esta agindo como uma e daquelas bem teimosas? – Camila ironizou.

- Já chega de tudo isso, eu vou pra casa. – Larissa ameaçou se levantar da poltrona, mas desistiu depois de ver o olhar fulminante que Luiza lhe lançava.

- Ela não pode sair daqui nesse estado.

- Claro que não, vai acabar cometendo uma loucura. Você pode ir para casa, deixa que agora eu cuido dela.

- Ta bom então.

- Eu não vou ficar aqui sentada vendo vocês duas decidirem o que posso e o que posso não fazer. - Larissa levantou, atravessou a sala rapidamente, antes de abrir a porta ouviu a voz grave e séria de Luiza.
Larissa deu a volta e firmou o olhar no de Luiza. – É isso mesmo, eu conto tudo!

- Você não tem esse direito! – Luiza estava séria, arqueou a sobrancelha esquerda, Larissa sentiu o poder das palavras de sua amiga, caminhou em passos lentos até a poltrona e voltou a se sentar, somente uma ameaça dessas para fazer com que ela pensasse melhor.

- Pode ir Camila, ela não vai a lugar nenhum. – Camila apenas fez um sinal positivo com a cabeça, e saiu sem dizer nada, Larissa não estava chateada, sabia que suas amigas só queriam seu bem, precisava mais do que nunca de uma orientação.

- Vem tomar banho, te empresto uma roupa.

A morena não relutou muito, estava triste, cansada, não tinha forçar para argumentar contra nada, caminhou ao lado de Luiza pelo pequeno corredor, entrou no quarto que amiga sempre manteve em sua casa especificamente para ela, tomou um banho gelado, não sabe ao certo quanto tempo passou de baixo do chuveiro sentindo a água fria lhe cair sobre a cabeça, estava exausta e mil coisas passavam por sua cabeça. Voltou para a sala meio cabisbaixa, Duda já havia chegado do hospital, Larissa ganhou um abraço forte da amiga, sentia-se acolhida com todo o carinho que ambas sentiam por ela, Duda não sabia muito bem o que estava acontecendo, mas percebeu o clima tenso entre as duas, as três mulheres estavam em silencio ate que Vitoria a filha mais nova de Duda entrou na sala gritando pela mãe, a garotinha roubou a atenção de todas, falava sobre seu dia na escola, de como tinha se divertido, de como estava com saudades da mãe Duda, Larissa acompanhava os movimentos da pequena, chegou a sorrir algumas vezes com a forma errada que ela pronunciava algumas palavras.

- É difícil ? – saiu quase como um sussurro, a promotora olhava fixamente para a pequena Vitória.
- É difícil? – saiu quase como um sussurro, a promotora olhava fixamente para a pequena Vitoria.

- Como? – Duda indagou sem entender.

- É difícil ter um filho?. – Larissa não desviava os olhos de Vitória.

- É muito difícil sim, mas todo e qualquer sacrifício vale a pena.

Duda admirava o rosto da filha que havia pulado no colo de Larissa, a pequena a considerava como tia, Larissa tinha um carinho enorme pelos filhos e sobrinhos de Luiza.

- Em vários momentos, quando estávamos sozinhas ela me questionava, perguntava se eu gostava de crianças, se pensava em ter filho, principalmente quando agente passava o domingo por aqui com seus filhos os filhos de Camila – Larissa desabafava- Eu sempre desviava do assunto, na verdade nunca parei para pensar nisso. Nunca teve espaço para uma criança na minha vida. Acho que acabei deixando o tempo passar.

- A Ruth que te perguntava essas coisas? - questionou Duda

- Alicia, o nome verdadeiro dela é Alicia!


- Sempre.

- Lembro que vocês sempre estavam juntas, o que acabou nos aproximando muito dela, ela fazia mil perguntas sobre como cuida das crianças, quando era o momento de explicar sobre a condição sexual entre eu e a Isa. Ela me perguntava se a Isa queria ter filhos, ela chegou a me confidenciar que tinha vontade de ter filhos. Alicia gosta muito de criança, se lembra no aniversario do João Gabriel, ela se meteu no meio da garotada e ficou dançando brincando com eles. Quando vocês viam aqui ela ficava o tempo todo com Miguel no colo, era uma disputa entre ele e Vitória pra ta no colo dela.

- Eu nunca me vi sendo mãe acredita, sempre tive uma vida tão atribulada, que acabei deixando o tempo passar. Não sei se tenho jeito para isso, não sei se seria uma boa mãe, vejo você e a Isa, nem falo na Camila, aquela coitada se desdobrar em mil para cuidar da carreira, cuidar dos filhos e ainda ter tempo para ela e Amanda. Aquela menina amadureceu de tal forma que coloca todas nos no chinelo.
- E verdade Luiza estava até comentando comigo, Camila rompeu com todas as expectativas de todos.

Larissa estava muito triste, Duda percebeu isso, Luiza apenas observava a cena, sabia que a amiga estava chateada. Duda saiu para colocar a filha para dormi.

- Vou lá.

Duda levou a pequena no colo, ela já havia dormido. Luiza mantinha o olhar fixo em Larissa que desviava.

- Vamos lá para fora. – chamou Luiza.

Larissa não relutou, levantou-se de imediato e seguiu a amiga até o jardim. Sentaram-se próximo a piscina, a morena sentia um enorme peso em suas costas, não tinha mais lágrimas mais um uma enorme tristeza em seus olhos.

- Não sei o que fazer. Eu simplesmente não sei. – começou, sua voz saia tremula.

O desabafo era de raiva e frustração, medo misturado com saudade. Luiza percebia o quanto a amiga sofria, embora estivesse muito decepcionada com Alicia a ponto de não querê-la por perto, mas julgá-la e condená-la só afetaria ainda mais a amiga. A lourinha acalentou a amiga, escutou todo o seu desabafo, evitou expressar sua opnião muito pelo contraio passou muito apoio a amiga independente do que fosse fazer, também lhe pediu calma e prudência, alertou dos perigos que corria, alertou do perigo que a Alicia também estava correndo. Depois de muita conversa Isa finamente conseguiu acalmar a amiga. No final a morena conseguiu dormi. Dormiu pra sua surpresa bem, teve uma noite de sono tranqüila, seu corpo estava bem relaxado, do quarto pode senti o aroma do café da manha, foi conduzida até a cozinha, Luiza chegou logo depois.

- Pelo visto também foi atraída pelo delicioso café de tia Maria.

- Cheiro bom. – disse Larissa.

- E ai dormiu bem?

- Até demais. – brincou Larissa. – cadê a Duda?

- Ela já foi tinha uma cirurgia agora de manha bem cedo. Ela aproveitou e levou as crianças para o colégio.

As duas tomaram café juntas Larissa parecia mais tranqüila, mesmo assim Luiza fez questão de deixá-la em casa.
- Por favor.
 
 - Lary.
 
 - Vamos apenas passa por lá, quem sabe eu não a vejo nem que seja de longe.

    Depois de muita insistência Luiza passa por frente do prédio onde Alicia morava, mais uma vez Larissa contou com um golpe de sorte. Luiza ficou boquiaberta, olhou assustada para Larissa, os corações das duas batiam descompassados. Parecia cena de cinema, uma mulher e uma criança saia do prédio ambos vestidos com roupa de praia tinham cerca de três seguranças ao seu redor. Os cinco pararam na av. esperava para atravessar a rua.  .

   - Você esta vendo?

 Luiza também ficou muito surpresa.

  - É ela! – falou Luiza ainda surpresa. As duas mulheres observava Alicia atravessar a avenida.

Larissa tirava o sinto e fazia menção de que iria sair do carro.
 
 - Eu não vou ficar aqui.
 
 - Você não vai a lugar algum, esta doida guria.
 

 - O que quer que eu faça em, ficar aqui olhando, ela esta tão perto.
     - Preciso me arriscar.

   Luiza entendia toda a agonia de Larissa, mais não podia permitir ela fosse atrás da Alicia.

   - Fique aqui, eu vou falar com ela. Reze para que eles não me conheçam.
Larissa apenas fez sinal positivo com a cabeça, Luiza saiu do carro, respirou fundo e correu até a avenida, Alicia já tinha travessado estava distante caminhava pelo calçadão indo em direção a praia. Luiza correu um pouco até alcançá-los, tentou recuperar o fôlego. Alicia parou para ajeitar o boné do filho. Foi quando foi surpreendida pela loirinha.


 - Você não pode ir, eles podem te reconhecer, Larissa seu rosto é o mais conhecido no estado.
- Preciso me arriscar.

   Luiza entendia toda a agonia de Larissa, mais não podia permitir ela fosse atrás da Alicia.

   - Fique aqui, eu vou falar com ela. Reze para que eles não me conheçam.
Larissa
apenas fez sinal positivo com a cabeça, Luiza saiu do carro, respirou
fundo e correu até a avenida, Alicia já tinha travessado estava distante
caminhava pelo calçadão indo em direção a praia. Luiza correu um pouco
até alcançá-los, tentou recuperar o fôlego. Alicia parou para ajeitar o
boné do filho. Foi quando foi surpreendida pela loirinha.

   -
Ruth há quanto tempo? – Luiza abriu um sorriso disfarçando o próprio
nervosismo, os segurança se aproximaram imediatamente ao redor de Alicia
e o garoto.

Luiza deu alguns passos para trás olhando para
aqueles homens mal encarados. Alicia engoliu em seco ficou meio que sem
ação. Aproximou-se de Luiza. Ao perceber que Tarso colocou o braço
impedindo que ela se aproximasse ela disse:

    - Não se
preocupe ela so é uma amiga da faculdade. – virou-se para Luiza que
entendeu o recado. – oi que surpresa. – as duas se cumprimentaram com
beijo de comadre.

  - Não te vi mais na faculdade, os professores têm perguntado por você.
  
- É, tive que me ausentar por um tempo estava viajando.

   - Você esta bem? – já num tom mais preocupado.
 
 - Estou! – Alicia deu um abraço bem forte em Luiza a medica pode sentir o corpo tremulo da outra.
  
- Bem mesmo? –  repetiu num tom mais baixo.

Alicia
se afastou, segurou na mão de Luiza e apertou não muito forte, balançou
a cabeça em sinal de afirmação logo em seguida virou o olhar para seu
filho que estava distraído olhando para a praia.

   - Esse você,
não conhece – deu um sorriso torto - é meu campeão. Vem cá filho fala
com a tia Luiza. Minha vida Isa. – Alicia pegou Vinicius no braço, o
menino olhou desconfiado para a desconhecida.
Luiza observou o menino com cuidado, abriu um sorriso, quando viu seus trajes.

   - Mais um sofredor. – brincou Luiza, o menino vestia uma sunga vermelha, uma camisa e um boné do time que Alicia tanto gostava. Isa lembrou da inúmeras vezes que Larissa resmungava quando tinha que levar a namorada para ver o jogo do Sport time que alicia era fanática. – hey tudo bom! – falou para o menino. que permanecia calado olhando para a desconhecida.
 
 - Fala com ela filho. não seja mal educado.
  
- Oi. – falou o menino bem baixinho.

Enquanto isso Larissa so faltava ter um ataque cardíaco se remexia dentro do carro, saiu e entraram inúmeras vezes seus olhos não desgrudavam do que acontecia do outro lado do calçadão.

  -  Dona vamos! – falou o segurança puxando Alicia, ele estava impaciente com aquela conversa tinha recebido ordem de não deixa ninguém em absoluto se aproximar da mulher do patrão.

  - Calma. – reclamou Alicia, depois se virou para Luiza. – Preciso ir, esse garotão aqui ta doidinho para ir a praia, tenho que aproveitar que o sol ainda esta frio, você sabe como criança é.

   Luiza deu um sorriso por alguns estante penetrou nos olhos de Alicia, vendo ali não sentia a raiva de antes, percebeu o quanto até mulher estava sofrendo. Alicia já se preparava para ir embora.

- Você vai ficar bem?

- Donc je vais être bien, si elle est bonne. elle est bien, c'est important pour moi, je l'aime, elle ne peut plus penser que je l'aime, et elle est bien et il n'est pas comme si je ne suis pas le plus important.(tradução)
So vou ficar bem, se ela estiver bem. Ela é o que me importa agora, eu a amo, ela pode não acreditar, mas eu a amo, e ela e ele – virou-se para Vinicius -  eles estando bem, como estou não é o mais o importante. Tarso se irrita com Alicia ela falou num idioma que ele não entendia ela falou em Frances. Pegou no braço dela com força. Luiza olhou atonita.
-    O que a senhora disse ?

Alicia continuou olhando para luiza, não sabia se a amiga tinha entendido mais a resposta veio logo em seguida. No mesmo idioma.


- Il vous permet d'obtenir là-bas. Il vous sauvera. (tradução)
Ela vai tirar voces de lá. Ela vai salva voces.

Luiza viu Alicia seguiu até a praia. Caminhou cabisbaixa até o carro Larissa esperava agitada, as duas entram no carro.

   - Melhor sairmos logo daqui, aqueles caras ficaram muito sismado.
 
 - Como foi? Você demorou tanto.

   - Vamos logo sair daqui – insistiu.

   - Como ela esta?

   - Larissa vamos embora. – falou num tom mais alto.

   - Eu não vou a lugar algum sem ela.

Luiza segurou com estrema força o braço da amiga.

   - Eles não vão deixar você se aproximar, vamos embora. Ela esta bem. Te conto tudo mais vamos sair daqui antes que eles nos veja e faça algum mal a eles.

    Larissa encarou a amiga, seus olhos estavam repleto de raiva e sentimento de impotência. Ela esmurrou o volante do carro. Começou a chorar. Luiza puxou a amiga para um abraço. Ficou ali alguns minutos até a promotora se acamar. Depois ela deu partida no carro. O caminho foi em silencio. Pararam no partamento da promotora. As duas subiram, la mais calma Luiza contou em mínimos detalhes tudo que aconteceu, sem mudar nenhuma palavra nem virgula
  - E como ele é? – indagou.
 
 - Não parece muito com ela, e moreno tem os cabelos encaracolado, estava vestido com a camisa do Sport. Ele é tão lindo tem os olhos da Alicia. O naris também bem arrebitado.

  - Fisicamente eles estão bem.

   - ela então deve esta gostando...

   - Larissa, não faça julgamentos precipitado.

   - Acho que preciso ficar sozinha.

   - Larissa...

   - Eu não vou procurá-la, fique tranqüila dou minha palavra, mas preciso ficar sozinha. Preciso pensar.

   - Tudo bem então qualquer coisa me liga.

Luiza deixou Larissa em seu apartamento. A morena ficou pensativa, tentava organizar as idéias, no final da manha ela resolveu ir trabalha. Os dias foram passando Larissa para surpresa de todos trabalhava como nunca, tinha um caso de extrema importância nas mãos. Suas assistentes ficaram impressionadas com a mudança da promotora. O trabalho invadia a madrugada. Consultou o relógio já se passava das duas horas da manhã, seu corpo e sua mente estavam cansados, resolveu ir para casa. Depois do banho sua barrica roncava, abriu a geladeira desanimada, pra sua surpresa estava repleta de comida, Luiza tinha estado la. Larissa riu ao lembrar à amiga, agradeceu por te-la em sua vida. Comeu depois foi se deitar. Mais uma vez não resistiu ligou o computador reviu alguns pontos que discutira amanha numa reunião. sem perceber abriu uma pasta onde contém inúmeras fotos dela e de sua família, foi passando foto por foto, uma nostalgia foi tomando seu corpo, sentiu saudade dos pais, a tristeza foi piorando quando começou a ver as fotografias da amada, lembrou-se de Alicia.
Respirou fundo desligou o computador e tentou dormi. O corpo cansado o sono não demorou muito a vim. Larissa acaba sonhando com Alicia, a mulher estava sentada numa cadeira, suas mãos e seus pés estavam amarrandos, seu rosto parecia machucado, Raul sorria diante do desespero da mulher, Larissa acordou aos prantos, o pesadelo foi terrível, lembrança de sua estava no cativeiro parecia como flash, uma forte dor no peito, a morena chorava de soluçar. Lembrou-se de uma das cenas mais dolorosa que presenciou, lembrou-se da forma brutal que sua amada foi violentada por aquele homem asqueroso. Isso apensa aumentava seu desespero. Demorou para que ela se acalma-se. O dia já tinha raiado. Levantou-se da cama. Sua aparecia no espelho era péssima, estava com o olho enxado, sua mente fervilhava, sentia-se agitada por dentro. Resolveu correr um pouco, aquilo sempre a ajudava a se acalmar. Saiu até o calçadão, correu até não haver mais fôlego, fui por alguns minutos as espreita no prédio onde Alicia estava, mais não a viu. Voltou pra casa mais sentindo-se um pouco melhor. Depois de um banho tomou um café reforçado, teria um dia difícil no ministério público, finalmente tinha base o suficiente para presta uma denuncia. Meses de trabalho. O segurança já lhe aguardava. Pegou a agenda eletrônica e verificou seus compromissos para o dia.

Estavam todos na sala de reunião, Camila e Ingrid organizavam os últimos detalhes, Antes do Dr. Silvio Aguiar promotor chefe do ministério público chegar Camila chamou Larissa em particular.
 
 - Mais você não pode processá-lo. Você tem envolvimento direto com ele. – afirmou Camila.

   - Eu sei, fui responsável pela condenação do pai dele o Sr. Malbec. Na época não tinha provas nenhuma contra o envolvimento do filho dele. Mais agora é diferente temos provas contundentes em inúmeros crimes, sem falar que tenho uma testemunha chave.

   - Larissa. – falou Camila.

   - Camila esse homem vai pagar por todo mal que tem causado.

   - Isso é pessoal?

Larissa encarou Camila.

   - Pessoal Dra. Lafaiete, esse homem é responsável por uma das maiores rede de tráfico de drogas do estado, mandante de inúmeros assassinatos inclusive do meu seqüestro. E você me pergunta se é pessoal. 
Camila ficou calada. - esse homem tem cometido crimes contra a sociedade e é por ela que estamos aqui. – a promotora trincou os dente. A jovem advogada. Baixou a cabeça. – Dr. Aguiar conduzira as denuncias.
    Camila ficou completamente confusa processa Raul da forma como Larissa queria, levava a conseqüências extremas principalmente em relação à Alicia. O promotor havia chegado junto com um colega, Larissa iniciou a reunião, apresentou todo o material que tinha colhido em sua investigação,  Dr. Aguiar ficou animado o caso era uma bomba, não so em relação ao seqüestro de Larissa mais também ao tráfico de drogas que levava aos bancos dos réus muitos nomes de pessoas importante da sociedade, Raul não era so um traficante Zinho como muito pensava seus feitos era além dos que podiam ver. Larissa mencionou o nome de Alicia inúmera vezes inclusive acusando-a de envolvimento direto em seu seqüestro. Deixando Camila completamente passada. A promotora agia como se fosse um caso qualquer, não demonstrando toda sua habilidade como operante da lei, sem demonstrar nem um abalo emocional. Ao final de tudo Larissa deu seu xeque mate, pedindo a cara dura como favor pessoal ao seu superior.

   - Silvio, como pode ver não posso conduzir esse processo porque tenho envolvimento direto, queria que fizesse a denuncia. Também quero pedir o afastamento por tempo indeterminado da Dra. Lafaiete, ela foi de grande ajuda nas investigações, deixo claro meu total apresso para com seu trabalho, porém, no momento o mais certo é ela ficar fora do caso

 
   Todos se entreolharam na sala, Ingrid ficou boquiaberta com o que acabou de ouvir, Camila se remexia na cadeira, sentindo-se frustrada era o caso do ano, trabalhou tão duro nisso não entendia como podia ficar de fora nesse momento, e muito menos como um pedido pessoal daquela em que mais admirava. Dr. Silvio olhou também confuso.

   - Acho que não entendi Dra. Couto.
  
- Silvio – falou num tom pessoal, ignorando todos os outros que estavam presente. – é de caráter pessoal não quero que Camila tenha participação alguma nesse caso e eu to afastando ela por tempo indeterminado das atividades aqui no ministério público, apresentarei o memorando ainda hoje na sua mesa.
Camila engoliu em seco. Olhou para Larissa aflita não estava entendendo nada.     - Tem certeza doutora, você esta me pedindo para afasta uma das melhores advogadas que temos.   - Ingrid é tão capacitada quanto ela, tenho certeza que ela será de grande ajuda.   - Se é assim. Vamos começa a trabalhar.     Dr. Silvio encerrou a reunião, logo em seguida os outros foram saindo da sala, Ingrid não sabia o que dizer, era muito amiga de Camila sabia do seu empenho nesse caso, por mais que pensasse não entendia o que Larissa queria. Ela aproximou-se da amiga.    - Eu não...   - Tudo bem, não precisa dizer nada, parabéns, você merece esta dentro. Ingrid apertou o ombro da amiga, depois saiu da sala. Camila permaneceu sentada, seu estomago dava reviravolta estava de cabeça baixa. Larissa parecia ignorar a presença da assistente. Saiu sem dizer nada, nenhuma explicação. Camila sentia as pernas tremula.     Larissa foi para casa. No dia seguinte os burburinhos pelo escritório, Todos olhavam para a promotora com uma grande interrogação, indiferente aqueles olhares a mulher seguiu até sua sala. Cumprimentou a secretaria como de costume a mulher parecia agitada. 
- Bom dia doutora Larissa, Dr. Aguiar a aguarda. – disse a secretaria afobada. Larissa a encarou fez um sinal positivo com a cabaça, entrou com segurança em sua sala. O advogado estava sentado numa poltrona de pernas cruzadas, folheava o relatório que a promotora tinha lhe entregue na noite anterior.    - Bom dia. – cumprimentou a promotora.  - Bom dia doutora. – Silvio tinha um sorriso na face, o que tranqüilizou a morena por alguns instantes, so por alguns instantes mesmo.  Dr. Aguiar esperou que Larissa se acomodasse, a morena colocou a sua bolsa, se organizou e sentou-se do outro lado da mesa.  O homem ao ver que a mulher estava bem, ele pega o telefone e disca. Larissa observa-o.     - Cecília, estamos em reunião, por favor, em hipótese alguma interrompa-nos.    - Sim senhor. – respondeu do outro lado. Ali Larissa percebeu o tom de seriedade na voz do promotor.     - Sugiro que deixe seu telefone desligado doutora. – falou.  Dr. Silvio deu inicio a reunião deixou claro sua insatisfação do envolvimento de duas funcionarias do ministério público no caso.    - Doutora, você conhece todos os tramites legais. Pior a validade do processo pode ser questionada devido a seu envolvimento emocional com um dos suspeitos.    - Doutor eu sei de tudo isso, você acha que não me preocupo, sempre zelei por minha carreira, foi por isso que pedi o meu afastamento e o afastamento da Dra. Lafaiete. Todo o material colhido foi em absoluto sigilo e com total legalidade, as acusações são irrefutáveis em qualquer tribunal. Suas investigações confirmaram.   - Quantas pessoas sabem disso?   - Apenas eu Draª Lafaiete e Drª. Assis. Doutor...
Silvio levantou-se da cadeira caminhava de um lado para o outro discursando tudo que pode acarretar de negativo que por algum motivo a impressa soubesse do envolvimento emocional da promotora. Falou até do que isso poderia causar a carreira de Larissa, um discurso longo cheios de argumentos e questionamentos, reunião que duraram horas, Larissa entendia a preocupação do colega, sabia que ali não se tratava de um simples processo. Ao final o homem tomou algumas medidas. A primeira delas seria afasta Larissa e Camila.  O homem se preparou para sair, antes deixou um aviso.    - Vou ser implacável com todos os envolvidos. – afirmou com total convicção.  Larissa engoliu em seco, sentiu uma náusea ela sabia de quem ele estava se referindo. Depois saiu. Ao chegar em sua sala ordenou que chamassem Drª. Lafaiete.      Camila não ficou surpresa, pegou o documento que tinha redigido na noite anterior, pensou muito. Apesar com muito pesar tomou uma difícil decisão. Respirou fundo, pegou o papel e saiu. Cumprimentou a secretaria que anunciou sua entrada. Dr. Silvio estava de pé. Tinha uns papeis a mão.    - Bom dia.   - Bom dia!   - Bem sem mais delongas vou ser direto... Dr. Silvio explicou a situação para Camila que não se mostrava surpresa, já esperava por isso, ao fim da conversa ela finalmente tomou a palavra.    - O senhor sabe que se muito eu escolhi essa carreira foi porque tive forte influencia da Drª Couto, fiquei lisonjeada com seu convite para trabalhar aqui, eu entendo a gravidade da situação. É por isso que lhe entrego isso aqui. – Camila estendeu o documento ao promotor. 
Dr. Silvio olhou atentamente. Depois colocou em cima da sua mesa.     - Doutora. Não é de nosso interesse perde uma profissional como você. Porém entendo. Realmente é uma pena.  
 - Foi um prazer trabalhar com os melhores criminalistas do país.  
 - Quero que reconsidere como disse preciso apenas do seu afastamento temporário, apenas até resolvermos o caso.  
-Não posso, e agradeço a oportunidade, mais tenho outros planos.      - Na certa Larissa tem planos maiores para você. Camila sorriu.
   - Na certa que sim.    
Depois de uma breve despedida Camila saiu dali. Por incrível que pareça sentia-se mais leve.  Caminhou de volta até sua sala. Arrumaria suas coisas. Havia pedido demissão. A notícia correu como vestígio de pólvora no escritório, Larissa escutou os burburinhos foi rapidamente a sala de Camila que já colocava suas coisas numa caixa.  Larissa bateu na porta, escutou o aviso de que podia entrar.   
 - Oi! - Cumprimentou Camila risonha, Larissa nada falou ficou observando a jovem.  Sentia-se envergonhada, afinal era culpa toda aquela situação.  
  - Me desculpe eu não queria... – o pedido de desculpa saiu de forma sincera. 
 - Desculpa por quê? – indagou como se não tivesse compreendendo. – foi uma decisão minha sair do escritório. Não tem porque se desculpa.- Camila.  
- Ontem quando sai daqui, fiquei em casa, curti meus filhos, fui até o cinema com Amanda acredita? Pegamos a última sessão, sabe quanto tempo fazia que eu não curtisse minha família?
 Larissa deu um sorriso amarelo.    
- Isso tudo fez recarregar as baterias, Amanda me disse uma coisa que eu não tinha pensado antes. Ela disse Larissa te ensinou pra coisas maiores.  – Camila sorriu mais uma vez. – logo de cara fiquei confusa do meu papel em tudo isso. É impressionante somos treinadas pra enxergar tão além, e quando ocorre de vermos uma coisa tão simples passamos despercebido.
 Larissa encarava os olhos de sua aprendiza, admirada, orgulhosa.     - Você foi uma boa mestra, agora eu entendo porque de ser tão inflexível comigo desde que você voltou do seqüestro, agora entendo porque você sempre de dava as causas que pareciam perdidas...  
 - Eu precisava preparar você... – disse – foi assim que aprendi... Tiver professores implacáveis, perdi muitas causas, mais aprendi bastante com ela, hoje sou uma boa advogada, me vejo em você Camila, sua audácia, perseverança e o gosto por causas difíceis. – brincou.   - Desde que você descobriu você sempre soube que ia ser assim não é? 
   Larissa abaixou a cabeça, estava envergonhada realmente fazia quase um ano que voltou do seqüestro desde então trabalhava dia após dia, em busca de todo emaranhado jurídico, treinando Camila para fazer aquilo que em seu intimo ela queria fazer. Sabia que Camila era perfeita no caso, via a jovem como seu reflexos no espelho quando começou na carreira, sua voz sua voz saia baixa em tom de confissão. Como se ela confessasse os mais terríveis dos crimes.     - Eu a quero.  Camila se aproximou dela e buscou seus olhos. Falou tranquilamente.    - Você sempre a quis. Por isso me escolheu.     - Eu quero que ela pague pelos seus crimes perante a sociedade, mais que seja uma pena justa. Eu so confio em você.   - Não vou decepcioná-la, afinal aprendi com a melhor.      Camila abraçou a amiga com carinho. Depois foi organizar suas coisas. Larissa a ajudou, as duas preferiram não tocar mais no assunto, pelo menos não enquanto ele não ressurgisse.
Larissa resolveu aceitar o conselho da amiga. Afastada do seu trabalho  foi passa uns dias na casa dos pais na cidade de Natal, embora que estivesse sempre atrelada ao pensamento na sua amada, mantêm contato diário com Camila. Que aproveitou para se dedicar a família, mais desde já estudava ainda mais, queria esta pronta para o momento que não tardaria em chegar. Foram se passando os dias, as semanas que chegaram há meses, Larissa ainda afastada. Dr. Silvio trabalhava dia pos dias nesse caso, que a cada dia se tornava maior. Finalmente a denuncia. A investigação chegava ao fim, é instaurado o inquérito. O juiz mandou expedir o mandado de prisão. A operação ocorreu na madrugada, à polícia federal saiu para prender os suspeitos. Raul soube da notícia em primeira mão. Gastava muito dinheiro subornando polícias corruptos para lhe manter informado.  Alicia foi acordada no meio da madrugada, o homem se vestia as pressas.    - Vamos galega vamos. – gritara.    - Pra onde vamos? – indagava sem entender nada.   - Vai logo porra. – ordenou.    Sem entender nada ela levanta e troca de roupa, Raul já estava com Vinicius no colo que chorava por ter sido acordado no meio na noite. Ela nota que o homem estava extremamente nervoso, dirigia de forma perigosa. Gritava palavrões de todos os tipos deixando a mulher assustada. – vou matar aquela cadela, vou matá-la.
Alicia temerosa tentava controlar seu medo, olhava a expressão do homem, algo tinha acontecido. Mais ainda não sabia exatamente do que se tratava. Raul continuava a dirigir descontrolado, seu coração batia tão forte que parecia ter recebido uma dose de adrenalina, foi chegando às proximidades da favela. - Meu império – gritou colocando a cabeça para fora da janela do carro – venham me pegar seus fila da puta...      Estacionou em frente a sua mansão. Desceu do carro apressado Beto já lhe aguardava na entrada da casa, o homem estava em posse de uma metralhadora, Alicia arregalou os olhos, muitos homens estava ali e todos fortemente armado..     - Pega o menino. – ordenou.  Alicia desceu do carro e pegou Vinicius no colo.    - Entra e não me ponha a cara nem na janela. – falou o traficante a mulher.     Ela entrou sem olhar para trás, tapando o rosto do menino para que não visse as armas. Raul foi para seu escritório que ficava nos fundo da mansão. La Beto explicou tudo que estava acontecendo. Recebeu noticias de um de seus informantes da policia federal, as coisas estavam se complicando havia muitas denunciam sobre o traficante e outros integrantes da quadrilha. Raul ficou pensativo, caminhava de um lado para o outro, seu sangue fervia.     - Mandem fecha a favela – socou com as duas mãos a mesa encarando o cúmplice - quer todo mundo em suas casas às oito da noite. Estamos em guerra, quero homens em todos os pontos de entrada e saída, ninguém entra ou sai sem eu saber. – ordenou.
Alicia desceu do carro e pegou Vinicius no colo.    - Entra e não me ponha a cara nem na janela. – falou o traficante a mulher.     Ela entrou sem olhar para trás, tapando o rosto do menino para que não visse as armas. Raul foi para seu escritório que ficava nos fundo da mansão. La Beto explicou tudo que estava acontecendo. Recebeu noticias de um de seus informantes da policia federal, as coisas estavam se complicando havia muitas denunciam sobre o traficante e outros integrantes da quadrilha. Raul ficou pensativo, caminhava de um lado para o outro, seu sangue fervia.     - Mandem fecha a favela – socou com as duas mãos a mesa encarando o cúmplice - quer todo mundo em suas casas às oito da noite. Estamos em guerra, quero homens em todos os pontos de entrada e saída, ninguém entra ou sai sem eu saber. – ordenou.  Beto lançou a cabeça em sinal de afirmação. Logo em seguida saiu. Raul montou um forte esquema de segurança, todos os pontos estavam cobertos pelos seus homens.     - Ninguém vai me pegar. Ninguém – falou sozinho em seu escritório dando murros na mesa. O homem voltou para casa.  Alicia pode ver o sinal do medo estampado no rosto do amante.  
Enquanto isso.    - Tudo pronto senhora. – informou um oficial.    - Vamos.    Draª Maria era a delegada incumbida das investigações, já tinha recebido o mandado de prisão, organizou-se de forma sigilosa, não queria espantar seus suspeitos. No meio da madrugada ela saiu para efetuar as prisões. Muita foi concluída com sucesso, a operação durou toda manhã, logo a noticia correram pela imprensa. Faltavam agora uns dos suspeitos mais difíceis o famoso traficante Raul Santos. A delegada já vinha investigando o homem, ele tinha forte ligações com uma quadrilha de contrabando da Colômbia. Mas até então não tinham muitas prova para prendê-lo. Agora com a denuncia do ministério público aquele traficante não tinha escapatória. Pegou sua foto mais uma vez dentro da viatura. Olhou atentamente. Mumurrou:     - Agora você não me escapa. – falou. Era o rosto de Raul que ela olhava muitas vezes tentou prende-lo mais o traficante era muito escorregadio.      Alicia assistiu o noticiário da TV, viu a declaração do promotor responsável pelo caso, logo o reconheceu. Muitas vezes acompanhava Larissa em jantares com esse homem, ambos eram amigos. Aos poucos ela foi compreendendo o nervosismo de Raul, o circulo estava se fechando para o traficante, ao mesmo tempo parecia lhe surgir um fio de esperança. Abraçou o filho com carinho sussurrando:    - Logo isso vai acabar filho, logo ela... – Alicia lembrou-se de Larissa, como sentia saudade, como a amava.
Raul invadiu o quarto da mulher, estava furioso. Pegou ela pelo braço.    - Viu a merda que fez? – Vinicius de desvinculou dos braços da mãe seus olhos se arregalaram com a atitude violenta do pai que parecia ignorá-lo. – o que você disse aquela vadia em, o que você disse? – Raul culpava por aquela situação, acreditava que ela tinha falado algo a Luiza quando ambas se encontraram, o seu capanga falou ao chefe que não sabia o que elas conversaram uma vez que ele não entendia o idioma que falavam.     - Me solta, eu não disse nada, me solta. – tentava se solta.   - Vou matar todos, todos – gritou o homem a sacudindo.  Raul possuído pela raiva começou a bater na mulher, socos, chutes, puxões de cabelos, Vinicius saia em defesa da mãe, o homem parecia fora de si, batia, batia.    - Eu não fiz nada – chorava a mulher – não faz isso, na frente do seu filho.    - É bom ele ver. Vai aprender como se tratar uma mulher...  Os gritos do menino tomavam o quarto, Raul so parou de agredi-la quando percebeu que ela estava desacordada, olhou para o filho que continuava a grita e a bater nas suas pernas, foi então que o homem foi caindo em si. Afastou-se do corpo de Alicia ensangüentado.    - Vem cá filho.  
O menino assustado correu para o interior da casa, Raul olhou para Alicia deitada na cama, não sabia se estava viva ou morta, havia batido tanto que seu rosto estava irreconhecível, aproximou-se segurando sua mão o homem pós a chorar, logo em seguida abraçou se corpo, chorando copiosamente, mas ele não chorava por causa da mulher, e sim ao ver os olhos chorosos do filho lembrou-se da sua infância, lembrou-se de sua babá, seu pai a espancando até a morte, Raul tinha apenas seis anos, logo em seguida as palavras do pai. – é assim que se trata uma mulher... – seu pai quanta falta o sentia. O traficante não tinha o mesmo vigor intelectual de antes, muitas vezes suas atitudes mostrava um desequilíbrio fora do comum. Ficou abraçado a Alicia por cerca de uma hora. Hora e outra chamava pelo pai. Depois falava coisas sem nexo. Beto correu afobado, invadiu a casa de Raul gritando seu nome. Chegou ao quarto e deparou o homem abraçado ao corpo da mulher.     - A favela esta sendo invadida. – falou.
Nesse instante Raul parecia sair de transe olhou para o homem.    - Precisamos fugir agora. – gritou.     Raul soltou o corpo de Alicia e saiu de sobressalto de cima da cama, sua roupa estava suja de sangue, tirou a camisa e pegou outra no armário a vestindo.     - Resista. – falou enquanto vestia a camisa. – resista!   - Precisamos ir mano, os canas estão por toda área. – alertou Beto.   - Não vou fugir pra porra nenhum isso aqui é meu. – dizia cheio de suberba batendo no peito.   - Pois seu império vai ser na cadeia se não formos agora. Raul serrou os dentes, voltou a olhar para Alicia.    - Acho que a matei. Beto ignorou o que o traficante disse estava nervoso demais queria fugir.  – vamos embora nessa porra – gritou Beto.  Raul não teve tempo de pegar nada, assim que chegaram na porta de trás lembrou-se do filho.    - Não vou deixar meu filho.    Beto estava mais que irritado, os sons das trocas de tiros ficaram cada vez mais perto, sinal de que as polícias estavam se aproximando trazendo medo e angustia aos moradores.     - Então que fique. – Beto não estava disposto a esperar.     Saiu deixando o amigo para trás, Raul até pensou em voltar mais ao perceber que estava sozinho correu atrás de Beto, os dois foram por uma rota de fuga secreta poucos conhecia, desceram por um bueiro. Lá em baixo já tinha duas mochilas, Beto parecia que estava preparado. Os dois conseguiram fugir.
Finalmente a polícia ocupada a favela muitos traficantes são preso, outros mortos no confronto. A delegada chega à mansão de Raul, mais não o encontra o que a deixa furiosa, ela percorre a casa, encontra uma mulher ensangüentada checa seus batimentos.    - Esta viva chame uma ambulância. – gritou.  Drª. Maria escuta um choro abafado, procura sua origem, curiosa ela para diante de um armário na cozinha. Ao abrir encontra uma criança chorando. Vinicius se encolhe, suas mãos tapavas os ouvidos, o som dos tiros e os gritos do pai o incomodava. . - vem cá vem, não vou lhe fazer mal. – diz a mulher num tom de voz doce.  O menino continua a se encolher, agora de olhos aberto ele encara a estranha. A muito custo que ela consegue tira-lo dali. Ela o examina superficialmente ele não estava machucado, o pequeno é levado.  O trabalho dos peritos começa. Muitos documentos são encontrados, e duas armas são encontradas, mais nenhuma droga.    - Puta que pariu! – fala a delegada irritada.     As buscam não terminam ali. Alicia é levada para um hospital público da cidade, seu estado era delicado. A mulher é atendida. Larissa so fica sabendo na investida da polícia no dia seguinte, ela ver no noticiário. A mulher fica abismada, liga imediatamente para Silvio que confirma que Alicia esta sobre custodia.     - Onde ela esta? – insiste a promotora.   - Larissa...   - Ela é minha mulher Silvio tenho o direito de saber. Me diz. – silencio – me responde – altera o tom de voz. – ela tem direito a defesa, ela tem direito a ter a família por perto. – Larissa estava muito alterada, embora não pudesse o promotor acabou cedendo.      - Ela foi levada ao hospital da restauração. Sugiro que leve um advogado.     - Obrigado.   - Larissa...
Silvio não teve tempo de falar mais nada a promotora desligou o telefone de imediato, pegou a bolsa e saiu em disparada.  Em vinte minutos chegou ao hospital. la se apresentou como sua companheira, a delegada ficou surpresa, conhecia a promotora.        - Quero que ela seja transferida para esse hospital particular.      - Impossível. – disse a delegada. – ela esta sob custodia do Estado.    - Doutora isso não impede que ela seja transferida para um hospital mais bem aparelhado para seu tratamento. Não quero parece rude, mais gostaria de bom grado que a senhora autorizasse, não gostaria de recorrer à justiça.  A delegada ficou vermelha como um pimentão. Saiu pisando duro sem responder à promotora. Mesmo de contra gosto permitiu que a suspeita fosse transferida para uma clinica particular. Alicia chegou a clinica de Luiza muito debilitada, foi brutalmente violentada, havia quebrado o nariz e cinco costelas. Ela estava muito magra.  Quando chegou lá pediu para chamar Amanda que fez o primeiro atendimento, depois passou para médico mais especializado na área.     - Doutora Couto?- chamou à delegada.  Larissa esperava por noticia já tinha avisado a Luiza e a Camila que já estava a caminho.     - sim.    - A senhora alega que é companheira da suspeita.    - Sim.   - A senhora sabe que sua companheira foi encontrada numa boca de fumo, que provavelmente ela é proprietária. – falou cheia de insinuações, Larissa então encarou a mulher.
  - A senhora tem alguma queixa contra mim ou minha esposa?   - Não exatamente. E realmente era verdade os mandado expedido pelo juiz não era para Alicia e sim para Raul e sua quadrilha, o juiz considerou insuficiente as provas com o envolvimento de Alicia. Porem ela foi encontrada na mansão do traficante o que mudava totalmente as coisas.    - Se a senhora tiver algum mandado não hesitarei em prestar meu depoimento. – encerrou o assunto. – so mais uma coisa doutora, a criança onde esta?  - Ele esta com a assistente social. No departamento será encaminhado para um abrigo. Até os devidos esclarecimentos.  - Ele pode ficar comigo? – perguntou mesmo sabendo a resposta.   - Não é assim tão fácil doutora.  Finalmente Amanda apareceu para lhe trazer noticia já que Duda não estava na cidade tinha ido a um congresso fora do país e passaria alguns dias fora.    - Como ela esta?    - Ela esta no setor de trauma, um colega esta lhe atendendo, apesar do corpo bastante debilitado ela esta bem, fora de perigo, vamos fazer uma pequena cirurgia no nariz, ela quebrou algumas costela... – falou Amanda. – mais fica tranqüila que ela vai ficar bem.  Amanda deu um abraço na amiga passando-lhe conforto.     - Camila, acabou de me ligar, já esta vindo, ela passou pra pegar a Isa em casa.    - Obrigado.
Larissa logo se sentiu mais aliviada, finalmente seu amor estava livre das garras daquele criminoso. Alicia passou pela cirurgia naquela mesma manhã, logo depois ela já foi encaminhada para o quarto, Dr. Arante veio dá melhores informações da paciente, primeiro falou com a delegada, esclareceu a delicadeza do estado da vítima. Larissa recebeu  autorização para entrar no quarto, seu coração batia descompassado ao vê-la. Uma emoção tomou conta do seu peito chorou copiosamente, acariciou seu rosto, como a amava. Larissa sentia-se finalmente aliviada depois desses meses todos de tortura. Finalmente ela estava ali. Isa e Camila chegaram procuraram por Amanda.     - Como ela esta?    - Esta estável agora, passou por uma cirurgia no nariz, mas deu tudo certo, Larissa esta com ela.  As duas ficam mais aliviadas.     - O que foi amor? – pergunta Camila percebendo a preocupação de Amanda. – ela esta bem mesmo?   - Esta, mas amor, não entendo muito bem de leis, uma delegada veio aqui, ela me fiz mil perguntas, me perguntou centenas de vezes que tipo de envolvimento as duas tinham, se eram companheira, a quanto tempo.    - Como assim o que disse? – Camila se preocupou.   - Fiquei desconcertada, perguntei se era um interrogatório. Ela disse que não, mais que gostaria de falar comigo.   - Droga! – exclamou a advogada. – o que mais? – quis saber.
- Camila, a doida da Larissa disse que ela era companheira de Alicia, e eu confirmei. Camila passou as mãos pelos cabelos, ficou agitada com a informação sua mente fervilhava. Caminhou de um lado para o outro pensando.    - Qual o problema? – indagou Luiza diante da inquietação de Camila.   - O problema que Larissa deixou claro que conhece a suspeita, Larissa é uma promotora de justiça, envolvimento com esse tipo de pessoa pode colocar sua carreira em risco, entre outras coisas que não quero nem pensar.  – falou Camila extremamente preocupada. – nas ultimas das hipóteses ela pode perde tudo, tudo Luiza.  As três ficaram ainda mais preocupadas.    - Melhor irmos vê-las. – concluiu a advogada. As três foram até o quarto, tinha dois policiais na entrada que tentaram barrá-la mais Amanda conseguiu deixar que se entre.  A promotora estava sentada ao lado da cama, segurava sua mão, estava de cabeça baixa chorava baixinho nem percebeu a entrada das amigas.     - Lary! – chamou Luiza fazendo a morena levantar o rosto para encará-las.  Larissa soltou a mão de Alicia e enxugou os olhos, as duas irmãs se aproximaram.    - Ela esta bem? – indagou Camila preocupada. Larissa fez que sim com a cabeça.    - E você como esta? – Luiza apertou os ombros da amiga.   - Ela vai ficar bem, embora esteja muito debilitada devido às pancadas, não houve nada mais sério, logo, logo ela acorda. – acalmou Amanda. – bem preciso ver meus outros pacientes, não demorem muito Alicia precisa descansar.
Amanda saiu da sala. Depois de uma breve visita Luiza e Camila também foram embora. Larissa passou a noite em claro, presa na angústia e no medo. O que seria de Alicia agora, começou a pensar nas conseqüências legais que a esperava, embora ainda não sabia exatamente sobre que acusações ela responderia. Horas antes ela tinha conversado por telefone com uma amiga, consegui alguns detalhes sobre a operação. Sabia que o mandado de prisão já tinha sido expedido. Outra coisa a tirou o sono, lembrou-se do Vinicius, Camila tinha ficado de resolver. Confiava na competência da advogada. Aos poucos foi vencida pelo cansaço. A amanhã amanheceu ensolarada, os raios de sol invadiam o quarto, Alicia foi despertando, ainda cheia de dor, aos poucos as imagens vão ganhando foco, ela tenta senta-se acaba resmungando. Seu tórax estava muito dolorido e inchado. Alicia sentiu um metal frio em seu tornozelo, tenta puxar e então constata que se tratava de uma algema. Uma tristeza invade seu peito, lembranças do dia interior invadem sua mente. Raul a batera. Alicia olha para o lado esquerdo, seu coração dispara Larissa dormia na poltrona toda encolhida.     A lourinha começa a chorar, não tinha palavras para explicar o que estava sentindo naquele momento, o choro chegou ao soluço, Larissa se remexia, Alicia continuava a chorar com os olhos compenetrado na imagem da morena, sentia uma dor misturada com alívio, pensou que nunca mais fosse vê-la novamente.
Alicia não entendia como era capaz de amar tanto uma pessoa. Finalmente Larissa foi acordando, abriu os olhos, logo encontrou o olhar banhado de lágrimas da namorada, no inicio ficou sem reação, engoliu em seco, sentou-se e coçou os olhos. A morena podia sentir seu corpo inteiro tremendo por dentro, sua respiração forte, suas emoções em conflito. Amor, raiva, alívio, medo... Tudo misturado. Ela tentou se levantar, suas pernas tremiam tanto. Aproximou-se vagarosamente. Alicia tentava falar, mas o choro não permitia.     - Você vai ficar bem agora. – balbuciou a morena. Larissa buscou os olhos da mulher que a magoou, mergulhou naqueles olhos cor de amêndoas, levou sua mão até seu rosto. Seus dedos tentavam numa tentativa fracassada conter as correntes de água que dali saia. Mais aquele contato foi acalmando a lourinha, seus batimentos foram desacelerando voltando a sua atividade normal. O rosto de alicia esta muito machucado, olhos roxos, nariz quebrado. Mesmo assim não perdia sua beleza. A vontade que Larissa tinha era tomá-la em seus braços e tirar toda aquela dor. Mas a morena lembrou-se de como foi traída, isso a fez recuar. Ela deu dois passos para trás. Afastou a mão. – você foi presa na casa do seu amante – sua voz saia repleta de amargura e raiva. Alicia continuou a encarar aqueles olhos negros como a noite.    - Você vai pagar por todos os crimes que cometeu, você vai para a cadeia, cadeia – Larissa alterou a voz, estava nervosa, o olhar de Alicia a deixava desconcertada ela não parecia temer, pelo contrario, encontrava um olhar triste e apaixonado e também conformado com seu destino. Depois de logos minutos a lourinha finalmente se manifestou.   - Estou pronta para pagar o mal que causei. Mas antes preciso lhe pedi uma única coisa.
- Você não esta em condições em me pedir nada.    - Eu sei. Mas preciso.Larissa tentou demonstrar indiferença.   - Meu filho Larissa, onde esta meu filho? Larissa tirou as armaduras.    - Estamos tentando pega-lo de volta. – diante do olhar de desespero da mulher ela apressou-se a dizer – ele foi conduzido a um abrigo, Camila esta tentando tira-lo de lá.    - Não deixe lá, não o deixa.   - Calma ele não vai ficar lá, Camila esta cuidando de tudo.    - Ele é meu filho Lary, ele é meu bebê. – sua voz era repleta de desespero.   Alicia ficou muito nervosa, teve que ser medicada. A morena ficou ainda mais preocupada saiu do quarto e falou com a advogada.    - Onde você esta?   - Indo pra delegacia. Assim que Alicia tiver alta ela vai para cadeia.    - Camila...   - Eu sei, vou fazer o melhor que posso, agora peço que tenha paciência. Qualquer novidade eu te aviso.   - Tem outra coisa, o filho dela?   - Não se preocupe, já estou cuidando disso, ontem quando sair do hospital fui ao conselho tutelar, conseguir que uma tia de primeiro grau o pegasse, no início a mulher recusou mais conseguir convencê-la.    - Eu quero ficar com ele.    - Eu sei. – Camila já esperava por isso – É até bom porque a família da Alicia não que. Como disse tive que insistir muito.    - E quando vai pega-lo. 
- Bem marquei as dez. assim que sair da delegacia vou buscá-la em sua residência.    - Irei com você.    - Larissa. – tentou contestar.   - Eu irei com você. – falou decidida.Camila sabia que não conseguiria fazer a promotora mudar de idéia.   - Esta bem, assim que sair da delegacia passo no hospital e daí vamos buscar a mulher.  Camila chegou à delegacia, falou com uns oficiais depois foi até a sala da delegada.     - Bom dia!   - Bom dia. – respondeu à delegada.   - Sou Drª Camila Lafaiete advogada da senhorita Maria alicia Soares Albuquerque.  A delegada olhou Camila da cabeça aos pés. Com ar de desdém.    - Sei. Dra. Couto é rápida em!– ironizou a delegada.Camila ignorou a ironia. Manteve a compostura e prosseguiu.    - Sobre quais acusações minha cliente esta sendo acusada?A delegada pegou umas folhas. Sua voz saia forte.   - Sua cliente vem sendo investigada a muito tempo, ela é suspeita de tráfico de entorpecente, lavagem de dinheiro, sonegação de imposto...  Camila escutava com muita atenção, avaliou a investigadora, traçou um perfil superficial, depois de ela terminar a advogada. Disse.    - A fiança? – falou solicita. A delegada olhou meio que sem entender.   - A senhora entendeu o que disse doutora, não sei onde a senhora fez sua faculdade mais até onde sei trafico de entorpecente e crime inafiançável.
  - Estou bem a par da lei doutora, porém a senhora alega que minha cliente foi presa numa boca de fumo. Porém segundo os autos, minha cliente foi encontrada desacordada, machucada, nunca casa que supostamente é tida como ponto de negociação criminosa. Entretanto não foi encontrada com nenhum tipo de droga.  A delegada se remexeu na cadeira. Rosto ficava vermelho, Camila falava calmamente e com segurança. No final da conversa ela saiu da sala, escondendo o riso por dentro. A delegada bateu com os punhos na mesa.    - Essa pivete que brincar de advogada – xingou.     Camila pegou o carro e foi encontrar com Larissa, contou-lhe como tinha sido na delegacia, embora ambas não ficasse tão alegre elas, mas que ninguém sabia que as coisas não seriam tão fáceis. Chegaram onde Dona Felícia tinha marcado.  Felícia era uma mulher de meia idade irmã da mãe de Alicia uma mulher muito amarga e interesseira, cuidou da sobrinha quando a mesma veio para Recife em sua adolescência, a tratava com muito desprezo e a fazia de empregada, gostava de alem de maltratar mais dava muitas surras na lourinha seja qualquer motivo. Alicia tinha muitas magoa da tia, ambas deixaram de se falar depois que ela se envolveu com Raul. Alicia foi expulsa apenas com a roupa do corpo. Camila custou convencê-la a pedi a guarda do menino. Seu grau de parentesco era favorável. Logo Camila reconheceu a mulher em pé em frente à galeria.     -É aquela ali. – mostrou Camila.
As duas desceram do carro e foram em direção a mulher Larissa a observou. A mulher tinha uma cara amarrada, era de altura mediana, magra, tinha os cabelos loiros e lisos, como os da sobrinha, seus olhos eram verdes, usava um óculo de lentes grossas. Camila a cumprimentou cordialmente.     - Bom dia dona Felícia.   - Bom dia. – disse áspera.Larissa observou devia ser de famílias ambas era muito parecido e a descendência dos avos alemã se mostrava presente em seus traços.    - Essa aqui é Larissa, amiga da sua sobrinha ela vai ficar com o Vinicius.  - Vamos logo que tenho o que fazer. – não quis cumprimentar a morena.    Larissa e Camila se entreolharam. As três entraram no carro e seguiram para o conselho tutelar. Depois de horas finalmente Felícia consegue a guarda temporária do menino. Vinicius e trazido por uma funcionária do abrigo, o menino esta vestido com um short e uma camiseta. Ele estava muito arredio. Chorou muito ao ver aquelas três mulheres estranha. Se agarrar nas perda da funcionaria.    - Hey vamos ver a sua mãe. – falou Larissa. O menino a encarou parecia duvidar. Mas o fato de escutar o nome da mãe aguçou sua curiosidade.      Depois de muito custo ela conseguiu convencê-lo a ir com elas. Assim que chegaram perto da casa de dona Felícia a mulher falou.    - Pronto doutora fiz o que pediu agora é sua vez cumpri o trato.
Larissa não entendeu muito bem o teor daquela conversar. Camila olhou envergonhada. Pegou no porta-luvas um envelope e entregou a mulher. Ela abriu sem constrangimento algum, contou o maço de dinheiros nota por nota, a mulher tinha um sorriso na face.    - Ta certinho, vou ficar por aqui mesmo doutora. – disse já abrindo a porta ante de sair virou-se e disse. – você não deveria gastar dinheiro com aquela sujeita, ela não vale nada uma ingrata. – depois se virou para Larissa ficou boquiaberta com a situação - E você não finja ser amiga dela, sei bem que ela virou sapatão. – suas palavras saíram pura de preconceito, seu olhar era de repulsa - Se fosse você aproveitava que ela vai pra cadeia e se livrava logo daquele encosto.  Larissa serrou os dentes de raiva. Camila pra mediar à situação falou.    - Bem se já temos o que queremos e você tem o que quer.   - Até doutora. Até.    A mulher saiu saltitando de felicidade. Larissa colocou Vinicius no banco e apertou bem o sinto de segurança, saiu do carro e sentou-se no banco da frente Camila deu partida no carro.     - O que significa isso? – Larissa tentou conter a irritação na voz, devido o menino que estava no banco de trás.    - Foi o único jeito. – defendeu Camila.   - Como assim único jeito.
- Larissa você sabe como funciona esses processo na vara da infância, Alicia esta respondendo processo, O juiz não ia dá a guarda do menino pra você, esse processo iria demorar meses, e ele ia ficar num abrigo, o mais viável seria uma pessoa da família, por sorte conseguir localizar essa mulher.   - Uma oportunista. Preconceituosa. – falou indignada.   - Tia em primeiro grau de Alicia, ela sim poderia requerer com facilidade a tutela do menino.    - Você a subornou! – questionava.   - Larissa esse foi o único jeito, por ela ele ficaria naquele abrigo, ela não tem consideração alguma por Alicia. Ela foi categórica disse que so faria isso se déssemos dinheiro. Larissa balançava a cabeça indignada.   - E quanto foi?   - Cinco mil reais. A morena nada mais falou. Camila dirigiu até o apartamento da amiga.     - Bem preciso ir ao fórum.   - Esta bem qualquer novidade me liga.    - Se precisar de ajuda com o guri é so avisar. Larissa olhou pro Vinicius e sorriu.    - Não deve ser tão difícil cuidar de uma criança.   - Se fosse você não teria tanta certeza – intimidou a advogada em tom de brincadeira.    - Até logo. Larissa desceu do carro e pegou Vinicius pela mão, o menino tinha certa resistência. 
- hey – agachou – não quer ver sua mamãe? – o menino balançou a cabeça em sinal positivo. – então a tia vai te levar lá pra casa, depois sua mãe chega.   - Quero mainha. – disse com a voz de choro.     Larissa compadeceu do menino, pegou ele no braço e o levou para casa. Vinicius estava cabisbaixo, seus olhos ficaram decepcionados ao ver que sua mãe não estava, o menino começou a chorar a chamando. Larissa ficou nervosa com a situação, não tinha muito jeito para criança, tentava acalmar mais sem muitos resultados, sua empregada notou o desespero da patroa e a falta de jeito aproximou-se do menino, logo conseguiu acalmá-lo. Ele estava sentado na cozinha, ela tinha preparado uma comidinha para ele que parecia faminto.    - Como você conseguiu? – indagou à promotora.  - Quatro filhos dona Larissa. – falou a mulher enquanto lavava a louça. – o mal dele era fome, de onde a senhora tirou esse menino em?   - Ele é filho da Ruth lembra-se dela?   - Claro dona Ruth tão boazinha ela, nunca mais veio aqui.   - O nome dela não é Ruth, Severina é Alicia, ela se chama Alicia, a chame assim agora, por favor. Ela esta hospitalizada. Seu filho estava num abrigo por isso o trouxe pra cá.    - Bichinho esses lugares não são para criança. Vou da um banho nele. Dona Tereza tem um menino acho que da idade dele vou ver se consigo uma roupinha emprestada.    - Não de forma alguma.   - Ele ta todo sujinho dona Larissa, aqui não tem roupa de criança, dona Tereza e boazinha sempre me dá umas roupinhas pro meu menino tenho certeza de que ela não vai se incomodar.    - Não Severina eu vou providenciar algumas roupas.
   Vinicius estava distraído realmente parecia faminto, comeu o pedaço de bolo e ainda pediu mais. Larissa observava o menino, buscava semelhança em Alicia, embora a pele morena, os cabelos encaracolados seus cachos cai aos olhos, o menino era lindo, tinha o queixo da mãe, o formato do rosto bem afilado.     - Dona Larissa posso pergunta uma coisa?Larissa despertou a transe e olhou para sua secretaria do lar.   - Diga.   - esse menino vai morar aqui? – a mulher não queria ser mexeriqueira, mais estava muito curiosa sempre foi muito bem tratada pela namorada da patroa, Ruth sempre perguntava pelos seus filhos chegando até lhe dá presente, quando ela ficava na casa da Larissa elas muitos conversava, Severina era uma mulher de meia idade tinha seus cinqüentas anos, trabalhava na casa de Larissa desde que a morena chegou para mora em recife, era de extrema confiança tinha sido trazida de Natal junto com a família. Dona Laura que a tinha escolhido para cuidar de sua filha.    - Vai sim, de hoje por diante essa será a casa de Vinicius.   - A dona Alicia também?      Larissa encarou a mulher, uma pergunta difícil, não sabia ainda ao certo. Agora diante daquela situação não sabia nem o que fazer. Ela não respondeu à pergunta. Severina também não insistiu. O menino terminou de comer. Mesmo de contra gosto a morena aceitou que a empregada pegasse roupa emprestada, Larissa mesmo quis dá banho no menino, Severina acompanhava o embaraço da mulher chegando a brincar.    - Não esquente não logo a senhora aprende.

Larissa sorriu. Seus olhos não conseguia desgrudar do Vinicius, ela não acreditava que estava com o filho de Alicia ali em sua casa, só em saber que aquele menino tinha o sangue da mulher que tanto amava dava uma alegria fora do comum. Falar em Alicia, a promotora ligou inúmeras vezes para o hospital para saber seu estado de saúde, segundo os médicos ela estava bem. Amanda também lhe contou que a delegada também tinha estado lá, pelo que percebeu tinha pressa em que ela tivesse alta. Embora Alicia estivesse se recuperando ainda não podia ser submetida a um interrogatório, os médicos alertaram que seu estado emocional ainda era muito delicado. Depois do almoço Larissa precisava fazer uma coisa, então ligou para sua amiga.    - Oi!   - Oi boa tarde! – cumprimentou a promotora.    - Como você esta? – indagou Luiza - Estou ligando para Camila mais ela não me atende, falei com Amanda ela disse que Alicia esta bem.   - Falei com ela horas atrás, e a Camila esta no fórum. Isa preciso de sua ajuda.   - O que foi? – a lourinha percebeu certo nervosismo na voz.   - O filho da alicia esta aqui em casa.   - Sério?   - Camila conseguiu por hora ele vai ficar comigo.Luiza ficou em silêncio.   - Bem estou ligando é porque ele tava num abrigo, o trouxe pra cá sem nada.    - Você esta precisando de alguma coisa?   - Na verdade estou precisando de tudo, não sei do que comprar. Ele ta vestindo uma roupa emprestada que Severina arrumou com uma vizinha. Luiza sorriu.
- Você quer que eu arrume umas roupinhas pra ele? Mais o João é muito grande certamente suas roupas não cabem no menino.   - Não Luiza precisa comprar umas coisas pra ele, mas não sei o que, nem aonde ir. – disse meio envergonhada – você tem dois filhos deve saber, ia pedir a Camila mais ela esta tão ocupada que não tenho nem cara. Ela já esta fazendo tanto por mim, que nunca conseguirei agradecê-la a altura.    - Não tem o que agradece Lary, você é mesmo que minha irmã e Camila a considera assim também, somos uma única família e não esqueça tenho uma divida eterna com sua família também. Mais nada de agradecimentos, bem passo ai daqui a pouco para irmos às compras, quantos anos ele tem?   - Quatro anos acho.Luiza sorriu.   - Idade da Vitória acho que vou levá-la pra fazer companhia a ele.   - o nome dele é Vinicius. Ele é tão lindo.   - eu sei boba, esqueceu que já o vi. Bem daqui à uma hora passo ai.    - Esta bem. – disse agradecida.  Uma hora depois Luiza estaciona em frente ao prédio da amiga, Larissa e o pequeno Vinicius já a aguardava.    - Hey garotão. – Isa se agauchou para cumprimentar o menino.    - Bença titia, - gritava vitoria toda alegre ao ver a tia. Larissa encheu a menina de beijos que sorria.    - Deus te abençoe. – falou.  
Luiza tirou a menina da cadeirinha e a colocou no chão Vitória sempre foi uma menina muita agitada logo se aproximou do menino.  Vinicius tímido se escondia atrás das pernas de Larissa.     - Vinicius – chamou Luiza, - vem cá.Vinicius se escondia ainda mais. Vitória sorria.  - Ele ta se escondendo mamãe Isa. – dizia a menina debochando.Luiza o pegou com a mão. Deixou os dois diante um do outro.    - Filha esse aqui é Vinicius, ele é filho da tia Ruth.     Vitória abraçou o menino de imediato. Vinicius acabou cedendo ao abraço. Depois Luiza os colocou nas cadeiras no banco de trás.  Larissa sentou-se no banco da frente e ambas seguiram para o shopping. Vitória era uma menina muito tagarela, puxava assunto com Vinicius o menino tímido não respondia muitas coisas mais a menina insistia, Luiza e Larissa não agüentava e gargalhava com a tagarelice da menina.    - Não puxou a mim pode ter certeza – dizia a médica.  – o gênio todo da Duda.    - A desculpa e sempre essa, o João Gabriel também não fica muito atrás não, Camila disse que ta com uma namoradinha.    - Há nem me fale. – falou – aquele menino meu deus, nem idade têm. E a Duda o incentiva. 14 anos. Não tem idade para namorar não, so é um menino.   - Isa você reclama da Duda mais é mais ciumenta que ela. Principalmente com seus filhos.
- Não é ciúme são cuidado, eles crescem muito rápido, logo você saberá o que é isso. Logo saberá.     Larissa nada falou com o comentário da amiga, olhou para o Vinicius. O observou. Nunca imaginou naquela situação, nunca se viu mãe, mas agora o destino estava lhe dando tantas provas, primeiro Alicia, que chegou para causar um reboliço. Larissa que sempre fazia questão de ter uma vida equilibrada, regrada de regras, planejamentos, mas agora tudo havia mudado, seu futuro era incerto, não tinha mais o controle de seu destino, havia saído do eixo. – Vinicius – falou em pensamento Larissa sentia um misto de sentimentos dentro de si, tinha medo, mais o mesmo medo lhe dava força afinal ele é filho dela, tinha que protegê-lo, ele parecia ser tão dócil. Finalmente ele foi se soltando em poucos minutos Vitória conseguiu conquistar sua confiança.     - Impressionante a inocência deles não é? – falou Luiza despertando Larissa de seus devaneios. A morena voltou à visão para a amiga.    - Ele esta conversando com ela, nem parece que faz poucos minutos que se conheceram.  
  A menina contava com entusiasmo sobre seu colégio, seus primos. Vinicius falava sobre sua vovó, em alguns momentos falou de sua mamãe, as palavras do menino saia carinhosa o que emocionou a morena. Pela janela a menina reconheceu o lugar e ficou eufórica de alegria. As compras foram muito divertidas, Larissa passava por uma experiência única, a companhia daquelas duas crianças lhe trazia um sentimento desconhecido, Luiza levou a morena em todas as lojas que costumava comprar roupa para os filhos. A morena não economizou comprou muitas roupas. Eles seguiam para a praça de alimentação, Vinicius e Vitória seguiam um pouco a frente às duas crianças corriam e brincavam, até que algo chamou a atenção do pequeno Vinicius, o menino parou diante uma vitrine, numa loja de material esportivo. As duas mulheres seguiam sem perceber.     - Vamos. – chamou Larissa, sem perceber o que o menino olhava.     Vinicius era uma criança muito educada, tinha uma educação muito regrada, sempre foi ensinado a não pedi nada na rua, muito menos com desconhecido. Seus olhinhos brilhavam ao ver o pequeno leão do time que tanto amava. Olhou pela ultima vez e caminhou até Larissa pegando sua mão conformado, o menino seguia de cabeça baixa.     - Larissa. – chamou Luiza ainda parada segurando a mão de Vitória e algumas sacolas.   - O que foi?
  - Ao contrario de Vitória, Vinicius se comportou muito bem não acha? – disse com um riso na face, a morena ainda não tinha entendido. – e quando uma criança se comporta tão bem merece um premio – disse Luiza fazendo sinal para que ela olhasse para vitrine que o menino tanto olhava. So então que Larissa olhou para vitrine com mais atenção. A morena começou a ri.    - Vem cá Vinicius. – chamou Luiza entrando na loja.     O menino soltou a mão de Larissa e correu, todo feliz, foi então que a morena entendeu.  A lourinha pediu para ele escolher um presente, o que já era de se esperar ele escolheu um urso de pelúcia o leão com a camisa do time.  - você tem alguma camisa no tamanho dele, perguntou à lourinha.- temos sim senhora, temos também pijamas... Luiza acabou presenteando o menino com algumas peças de roupa personalizada com o time, o problema que depois que ele vestiu o pijama para experimentar o menino não quis tira-lo mais, não teve argumento algum que conseguiu convencê-lo, Vitória tentava inibi-lo rindo por esta de pijama, mais o menino parecia ignorar, seus olhinhos brilhava de tanta felicidade.    - Deixa. Vamos levar. – disse Luiza.Larissa achava engraçada aquela situação, Vinicius andava pelo shopping todo orgulhoso, sem se importa com o deboche da amiga, depois das compras eles lanchar logo em seguida foram brincar no parque de diversões.   
  - Ao contrario de Vitória, Vinicius se comportou muito bem não acha? – disse com um riso na face, a morena ainda não tinha entendido. – e quando uma criança se comporta tão bem merece um premio – disse Luiza fazendo sinal para que ela olhasse para vitrine que o menino tanto olhava. So então que Larissa olhou para vitrine com mais atenção. A morena começou a ri.    - Vem cá Vinicius. – chamou Luiza entrando na loja.     O menino soltou a mão de Larissa e correu, todo feliz, foi então que a morena entendeu.  A lourinha pediu para ele escolher um presente, o que já era de se esperar ele escolheu um urso de pelúcia o leão com a camisa do time.  - você tem alguma camisa no tamanho dele, perguntou à lourinha.- temos sim senhora, temos também pijamas... Luiza acabou presenteando o menino com algumas peças de roupa personalizada com o time, o problema que depois que ele vestiu o pijama para experimentar o menino não quis tira-lo mais, não teve argumento algum que conseguiu convencê-lo, Vitória tentava inibi-lo rindo por esta de pijama, mais o menino parecia ignorar, seus olhinhos brilhava de tanta felicidade.    - Deixa. Vamos levar. – disse Luiza.Larissa achava engraçada aquela situação, Vinicius andava pelo shopping todo orgulhoso, sem se importa com o deboche da amiga, depois das compras eles lanchar logo em seguida foram brincar no parque de diversões.   
- O que esta sentindo? – indagou Isa a morena enquanto elas observavam as crianças brincarem.   - Eu não sei... Nunca senti isso antes...   - Difícil definir o que sentimos não é, lembro da primeira vez que vi meus filhos, você se lembra?   - Lembro que á grande custo conseguir te convencer.   - Nunca recuperei a memória Larissa, esses anos todos que se passaram. Mas você me deu a chance disso. – ela olhou para Vitória. – devo isso a você e eu sei disso. Nunca teria dado uma chance a minha mulher e a meus filhos se você não tivesse me feito olhar com o coração.  Larissa permanecia calada. Luiza colocou a mão em seu ombro. Suas palavras saíram reconfortante para o coração de Larissa.    - Alicia esta lhe dando uma chance de você provar um dos maiores sabores da vida. E você sabe disso. E eu sei que você já agarrou essa chance com unhas e dentes.    - Eu tenho medo. Eu não sei se sou capaz.    - Agente nunca sabe se é capaz. Você vai ri, vai chorar, se preocupar, ter raiva muitas vezes, mais quando ver aquele rostinho de felicidade, de inocência, você vai ter certeza que tudo vale a pena. Larissa sentiu uma imensa saudade de Alicia, como a amava, e viu Alicia no Vinicius e isso so aumentava seu amor. As duas se abraçaram com carinho, as horas passaram que nem perceberam já era tarde, Luiza deixou os dois em casa.
  - Lary, se você quiser deixa ele lá em casa amanhã para resolver as coisas, fique à-vontade. É até melhor porque ele tem a Vitória e também tem o Mateus nas quinta feira eu costumo pega-lo depois do judô e o levo lá pra casa. Vai ser bom pra ele ficar com outras crianças da idade dele.   - Obrigado vou pensar qualquer coisa te aviso.    - Esta bem. As duas se despediram. Vinicius também se despediram de Vitória e desceram do carro. Um funcionário do prédio ajudou-os com as compras. O menino estava contente falava muito. Parece ter esquecido a mãe. O que aliviou Larissa por um tempo. Ao entrar no apartamento Severina a esperava.    - Ainda aqui? – surpresa com a presença da empregada.   - Estava esperado a senhora, para ajudá-la com o menino. Fiz uma comida pra ele.   - Obrigado Severina, comprei umas coisas amanhã você arruma no quarto que fica ao lado do meu. Severina a ajudou com as sacolas. Depois arrumou o quarto para o Vinicius.   - Eu arrumei o quarto pra ele.   - Obrigada. Severina deu banho em Vinicius e o arrumou, colocou um pijama que Larissa tinha comprado, já que o de Luiza estava sujo com sorvete, o menino protestou mais a mulher acabou o convencendo de usar o limpo.     - Dona Larissa eu já vou, deixei uma mamadeira pronta antes dele dormi a senhora dá a ele. Fui ao mercado e comprei uns iogurtes, biscoito essas coisas que criança gosta, passei no cartão que a senhora deixa pras compras. Amanhã chego cedinho.   - Obrigado viu! – Larissa abraçou a secretária com carinho, depois de lhe da o dinheiro do taxi ela foi embora.  Agora estava ali, sozinha com uma criança de quatro anos que via TV. Vinicius parecia distraído vendo desenho num canal de TV paga. Larissa o observou. Passara horas tão agradáveis. Consultou o relógio estava tarde. Se se aproximou do garoto e sentou-se ao seu lado.
- Hey rapazinho já esta na hora de dormi. – informou a morena, o menino lhe encarou. Balançou a cabeça em sinal de negação.   - Mainha? Quero mainha.   - Então vamos dormi amanhã eu o levo até onde esta sua mãe.    Vinicius olhou desconfiado, insistiu queria a mãe a todo custo, a situação estava ficando tensa, Larissa não sabia o que fazer os olhos do menino já enchiam de água, o choro não tardou a vim. Vinicius estava assustado tinha passado por momentos muitos difíceis nos últimos dias, o menino chorava copiosamente, a morena tentava acalmá-lo.      Larissa caminhava de um lado para o outro com ele nos braços Vinicius agarrava o pescoço da morena com força, seus ombros estavam encharcado com o choro do menino. Aquela situação durou quase uma hora. Um pouco mais calmo e sendo vencido pelo sono finalmente a morena conseguiu acalmá-lo, o colocou no quarto que tinha mandado arrumar para ele, ficava ao lado do seu. O menino pediu o novo ursinho que tinha ganhado um leãozinho do seu time de futebol. Larissa ficou velando o sono do pequeno, aquele momento novas emoções foram sentindo, Vinicius parecia ser uma criança muito amável, mais logo se via que passara por muitas tristezas. Ele já cochilava, chupando seu dedo e com o ursinho. A morena pensou que já tinha dormido. Saiu sorrateiramente para não acordá-lo. Sentia-se cansada. Não sabia definir suas idéias, já em seu quarto tomou um banho gelado, se preparava para dormi. Mais uma vez escutou os gritos do garoto no quarto ao lado, correu. O menino chorava suas pernas movimentava em sinal protesto.
- O que foi? - Perguntou à morena preocupada o menino correu se agarrando em suas pernas, chorando. Seu clamor era primeiro por sua bisavó, Vinicius tinha o desespero na voz, clamava por sua presença, Larissa ficou tão tocada que foi impossível evitar as lágrimas que chegaram para lhe fazer uma visita. Logos os gritos chamaram pela mãe. Larissa abraçou o menino queria tirar aquela angustia do seu peito, tão pequenino.     - Mamãe ta dodói, foi para o médico, mais amanha eu o levo eu o prometo.- mainha, mainha... Diante do choro do menino a morena foi ficando nervosa, nunca tinha passado por coisa semelhante, não sabia como acalma-lo, num ato de desespero ela o pegou nos braços, primeiro ficou andando pela casa oferecendo tudo para que ele se acalmasse, sem muitos resultados ela o levou pro seu quarto, o sentou na cama, de forma atrapalhada ela tentava lhe explicar a situação, o menino com os olhos lacrimejando insistia.    - Mamãe... – chamava choroso.  Larissa soltou o ar com força, passou as mãos pelos cabelos, o menino continuava a olha-la, ela então não viu alternativa pegou o telefone e ligou para Amanda, porem a médica não estava de plantão naquela noite. Ela instruiu Larissa procurar por Dr. Paulo. O doutor atendeu, no inicio teve resistência alegava que a paciente já estava dormindo, mais a promotora insistia o homem acabou cedendo. Ele passou a ligação para o quarto de Alicia.     - Espera so um minutinho que você vai falar com sua mãe. – disse a mulher.
   Alicia tinha o sono muito leve, logo despertou com uma enfermeira lhe chamando.    - Desculpe senhora, mas Dr. Paulo pediu para acorda-la, tem uma ligação da srª Larissa ela deseja falar com a senhora com urgência.  Ela levantou de sobre salto preocupada, logo pegou o telefone do gancho.     - Alô Larissa! O que houve?     A enfermeira lhe deu licença mais pediu que não demorasse, pois ela precisava descansar. Ela apensar lhe respondeu com um sinal com a cabeça.    - Oi o que houve? – tinha preocupação na voz.Larissa sentiu seu coração bater tão forte. Sua voz saia pausada.   - Como você esta?   - Estou bem, o que houve? Aconteceu alguma coisa?    - Não exatamente.   - Fala logo Larissa estou ficando com medo. É com meu filho, Raul esta com meu filho? Larissa percebeu a aflição na voz da mulher resolveu contar logo.   - Não. Camila conseguiu que eu ficasse como o Vinicius, ele esta aqui comigo. Alicia ficou cheia de emoção, um alívio tomou conta do seu corpo, seu filho estava a salvo. Sua voz já saia embargada.
- Ele esta aqui em casa comigo, Alicia o Vinicius esta muito agitado ele tem passado por momentos muito traumáticos, a assistente social esta preocupada, o indicou um psicólogo infantil, mais isso agente resolve quando você tiver em casa. – Larissa calou-se imediatamente, agora percebeu o que acabara de dizer, tentou retroceder em suas palavras, Alicia sentiu um misto de esperança. A morena então mudou de tom – ele quer falar com você, o menino não consegue dormi.    - Me deixa falar com ele deixa. – pediu.  Larissa colocou o telefone no ouvido de Vinicius que o segurou com suas mão ele parecia ansioso.     - Mainha... – disse com a voz rouca tinha chorado muito.   - Oi filho. Mainha ta com tanta saudade de você. – Alicia sentiu grande emoção ao escutar a voz do filho, automaticamente suas lágrimas já invadiam a face.   - Mainha... – o menino começou a falar, Larissa observava tudo, ele contou tudo que tinha feito com Larissa, seu jeito tão bem explicado deixou à promotora abasbacada, não parecia ser um menino de quatro anos falando, contou com entusiasmo sobre a nova amiguinha que tinha conhecido. No fim de quinze minutos o menino devolve o telefone a promotora.    - Mainha quer falar com a senhora. – disse estendendo o telefone.   - Obrigado – pegou o telefone da mão dele - Oi.   - Ele vai ficar mais calmo. Larissa nada em absoluto vai pagar o que você esta fazendo por mim. Obrigado. Vinicius é a única coisa boa que me restou, o que me mantem viva.    - Não faço por você. – falou tentando demostrar frieza.    - Mesmo assim obrigada. – falou humildemente.   - A amanhã o levarei pra vê-la.   - Obrigado amor. – a lourinha já não conseguia fala, sentia-se tão agradecida que lhe faltou às palavras. 
   Larissa deu um suspiro de tristeza. Logo em seguida desligou o telefone. Para sua surpresa Vinicius tinha se acomodado na cama da morena, com um dedo na boca e o outro agarrado ao leãozinho. Ela sorriu. Não sabia bem o que fazer, ele parecia tão mais tranqüilo que não ousou em leva-lo de volta para o outro quarto.    - Quer dormi comigo? – indagou com a voz tão doce.     Ele balançou a cabeça em sinal positivo. Então ela levantou-se fechou a porta do quarto, arrumou a cama e deitou-se ao lado dele que rapidamente foi se aconchegando em seus braços, Vinicius tinha um gesto muito peculiar, Larissa lembrou-se a sua própria infância, o menino colocou o ursinho entre ele e a morena, deitou de frente pra ela com um dedo na boca a outra mãozinha foi de encontro com a orelha da morena, ela riu o menino mexia na ponta de sua orelha, aquele gesto encantou ainda mais a promotora. Aos poucos ele foi pegando no sono. Até adormece por completo. Ao contrario da promotora que não conseguiu dormi naquela noite foram muitas coisas para um só dia, seus olhos necessitava olhar aquele rosto angelical, a morena buscava semelhança de Alicia, se perguntando como podia se encantar com uma criança em tão poucas horas. Mais ela já sabia o motivo, amava Alicia, mesmo sem querer a amava, e ali estava o fruto da verdadeira essência daquela mulher que a fez tão mal. Naquele menino corria o sangue da mulher que amou e sabia que iria amar até o fim dos seus dias. E so por esse fato já a deixava apaixonada por essa criança. No passa das horas foi entregue ao sono.
Na manhã seguinte a morena acorda o menino ainda dormia, Larissa levanta-se com cuidado para não despertá-lo. Olhou para aquele rostinho angelical, dormi ao lado daquele anjinho trouxe uma tranquilidade a promotora, sua aparência parecia mais descansada concluiu ao ver sua imagem no espelho, depois de fazer sua higiene matinal a morena segue para cozinha, sua barriga dava sinal de fome.     - Bom dia! – cumprimenta Larissa.   - Bom dia. – falou a mulher – dona Larissa cadê o menino? – Larissa então percebeu a preocupação na voz da mulher.   - Ele esta em meu quarto. – disse enquanto abria a geladeira pegando uma fruta.   - afz! Que susto quando cheguei não o vi. Pensei que ele tinha ido embora.   - Não Severina – virou-se para encarar a mulher - ele chorou muito ontem à noite, chamava muito pela mãe.   - Quem?   - Alicia/ Ruth. Severina o nome da Ruth é Alicia, Alicia é a mãe do Vinicius, não a chame de Ruth na frente do menino pare ele não ficar confuso, seu verdadeiro nome é Alicia. – Larissa encarou seria a empregada. A mulher então concordou.   - Tá certo.    - E quando dona Alicia vem pra cá?   - Não sei ainda.  Larissa desviou da conversa pegou uma maça e foi até a sala, ficou na varanda olhando o mar do outro lado da avenida, logo em seguida resolveu tomar um banho enquanto a secretaria preparava a mesa pro café da manhã, Vinicius ainda dormia, tinha tido uma noite muito angustiante, por sorte Alicia mesmo por telefone parecia ter conseguido acalmar o garoto. Meia hora depois a morena repara um par de olhinhos lhe observando enquanto escova o cabelo. Vinicius continuava deitado na cama olhando para a mulher. Larissa abriu um sorriso ao olhá-lo.
- Bom dia. – aproximou-se do menino lhe depositando um beijo na testa.  Vinicius a respondeu com um abraço carinhoso. A morena se derreteu com o gesto do garoto, seus dedos penetravam nos cabelos encaracolados do menino, a morena inalava com força seu cheiro.  - Cadê mainha? – perguntou o menino. A morena se afastou um pouco dele. Buscou seus olhos. - Vou leva-lo para vê-la. Mas antes vamos escovar os dente, tomar um super. Banho, depois do café eu te levo, esta bem? O menino fez que sim. Vinicius era uma criança muito obediente o que impressionava Larissa, a morena o ajudou a escovar os dentes, depois os dois foram tomar café. - Severina ligar a tv, por favor. – pediu a mulher enquanto degustava de seu café da manha com o futuro enteado na cozinha.  Larissa quase engasgou com o copo de achocolatado, o rosto de Dr. Aguiar apareceu na televisão, uma declaração bombástica para a promotora. O homem foi enfático afirmou que alguns suspeito do sequestro da promotora de justiça Larissa Couto já estava sobre custodia. Porém não podia dá mais detalhe porque o processo corria em segredo de justiça. Larissa por pouco não deixou seu copo cair, seu coração batia tão acelerado que chegava a doer. Uma angustia foi tomando seu peito. Preocupada ela levanta-se as pressas, pega o telefone. Camila estava saindo de casa, não tinha visto ainda a declaração do delegado. 
- Bom dia. – fala a advogada.   - Você viu?    - O que? – Camila estranhou a falta de cordialidade da promotora.    - Você viu o noticiário.   - Larissa do quê você esta falando, dá pra me dizer. – pediu toda confusa.   - Dr. Franco, o delegado responsável pela investigação do meu sequestro ela acabou de da uma declaração na imprensa, afirmou que já havia prendido alguns suspeitos do meu sequestro.   - Como assim, - perguntou enquanto entrava no carro. – estou indo colher umas informações que pode ser importante pro nosso caso.     - Camila, você escutou o que disse.  Camila finalmente parou e respirou fundo, soltou o ar com força.      - Larissa você sabe como funciona, até agora eles não tem elemento o suficiente para prender Alicia, até onde sei não tem nenhum suspeita sobre ela sobre o seu sequestro. Você é parte interessada desse processo, você não acha que se o delegado tivesse chegado a Alicia você estaria na delegacia prestando depoimento. O processo que envolve Alicia é outro. – concluiu.Larissa ficou calada por uns minutos, parecia pensar.   - Fique tranquila. – a advogada tentava acalmar a amiga.   - Não é bem assim Camila... – Larissa parecia com medo, era perceptivo em sua voz.   - Eu entendo sua aflição, mais quero que entenda, eu sou a advogada de Alicia, eu. Então por favor, mantenha afastada do caso.   - Como?   - Larissa, o que quer? ser relacionada a essa sujeira toda. Pense em sua carreira. Larissa calou-se, sabia que Camila tinha razão.   - Não se preocupe. Vou fazer o possível para que ela não vá presa. – finalizou a conversa dando partida no carro e saindo.
Enquanto isso... Horas antes.     - Difícil vai ser aquela doutora deixar agente chegar perto dela, parece que elas têm algum laço não sei bem. – falava a delegada Maria.   - Meses procurando esses bandidos - resmungava Doutor Franco.     Dra. Maria conduzia as investigações e a apreensão dos suspeitos, tinha forte indicio de que Alicia era chefe da quadrilha, porém o juiz não aceitou o pedido de prisão preventiva alegando que os autos não tinham prova o suficiente para indiciá-la. A notícia deixou à delegada e o promotor muito aborrecido, durante toda investigação do ministério público tudo levava a crer que a mulher era a cabeça, ela que coordenava toda operação, todo patrimônio do traficante encontrava-se em seu nome. Contas em paraíso fiscais, mansão em diversos estados brasileiros, entre outras coisas. Mesmo assim o juiz negou o pedido de prisão preventiva. Camila trabalhava arduamente tentando evitar que a estudante fosse presa, so que ela não contava com uma surpresa que deu uma reviravolta nas investigações. Na madrugada da quinta feira a superintendência da policia federal recebe uma denúncia anônima, o delegado Dr. Franco ficou boquiaberto. Logo entra em contato com a delegada Maria que fica eufórica. Diante de tal circunstância o juiz expede um mandado. Com o documento na mão o homem segue para o hospital, não queria perde mais nenhum segundo, estava certo da culpa da mulher. Ao chegar o homem e outro policial perito caminha a passos largos, era madrugada ainda, logo chegou ao quarto da suspeita.     - Preciso entrar. – falou o delegado a enfermeira se colocou em sua frente.   - Infelizmente ninguém esta autorizado a entrar é ordem do médico. – disse a enfermeira. Que tinha acabado de trazer a medicação da paciente.   - Eu tenho um mandado. – afirmou o delegado.    - Espere um instante que vou chamar o médico.
A enfermeira saiu. Minutos depois o médico voltou.    - Bom dia! – cumprimentou. Consultado o relógio eram 04h40min da manhã.   - Bom dia, preciso ver sua paciente.   - Já falei que no momento seu estado ainda é delicado, não pode se submeter a um interrogatório. – falou o médico.   - Temos um mandando, não vamos falar com ela queremos apenas uma amostrar de DNA.    O médico não tinha mais argumento, olhou atentamente o papel, depois lhe deu passagem o delegado e um perito entrar no quarto, o médico entrou logo atrás. Alicia já tinha se acordado sentia muita dores e tinha chamado à enfermeira que tinha acabado de lhe dar um remédio. Seu corpo estava muito dolorido, seu abdome muito inchado.    - Bom dia – falou o homem.    Alicia sentiu o sangue congelar, seus olhos reconheceram o homem que acabara de entrar, já o tinha visto inúmeras vezes na televisão, era o homem responsável pelas investigações do seqüestro de Larissa. Um filme passou rapidamente em sua cabeça, lembrou-se das declarações dele.  Ele aproximou-se de sua cama. Foi logo falando.    - Sei que a senhora ainda não se encontra bem mais preciso colher algumas amostras.  O homem fez sinal para o perito que se aproximou.    - Com licença senhora, em poucos segundos estará liberada. O homem abriu a maleta e tirou um tubo onde tirou uma paleta para colher um pouco da saliva de Alicia. A lourinha mal conseguia se mover estava muito tensa, seu olhar a denunciava. Assim que o perito saiu o delegado aproximou-se ainda mais intimidando a mulher.     - Como se sente? – perguntou o homem, sua voz não demonstrava preocupação.   - Bem. – sussurrou.   - Sei que esse não é o melhor momento mais será que a senhora poderia responder algumas perguntas.
- Delegado... – interpôs o médico, era inadequado para o estado de saúde de sua paciente.   Dr. Franco buscava os olhos de Alicia que se apavorou, a mulher tinha a impressão que o homem estava lendo sua mente, a voz do homem saia forte e vibrante, ignorando o médico que pedia para ele se retirar.      - Sou responsável pela investigação da promotora de justiça Larissa Couto, a senhora conhece?   Alicia engoliu em seco. Não sabia o que dizer.     - Sim... – sussurrou. O homem de mais um passo a frente ficando bem próximo a sua cama. O corpo da lourinha se encolhia de medo. O médico mais uma vez tentou interpor.     - So mais uma pergunta doutor. – disse o delegado encarando o médico, depois rapidamente olhou para Alicia. - Que tipo de relação à senhora tem com a Srtª Couto?  Alicia dessa vez não fugiu no olhar do homem, respirou fundos suas palavras saíram pausadamente para que ele não voltasse a perguntar.  - Não tenho relação alguma.  O homem riu, com certo ironismo.  - Não tem? Segundo fui informado ela declarou que era sua companheira.     - Tínhamos sim, porém... – Alicia abaixou a cabeça, por mais medo que sentia precisava fazer aquilo, mais a estudante não podia esquecer nas conseqüências que isso podia trazer a promotora, depois de logo silêncio e medi suas palavras ela falou. – acho que ela não vai querer mais nada comigo quando souber que eu ajudei a seqüestrá-la. Se for por isso que esta aqui, eu confesso sequestrei a promotora Larissa.  Alicia sentia-se cansada daquilo tudo, Larissa tinha feito muito por ela, agora era hora de pagar pelos seus atos, em menos de dez minutos a mulher assumiu toda responsabilidade do sequestro da promotora. Logo o delegado lhe deu voz de prisão. O homem leu seus direitos. O delegado ficou estupefato com a confissão da mulher.   
- A doutora Couto sabia da sua participação? – indagou o delegado.   - Não. – foi categórica, Alicia sabia o que aquilo podia implicar para a promotora.    - Tem certeza, afinal vocês tinham um relacionamento.   - Já disse que não! – gritou. Se alterando.   - Acho melhor o senhor sair ela esta muito agitada. – disse o médico.  O delegado saiu do quarto satisfeito, mandou dois policiais ficar de plantão. Fez algumas ligações, depois foi procurar a diretora do hospital para saber o real estado de Alicia, Andréia confirmou a posição dos outros médicos, mais garantiu que a recuperação da paciente era muito favorável em poucos dias ela teria alta. O delegado seguiu para a delegacia onde continuaria com o inquérito.  Agora sozinha naquele quarto, Alicia chorava, estava tudo definitivamente acabado, finalmente sentia o peso sair de suas costas, não se arrependeu do que acabara de fazer, finalmente cumpriu sua promessa a sua vó. Chorou copiosamente, finalmente pagaria sua dívida moral com Larissa, e teria outra, a mulher cuidaria de seu filho ele estaria protegido.  - Sou médica como me ousa barra. – falava Duda. Horas depois que o delegado havia saindo, Andreia já tinha lhe contado.   Alicia escutava uma discussão do outro lado da porta, para sua surpresa minutos depois ela ver um rosto amigo, Duda entra em seu quarto.  - Tudo bem? – pergunta à morena. – como você ta em?- Estou bem. – disse Alicia envergonhada, encarar os amigos de Larissa ainda era muito difícil para lourinha. - Desculpe não vir antes, estava num congresso na Califórnia, a Isa me contou o que aconteceu.  Duda primeiramente examinou Alicia, a mulher não estava muito bem seu café da manhã estava do mesmo jeito que tinha chegado.  - Se você não se alimentar vai acabar entrando no soro. – informou Duda.- Preciso de um favor. – disse com a voz chorosa. - O que foi?- entregue isso a Larissa, preciso que entregue isso a ela em mãos.  Duda pegou o papel que Alicia tinha lhe entregue, via o desespero no rosto da mulher, ela colocou no bolso do seu jaleco.  
- Obrigado.- Ruth, ou melhor, Alicia, apesar de tudo ainda tenho grande estima por você, não se preocupe Camila é uma excelente advogada. Ela vai ajudá-la.   Alicia nada disse, por insistência da amiga acabou se alimentando, depois Duda saiu. A médica ficou preocupada logo ligou para a mulher, contando o que tinha acontecido, antes de contar a Larissa, Luiza telefona logo para Camila, que vai de imediato para o hospital. Larissa ainda estava em casa, seu coração estava inquieto demais, Vinicius apresentava uma febre repentina, o menino chorava e chama muito pela avó deixando Larissa preocupada, ela então resolve ligar para amiga. - Oi, parece que estava adivinhando ia te ligar nesse extado momento. – fala Isa.- Foi mesmo, Isa estou muito preocupada o Vinicius esta com muita febre, ele estava bem logo cedo, mais do nada ele foi ficando quente, começou a chorar...- Vou pra ir agora. - Vem mesmo, ia leva-lo na clinica...- Não – antecipou querendo evitar que Larissa soubesse. – estou indo, eu o examino. Apesar de não exercer mais a medicina Luiza nunca perdeu seu dom, pegou sua antiga maleta e foi até o apartamento da morena. Logo ao chegar deu de cara com o rosto apavorado da morena, Luiza examinou cuidadosamente Vinicius, passou alguns medicamente, o menino estava com mais de 40 graus de febre o que preocupava a lourinha. - A febre dele é emocional. Esse remédio vai ajudar. - Mas... - Ele vai ficar bem não se preocupe. – a médica tentava tranquilizar a amiga. – sugiro que fique com ele.- Não posso preciso ir ver a Alicia. 
Luiza engoliu em seco. Procurou um jeito para falar com a amiga. Larissa era muito boa em percepção logo notou que tinha algo errado, pressionou tanto que Luiza acabou lhe contando, a morena ficou muito agitada á grande custo Luiza tentava convence-la a ficar em casa, mais ela queria ver a estudante. Deu algumas recomendações a Severina e foi até á clinica levada por Luiza.  Larissa chega para ver Alicia, mas é barrada na porta do quarto que informa que ela não pode receber visita, Camila tenta conter a amiga, Larissa é conduzida até o consultório de Duda. A morena fica arrasada, não consegue conter o choro. Isa tenta acalma-la. Camila vai até a delegacia. Duda entra na sala.     - Ela pediu para lhe entregar isso. – Duda entrega a carta de Alicia. Larissa enxuga as lagrimas e pega o papel. - infelizmente não podemos fazer nada. – informa a doutora.    - Ligue para Camila. – pediu Larissa.    - Camila já esta na delegacia. – responde Duda, - assim que soubemos avisamos a Camila, ela esta tentando resolver as coisas.  Larissa estava triste as médicas a deixaram sozinha. Larissa estava com as mãos tremulas, abriu a carta e começou a lê-la. 
Oi amor...    Não me estenderei, acho que já deve esta sabendo o que aconteceu, Larissa já cometi muitos erros em minha vida, mais o maior deles foi o mal que lhe causei. Meu arrependimento é sincero, meu sofrimento é pouco comparado ao seu, mesmo diante de tantas coisas ruim que fiz com você, queria lhe fazer um único pedido, cuide do meu filho, sei que é uma responsabilidade muito grande que estou jogando em suas mãos. Mas você é a única que pode lhe da uma vida diferente da minha e da do pai dele, você é justa e honesta, tem pilares familiares digno de todo respeito e admiração, vivi uma vida errante. Mesmo assim Deus me concedeu a felicidade desse menino em minha vida. Ele não tem culpa dos pais que têm vocês dois são as únicas coisas boa que me restou. Vinicius é a única parte boa de mim. A amo Larissa como nunca pensei que fosse capaz de amar. Você me mostrou coisa que pra mim parecia desconhecido. Tenho uma divida com você e com sua família, e pagarei perante a lei, perante a sociedade. Espero que um dia você possa me perdoa e me aceitar de volta. Fica longe disso tudo, deixa a justiça seguir seu curso. Quero ficar limpa pra você e POR VOCÊS. Sei que você é capaz, Vinicius é uma criança adorável, não é de dá trabalho, logo ele vai amá-la como espero que um dia você possa amar meu filho. Fica bem. Fica bem. Amo-te. vous aimez tout en respirant .     Larissa terminou de ler a carta com um nó na garganta, os olhos cheios de água, prendeu o papel ao peito. Amava Alicia, mesmo diante de tudo aquilo que a condenava á amava.  Uma hora depois saiu da sala, parecia mais calma, tentou mais uma vez vê-la mais não foi possível. Voltou para casa arrasada. Já não agüentava guarda aquela tristeza para si, mais que nunca queria o colo da mãe, ligou e contou-lhe tudo, dona Laura passou da raiva para a pena, tinha simpatizado com a namorada da filha, já desconfiava do fato, mais até então não tinha certeza. A mulher prometera ir com o marido para casa da filha, não sairia do lado dela nesse momento tão difícil.  Camila não conseguiu ter acesso à Alicia. As coisas estavam ficando difícil. Passaram-se quatro dias até o inevitável acontecer à mulher recebera alta. Estava sendo encaminhada para colônia feminina. Ela recusara defesa.
Larissa caminhava de um lado para o outro falando ao telefone, sua mãe já estava em casa ela cuidava do filho de Alicia. A promotora tinha pedido afastamento das suas atividades no ministério publico, a porta do seu prédio havia muito jornalista em busca de alguma declaração, Larissa evitava ao máximo falar sobre o caso. Vinicius passava por um momento muito delicado, o menino sentia muita falta da mãe, tinha pesadelos constantes acordava todas as noites ao choro chamando por ela, a morena passava por uma difícil provação, cuidar de uma criança não era muito fácil, aprendia a cada dia, sempre levava o menino para dormi em sua cama, aos poucos ele ia se acalmando, sua mãe assistia o amadurecimento da filha como mulher, Larissa passava por um processo único em sua vida. Já Alicia passava por outro processo interior a de auto condenação, a estudante se recusava receber visita, aceitava tudo calada, em seus depoimentos voltava a assumir sua culpa. O delegado queria mais, queria os nomes de seus cumprisse, Alicia temia uma represaria se mantêm calada.  Sua vida na cadeia não era das melhores passava por momentos, a vida na prisão não era nada fácil, logo nas primeiras semanas a lourinha foi inúmeras vezes para na enfermaria, as detentas tentava mostrar predominância. Uma delas havia se interessado pela lourinha, ao ser rejeitada ela a agrediu.  A briga foi das grandes nenhuma das duas saíram ganhando. Camila ficou inconformada. Acabou discutindo com o diretor, ameaçou ir a imprensa, so assim o homem resolveu autorizar que a advogada visse a presa. Alicia foi tirada da solitária e foi levada até a sala de visita. Camila ficou horrorizada com a aparência da mulher.
- O que houve? - Nada demais, disse sentando diante da advogada. - Você foi espancada Alicia, como não houve nada demais, eles não podem permitir, onde esta seus direitos constitucionais, eles tem por obrigação assegurar seu elementares.- As coisas não são assim desse lado do muro, aqui prevalece a lei dos mais fortes. – disse. - Mas não... – tentou contra argumentar mais foi impedida.- Camila, não perca seu tempo com isso. Agora me responda o que faz aqui?  - Preciso que reconsidere, eu sou sua advogada – falou Camila de forma inquisidora. - Já disse que não quero advogado.     Alicia já tinha recusado inúmeras vezes, tinha confessado o crime e acreditava que ela não merecia defesa, já havia se conformado com aquilo, já se passaram dois meses desde que chegou ali. Sua recusa não desanimava a lourinha. - Você pode recusar sua defesa, mais pense na Larissa – Camila percebeu que o nome da promotora causou impacto na mulher e continuou – pense no seu filho, esses dois precisa de você.- Não os mereço Camila, o mal que causei tanto a meu filho diante de anos de ausência, quanto a Larissa por toda dor que lhe trouxe são irreparáveis. Não mereço defesa. - Todos merecem defesa Alicia, você estudava direito e sabe disso. A justiça só será efetivamente aplicada se forem observados os princípios legais de todo estado democrático de direito. Começando pela nossa Constituição Federal, ninguém será julgado sem que tenha direito à ampla defesa e a presença de advogado em todos os momentos do processo, regras fundamentais que não podem ser desrespeitadas sob pena de nulidade absoluta. – Alicia encarava os olhos da advogada que continuava – quero que você tenha um julgamento justo. 
Alicia baixou a cabeça e começou a chorar baixinho. Camila perdeu a pose, estava muito sentida com a situação da amiga.    - Eu já confessei. – disse a detenta.   - Eu sei. Sua situação é delicada, mais posso contestar sua confissão, todos sabem os métodos que a policia usar para obter uma confissão, isso facilmente posso derrubar, mas preciso da sua ajuda Alicia. Há muitas coisas que esta sendo acusada.  Alicia então encarou os olhos azuis da advogada.  - Como assim muitas coisas, eu ajudei a sequestrar Larissa mais nunca a machuquei diretamente.      Camila encarou Alicia por um momento estudava sua cliente. Percebeu que tinha algo de errado.  - Você esta sendo acusada de trafico de drogas, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, sequestro... Alicia parecia estupefato com o que escutava. 
- Eu não sou uma traficante, o fato de viver com um não me torna uma traficante, do que você esta falando, eu nunca me envolvi nos negócios de Raul, nunca. – foi enfática.  - Não é o que apresenta a promotoria. Você esta sento acusada de crimes muitos grave.- O único crime que cometi em toda minha vida foi ajudar aquele homem a sequestrar Larissa, não sou traficante posse ser tudo mais não sou essa criminosa que me acusam. – Alicia ficou agitada levantou-se da cadeira, desde que foi presa ela não tinha noção do que se passava lá fora, muito menos que estava sendo acusada desses crimes.  Camila não entendia muito bem aquela situação, resolveu não falar no assunto, precisa estudar com mais calma tinha algo que não fechava, despediu-se de Alicia lhe deu dinheiro para ela se manter, a grande custo a mulher aceitou, a vida na prisão era cara, tudo tinha que se comprar, a advogada prometeu lhe trazer algumas coisas no domingo. Despediu-se e saiu. Alicia voltou para solitária, estava atordoada, escondeu o dinheiro nas partes intimas, se alguma guarda visse ia querer rouba-la. Camila também parecia pensativa, foi para casa.  - Você esta abatida. – disse Amanda enquanto fazia uma massagem na esposa. – você falou com ela.  Camila parecia não escutar, estava deitada de olhos fechado, sua mente repassava a conversa com Alicia, depois se lembrou das investigações que ela e Larissa fizeram quando estavam no ministério público.  - Você esta me escutando - Amanda chamava a atenção da mulher.- Desculpe. – disse sentando-se. – estava pensando.- Percebi você esta muito tensa, não há vi o dia inteiro, na verdade faz tempo que não nos vemos direito. – reclamou a mulher.      Camila conhecia bem aquele bico, realmente Amanda tinha razão a lourinha estava trabalhando muito, não so no caso de Alicia mais em outros casos, e ainda se preparava para o concurso do ministério público, mal dava atenção para a mulher e os filhos. Amanda começava a se incomodar com essa ausência. 
- Não quero ser chata, mais você precisa dividir melhor seu tempo, do mesmo jeito que divido o meu. Sei o quanto esse caso é importante pra você, sei que você faz isso porque sente em divida com a Larissa por ter ajudado sua irmã. - As coisas é muito complicada amor, nunca peguei uma causa tão difícil. Preciso ganhar.    - Você não precisa. Você esta dando o melhor de si.   - Não estou Amanda, sinto que tem algo de errado.   - Alicia é culpada e você sabe disso, todos nos sabemos.  Camila respirou fundo encarou os olhos da mulher, balançou a cabeça em sinal de negação. Sua voz saia com total convicção.    - Hoje eu passei a dúvida da culpa dela.Amanda a olhou confusa.    - Camila, sei que você gosta dela, mais as provas estão ai, muitas dela você mesmo ajudou a colher.   - Eu sei, eu sei – disse frustrada. – mais acho que ela não é tão culpada assim.  - Seja o que for, so quero que você seja mais presente em minha vida e na vida do seu filho. Agora o que acha de começarmos a produzir outro em – disse a morena derrubando a mulher na cama cheia de desejo.
Dias depois Camila resolveu voltar ao presídio, passou cerca de duas horas falando com sua cliente, Alicia se assustou com o jeito de Camila a advogada agia profissionalmente lhe fazendo um interrogatório exaustivo, refazendo as mesmas perguntas inúmeras vezes de forma diferente para ver a validade do que Alicia dizia. Muitas perguntas deixaram a estudante constrangida, mesmo assim ela respondia.    - Preciso que me conte tudo, nos mínimos detalhes, desde que surgiu a idéia de seqüestrar Larissa até a execução dos fatos.    - Camila, já contei inúmeras vezes, você mesmo já viu meu depoimento ao delegado, já me fez tantas perguntas. Contei tudo.   - Alicia quero que conte de novo. – falou de forma autoritária.     Alicia mesmo cansada falou tudo nos mínimos detalhes que sua memória lembrava, Camila gravava o relato. Depois da conversa a lourinha volta pra casa onde estuda, revisa, escuta diversas vezes a narração de Alicia, fazendo algumas observações. A noite ela recebe uma visita. Larissa estava em sua casa.     - Você não me ligou o dia inteiro. – questionou a promotora.    - Andei ocupada.   - Camila...   - Ia te procurar, preciso que você analise uns materiais que colhi.       Camila leva a promotora até seu escritório, as duas conversam sobre o processo.
  - Larissa quero que analise isso de forma imparcial, como advogada, - frisou Camila. Camila estava agitada, tinha chegado a conclusões muito importantes que daria uma reviravolta no caso, tinha sido treinada por umas das melhores criminalistas do estado, embora estivesse acostumada a pegar causas difíceis tinha muita dificuldade diante desse processo, sentia a pressão sobre ela principalmente por parte da advogada, Camila tinha consciência da expectativa que lhe depositará. Sentia-se insegura. Estudava e trabalhava exaustivamente nesse caso, procurando, revisando tudo, fazendo investigação independente, finalmente parecia uma luz.  Larissa se se acomodou e começou a estudar, no inicio ela pensara como vitima, logo mudou de visão, mesmo diante da competência de Camila ela ainda era muito jovem, sempre buscava orientação a promotora, Larissa procurou por Camila, a observou, podia notar a agitação da sua antiga assistente, a lourinha andava de um lado para o outro. Parecia nervosa e ansiosa. Ela tinha trabalhando muito nos últimos meses.  Larissa voltou-se sua atenção para o montante de papel a sua frente, começou a lê-lo. Um por um, ora o outra ficava inquieta, questionava Camila sobre alguns pontos, derrubava alguns teses. A lourinha parecia desanimar. A promotora se mostrava implacável.  
- Camila. – falou Larissa ao ver o desanimo da advogada. – Alicia é réu confesso, não adianta querer derrubar a confissão, interessante sua linha de raciocínio, mas a promotoria logo reverter, não é o que se sabe, mas o que se pode provar num tribunal. Pensei que já tinha aprendido isso. Perspicácia Camila, perspicácia.  Larissa estava sendo muito rígida com a garota, mais precisava. Camila desabou no sofá do escritório, havia horas de discussão a professora, a lourinha sentia-se frustrada.  - Droga! – balbuciou a advogada. – Larissa melhor você chamar outro advogado, acho que não consigo.  Larissa levantou-se de imediato. - Você é a advogada de Alicia, entrego a defesa dela a você – disse num tom alterado. – quero a liberdade de Alicia Dra. Lafaiete. Perspicácia, perspicácia, sei bem da sua capacidade doutora, se lhe entreguei esse caso porque sei que pode resolve-lo. – continuou deixando Camila – agora vamos rever os autos.   Camila não argumentou.
- Fui intimada, amanhã lhe espero na delegacia. – disse a morena, pegando a bolsa para sair. Camila a acompanhou até o carro, antes de sair, Larissa falou-lhe.    - Por mais que eu queira não posso ajudá-la nesse caso, qualquer envolvimento meu pode colocar sua defesa em xeque, você sabe como agente trabalha, - falou referente ao ministério público – tudo vai ser questionado pelo promotor, todos sabem no meu envolvimento emocional com a acusada, todos sabem o quanto lhe estimo, a acusação vai cair matando em cima desses fatos, Camila a justiça tem os olhos vendado não para ver, mas para escutar melhor, você tem uma vantagem sobre eles, conhece os dois lados da moeda. Meus olhos estão cegos porque amo aquela mulher e quero-a longe daquela prisão, não posso ajudá-la, e você sabe disso. Agora como profissional do direito, lhe afirmo, perspicácia. – re afirmou à promotora. – você esta vendo não esta escutando.     - Já revi tudo nos mínimos detalhes, não encontro uma lacuna. Esta tudo contra Alicia, ela foi pega no local suspeito em circunstância suspeita, confessou seu seqüestro... Larissa confesso que me sinto um pouco perdida nesse caso.      Larissa soltou o ar com força, estava sendo muito dura com Camila, sempre foi uma professora inflexível treinara Camila para o impossível, lhe mostrando sempre o meio mais desanimador, treinara para ser como ela. Finalmente a mulher cedeu. Apesar da experiência Camila ainda tinha muito a crescer.     - O depoimento de Alicia é muito revelador, passa a questionar até mesmo as provas que nós mesmos ajudamos a encontrar. – disse a mulher.   - Também achei. – isso Camila já sabia, so não sabia o que podia a ajudar.   - Você esta cansada, tire uns dias de folga, às vezes precisamos parar um pouco para processar tudo. Sua mente esta congestionada sei o quanto estou cobrando de você, sinto-me culpada por isso. – Larissa pousou a mão no ombro da advogada – Camila veja Alicia como uma cliente qualquer, esqueça que a conhece, esquece tudo, á veja como apenas cliente.  Não existem causas impossíveis, existem causas trabalhosas. Temos colocado muito nosso envolvimento pessoal acima de nosso dever como jurista. – finalizou Larissa deixando Camila pensativa - Tire esses dias, descanse, depois vamos rever os autos. Também preciso pensar se não for pedi muito queria rever esse material.  Camila fez que sim com a cabeça. Seguiria o conselho da professora.  

As duas mulheres ficaram vermelha, afundada na vergonha e no desconcerto.  O menino continuava a encarar as duas mulheres, Larissa sentou-se numa cama Alicia sentou-se ao lado dela. Uma olhava pra outra sem saber o que dizer.  As duas mães de primeira viagem. Tinham muito a aprender.     - Mamãe não beijou na boca da tia Larissa. – falou em gaguejo, o menino cruzou os braços encarando sério as duas.   - Eu vi, num foi tia lálá? Larissa engoliu em seco, preferia encarar muito juiz do que aquele menino questionador.     - Foi sim. – finalmente afirmou.   - Larissa – resmungou Alicia.     Vinicius olhou para Larissa depois para Alicia, parecia pensar, logo em seguida perguntou.     - Eu vou ter duas mamães como a Vitória tem?     Larissa achou curioso o jeito de Vinicius, ele tinha quatro anos, era uma criança muito sensível e muito inteligente, já tinha feitos perguntas a ela sobre o porque de Vitória ter duas mamães, Larissa achava engraçado mais nunca lhe respondia. Nunca imaginou passar por uma situação dessa. Os meses em sua companhia lhe despertaram sentimentos maternos, o amava com todo coração, aprendeu a vê-lo como um filho que sabia que não teria. Seu jeito a cativava ainda mais. Havia criado uma relação de respeito e amor com ele. A morena olhava para Alicia, via como ela estava perdida. As duas não mediram a conseqüência daquele beijos. Mais era importante falar com o menino. deixá-lo na dúvida não seria bom. Assim calculou.
- Não sei como explicar – confessou Larissa sem conseguir encarar Vinicius.   - Vem cá filho – chamou Alicia sentando o menino no colo – eu e a Larissa agente se gosta muito, e como agente se gosta muito as vezes acontece da gente beijar na boca. – disse toda atrapalhada.    - Mamãe, eu quero ter duas mamães também igual a Vitória e ao Lucas. Larissa sentiu-se emocionada com que acabara de escutar. De forma instantânea viu seus olhos se encher de lágrimas. Alicia apertou sua mão com carinho.     - E você acha que a Lary vai querer ser a mãe de um super menino desse – a mulher fazia cosquinha na barriga de Vinicius que ria de se acabar, minutos depois, ele perguntou a promotora.   - Tia lálá – era assim que o menino chamava Larissa – a senhora é minha mamãe também.     Larissa fez que sim com a cabeça, o menino a encheu de beijos. Vinicius parecia ignorar onde estava, o menino parecia super feliz ao ver sua mãe, ele tagarelava o tempo todo, Larissa contou a Alicia tudo que se passaram com ele desde que viera morar com ela, muitas vezes ele ficou doente, contou-lhe que havia o matriculado na mesma escolha que os filho de Duda e Camila estudavam, ambos pareciam amigos, tinham quase a mesma idade o que facilitou muito a adaptação dele. Horas depois Larissa mostrou a comida que sua mãe tinha lhe preparado.  
- Sua mãe já sabe? – indagou amedrontada.    - Não tinha como lhe esconder, preciso dela ao meu lado.     A lourinha abaixou a cabeça sentia tanta vergonha, apesar de tudo, nunca perderam o apoio deles. Depois do almoço Vinicius acabou cochilando o que gerou momentos de desconforto, pois era ele que tomava atenção delas. Alicia olhava pro filho adormecido.    - Ele é uma criança muito tranqüila.   - É sim. Eu te disse, Vinicius é um bom menino.    - Como você esta? – indagou mudando de assunto, Alicia se remexia no canto da cama. Fugia do olhar de Larissa.    - Estou bem.   - Não é o que parece. Você é uma imbecil sabia, - disse Larissa sem se conter e puxando Alicia para mais um beijo, beijos seguidos de outros e outros, era tanta necessidade de esta juntas. – vamos casar – disse num tê-lo do beijo.    - O quê? – indagou completamente surpresa.    - Preciso que você e eu nos casemos, já estou providenciando tudo.    - Eu não estou entendendo.    - Vou entrar com o pedido de guarda definitiva do seu filho, mas para o juiz conceder eu tenho que provar que temos uma relação estável.  Alicia não conseguia entender porque Larissa estava fazendo aquilo.    - Estou fazendo isso pelo Vinicius Alicia, só por ele. – agora sua voz saia cheia de amargura, Larissa mudou da água pro vinho. O sinal da sirene tocou anunciando o fim da visita, Larissa então acordou o menino. A despedida foi dolorosa pra todos.  Antes de ir Alicia fez um pedido.
  - Queria vê-lo de novo. – disse tímida. Larissa então notou marcas roxas nos braços de Alicia, chegou mais perto e perguntou sobre os machucados a estudante desviou o assunto. Enciúma a morena perguntou.    - Já arrumou uma namorada foi? Alicia sentiu raiva, que idéia estaparfudia, mais resolveu ignorar, lembrava do ciúme da ex-namorada. Abraçou pela última vez o filho, mesmo de contragosto as duas se despediram com um beijo apaixonado.     - Eu sou apenas sua, sua boba. – sussurrou a lourinha no ouvido de Larissa. As duas ficaram testa a testa, Larissa não conseguia mover seus pés, um agente batia na porta anunciando o fim da visita, um choro abafado.   - Como eu queria te odiar... – disse. Conseguindo unir força e sair.     E assim ela e o menino se foram, logo Alicia voltou a sua cela, chorou copiosamente aqueles momentos pertos dos entes que amava foi revigorante, seu coração sentia uma grande esperança, pode ver nos olhos daquela mulher o quanto ela ainda a amava, Alicia estaria disposta a tudo para conquistá-la.  Os dias foram mais difícil ainda, saudade do filho, lembrança da mulher, lhe causava mais desespero. Na quarta feira Alicia era escoltada até a sala do diretor, ao entrar dá de cara com Larissa e sua advogada, tinha também outras pessoas.  - Oi tudo bem Alicia? – pergunta Camila. - Tudo bom dia. – cumprimentou a detenta. Logo em seguida Camila explicou o que acontecia ali, mesmo de acha de total imprudência Larissa consumou o fato de firma união estável perante a lei. Depois de tudo assinado, as duas mal trocaram palavra, logo Alicia foi conduzida até a tecelagem.
- Porque você fez isso? – questionou a advogada – foi muito imprudente de sua parte, Larissa por pouco você não respondeu um processo administrativo.- Sou inocente, e a justiça sabe disso. Camila quero que faça um favor para mim.  Camila buscou os olhos da amiga. O carro parou no sinal vermelho. - Não quero testemunhar no julgamento. - Como? – indagou surpresa. - Não quero testemunhar. - Larissa mais você é a vítima. Isso...- Camila, meu depoimento só pode prejudicar ainda mais Alicia, principalmente agora que ela passa a ser minha companheira, a promotoria vai pedi aumento de pena. Utilize o artigo 203 com sobreposto do 206.- Sei como devo proceder, só que acho que não seria interessante, sua imagem... todos querem justiça por você  Larissa. - Alicia esta numa cadeia Camila, tendo todo seu direito básico ferido, maus tratos, violência física e moral, você não a viu o quanto ela esta magra, abatida, não posso deixá-la lá. Não posso.  – as duas ficaram em silêncio.   Depois do casamento Larissa passou a visitar Alicia todos os domingos, no inicio a lourinha sentia-se envergonhada, mais a visita da mulher e do filho era seu único conforto. A cada quinze dias havia visita intima. Alicia foi pega de surpresa quando Lucia afirmou que a mulher tinha visita. Alicia foi escoltada até o quarto, lá encontrou Larissa. A morena estava linda, vestida numa calça jeans e camiseta branca, seus cabelos estavam comprido amarrado num rabo de cavalo. Larissa estava nervosa havia demorado muito até se decidir, como fez o requerimento de visita íntima surpreendeu até mesmo o direto, mesmo sendo um direito constitucional das detentas poucas usufruía desse direito, muitas nem sabia. Os meses foram passando e o relacionamento entre elas tinha melhorado muito, mesmo de contragosto a morena já não nutria raiva alguma por aquela mulher, e sim mais carinho e dependência dela, suas visitas constantes lhe trazia conforto para o coração, isso acabou refletindo dentro de sua casa, aos poucos Dona Laura e Seu Augusto viram que seria impossível nutrir qualquer tipo de ranço por Alicia, mesmo diante do mal que ela havia causado. O amor pela filha era maior, ultrapassando até mesmo esse rancor, Larissa amava Alicia, amava mais que nunca, criava seu filho como se tivesse seu próprio sangue, eles queriam que a felicidade da filha fosse plena, aos poucos os dois senhores foram se aproximando da nora, na primeira visita na cadeia houve muito desconforto, Alicia estava muito envergonhada, pediu perdão com todo seu coração. Os dois aceitaram, assim como lhe abriu os braço para que ela entrasse na sua casa e em sua família. Larissa soube da visita dias depois, ficou muito feliz com a atitude dos pais.
Sua união com Alicia agora não só era afetiva mais sim também uma obrigação jurídica. Queria ter mais que laços afetivos com ela. Ao ser autorizada a visita íntima a morena se preparava, poucas vezes esteve a sóis com a mulher, sempre levava o filho, ou ia acompanhada dos pais.     Larissa chega à penitenciaria, ela estava nervosa, agradeceu as boas relações que tinha com o diretor. Assim que entrou, trocou o lençol da cama, havia trazido algumas coisas com sigo, principalmente muitos mantimentos, Alicia andava muito abatida desde que chegou ali perdera muito peso o que preocupava a mulher. Aguardava a chegada dela. Podia ouvir passos no corredor, segundos depois um agente abre a porta e Alicia entra.  - Oi! – diz Larissa. Abrindo um sorriso apaixonado.- Oi! – responde um tanto surpresa.- Como você esta? Trouxe algumas coisas, alguns remédios. Fiquei sabendo que você andou tento febre. – disse aproximando da lourinha tocando-lhe sua testa.- Como sabe?- Sei de tudo que acontece com você aqui dentro Alicia.Alicia sorriu deixando Larissa toda boba. - Sentir sua falta. – disse. Larissa baixou a cabeça.- Também sentir. - O que faz aqui? Larissa encarou a mulher, ficou um minuto a observá-la a vontade que tinha era de beija-lhe, mas contêm.  Larissa e Alicia sentaram-se lado a lado, a lourinha perguntava como estava Vinicius a morena fazia uma narração detalhada da semana do garoto.
- Obrigado. – agradeceu – nada do que eu posso fazer vai recompensá-la pelo que você esta fazendo ao meu filho.- Ele é um bom menino. – disse.     Nesse momento os olhos se cruzaram, já não tinha como conter a paixão que possuía seus corpos, Alicia segurou Larissa pela nuca lhe dando um beijo de tirar o fôlego, seus corações galopavam, seus corpos queimavam de desejo, as duas precisavam mais. Alicia beijava com paixão e eram correspondidos na mesma intensidade, seus corpos grudados, suas mãos passeavam uma no corpo da outra arrancando suspiros de ambas, aos poucos Alicia foi deitando por cima da morena se encaixando entre as pernas, Larissa gemia de desejo arrancando as roupas da sua mulher, precisava tê-la, em poucos segundos as duas estavam nuas, um corpo fundido no outro, a pele quente, o cheiro embriagador de ambas, Alicia beijava com sofreguidão, suas mãos acariciava os seios firmes da morena. A aos poucos os gemidos baixinho, o rastro dos lábios quentes de Alicia era como brasa nos corpo de Larissa, a ponta da língua a lourinha contornava os bicos daqueles seios morenos, o possuindo com prazer, Larissa invertia a posição, ficando por cima, tinha urgência em possuir aquela mulher que tanto amava, seus lábios fizeram uma viagem fantástica por todas as partes sensíveis daquele corpo, explorou cada canto dele arrancando gemidos e gozos intensos, a penetrando com vontade, lhe dando ondas e mais ondas de prazer, as duas se amaram, uma a outra, procurando produzir a mesma satisfação que recebiam. Os corpos cansados e suados, Larissa posou a cabeço no peito de Alicia, o silêncio absoluto só era interrompido com o som de suas respirações, a morena podia escutar os fortes batimentos de Alicia, que por sua vez embriagava com o cheiro dos cabelos da morena. Ficaram assim, durante longas horas, não havia palavras, apenas uma quietação. Nenhuma palavra era preciso. O olhar dizia tudo que os lábios não eram capazes de dizer. Larissa buscou o olhar de Alicia, suas mãos contornavam seu rosto, seus lábios lhe davam beijos delicados, um sussurro.
- Eu te amo...    Aquilo foi o suficiente para lhe devolver a vida, Alicia sentiu as palavras de Larissa, tanto que ansiava por isso, passaram-se quase dois anos desde que foi presa, há havia obtido o perdão de Larissa, agora obtém seu amor. A lourinha não conteve as lágrimas, não de tristeza mais se de felicidade. Larissa enxugou depois a puxou para mais um beijo, um beijo que logo foi despertando seu corpo, a morena, se encaixou em Alicia, seus sexos se tocaram gerando uma onda de prazer, seus corpos se movimentavam no mesmo ritmo. O desejo aumentando, as duas se amavam mais uma vez. A manhã amanheceu ensolarada, Alicia já tinha costume de acorda cedo, ficou observando a mulher dormindo, quase não podia acreditar que ela tinha voltado para seus braços, sem medo, sem reservas, isso a lourinha podia ter certeza, Larissa havia voltado por completo. A lourinha tomou um banho no minúsculo banheiro que tinha no quarto, deixou um pouco de água para Larissa se banhar, ao voltar ao quarto a morena já tinha despertado, olhava para a janela. 
- Bom dia. – disse Alicia.     Larissa virou-se para olhá-la, respondeu com um sorriso. Alicia se aproximou-se sentando ao seu lado. Parecia nervosa. Larissa buscou seus lábios querendo tirar qualquer dúvida que a lourinha pudesse ter em relação ao futuro das duas. - eu... – tentou falar alguma coisa.- Não precisa dizer nada, eu quero você Alicia. – disse a morena, os olhos se fundiram, as palavras sincera revigorava suas forças. – quero que acabe logo tudo isso, quero apenas ter uma vida em paz com você e seu filho. Quero apenas minha família.  Alicia não tinha palavras. Abraçou a morena mais uma vez com um pedido de perdão.  - Eu amo você... – disse a lourinha.    Depois de outro beijo apaixonado a morena foi tomar banho, o banheiro em péssimo estado ela tentava ignorar a precariedade do lugar, só imaginar que sua mulher estava em situação pior lhe enchia o coração de angustia. Depois que Larissa tomou banho as duas sentaram-se para se alimentar, a lourinha comeu muito, havia tempos que não se alimentava tão bem, não por falta de alimento, pois Larissa lhe mandava de um tudo, nunca deixando falta-lhe nada.     - Ainda não acredito. – disse eufórica.    - Eu te amo. – respondeu a morena dando um selinho.    - Você é tudo pra mim. – disse Alicia sincera – quero pagar tudo que devo a sociedade e começa uma vida com você e meu filho. Logo Larissa mudou de tom.    - Sua situação não é muito fácil, Camila já lhe deve ter explicado.    - Você sabe que sou inocente, nunca me envolvi nos negócios do Raul, juro pelo meu filho Larissa.   - Não precisa jurar, apesar de tudo não achei que você fosse culpada pelos esquemas criminosos do seu ex-amante. – frisou – mais as provas mostravam ao contrário.   - Como elas provam o contrario.    - Documentos todos os bens em seu nome, uma fortuna Alicia, como você explica isso?   - Eu não tenho nada, é verdade que Raul me cobria de luxo, mais ele nunca me deu nada de concreto. Tenho absoluta certeza. Larissa não sei de onde saiu toda aquele dinheiro.
- Seu nome esta envolvido em mais do que você pensa.    - Nunca participei dos negócios de Raul, nunca, confesso que já presenciei muitas coisas erradas dele, vi muita gente entrando e saindo daquele escritório, mas Raul fazia questão de me manter afastada. Larissa viu que aquela conversar ia acabar com o dia das duas, e não era essa sua intenção queria passar o maior tempo possível com Alicia. Os dias que estavam por vim seriam duro demais para a presidiária.  Resolveu mudar de assunto, porém a lourinha percebeu que a esposa desviava o assunto. - o que me espera Larissa?- Amor... - Preciso saber, me fale, por sua experiência jurídica o que me espera? Larissa soltou o ar com força, escolheu bem as palavras não queria apavorar ainda mais a mulher.     - São muitas acusações em que sobre cai em você. Como deve saber ou ao menos tem noção pelo tempo que estudou direito, muitos deles são crimes de natureza grave, Alicia se Camila não conseguir reverter esse quadro você será condenada e passara muitos anos na cadeia. O seqüestro pouco importa para o promotor, são as outras acusações. Você esta sendo relacionada a uma quadrilha internacional de trafico de drogas, você não tem noção da magnitude dos negócios do seu ex-amante.     - Mais eu não sei de nada, não sou dona desse dinheiro toda, Larissa eu não sou uma criminosa. – disse quase chorando.   - As provas dizem o contrario, mais há uma chance, Camila sabe o que esta fazendo.     - Camila não é você. – disse já se entregando ao choro. Larissa tentou acalmá-la.   - Camila foi e é minha melhor aluna, eu a treinei e se tem uma coisa que tenho orgulho é disso, eu a treinei. Se há uma chance de te tirar daqui pode ter certeza que ela tirá-la. Agora você mais que nunca precisa cooperar.
  - Eu tenho medo, você não sabe do que ele é capaz.   - Alicia você é a ponta solta dessa quadrilha, viu e escutou muitas coisa por mais que negue você sabe disso. Alicia calou-se, realmente sabia muitas coisas muitas, até hoje não sabia como ainda estava viva.     - Enquanto você deixar o medo lhe governar vai ser impossível ajudarmos. Alicia se levantou de imediato. Olhou seria mente para Larissa. Sua voz saiu forte e vibrante.    - Você viu do que aquele homem é capaz – seus olhos refletiam um medo absurdo  - ele é perigoso, seus amigos são perigosos, preferia a morte a que colocar sua vida e a vida do meu filho em risco mais uma vez.  Foi à vez e Larissa se levantar furiosa, falando no mesmo tom para não deixar dúvida.   - Pois você perderá nos dois se não testemunhar naquele tribunal. Se nos ama como diz que ama, se ama a memória da sua avó, honre á que foi assassinada brutalmente por aquele criminoso. Eu quero mais que isso Alicia – disse fazendo gesto do lugar a sua volta – se você não pode me dá mais que isso, sairei agora mesmo da sua vida. Alicia sentiu o peso das palavras de Larissa, sabia que era definitiva, agarrou em seus braços. 
  - Estaremos em segurança até isso acabar, eu prometo. – disse a promotora.    - Acabei com sua vida, arruinei sua carreira. Como pode me amar tanto...    - Não Alicia, você não arruinou minha carreira, Camila é uma advogada muito competente, ela conseguiu evitar que minha carreira fosse afetada, confesso que dei muito trabalho a ela, eu já voltei a trabalhar, tinha minha vida profissional e social no eixo. Sentimentos não se mandam simplesmente a amo com todas as minhas forças e razão.    - Amor, tenho vergonha de encarar seus amigos.    - Vai ser difícil para nós duas, mas somos um casal perante a lei, vamos ter que passar por isso, seu julgamento já foi marcado.Ela abaixou a cabeça.   - Camila já me avisou, sinto medo. Vou passar muitos anos de minha vida aqui ainda.     Larissa preferiu não comentar. No fundo queria que Alicia tivesse consciência das conseqüências dos seus atos, como advogada sabia que ela tinha grandes chances de sair dali.  No final da tarde a morena se despediu. Aquela seria a última visita, logo seria o julgamento da mulher.      Com data definida Camila ajustava os últimos detalhes da sua defesa, estava muito confiante, finalmente ela tinha conseguido bons frutos, ao decorrer dos meses, sua primeira vitoria foi conseguir que o promotor do caso fosse questionado pelo próprio ministério público, já que ele conhecia o réu, mesmo inconformado o homem elogiou a ação da jovem advogada.    Com a mudança do promotor no caso Camila se sentiu mais solta para trabalhar, teria um duelo mais justo, conhecia o perfil do novo promotor, já havia topado com eles em outros julgamentos só que ao mesmo lado. Larissa vibrou de longe com á vitória da ex-assistente, Camila também conseguiu evitar que Larissa servisse como testemunha. Tinha conseguido também um acordo com a promotoria dias antes. Estava ela no restaurante na hora marcada, logo o homem de meia idade chegou a sua mesa. Os dois se cumprimentaram. A lourinha foi direta, mostrou o que tinha, o homem analisou com calma. Coçou a cabeça inúmeras vezes. Finalmente cedeu.
- O que você quer? – indagou colocando os papéis sobre a mesa.   - Que o ministério tire todas as acusações. O homem se remexeu na cadeira.     - Você é muito audaciosa menina.   - É isso ou nada. – falou convicta. Silêncio prolongado – temos um acordo. – insistiu a advogada.    - Ela vai a julgamento pelo seqüestro, os outros são retirado.    - Tudo ou nada.    - É o que posso oferecer. – concluiu o homem. Camila pensou por um tempo. Já ganhara muito. Finalmente concordou.    - Ok! – dos dois apertaram a mão.    - Hoje mesmo as acusações serão retiradas.  Camila saiu do restaurante não estava muito satisfeita, resolveu procurar Larissa.  Assim que se encontraram a advogada contou do acordo.    - Sei que não é muito – disse.    - Camila você foi genial. Encontrou uma lacuna. Trabalhou bem em cima dela, meus parabéns.    - Larissa eu não conseguir livras Alicia de todas as acusações
- Não seja ingênua Camila, mesmo que você trouxe-se aquele criminoso de bandeja você não conseguiria tirar todas as acusações. – falou a voz da experiência – Existe um clamor público em cima desse seqüestro, o povo já querem a condenação da acusada, se o ministério retirasse as acusações já pensou na imagem negativa, a sociedade não ia querer saber que Alicia pode servi de testemunha chave para colocar uma quadrilha inteira nos bancos dos réus, ia ficar veio demais pra imagem do escritório e você sabe o quanto Silvio preza a imagem. Já no lado da justiça a importância do testemunho de Alicia é mais importante do que o crime que ela cometeu. Não estou diminuindo o que ela fez, pense como promotora agora. Alicia é a ponta do ninho entende. Ela é o erro que Raul cometeu e nunca percebeu.     - Eu sei, mas queria...   - Agora é apenas seqüestro Camila, é apenas seqüestro. Agora com toda autoridade que tenho como sua mentora lhe digo, quero Alicia absolvida. Absolvida. – frisou, com um sorriso na face.     Larissa sentia-a uma alegria lhe subir, advogar era mais que uma paixão para aquela mulher era um dom, dom esse que ela soube nutrir a cada vitória e derrota no tribunal, a mulher conseguia reeditar o entendimento da lei, sabia mudar qualquer sentido de entendimento de uma norma, Larissa era uma fera e treinava Camila para seguir seus passos. Larissa deu uma gargalhada como a meses não dava antes, sentia uma felicidade tão grande, sua mente já via tudo, julgamento, depoimentos, podia prever a atuação da sua aprendiz, olhou para Camila tão orgulhosa, a lourinha não entedia.  
  - Absolvida Drª Lafaiete. – disse abraçando – você é brilhante. – disse.     - As coisas não são fáceis e você sabe disso, ela vai a júri popular, ela é réu confesso. Larissa.   - São nos piores caminhos que se encontram as melhores vitórias. Lembra-se do primeiro caso que você atuou.   - Como não lembrar – disse contrariada, por ter sido massacrada pelo promotor.   - Onde você errou? – indagou Larissa.   - Na perspicácia, em não usar as provas a nosso favor.    - Pois é. No direito tudo é contestável em um julgamento não se pode haver possibilidade pra dúvida, é ai que agente entra Camila, os réus confessos são sempre os mais fáceis de trabalhar. – abriu o sorriso. – volte ás provas, volte ao processo, eu gosto de marionetes Camila. – Larissa deu uma piscadinha. Depois se levantou para sair. – você tem muito trabalho. Não vou testemunhar. O caminho estará livre.  Camila permaneceu no escritório da promotora, parecia confusa ainda. Foi pro presídio dá a notícia a sua cliente. A detenta não pareceu muito animada.
  - Isso não muda muita coisa?   - Claro que muda, os crimes que você estava sendo acusada são bem mais graves que o que você vai responder agora. Vamos trabalhar unicamente nas sua participação do seqüestro. Isso facilita meu trabalho 70%.   - Minha chances são poucas não é Camila, eu confessei.   - Vou usar isso a nosso favor.    - Como ela esta? – indagou Alicia, fazia quase um mês que Larissa não a visitava a pedido da advogada.   - Esta bem, tive que mantê-la afastada, finalmente conseguir evitar que Larissa servisse de testemunha.    - Como isso é possível? Ela é a principal interessada.   - No direito a vítima não é obrigada servi de testemunha, tanto eu quanto a promotoria acabamos não a chamando para testemunhar. Agora falta pouco Alicia, dentro de uma semana seu julgamento começa. – finalizou a advogada.     Alicia voltou ainda mais preocupada para cela, sua mente fervilhava, seu destino estava próximo de ser traçado, em poucos dias sentaria nos bancos dos réus onde teria que encarar a justiça e a sociedade. Os dias seguintes foram angustiante, Alicia se manteve isolada das demais presas, ficava sempre em sua cela, pensava muito em tudo, temia pelo que estava por vim, nas véspera do julgamento recebeu uma visita inesperada, era uma agente, ela bateu com o cassetete na grade fazendo um barulho estrondeante, a lourinha acordou assustada, a mulher foi breve, lhe deu um recado: 
- Pupilo mandou um recado – disse a mulher no meio da escuridão – se abri o bico a promotora e o bastado morre. – a mulher se evadiu do local.  Alicia sentiu o sangue congelar, sentou-se de imediato na cama, suas pernas tremiam, faltava-lhe ar nos pulmões, seu estômago dava reviravolta, PUPILO reapareceu para trazer medo e angustia a sua vida.  A muito não ouvia falar de Raul, Camila sempre lhe dizia que ele estava foragido, a polícia estava a trás, mas havia poucas pista, mais uma vez o homem parecia viver na impunidade.  Retrocedendo ao dia da fuga.    A troca de tiro esta intensa, Beto e Raul fugiram por um beco sem saída, param diante de um buero, sem pensar duas vezes Beto puxou uma tábua que dava para o esgoto, Raul ainda olhou para trás, queria levar o filho a todo custo, mas não havia tempo a polícia já tinha invadido sua casa, os dois caminhavam pelo esgoto, no meio de uma encruzilhada Beto encontrou o que queria duas mochila, seguiram até o bairro vizinho o traficante sabia exatamente onde ia, ao subir finalmente havia chegado, foi até onde parecia um barraco abandonado, abriu a porta com um chute, lá estava a moto e o capacete.    - Bora, bora, bora – dizia o homem apressado lhe estendendo o capacete e ligando a moto. Raul não hesitou, pegou o outro capacete subiu da garupa e os dois saíram em disparada. Beto pilotou com velocidade, até chegar em outro bairro, lá um dos seus comparsas já os aguardavam.    - Se livra disso aqui. – ordenou Beto, dando-lhe a chave da moto.
Raul parecia não esta se importando com a gravidade da situação, sua cabeça estava no pequeno Vinicius, homem parecia preocupado com o filho, Beto resolveu tudo os dois ficaram escondido ali, na manhã seguinte em posso de documentos falsos os dois homem fugiram para Bolívia onde Raul tinha propriedade e negócios.  A ação da policia ganhava destaque internacional, muitas gente importante tinha sido preso, o rosto dos dois tomava o noticiário.     - Otários! – zombava Beto ao ver os reportes dizer que alguns suspeitos ainda estavam foragido. – vem em pega bando de filha da puta...     Com o passar dos dias Beto foi percebendo que Raul estava estranho, o homem não se mostrava preocupado pelo que estava acontecendo, muitos dos seus sócios ligaram apavorado com o andar das coisas, com medo de serem descobertos. Raul passava a maior parte do tempo preso a si mesmo, sua mente girava em torno de um único ser, sua vontade era voltar ao Brasil para buscar seu filho, pelos informantes ficou sabendo da prisão de Alicia outra coisa que lhe preocupava muito, Beto resolveu tomar a frente dos negócios de Raul, que estava por vez caindo por terra. O traficante não conseguia movimentar seu dinheiro, as coisas estavam começando a ficar difíceis, Beto que era o responsável pelas finança parecia muito preocupada, principalmente porque Raul se organizada para uma missão suicida.
- O quê, você enlouqueceu? – gritou o homem ao ser informado que um ano depois voltaria para o Brasil.   - Preciso pegar minha mulher e meu filho de volta.    - Se voltarmos ao Brasil podemos ser pego.   - Precisamos voltar. – disse Raul perdendo a paciência.   - Será que você nunca vai tirar essa vagabunda da cabeça? Vamos aproveitar e deixar que ela apodreça na cadeia.   - Não. – disse calmamente.    - Seu pai se envergonharia de você, colocar tudo a perde por causa de uma mulher. – disse com desdém o que deixou Raul possesso.    - Essa vadia é dona de tudo que tenho – gritou pegando Beto pelo colarinho – tudo, tudo é no nome dela, absolutamente tudo, casa, dinheiro, até essa porra aqui esta no nome dela. Você acha que sempre a mantive por perto por quê? Se não a matei porque preciso dela e agora ela esta presa numa porra de presídio, estamos sem nada, nada. – gritou.    Beto ficou completamente bestificado, nunca imaginou que toda fortuna de Raul estivesse em nome de Alicia, agora podia compreender muitas coisas, não era o amor que o ligava a vadia e sim o dinheiro, Raul sempre a usou para esconder seus faturamentos ilícitos, nem mesmo a mulher sabia, o homem sempre mandava ela assinar documentos que ela não lia. O mundo caiu na cabeça dos dois traficante, estavam falidos. Com a prisão de Alicia todos os bens e contas foram bloqueadas, foi então que Raul e Beto resolveram voltar ao Brasil, precisava arrumar um jeito de reverter esse quadro.
Ambos voltaram, Raul sem medo retornou ao seu trono, tinha mais segurança que nunca. Com o passa dos meses chegando a ano, ele foi perdendo a perspectiva da vida, pensara em Vinicius de forma doentia, sabia que o menino estava sobre guarda da promotora, pensaram muitas vezes arrancá-lo da mulher, mais era perigoso demais, Larissa estava sempre acompanhada de viatura de polícia. Se aproximar da mulher era quase impossível, pouquíssima vezes o homem viu o filho de longe, lhe trazendo desespero e angustia. Seu fim se aproximava nem ele mesmo percebia. Muitas coisas estava sendo abafada pela imprensa o que intrigava o traficante, por um informante soube que o julgamento da ex-amante foi marcado, muitos de seus clientes o pressionava com medo dos processos, alguns deles chegavam a pedi a cabeça de Alicia com medo de que ela testemunhasse contra eles, aquela mulher era uma imensa ameaça para quadrilha. 
O JULGAMENTO        O grande dia finalmente tinha chegado, manhã de terça feira, o dia começou cedo na penitenciaria, Alicia não tinha conseguido dormi naquela noite, as palavras da agente lhe apavorava, Raul voltou. O medo era eminente.  Logo recebeu ordem para se arrumar o julgamento tinha sido marcado para as noves horas da manhã.          Camila colocava os últimos papéis na maleta, tinha acordado cedo, tomou café com os filhos e a esposa, tentava canalizar suas energias e limpas sua mente, era um ritual que sempre fazia quando tinha julgamentos importantes, e aquele de certo era o mais importante para sua carreira. Vestiu seu melhor terno, caprichou no visual, a aparecia era o cartão de visita de um advogado, principalmente que ela sabia que a impressa estava na porta do fórum. Ao se virar para sair fez uma prece baixinho. Pedia força, sabia que tinha uma difícil batalha pela frente, era pessoas demais que confiara nela. Amanda se ofereceu para levá-la até a audiência, no primeiro dia não ia pode assistir.  O coração da advogada estava a mil, suas mãos suavam muito, volta e meia Amanda lhe apertava a mão com carinho lhe lançando um olhar de apoio, o carro se aproximava do fórum, muitos reportes estavam em frente ao fórum, Amanda ficou impressionada.      - Meu Deus.    - Começou o show. – disse Camila, dando um sorriso amarelo. Se despediu da mulher com um selinho, desceu do carro.         Elevou a postura e caminhou até a entrada do fórum, nesse mesmo instante um batalhão de reportes vieram a seu encontro, Camila no inicio tentou não falar, mais era inevitável, virou-se para os jornalista, respondeu algumas perguntas. Depois seguiu para o tribunal.
- Estamos aqui em frente ao fórum Joana bezerra para um dos julgamentos mais esperado do estado, a estudante Maria alicia de Albuquerque é acusa de ter sido a mandante do seqüestro e cárcere privado da promotora de justiça Larissa Couto... a promotora foi seqüestrada em frente ao prédio em que morava, a mesma foi mantida em cativeiro onde sofreu muita tortura durante 52 dias. O julgamento esta previsto para começar as noves horas da manhã, logo cedo a acusada chegou e foi escoltada para o fórum. – dizia a reporte. Camila Lafaiete Queiroz é advogada de defesa da acusada, a mesma também foi ex-assistente de promotoria da própria Dra. Larissa Couto...  A notícia corria a solto em todo meio de imprensa, muitos estudante e pessoas se aglomeraram para ter a oportunidade de assistir ao julgamento. Mesmo aconselhada pela advogada Larissa fazia questão de ver o julgamento, acompanhada pelo primo e as amiga ela entrou pela porta dos fundo do fórum evitando os jornalistas.  Camila entrou no tribunal entrou com um outro advogado assistente, ela se acomodou na sua bancada conversou com seu assistente. Larissa estava sentada na primeira fileira vem atrás da bancada da defesa, Luiza, seu primo e seus pais a acompanhava. Camila consultou o relógio a promotoria também já tinha chegado, ambos se cumprimentam com cordialidade. A juíza entra, Camila vestiu sua toga. vestiu sua toga, o julgamento começou a hora marcada a juíza de inicio a seção.     - Dou inicio a sessão. Maria Alicia de Albuquerque Couto é o réu. Vou me permitir fazer um resumo pela sentença de pronúncia também destacando que a nobre defesa trará suas teses no plenário, a imputação é por três crimes, seqüestro e cárcere privado  com agravante, lesão corporal de natureza grave, extorsão.. a juíza apresentou o caso. Encerrando sua manifestação inicial dando início aos debates.   Um julgamento de júri segue determinados procedimentos. O primeiro dia foi bastante cansativo o juiz interrogou a acusada durante quase três horas, Alicia estava muito nervosa, diversas vezes seu testemunho foi interrompido para que ela se acalma-se. Logo depois foi dada a palavra ao ministério público que tripudiou em cima da acusada, trazendo relatos da vida anterior de Alicia e tudo que ela tinha feito até ali, Camila protestou muitas vezes. Duas horas depois foi a vez da defesa apresentar sua tese, a lourinha se saiu muito bem. Terminada a seção. O julgamento retornaria no dia seguinte.     Camila saiu sem dá declaração alguma para imprensa.  
   - Fomos bem, so que...   - Só que o quê Camila? – indagou Larissa ao telefone.   - A tia de Alicia vai depor como testemunha de acusação.    - Aquela mulher é uma aproveitadora, ficou inconformada por que ter conseguido a guarda de Vinicius e me recusei a dá mais dinheiro a ela. – disse a morena indignada.   - Bem vou descansar um pouco, amanhã será a vez das testemunha.    - Quero a absolvição dela Camila, quero ela livre. – disse Larissa com total convicção que a lourinha conseguiria reverter o quadro.   Camila parecia preocupada, a promotoria parecia muito forte em suas teses, o testemunho de Alicia não foi muito proveitoso talvez teria que fazer o que parecia loucura. Ela pegou o telefone e deu algumas ligações. No fim conseguiu.     O segundo dia do julgamento a juíza ouviria as testemunha de defesa e acusação, para a surpresa de todos, Larissa subio aos bancos era um estratégia muito ousada da advogada de defesa, Larissa foi muito objetiva em seu depoimento, contou absolutamente tudo que acontecera desde que conheceu Alicia, como as duas começaram a se envolver, a promotoria foi muito dura com ela, chegando até a levantar suspeita sobre sua integridade, mas Larissa conhecia bem aquele jogo, jogou conforme a musica dentro da legalidade dos fatos, quando foi a vez de Camila, ela jogou com os próprio questionamentos da promotoria.
- Dra. Larissa as senhora pode afirma que a senhora Alicia participava das suas torturas.    - Não.    - Conte o que acontecia quando a senhora Alicia, ousava a desafiar o mandante do seqüestro o que lhe acontecia, ou melhor segundo seu próprio depoimento a senhora afirma que foi obrigada a presencia um ato sexual do réu com o ex-amante.    - O sexo não foi consensual. – afirmou a promotora.   - Como a senhora pode ter tanta certeza? Aquela mulher que lhe jurou amá-la, respeitá-la lhe levou em uma emboscada, segundo a promotoria por fins financeiros. Como a senhora que vitima dela pode ter tanta certeza que o sexo não foi consensual? Larissa olhava admirada com a advogada, a jovem fazia um jogo de acusação e defesa que caia por terra qualquer tese da acusação. Estava sendo brilhante. A morena procurou os olhos castanho não muito distante dali, ao encontrá-lo Alicia baixou a cabeça aquela amarga lembrança lhe vieram a mente, Larissa sentiu um nó na garganta, uma tristeza. Lembrava bem, nunca esquecera aquela cena horrível. Sua voz saia tremula. 
- Não foi consensual – afirmou - ela estava machucada quando ele invadiu o quarto, eu estava amarrada numa cadeira com a boca armodaçada, aquele homem fazia sempre a mesma pergunta, sua voz era repleta de ódio, seus olhos tinham um brilho negro, doentio – porque esta aqui doutora? sempre uma indagação sem resposta... Alicia estava jogada no colchão, o sorriso faceiro daquele homem, ele queria ver o medo e o desespero em meus olhos era isso com que ele se alimentava, não foi consensual, não foi, ele tinha ódio, seu maior ódio foi o fato dela ter se apaixonado por mim, ela me ajudava, me alimentava, cuidava dos meus ferimentos quando ele não estava por perto, foi naquele momento que percebi que ela não passava de uma vitima como eu. – todo tribunal ficou perplexo com o relato da promotora, a acusação se remexia na cadeia - Raul rasgou as roupas de Alicia ela se debatia, mas Raul era bem mais forte e ela estava fraca. O homem beijava, lambia, mordia a pele de Alicia, vez ou outra lançava olhares de provocação para mim, eu não pude fazer nada – Larissa começou a chorar - os gritos de Alicia foram abafados pela mão dele, o homem baixou as calças e antes de penetrá-la buscou meus olhos, a violentou de forma bruta, não consensual, seus gritos de desespero, sua luta perdida nunca se apagaram de minha mente.    - E depois o que aconteceu depois? – indagou Camila.  Larissa enxugou as lágrimas e tomou um copo de água. Minutos depois mais acalma prosseguiu.     - Ele tinha um olhar vitorioso, levantou-se proferiu algumas palavras e saiu a deixando lá no chão a brutalidade foi tamanha que ela ficou inconsciente.  - Sem mais perguntas meritíssimo.     - O advogado de acusação deseja fazer mais perguntas?  - Não meritíssimo.  - A testemunha esta dispensada.                   
O depoimento de Larissa foi vital para a defesa, e reforçado com os testemunho, nem mesmo a testemunha chave da acusação que foi a tia de Alicia que tentou de todas as formas destruir a imagem de Alicia conseguiu causar o mesmo feito. Depois de mais de dez horas a juíza deu por encerrada a seção voltando na manhã seguinte.       Todos chegaram cedo ao tribunal, Camila ignorou as provocações dos jornalista sobre o desaninhar do caso, todos questionava como Larissa. A sala estava cheia, meia hora antes de começa. Um carro escoltado pela policia chegar, Larissa desce do carro chamando a atenção de todos que correm, policiais fazem sua segurança, a morena estava impecável, havia cortado o cabelo e mantém a mesma aparência de antes, belíssima.    - Por favor doutora uma declaração – pedia os jornalistas. Os flash e câmeras de TV sobre ela. Houve um maior alvoroço, Larissa tentava ganhar passagem, mais aparecia mais jornalista.    - Doutora Couto é verdade que a acusada tem vinculo matrimoniais com a senhora. Aquilo fez Larissa congelar, todos notaram a reação da promotora que buscou o dono da voz.    - É por isso que a senhora não acurá-la em seu testemunhar? – continuou.       Houve um breve silêncio todos esperava pela resposta da mulher, Larissa raciocinou, não poderia responder, mesmo que quisesse não poderia. Ela olhou para o policial e disse.  - Me leve para dentro.
Sem demora os policiais foram abrindo passagem para a mulher passar. Sua entrada no fórum causou muitos burburinho, o salão estava repleto de estudantes e jornalistas, Larissa procurou pelas amigas, para surpresa de todos presente a mulher sentou-se na primeira fileira, ficando por trás de da mesa da defesa.  Tinha outro espectador que ficou surpreso com a presença da promotora, Raul estava completamente fora de si, tentou disfarça o cabelo mais comprido, barba grande, com documentos falsos se passou por estudante, havia chegado cedo para conseguir um lugar. A juíza entrou e deu inicio a seção, o coração de Alicia foi a mil quando ao entrar deu de cara com aqueles olhos negros, a emoção foi imediata, Larissa deu um sorriso discreto. Tudo começou, Amanda foi a primeira testemunha a depois, a promotoria foi dura em suas perguntas deixando a morena muitas vezes desconcertada. Depois foi a vez de Camila. Camila agia com prudência, Amanda era uma testemunha de defesa, jogou com astucia com os próprios questionamento da acusação, deixando os representante da acusação inquietos na sua bancada. Depois de quase duas horas entra e segunda testemunha que era Marcela. Marcela conta tudo o que aconteceu desde que Alicia lhe procurou horas depois de ter ocorrido o seqüestro.    - Então é verdade que a senhora Albuquerque chegou muito ferida a sua casa em busca de abrigo?   - Sim.    - E o que ela alegou para a situação aparente em que se encontrava?
O PROMOTOR Marcela contou tudo que se passou. Depois foi dispensada. Depois de ouvi todas as testemunha defesa e encerrada a seção. O julgamento já entrava em seu terceiro dia dos debates entre promotoria e defesa estava peso a peso. Tinha chegado a hora das replicas.  - E tem a palavra o ministério público.  – disse a juíza. O promotor cumprimentou a todos e começou sua replica. - É o júri que vai dizer a sociedade até que ponto nos poderemos interferir na vida de uma pessoa e vamos fazer isso da forma mais justa possível, nos espelhando na situação daquela que ali estar. – apontou para Alicia - Cada cá do senhores fizeram algo que me parece ser a grande mágica do júri que é usar o outro como seu espelho. – pausa - Há um dado no júri que é o dado mais genial. Aqui nós somos todos iguais. – gesticulou - Não podemos julgar com preconceito, não podemos julgar com alienação como se aquilo que estamos julgando aqui não se tratasse de um problema nosso. – apontou para o peito - O júri na verdade ocorreu porque acontece que ocorreu um crime contra a vida, a liberdade individual de uma pessoa. Que ocorreu na cidade em que vivemos, onde vive nossos parentes, nossos filhos e até nossos inimigos. – toda suas frases saiam pausada - e todos temos responsabilidade de que rumo essa sociedade vai tomar; numa sociedade democrática existe um direito fundamental, um direito que nos assenta e que todos nos possuímos.
O direito de que nós sejamos o que quisermos em um único lugar de nossas vidas, lá nós somos invioláveis, lá eu sou Júlio Moreira e apenas eu conheço ou quero conhecer é minha casa. – falava o promotor, fazendo seu show diante dos ali presentes, o homem ponderava a voz, gesticulava - Diz a constituição a casa é o abrigo inviolável da pessoa e do indivíduo. E esse júri e essa estória é de alguém que veio aos poucos, ninguém sabe quando isso começou, ninguém sabe quando isso se deu, mas era numa casa que abrigava uma família comum e quando fechamos a porta a vida é de cada um. Deus me livre do dia em que tivermos uma moral sexual oficial posta em lei, já pensou – nesse momento o promotor virou-se para a defesa Camila ficou vermelha de raiva mais se conteve -  como fazermos, com quem, de que forma, dentro da minha casa? Todas as ditaduras começam assim. Todas as ditaduras começam sempre em nome dos bons costume. Esse casal – apontou para Alicia - vivia lá suas experiências sexuais que ele casal admitia viver, so que ali o réu tinha outras intenções. Intenções compactuada com outro criminoso. Um dia sempre há um dia da ruptura. Sem nenhum preconceito por favor senhores aqui presentes. – frisou o promotor - Quem tem um amigo chamado Raul Santos. Não tem esse amigo pra jogar paciência, senhores – ironizou - eu vou chamar o Raul para alguma coisa que o Raul vai fazer. É algo grandioso – gesticulou - algo que precisa de uma investidura que precise de coragem, eles esperaram, esperaram a hora certa, a réu se aproximou, se insinuou até conseguir que a vítima se envolvesse, planejaram, articularam, até finalmente executar a ação pegando a mulher desprevenida, sem da oportunidade a uma defesa. Jogando um carro, esmurrando, batendo, ameaçando. – isso tudo o promotor fazendo gestos - Desalojando essa pessoa completamente debilitada. Mantendo uma pessoa inocente em cárcere, sofrendo os piores tipos de tortura, onde a réu muitas vezes participava. Alicia chorava muito balançando a cabeça em sinal de negação, houve muito burburinho na sala. A juíza pedia silêncio.
- O que ela vai dizer que foi coagida a participar desse ato bárbaro, que era coagida a dormi com a vítima até atraí-la para aquela emboscada? Ora senhores, não foram uma única tentativa foram duas tentativas de seqüestro, so que a última executado com sucesso. Como podem ver, a senhora Albuquerque teve sua chance de desistir, porém ela queria mais, queria a satisfação do amante, queria o dinheiro. Aqui esta o laudo do estado em que a vítima foi encontrada. Nos poucos minutos que me restam nos temos que pensar que essa mulher acabou destruindo toda possibilidade de família que havia, não se afeta apenas a vítima, mas também a sua família, pense na dor dos pais em ver o estado da filha.- Ou não, eu na leitura do processo eu não me convenci que a vítima fosse apenas vítima de sua companheira. - muitos barulho - afinal como não reconhecer seu seqüestrador estando em sua companhia durante ano de relacionamento, como não reconhecer a voz, como não reconhecer, não senhores jurados isso não ficou claro pra mim, a vítima foi então conivente com a ação.     - Protesto meritíssimo, quem esta em julgamento aqui é a acusada não a vítima. – falou Camila.   - Aceito! Detenha aos fatos doutor.    - Minhas alegação são importante para mostrar os fatos, ela afirmou em seus depoimento que não tinha visto o rosto dos seqüestradores, pois ambos usaram mascaras. O que nos permiti fazer outras relações, a prova que nos temos é essa. Quando vocês forem decidir, lembrar do juramento que fizeram, examinar com imparcialidade e proferir a decisão de acordo com os titame da justiça e da consciência essa é a limitação dos jurados tão somente. É por isso que peço a condenação da acusada por todos os crimes aqui presente. – finalizou a acusação.
- Ordem, ordem nesse plenário – pedia a juíza - concedo a palavra ao nobre defensor Camila Lafaiete Queiroz  para exercer o sagrado direito de defesa pelo prazo de uma hora e meia.  O julgamento estava na reta final, ali Camila estava diante da única chance de conseguir a vitoria a advogada chegou ao centro, logo cumprimentou os jurados e todos ali presente. Depois deu inicio a sua oratória.  
   -  O júri é um dos melhores instrumento para decidir certo tipos de caso, melhores até mesmo do que o juiz togado, do que o juiz togado concursado. Porque? – indagou buscando os olhares atentos dos jurados - isso porque o juiz togado de tanto lidar com o bandido, de tanto lidar com pessoas que vão ali para enganá-lo, ele vai se deformando e acaba achando que todo mundo é culpado. Que todas as pessoas estão ali para mentir para ele e o réu por definição merece punição. – Camila aumentou o tom de voz, tinha uma expressão muito forte - Merece pena, merece ser condenado. – frisou - O júri não, vocês estão aqui para decidir o destino dessa moça – apontou para Alicia trazendo comoção em sua voz - vocês estão aqui para julga - lá por uma coisa que efetivamente ela fez.A afirmação da advogada causou muitos comentários entre os ali presente, Larissa sorria sabia o que Camila pretendia, sua visão profissional sobre a moça se engrandecia.   - Mas, existindo até a possibilidade de que ela não tenha feito, que tenha sido seu ex-companheiro que esta foragido. – pausou - E como vamos julgar essa possibilidade, a ação aconteceu em julho de 2009 vai fazer três anos. Para melhor compreendermos teremos que fazer um retrocesso no tempo, reconstruir aquela realidade que aconteceu naquele dia, naquela noite, naquele lugar – gesticulava caminhando de um lado para o outro no salão - com toda a sua espessura e sua intensidade, nos precisamos ser como o júri sabe ser. Nos afastamos do preconceito e decidirmos de acordo com as provas dos autos a luz de algumas critérios como verossimilhança , credibilidade com razoabilidade, porque nos não estávamos lá, naquele momento, nos não sabemos como aconteceu se não reconstruir a historia. – Camila foi até a bancada e pegou a copia do processo - E como podemos fazer isso, lendo o que foi trazido pelas testemunha, laudos e toda a prova. Estamos aqui diante de um casal. Alicia e Raul, porém Raul que já nutria uma raiva obscura pela a vítima, já segundo os autos a vítima havia sido promotora de acusação que conseguiu num trabalho belíssimo a condenação de um dos traficantes mais procurado do país, Malbec Santo que se suicidou covardemente na cadeia. Raul no canto afastado se remexia na cadeira, fuzilada a advogada por suas palavras.  
- Então por vingança eu projeta um plano para se vingar da promotora Larissa Couto. Senhores no inicio não foi a acusada a agir e sim uma outra mulher que prestou depoimento aqui. Sem sucesso realmente a senhora Alicia se ofereceu para ajudar o amante, mas ela não tinha consciência do real motivo do homem, o real motivo era implícito. O tempo passou e ela realmente se envolveu emocionalmente com a vítima, não estamos aqui para julgar esse tipo de relacionamento – frisou Camila para o promotor – um crime foi cometido, a senhora Alicia tem consciência disso, e é por isso que estamos aqui. – ao se deparar com a resistência da amante em ajudá-lo a prosseguir com o plano Raul passa a ameaçá-la. O que se encontra nos autos, a senhora Albuquerque foi tão vítima quando a própria vítima a promotora Larissa Couto, a acusada que ali – apontou para Alicia - foi alvo de gravíssimas violências, ameaças até mesmo estupro. Estupro – frisou – na frente da própria vítima. Existem outras questão que nunca tiveram em causa, entre ela a liberdade sexual. As pessoas efetivamente trancada em seus quartos podem fazer o que quiserem desde que as duas queriam. Como a promotoria pode dizer que foi consensual um ato criminoso desse, esse ato teve testemunha, a própria vítima da acusa Larissa Couto. E o que ela conta? Que ele obrigou a Alicia a fazer sexo. E quais foram o motivo que ele fez isso? Porque a senhora Albuquerque tinha levado comida para a vítima que estava em cárcere, porque ele sentiu raiva em ter sido trocado por uma mulher, porque ele queria ferir a promotora usando a mulher que ela amava. Ele a violentou de forma brutal apenas para magoar os sentimentos que unia as duas mulheres. E foi isso que aconteceu, foi isso que a própria vítima contou em seus depoimentos. Que a senhora Albuquerque era violentada, maltratada, ameaçada constantemente. E detalhe, por mais culpada que fosse era ela que apesar de todos os risco. – Camila encarava um a um os jurados suas palavra causava muita emoção nos ali presentes - alimentava, cuidava e tentava proteger a vítima.
  Agora senhores você devem esta se perguntando se não era por dinheiro então porque Alicia era conivente ao seqüestro? A resposta é muito simples, POR AMO... –mais barulho. - Ordem! Ordem. – pedia a juíza. - Alicia vivia com esse homem, e dessa relação teve um fruto, o pequeno Vinicius.  Quantas de vocês aqui do júri é mãe? o que você faria por amor ao seu filho? Foi em nome desse AMOR que a senhora Albuquerque se deixou  coagir, não foi dinheiro senhoras e senhores foi POR AMOR. O mesmo amor que a levou a salva a vida da mulher que tinha feito tanto mal. Estou aqui relembrando os fatos, a luz das provas que existem, as provas são contraditórias, as provas são fragmentadas – silenciou - algumas pessoas dizem uma coisa, outras pessoas dizem outras, mas essa versão esta apoiada no depoimento da própria vítima e de dois acusados. Eles deixaram claro que a galega, que é a senhora Albuquerque ela era uma mulher, mas mesmo assim o chefe Raul vivia batendo nela, principalmente quando ele ficava sabendo da ajuda que ela dava a vítima. Senhores em depoimento a polícia um dos acusado afirma que recebia ordem expressa para não deixar a senhora Alicia sair de casa. Como podemos ver, essa mulher era tão refém quanto a vítima. Olhem sem as vendas do preconceito senhoras e senhores, o fato é que a senhora Albuquerque e a senhora Couto são um casal perante a lei, assim rege o documento de união estável. Não estamos aqui para negar o fato que de forma passiva, mas existente a senhora Albuquerque participou do seqüestro, não estamos aqui para diminuir a sua culpa por ter enganado, agido de má fé alguém que sempre lhe ofereceu afeto. Minha cliente é culpada sim, pela participou do planejamento, mas quando percebeu o erro que estava cometendo, tentou retroceder, foi então que o seu ex-amante começou a ameaçá-la dizer que iria matar seu filho, você que é mãe já imaginou receber uma ameaça de que matariam sei filho. O amor de mãe falou mais alto. – disse a advogada - Quem era essa mulher antes do acontecido, uma mulher de família humilde e de poucas oportunidades, que cometeu o ERRO – falou num tom alto – cometeu o erro de se envolver com o homem errado, que dessa relação acabou concebendo um filho. Essa mulher senhores nunca tinha cometido um crime qualquer, nunca, nem multa de transito, nem hum ato anti ético, nenhuma falta contra a sociedade. Era humilde, era pobre, trabalhava, e nunca tinha cometido nenhum crime. Mas nesse dia enquanto as duas mulheres corriam no calçadão o seu amante mesmo diante de protesto ele seqüestra as duas mulheres, a batendo e a jogando do carro em alta velocidade, onde por sorte não morreu.
Depois disso a senhora Alicia nunca mais cometeu nenhum outro crime, nenhum. Fugiu porque temia pela própria vida, não com medo das autoridades, mas sim com medo do traficante, senhores Raul Santos é um dos criminosos mais encontrou, a machucou ameaçou, matou sua avó materna a sangue frio, e mais uma vez ela se tornou refém desse homem. Tanto é que so quando a policia invadiu a casa do traficante e ela foi presa que ela de fato se tornou livre. Livre de sua violência, na primeira oportunidade senhores minha cliente a senhora Maria Alicia Albuquerque Couto ela confessou toda sua participação no crime. O relato do próprio delegado afirmou a suspeita não ofereceu resistência alguma. É ai onde o júri pode considerar a verossimilhança , do que se parece mais com a verdade. Será que essa mulher era uma mulher boa que nunca tinha cometido nenhum tipo de crime, será que essa mulher subitamente naquela noite se tornou uma criminosa? Uma louca, uma facínora, capaz de torturar friamente sua companheira. Ou será muito mais razoável que diante de tantas ameaças, ameaças de matarem seu único filho ela se viu obrigada a participar de forma passiva desse ato criminoso. O quê que se parece mais com a verdade a estória da acusação ou a estória da defesa? – Camila ficou um tempo em silêncio para que o júri pensasse um pouco, depois tomou a palavra - Porque quando agente ver um sujeito que já matou cinco pessoas, já feriu outras cincos que mata alguém, é levado a acreditar que ele matou alguém, porque já fez isso antes. Não – afirmou - essa pessoa é perigosa. Mas essa – se aproximou de Alicia encarou seus olhou - com um passado e um futuro brancos e imaculados em relação a qualquer tipo de crime, será que ela virou um mostro – ao seqüestrar a sua companheira - depois virou boazinha de novo, porque foi ela , unicamente ela que ajudou a vítima, foi ela que fez a denúncia dando a localização do cativeiro, foi essa mulher a quem querem condenar que devolveu a liberdade a vítima. Foi ela que acabou salvando-lhe sua vida. Não é verocimero, não é razoável, não é lógico. Alguns doutrinadores italianos costumam dizer que a lógica é a rainha das provas.     No fim da sua replicar Camila dá sua cartada final. Se posiciona bem em frente do corpo de jurado, sua voz sai num tom mais baixo, a lourinha encara um a um e toma a palavra mais uma vez.
- O que realmente temos aqui senhora e senhores, quais são as reais provas que para condenar essa mulher? Nas gravações colhida pela justiça da negociação dos seqüestradores em momento algum aparece a voz da acusada, ou melhor apenas houve duas ligações durante todo período de seqüestro, deixando mais que óbvio que o interesse do seqüestradores não eram fins financeiros. Até porque a vítima segundo consta e funcionária pública e tem seus recursos limitados, nunca podendo pagar o valor exigido pelo resgate na época, o que descaracteriza o crime de extorsão. E Alicia sabia disso, namorou durante 13 meses a promotora, sabia que ela sempre foi uma mulher honesta e sabemos que o salário de um promotor de justiça que vive honestamente no Maximo lhe da uma vida confortável. – agora Camila abriu um sorriso tinha chegado o momento - Sabem o que é marionete senhoras e senhores. – nesse momento Camila foi até sua bancada onde um de seus assistente lhe entregou uma marionete para surpresa de todos até mesmo de Alicia era um brinquedo com suas característica, houve muito burburinho no tribunal com a ousadia da advogada.    – Isso é uma marionete, e essa é minha cliente, ela não passa  de uma marionete dessa quadrilha que usou como escudo humano. – me digam ela parece ter vontade própria. – Camila foi ousada levantou o brinquedo para o júri que olhava curioso realmente a boneca parecia com Alicia.   - Protesto. – falou o promotor indignado.   - Aceito – falou a juíza – isso não é um circo Dra. Lafaiete .   - Desculpe.    - O júri deve desconsiderar o fato – falou a juíza ao jurado, mas Camila já tinha conseguido o efeito que queria deixando Larissa mais que orgulhosa da atuação da advogada.
- As provas não provaram nada, a participação passiva dela foi admitida pela própria acusada, mas é mínima uma vez que ela mesmo foi vítima desse homem, que a manteve em cárcere durante muito tempo, que a violentou, machucou, assassinou sua avó na frente do próprio filho. Ela não passa de uma vítima também. Há uma teia imensa com uma aranha que manipula cada ponto e vocês realmente acreditam que essa mulher é a mentora de tudo isso? Não senhoras e senhores, ela foi sim vítima das circunstâncias, ser mulher de um criminosos a torna criminosa? Apenas aqui apresento os reais fatos para que vocês possam julgá-la de forma justa, para que ela pague sua dívida com a sociedade, não bastas pequenas evidências para condená-la a passa tantos anos de sua vida em uma penitenciaria, tendo muitas vezes seus direitos básicos violados, se até mesmo a própria vítima não a considera tão culpada assim, porquê condená-la? as vezes – Camila mudou o tom para passa mais emoção e estava conseguindo – pessoas boas podem fazer escolhas erradas, pessoas boas podem fazer coisas ruim, até agora não foi mostrada pela acusação uma prova razoável para condená-la. E a lei é clara se a promotoria não prova sem que reste qualquer dúvida da autoria do crime ela é inocente. Qual foi o crime que essa mulher cometeu? Proteger o filho acima de qualquer coisa? E é por esse motivo que peço a absolvição do réu.     Camila foi perfeita em sua replica, ela conseguiu mexer com a cabeça dos jurados, todo tribunal se remexia, a advogada conseguiu usar tudo a seu favor, já podia sentir o gosto da vitoria, a juíza pediu um recesso pra que os jurados pudessem deliberar, já que o ministério público recusou o direito a treplica. Antes de ser escoltada Larissa buscou os olhos de Alicia, havia um sorriso na face de ambas, sorriso eu tornou-se mortal, alguém não muito longe dali captou aquela mensagem, Raul levantou de sobre salto um ódio possuiu a mente o cegando, aos empurro ele caminhava em direção a promotora que parecia distraída, ao se virar o homem sacou a arma, parecia uma cena de filme, ao ver a arma apontada para Larissa Alicia tentou correr mais era tarde demais, os policiais a segurava o estrondo dos disparos assustou todos ali presente. Larissa parecia não entender o que estava acontecendo virou-se para o lado foi quando reconheceu o homem, gritos, dentro do fórum, Raul foi derrubado por um policial que o prendeu, em segundos Larissa percebeu tinha tomado tiros no abdome, agora uma forte dor, o gosto de sangue na boca, ai veio a escuridão.
- Me solte. – gritava Alicia em desespero. Tinha sido levada dali.  Camila se apavora ao ver o corpo da amiga no chão.    - Saiam de perto. – gritava Luiza, dona Laura cai no maior desespero assim como seu Augusto.     Luiza prestava os primeiro socorros a amiga, minutos depois a ambulância chega e a promotora é levada para o hospital. O acontecido passa em todos os noticiários da TV. Alicia é levada de volta a penitenciaria, as agentes tem dificuldade de conduzi-la para cela, a mulher estava transtornada, a imagem de Larissa tomando um tiro lhe tirar o ar. Seu peito doía demais, ela caiu sentada no chão da sua cela, aos prantos.    Enquanto isso o destino de Larissa estava nas mãos de Luiza, a médica tomou a frente, levou Larissa para mesa de cirurgia, seu estado era muito grave a bala perfurou alguns órgãos, a lourinha tentava reverter o quadro mais estava difícil, Larissa teve que ser reanimada três vezes, a cirurgia demorou quase 6 horas. Luiza sai da sala de cirurgia arrasada, joga a toca no chão, Andréia se aproxima dela.     - Você fez o melhor que pode.    - Ela não responde. – disse se entregando ao choro. – a perdi três vezes...    - Você nunca perdeu seu dom, você fez tudo que estava ao alcance da medicina.   - Devo minha vida a essa mulher – disse Luiza encarando a antiga chefe – devo minha vida a ela. – saiu precisava falar com a família de Larissa. Luiza antes tomou um rápido banho. Vestiu uma roupa da Duda. Chegou na sala de espera, dona Laura consolava o marido.    - Tia, - chamou Luiza sentando próximo a eles.
Os olhos dos pais de Larissa somavam tamanho desespero.    - Eu conseguir retirar as balas, mais o estado dela é muito delicado, as próximas horas será decisivas.      Luiza abraçou os dois, os três choravam como criança, Camila recebia o apoio da esposa e da amiga, tinha Larissa como uma irmã, aprendeu amá-la e respeitá-la. Todos ficaram a madrugada inteira ali, os pais de Larissa não saiam da capela.    - Melhor você ir pra casa, - pediu Luiza.    - Estou dizendo a Camila, mais ela é teimosa como uma mula – falou Amanda – vamos passar na casa de Larissa e pegar o Vinicius, melhor ele ficar lá em casa, pelo menos tem o Lucas pra ele brincar.    - Faz isso mesmo, ele precisa ficar longe disso tudo. Camila enxugou as lágrimas e respirou fundo.   - Preciso ir no presídio Alicia deve esta desesperada. As três concordaram.      Alicia continuava deitada no chão frio da cela, toda encolhida chorando, sua dor era tão grande que não tinha como descrevê-la. Orava baixinho pedido pela vida de Larissa, fazendo mil promessas. Camila recebeu autorização para falar com ela, as duas amigas se abraçaram, Camila contou tudo que tinha corrido.     - Você sabe que ela esta sendo cuidada pelos melhores médicos daqui.Alicia fez que sim mesmo aquela noticia lhe doendo tanto.    - Ela vai ficar bem. Mas preciso que você fique bem.
Alicia não tinha a mesma confiança, naquele momento era atormentada por pensamentos ruim. As horas eram massacrante, Alicia chorava em sua cela, ao lembrar da esposa.  EsconderijoAna Cañas Procuro a solidãoComo o ar procura o chãoComo a chuva só DesmanchaPensamento sem razãoProcuro esconderijoEncontro um Novo abrigoComo a arte Do seu jeitoE tudo faz sentidoCalma pra contar Nos DedosBeijo pra ficar aquiTeto para DesabarVocê para construir DunDarunDê aunDe iêCantava baixinho.  No hospital o estado da promotora continuava crítico, ela ainda estava na UTI. Raul finalmente foi preso, agora encontrava-se numa cela com mais 22 presos. O homem não parecia arrependido adotou o total silêncio.
Foram uma semana depois Camila fica surpresa, a juíza não queria prolonga ainda mais aquele julgamento ela marca a seção para amanhã seguinte, restringindo  a abertura ao público, apenas as partes interessadas pode esta presente. Alicia não entende porque tão rápida depois do que aconteceu esperava mais tempo para finalizar o caso. Uma vez os jurados deliberando, o juiz finamente ler a sentença.     - Com cinco voto a dois o jurados consideram o réu inocente.  Senhores jurados de acordo com a consciência de acordo com os ditames da justiça absolveram o réu. Que o réu permaneça em pé os demais podem permanecer sentados. Submetido a julgamento o réu Maria Alicia de Albuquerque Couto perante o egrégio tribunal de júri esta após reconhecer por cinco a dois a  materialidade e a letalidade por cindo a dois. Tenho para mim entretanto uma vez absolvido do seqüestro é tão abrangente que dou por encerrada essa seção.    A juíza bate com o martelo, Alicia não acredita no que acabou de ouvir, Camila abri um sorriso imediatamente o promotor de aproxima dela lhe cumprimentando. Alicia permanece sentada na cadeira. Sua mente ainda não conseguia compreender inocente, Camila conseguiu o que prometera a Larissa inocentaram Alicia.  - Deus esta te dando uma segunda chance, a sociedade esta te dando uma segunda chance, a faça feliz, porque ela merece. – disse Camila, com toda sinceridade do seu coração.  
Alicia sentou-se na cadeira boquiaberta, por muitos momentos duvidou que sairia da cadeia. Mas a realidade se mostrava o contrário, estava livre, livre.     - Você esta livre. – falou Camila, confirmando o que sua consciência negava. – você esta livre.Alicia finalmente saiu de transe, encarou sua advogada suas palavras saiam em burburinho.     - Ela sempre acreditou em você. – disse a lourinha com os olhos cheios de lágrimas. Camila abriu um sorriso.- Ganhei por ela, pra ela. – disse Camila abraçando a amiga. – vou providenciar seu alvará de soltura.     Alicia ainda duvidava do que acabara de acontecer, o júri a absolveu, estava livre. Livre. Sua advogada voltou meia hora depois com o documento em mãos, os entregou a estudante. Alicia tremia diante dos papéis, os leu atentamente, de fato buscou os olhos da advogada que continuava a sorrir.  - Acredita agora? Alicia balançou a cabeça em sinal de afirmação, ainda estava muito emocionada, ganhara a liberdade. Tentou se recompuser. Enquanto Camila dava a notícia por telefone aos familiares. - Alicia, vamos. – chamou.- Preciso vê-la. - É pra lá mesmo que vamos, Larissa esta bem acabei de falar com Amanda, pouco a pouco ela esta se recuperando, sua presença vai lhe dá força para que ela melhore logo.  Camila pegou a pasta e seguia em frente, Alicia permanecia no mesmo lugar, tinha medo. Logo atrás daquela porta tinha muitos jornais e televisão. Ao observar a inquietude da cliente Camila retrocedeu, estendeu-lhe a mão.    - Você é uma mulher livre, e inocente a justiça entendeu assim. – falou a advogada com convicção. – erga a cabeça e vamos sair. Alicia estava corroída na vergonha não se considerava inocente, saiu do fórum de cabeça baixa, muitos jornalistas se amontoaram, fazendo mil perguntas a Camila. - Como podemos ver, minha cliente é inocente de todas as acusações, não restando dúvida que ela foi sim uma vítima. Assim entendeu a própria vítima Larissa Couto e a justiça. – finalizou a advogada, ganhando passagem. 
Alicia não falou uma so palavra, entrou no carro de Camila apressada. Ambas foram para o hospital, onde já as aguardavam.  Milhões de coisas passavam pela cabeça de Alicia, sentimentos diversos que a deixava apavorada, o medo da rejeição, a alegria do amor, o remorso. O carro estacionou ambas saiu, Camila teve que aparar a estudante, pois ela quase caiu, sentia uma tremedeira, estava pálida como papel, suas mãos frias. - Você não esta se sentindo bem?- Estou com medo. – confessou à lourinha. - Medo de quê?Alicia caiu num choro desesperado, não sabia definir seus sentimentos naquele momento, Camila a levou para dentro da Clínica ficaram na recepção demorou cerca de dez minutos para que a mulher se acalmasse, logo em seguida Luiza levou Alicia para o consultório de Duda.    - Me deixa so com ela. – pediu Luiza. Alicia estava sentada na poltrona de cabeça baixa chorava feito criança. A se ver sozinha com a mulher Luiza puxou uma cadeira e sentou-se em sua frente.
- Sei que ai dentro deve esta em revolução – começou a médica, seu timbre de voz era amigo. – Larissa se feriu gravemente, por pouco a perdemos – Alicia a olhava – por pouco ela morreu em minhas mãos – disse a lourinha tristonha – acho que você conhece minha estória – Alicia fez que sim – minha vida esteve nas mãos de Larissa por muitas vezes, sou eternamente grata por isso, conseguir salva-lá, não so da morte mais também de uma vida infeliz, traves da minha irmã devolvemos a felicidade aquela mulher que significa mais que uma amiga pra nós duas. Larissa a ama, Larissa verdadeiramente a ama. Por Amor ela fez muitas coisas, arriscou muitas outras que são importante pra ela. E você sabe disso, senti muita raiva de você, a julguei muitas vezes desde que soube. Mais hoje a recebo de coração limpo. Sei que a ama, vejo esse amor em seus olhos. Levante a cabeça Alicia, hoje você faz parte de nossa família. Larissa esta bem seu estado é delicado mais ela vai ficar bem. Agora preciso que você fique bem. Vamos esquecer o passado. Se dê uma nova chance.      Alicia buscou o abraço de Luiza, chorou copiosamente, seu coração sentia-se tão pesado diante do remorso que sentia. Luiza lhe deu um calmante, meia hora depois ela estava mais calma. Reuniu força e foi até o quarto de Larissa, no caminho encontrou com a sogra.
As duas mulheres se fitaram por um momento. Alicia estava com os olhos vermelhos ainda. Dona Laura parecia surpresa com a presença da nora.     - Alicia... – falou a mulher.   - Me absolveram dona Laura, como ela esta? – apressou-se a dizer.    - Minha filha. – dona Laura puxou Alicia para um abraçado maternal. Sentira feliz em saber que a nora estava livre. As duas mulheres choravam baixinho, Alicia pedia perdão, nunca tivera a oportunidade de se desculpar com os pais de Larissa, embora aquele momento não fosse o mais apropriado a lourinha precisava dizer.    - Preciso vê-la. – pediu se afastando um pouco da mãe de Larissa.   - Ela esta melhor, Luiza disse que seu estado é delicado, mas minha filha é forte como um touro – disse sorrindo – entre ela esta acordada, ela esta com o Vinicius e o Augusto.    O coração de Alicia bateu tão forte que parecia sair pela boca, Camila já tinha informado para os pais de Larissa sobre o resultado do julgamento, so que eles preferiram não contar a morena ainda. Queria fazer uma surpresa. Mas acabaram eles tendo uma surpresa. Larissa parecia ter certeza que o resultado não seria diferente. 
Alicia abriu a porta de vagar, podia ver o pequeno Vinicius no colo do senhor Augusto, ao entrar olhos voltaram-se para ela. Um misto de emoção, o menino correu para seus braços, Alicia se desmanchava em lágrimas, Larissa parecia não acreditar, minutos depois Alicia foi até a morena que estava deitada na cama.     - Como você esta? – perguntou chorando e rindo ao mesmo tempo - tô aqui amor, nunca mais saio de perto de você.    Foi o que a lourinha conseguiu dizer abraçando a morena que arrancava gemidos de dor, mas ambas precisavam daquilo, seu Augusto tirou o menino do quarto, Alicia estava muito nervosa, chorava muito, Larissa não conseguia dizer uma só palavra. Demorou até que Alicia se recuperasse.     - Eu tô aqui, eu tô aqui. – repetia. Pegando a mão da promotora e passando em seu rosto.   - Eu estou vendo – Larissa sussurava ainda sentia-se muito fraca.   - Meu Deus eu em cima de você. – disse ao perceber que a morena ainda estava muito debilitada.  – Camila conseguiu.Larissa abriu um sorriso que iluminou o quarto.   - Sempre soube que ela conseguiria. – disse orgulhosa.  
  Alicia baixou a cabeça, mesmo inocentada ainda sentia-se em dívida com Larissa.     - Você não teve a oportunidade de escolha – disse a morena num tom mais sério – você realmente quer ser minha esposa?    - Se você ainda me quiser mesmo depois de tudo que fiz.   - Eu a amo. Suas atitudes passadas não conseguiram mudar isso, então não vai ser agora que você pode me mostrar que pode ser uma pessoa melhor que vai me fazer desistir.     Alicia não tinha dúvida alguma, aproximou-se dos lábios da morena e a beijou com todo amor que sentia, seu beijo foi correspondido na mesma proporção. Nos dias seguintes Alicia não saia do hospital, a recuperação da promotora foi um tanto demorada, Alicia passou por situações muito delicada, mais depois de vinte dias ela recebe alta. Muitos jornalista se aglomeravam em frente ao hospital, desejando uma delcaração da promotora. - Melhor irmos por trás, lá na frente tem muitos jornalista. – sugeriu dona Laura.   - Não mãe, eu e Alicia vamos sair pela frente, não somos nenhuma criminosa.   - Filha, você tem uma vida pública as pessoas ainda comentão sobre o julgamento e seu casamento com a Alicia. 
Larissa ignorou o apelo da mãe, não tinha vergonha de nada, muito menos na mulher que estava ao seu lado iria sair pela porta da frente e sim daria uma declaração pública sobre o caso. Camila támbem concordava com a posição da amiga, aquilo colocaria por fim todas as fofocas que surgia diante do caso. Assim que a família de Larissa apareceu na frente do hospital muitos holofostes recairam sobre elas. Larissa caminhava devagar com Alicia ao lado, os jornalista se aproximaram os seguranças arrodearam as duas mulheres evitando muita aproximação. Inumeras perguntas foram feitas. Larissa foi cordial, respondeu a maioria das perguntas dos jornalista até as mais incoveniente. Logo em seguida foram para casa onde todos estavam reunidos.     A mãe de Larissa fez um almoço caprichado, todos comemoravam. Alicia sentia-se meio constrangida diante de todos, para ela dentro sempre ia ficar o remorso. Larissa volta e meia, a abraçada mostrando-lhe que as coisas iam ficar bem. Depois que todos foram embora dona Laura procurou pela nora que lavava os pratos na cozinha, Larissa tinha ido se deitar sentia um pouco de dor havia feito muitas extravagância.  
- Deixa isso ai. – disse a mulher.   - Já terminei. – Alicia virou para pegar o pano de prato.    - Alicia. – chamou dona Laura, finalmente a lourinha a encarou.     Dona laura captou o olhar de repleto de medo e vergonha. Desde que a nora chegou para morar ali podia notar seu tamanho desconforto. Ela vivia sempre pelos cantos da casa evitava todos.     - Você não esta feliz?               Alicia então falou com toda sinceridade de seu coração.   - Nunca poderei ser totalmente feliz, culpa minha minha avó morreu, culpa minha causei uma dor irreparavel a vocês... eu não mereço nada disso, sou culpada por tudo, mesmo assim a justiça me inocentou.  Dona laura se aproximou-se, sua voz saiu branda.  
- Você é culpada sim, por todo sofrimento de minha familía, mas você é a pessoa que minha filha escolheu. Você foi culpada sim, mais seu arrependiamendo é sincero, desde que a conheci vi em seus olhos você ama a Larissa, acho que nem você mesmo sabia, há muito tempo, lembro da primeira vez que Larissa lhe levou a nossa casa, seu jeito tímido e humilde, você é uma pessoa simples e sem frescura, vi a felicidade em seus olhos em nosso seio famíliar. Pra nós, para a sociedade voce já pagou pelo que fez. Seu sofrimento não foi menor ou maior que o nosso. Se der uma segunda chance. Dê a Larissa e ao Vinicius uma segunda chance. Seja onde sua vó estiver ela ia querer isso. Falo como mãe filha. Você tem uma família agora você é mulha filha agora.      Alicia abraçou a sogra com carinho. Depois dos agradecimento. Foi pro quarto. Larissa lia um livro a lourinha entrou desconfiada, a morena a observava, esperou que ela tomasse banho e se trocasse. Depois ela saiu para ver o filho, voltou minutos depois.    - Não larga do leão, aquele urso esta imundo. – falou Alicia deitando ao lado da morena.    - E eu não sei, Maria já tentou lavar inumeras vezes mais quando ele sai pro colégio esconde o danado. Alicia riu.
- Eu te amo. – falou a morena toda apaixonada. – vamos começa do zero.    Alicia fez que sim com a cabeça, a vida lhe derá uma segunda chance. Os olhos se fundiram, os labios se tocaram, um beijo doce, apaixonado cheio de amor. Um beijo de amor, um beijo de recomeço...     Oito meses depois     Depois da abolvição da lourinha muitas coisas mudaram. Raul soube do resultado do julgamento ficou possesso, mandou inúmeros recado para Beto ordenando que o tirasse dali, mas o antigo parceiro não mais o via como antes, com a prisão de Raul, Beto resolveu a forte punho assumir o comando do tráfico na favela onde Raul reinava, mesmo com toda pressao da polícia o homem conseguia se sobrepor. Raul se perdia na lamúria, agora os pesos dos seus atos caiam em suas costa, sem amigos, sem dinheiro, a vida no presidio era cada dia pior, a falta do filho era latente, nunca mais o viria, pediu inúmeras vezes para que o advogado o levasse, mas a promotora usou de toda sua influencia no ambito jurídico para veta qualquer possibilidade de aproximação. Alicia, nunca passaria por cima de uma decisão da mulher.    Vinicius já não perguntava pelo pai, sentia-se muito feliz com suas mamães. Meses depois Alicia recebe a notícia que o traficante num ato covarde havia se suicidado, mesmo a contra gosto de Larissa levou Vinicius para o velório do pai, o menino apesar de tudo era filho dele, mas a mulher não permitiu a pesença da esposa.
Beto acabou sendo preso, o depoimento de Alicia foi crucial para colocar muitos homens importantes na cadeia. A vida havia seguido seu curso. A lourinha resolveu voltar a estudar, voltou para a faculdade de direito. A cada dia se mostrava mais interessada. Queria atuar na aréa da familia, apesar da felicidade que sentia ainda sofria com a perda da avó queria que ela estivesse ali vendo o crescimento da neta. A convivência com Vinicius mudou Larissa por completo, hoje aos 35 anos a morena queria ser mãe, mas não que ela gerasse a morena tanto pediu que Alicia acabou cedendo a lourinha hoje gerava um filho de Larissa a morena havia doado o óvulo e seu primo o esperma, Alicia estava grávida de cinco meses e pra surpresa do casal era gêmios. Na manhã de terça feira a morena acorda cedo, estava agitada.     - Que agonia é essa amor? – indagava Alicia enquanto assaltava a geladeira a gestação tinha lhe aberto um apetite monstroso. Larissa folheava o diário oficial.      Larissa sentia o coração saltitando lembrou-se a quase seis anos atrás naquela agitação em busca do resultado. De repente os gritos pela casa. Mulher explodia de felicidade, uma felicidade orgulhosa. De imediato ela pegou o telefone.     - Alô – dizia uma voz sonolenta.   - Você passou – gritou a morena.
Camila afastou o celular do ouvido tamanho foi o grito da amiga, Larissa falava tão rápido que o raciocinio da advogada estava lento. Finalmente entendeu. Levantou-se da cama e correu para pegar o diário oficial, buscou seu nome. O encontrou com nota maxima. Camila sentiu uma emoção explodir seu peito, realizara um dos seus maiores sonhos profissionais, passara um nos concurso mais difícies do país. Finalmente chegara onde foi instruida para chegar. Tonara-se promotora, promotora assim como sua especial mentora. A felicidade estava plena. E assim a vida vai seguindo seu curso fazendo do fim de uma historia sempre o recomeçou para outrar....       

    FIMMM... Séra????? Beijos meus amoresss Obrigada por todos esses meses adoro vocês de PAIxÃO

4 comentários:

  1. legaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaal obrigada bjos

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  2. Simplesmente sensacional !!!! terá mais ???? espero e torço que sim , Mica que sua cabecinha inunde de idéias para mais , muito mais....quem sabe , uns cap. extras sobre a vida das duas , os gêmeos , Camila toda essa turma que foi uma delicia de acompanhar , amei , bjs e até um dia que seja logo logo ,

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  3. História Perfeita ����

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  4. Ja li as três partes dessa história. Simplesmente linda;

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